O influenciador e empresário Felipe Neto, em entrevista ao programa Roda
Viva, da TV Cultura, afirmou hoje que admite uma "mea-culpa" por ter
sido a favor do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff.
"Em
primeiro lugar, a mea-culpa eu faço sem problema algum. Quem acompanha
minha história sabe muito bem que um defeito que não tenho é de teimosia
e não pedir desculpas. Errei muito no passado e aprendi com esses
erros, E não afirmo aqui que hoje seja um adorador ou participante de um
projeto petista, mas não tenho dúvidas de que no momento do
impeachment, que podemos chamar de golpe, a minha colaboração embora
fosse nada se comparável com a força que tenho hoje nas redes sociais,
sem dúvida ela existiu e foi usada de maneira errada", disse ele.
O
youtuber foi questionado sobre sua mudança de postura nas redes sociais
a respeito de temas políticos e disse que seu pensamento passado era
"por falta de estudo, profundidade, por elitismo". "E passei os últimos
três anos tentando corrigir esse erro e tentando afastar o máximo
possível essa possibilidade de opressão que a gente vê hoje."
O que cabe a Felipe Neto?
No início do mês, Felipe divulgou em rede social uma "vídeo-carta aberta para todos os artistas e influenciadores do Brasil" cobrando manifestações da classe a respeito das atitudes do presidente Jair Bolsonaro
(sem partido). Questionado sobre "o que cabe a Felipe Neto fazer"
enquanto influenciador, ele disse sobre ter noção da responsabilidade
que tem na função.
"Não tenho a mínima noção do tamanho das coisas
que posto. Tento ao máximo ter responsabilidade sobre isso, mas não
consigo mensurar o tamanho dessa força", declarou ele. "Sinceramente, a
força política que me dão hoje, a importância política que me dão hoje, é
uma importância que nunca pedi. Vale falar sobre isso, é uma
importância que reflete um pouco do cenário brasileiro, quando um
youtuber, que está fazendo vídeos de humor, diversão, Minecraft, se
torna uma referência política no Twitter, isso é um sinal claro de
carência, de carência de posicionamento de pessoas que deveriam se
posicionar e não se posicionam", acrescentou.
Sem salvador da pátria
Com
mais de 39 milhões de inscritos em seu canal, Felipe Neto também negou
interesse em entrar para o mundo da política e disse que "não há
salvadores da pátria".
"Nesse momento não tenho qualquer interesse
político. O 'nesse momento' é importante porque já falei tantas coisas
que cravei e depois mudaram de cenário... Não me imagino virando
político", pontuou.
"A gente não vai ter salvadores da pátria. O Bolsonaro não tem como salvar a pátria. O [ex-ministro e juiz da Lava Jato] Sergio Moro
não tem como salvar a pátria e ninguém tem como, isoladamente, salvar a
pátria. É importante que as pessoas assimilem isso de uma vez por
todas", disse ele.
Ditadura
O youtuber afirmou ter nascido
em 1988 e crescido com a herança do período do regime militar. Durante a
entrevista, ele disse que as gerações mais novas foram criadas com um
distanciamento muito grande em relação à ditadura militar no país e que
isso as deixa menos preocupadas com o autoritarismo.
"Estamos
vivendo um momento de carência no Brasil em relação à cultura e opinião.
E eu torço muito para que esses comunicadores comecem a falar mais. A
gente teve durante o período da ditadura militar, eu não estava vivo,
mas nasci em 1988, o ano da criação de nossa Constituição, e lembro de
crescer com medo da ditadura militar. Acho que a geração atual, mais
recente, já cresceu com outra referência. Ela tem um desligamento tão
grande do período da ditadura militar... eles tratam diferente", disse.
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