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Ernesto Araújo |
A
gestão do Ministério das Relações Exteriores sob a tutela de Ernesto
Araújo tende a levar o Brasil ao isolamento e à irrelevância perante a
comunidade internacional, afirmou à Sputnik Brasil um ex-embaixador com
ampla vivência na diplomacia brasileira.
O
presidente emérito do Centro Brasileiro de Relações Internacionais
(Cebri), Luiz Augusto de Castro Neves, foi embaixador do Brasil na
Argentina, Japão e China, entre outros países, além de ter sido
secretário de Assuntos Estratégicos do Ministério das Relações
Exteriores.
À Sputnik Brasil, Neves defendeu a nota publicada pelo Cebri no último sábado (9), na qual os rumos da política externa brasileira sob o governo do presidente Jair Bolsonaro são criticados.
Entre outras afirmações, o documento se refere a "um acumulado de
erros recentes e que atingiram agora um patamar de disfuncionalidade e
de prejuízo para o país ao seguir o caminho oposto do que seria natural
durante a crise provocada pelo novo coronavírus".
"[O que motivou a nota] foi a disfuncionalidade crescente da política externa brasileira que está tendo como consequência a irrelevância da atuação internacional do governo brasileiro, o que é grave e altamente prejudicial aos interesses brasileiros", disse Neves à Sputnik Brasil.
O presidente emérito do Cebri é um dos 27 signatários do comunicado,
que ressalta que "em datas recentes o governo brasileiro, através do
Itamaraty tem feito declarações gratuitas e inconsequentes,
proferido votos e adotado posições que nos enfraquecem e isolam sem com
isso, de forma alguma, fortalecer a defesa de nossos interesses".
"Se acumulam as queixas e ressentimentos com posições nossas que se
desviam de nossa longa tradição de cooperação construtiva com a
sociedade internacional. Tudo isso tem um preço que pode vir a nos ser
cobrado quando mais precisamos de uma coisa que já tínhamos
merecidamente conquistado e que era o mais amplo respeito da sociedade
internacional que via no Brasil um parceiro amistoso, confiável e, acima
de tudo, generoso", acrescentou a nota.
Neves pontuou que parece claro que a política externa brasileira
esteja sem rumo, "com algumas manifestações esparsas, grosseiras e
inconsequentes".
Presidente do Conselho Empresarial Brasil-China (CEBC),
o diplomata não mencionou diretamente, mas o órgão lida com o maior
parceiro comercial do Brasil, o mesmo atacado por ministros e filhos de Bolsonaro recentemente.
"Além das 'declarações gratuitas e inconsequentes', o Brasil tende à pior forma de isolamento, que é aquele decorrente da irrelevância de sua atuação em suas relações internacionais; acrescente-se a conduta errática de algumas autoridades em relação a países com os quais o Brasil tem parcerias estratégicas relevantes para o maior interesse nacional, que é o de promover seu desenvolvimento econômico e social", completou o ex-embaixador.
Na sexta-feira (8), vários ex-chanceleres brasileiros – incluindo o
ex-presidente Fernando Henrique Cardoso – divulgaram em jornais de
grande circulação um manifesto
contra a atual situação do Itamaraty, que é associado mais ao
alinhamento automático com os EUA e o negacionismo do que com o
multilateralismo que sempre regeu a política externa do país.
Em resposta, Ernesto Araújo usou as suas redes sociais e atacou tanto o manifesto quanto a nota do Cebri. O chanceler recentemente foi criticado por associar a China à COVID-19, tecendo o termo "comunavírus" para associar a pandemia a um suposto levante comunista no planeta.
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