ASSALTO AO SANTA MARIA



PCB - SÃO GONÇALO

01/02/2011
Assalto ao "Santa Maria" há 50 anos
por Miguel Urbano Rodrigues
entrevistado por Alberto Lopes




Faz agora meio século. A 22 de Janeiro de 1961, um grupo de antifascistas portugueses e espanhóis infiltrados entre os passageiros assaltou e tomou o paquete "Santa Maria" que navegava no Mar das Antilhas, próximo de Santa Lúcia. O navio, da Companhia Colonial de Navegação, com cerca de um milhar de passageiros e tripulantes a bordo, largara de Tenerife no dia 13, aportara em La Guayra (Venezuela) e em Curaçau e seguia para Miami (Estados Unidos). A Operação Dulcineia foi levada a cabo pelo denominado Diretório Revolucionário de Libertação (DRIL) e comandada por Henrique Galvão, com ligações ao general Humberto Delgado, ambos opositores à ditadura salazarista. A aventura terminou a 1 de Fevereiro, quando o navio, rebaptizado "Santa Liberdade", entrou no Recife. As autoridades brasileiras deram refúgio a Galvão e companheiros e o barco foi devolvido a Portugal.



Um dos protagonistas da aventura do "Santa Maria" foi Miguel Urbano Rodrigues, então exilado no Brasil. Era editorialista de O Estado de S. Paulo, estava ligado ao DRIL e foi o primeiro jornalista a subir ao navio, ainda em pleno mar, juntando-se ao comando da operação. Vivendo e trabalhando hoje entre o seu Alentejo (Serpa) e Vila Nova de Gaia, o jornalista e escritor concedeu ao Alentejo Popular uma entrevista sobre o assalto ao "Santa Maria".

– O Miguel Urbano Rodrigues participou, em Janeiro de 1961, na aventura do "Santa Maria". Onde se encontrava a viver e a trabalhar nessa época e em que circunstâncias?

– Antes de responder, digo-lhe que todos os anos, nas vésperas da passagem do aniversário do assalto ao "Santa Maria", sou convidado a falar ou escrever sobre o tema. Recuso sempre, porque nada tenho a acrescentar ao que escrevi em dois capítulos de um livro meu – "O Tempo e o Espaço em que vivi " e num depoimento ao jornal Público e do que disse há anos num programa de televisão. Não gosto de me repetir e sou avesso a exibicionismos. Abro uma excepção para o Alentejo Popular, pelo apreço que tenho pelo jornal, exemplo de dignidade e coerência ideológica no panorama desolador da imprensa portuguesa.

Sobre o que me perguntou: na época eu vivia exilado, em São Paulo, no Brasil. Era editorialista do diário O Estado de S. Paulo.

– Quando se desencadeia a denominada Operação Dulcineia, tinha já contactos com Henrique Galvão e conhecia previamente os planos de assalto ao "Santa Maria"?

– Eu era membro do Directório Revolucionário de Libertação, mas não tinha conhecimento do plano. Mantinha contacto pelo correio com Henrique Galvão. Conheci-o no aeroporto de São Paulo quando ele passou por ali vindo de Portugal, rumo à Argentina, o seu primeiro pais de exílio, após a evasão.

– Quando toma conhecimento da captura do navio, como é que encontra e entra no "Santa Maria", juntando-se a Galvão e companheiros? Creio que é o primeiro jornalista a entrar no navio capturado...

– No livro referido explico que enviei de Recife um radiograma a Galvão. Ele informou que no dia seguinte estaria navegando entre os paralelos 8 e 9 a uma distância entre 30 e 50 milhas da costa. Aluguei um barco e após uma noite tempestuosa cheguei ao "Santa Maria".

– Como é que decorrem esses dias a bordo do então rebaptizado "Santa Liberdade"?

– A bordo deram-me um uniforme e umas estrelas. Fui informado de que era comandante assessor do DRIL. As relações com os passageiros, mais de 600, eram excelentes. O prestígio da Revolução Cubana contribuía para que vissem em nós piratas românticos. Quando os passageiros me tratavam por "comandante", sentia-me personagem de ficção.

– Segundo li, foi o Miguel a receber a bordo o general Humberto Delgado... Como se recorda desses momentos?

– Em nome do comando fui efectivamente eu quem recebeu o general Humberto Delgado. Gerou-se tensão porque ele chegava com um jornalista do Daily Telegraph que pagara o aluguer do barco e a entrada do repórter a bordo não foi autorizada.

– Quais eram os objectivos iniciais de Henrique Galvão com o assalto ao "Santa Maria"? Esses planos concretizaram-se?

– Existem versões contraditórias sobre o objectivo. A que Jorge Soutomaior apresenta é muito confusa e semeada de inverdades. Segundo José Velo Mosquera, o outro comandante galego, o plano previa chegar de surpresa a Santa Isabel, em Fernão do Pó, tomar ali duas canhoneiras espanholas e rumar a Luanda, na esperança de provocar ali um levantamento revolucionário. Recordo que a minha primeira decepção, ao chegar a bordo, foi o conhecimento desse projecto, quixotesco. Já o haviam abandonado quando a operação deixou de ser secreta, após o desembarque em Santa Lúcia do médico ferido.

– Quem compunha o DRIL, que pessoas eram essas, que motivações tinham?

– Eram 24 os membros do comando do DRIL que tomou o "Santa Maria". A maioria espanhóis, quase todos anarquistas. Alguns diziam ser marxistas, mas, com uma ou outra excepção, espanhóis e portugueses não tinham formação política. Eram antifascistas e a Revolução Cubana empolgava então a juventude na América Latina. Aproximadamente uma dezena de tripulantes aderiu; gente boa, mas também sem formação política.

– Saiu recentemente em Portugal um livro, "Eu Roubei o Santa Maria", de Jorge Soutomaior, aliás José Fernández Vázquez, um activista galego que participou no assalto. O que pensa desta obra?

– A resposta à pergunta será, desculpe, extensa. O editor desse livro, José António Barreiros, telefonou-me há dias. Insistiu pela minha participação num acto comemorativo da tomada do Santa Maria, na Livraria Barata, em Lisboa. Recusei e esclareci que a publicação do livro em questão fora, a meu ver, uma iniciativa lamentável. Quando conheci Jorge Soutomaior não me impressionou mal nas primeiras semanas. Entendi-me muito melhor com ele e José Velo Mosquera do que com Henrique Galvão. Os três formavam a troika do comando do DRIL. Precisamente por isso o livro que escreveu muitos anos depois me chocou. Identifiquei nele a obra de um mitómano. Soutomaior não se limita a deformar grosseiramente a história. Apresenta-se não apenas como o cérebro da chamada Operação Dulcineia, mas como herói de novo tipo, simultaneamente como o ideólogo, o estratego, o homem de acção que tudo decidia… Eu somente entrei no navio dias depois do assalto. Não posso portanto pronunciar-me sobre a versão que apresenta da fase conspirativa e da tomada do barco. Mas, a avaliar pelo que escreve sobre situações em que participei, deve ser também fantasista. Cito quatro exemplos. Quem parlamentou com a esquadra norte-americana e exigiu que tapassem os canhões fui eu – em nome do comando – e não ele. Na tentativa de motim da tripulação nem sequer apareceu durante a cena que descreve. Quem enfrentou a fúria dos amotinados fomos o Rojo e eu que, aliás, voando através da porta de vidro quebrada, sofri ferimentos ligeiros. O episódio rocambolesco que relata, dominando a situação de revólver em punho, é do domínio da ficção. O que afirma sobre a conferência com o almirante americano é também falso. A sua participação na conversa foi muito discreta. Nesse encontro, além dos três comandantes, somente participamos o Rojo e eu. Não foram tomadas quaisquer notas taquigráficas. A acta assinada foi redigida por mim a partir de apontamentos que tomei quando o gravador se avariou logo no início. O cônsul americano em Recife, co-responsável pela redacção, acabou por não tomar notas. A versão que Soutomaior apresenta da sua participação no Brasil em diferentes iniciativas não tem pés nem cabeça. Ele nunca manteve quaisquer contactos com o MPLA. Concordou, em reunião com José Velo e comigo, com a minha ida a África para conversações com os movimentos de libertação das colónias portuguesas, mas não teve a menor participação na elaboração do projecto – concebido pelo Velo e por mim, com desconhecimento do Henrique Galvão. A ideia era transferir os comandos do DRIL para a Guiné-Conakry para colaborarem na luta de libertação da Guiné-Bissau.

Concluindo, o livro "Eu roubei o Santa Maria" é um trabalho de baixo nível, fantasista, recheado de mentiras, que nunca deveria ter sido publicado em Portugal. Julgo útil esclarecer que nem a bordo, nem no Brasil, Soutomaior, na minha presença, nunca hostilizou Galvão. Sei que via nele um colonialista e um reaccionário, mas nem sequer dele discordava com a veemência de Velo.

– Hoje, à distância de meio século, como avalia Henrique Galvão e o general Humberto Delgado, figuras que conheceu e com quem conviveu no exílio brasileiro?

– A imagem do Henrique Galvão revolucionário antifascista distorce a realidade. Foi desde a juventude um admirador de Salazar. Quadro de confiança do regime, foi comissário da Exposição Colonial, director da Emissora Nacional, governador da Huíla. Ambicioso, aspirava a ser governador-geral de Angola. Frustrado por não ter atingido essa meta, passou a conspirar contra a ditadura. Inicialmente impressionou-me. Era um espírito culto, tinha talento, escrevia bem, parecia íntegro e sincero. Mas, ao chegar ao "Santa Maria", a minha decepção foi grande. Percebi logo que Velo e Soutomaior eram os líderes reais do DRIL. Com a aprovação dos espanhóis, sugeri que transmitisse do barco uma proclamação ao povo português. Redigi um texto que lhe submeti: um documento impregnado de romantismo revolucionário infantil. Galvão propunha-se a destruir a ordem social e económica fascista, realizar a reforma agrária e a reforma urbana, liquidar a classe dominante, abrir ao "ultramar as portas da liberdade". A tomada do "Santa Maria" era apresentada como a primeira acção militar das forças sob o seu comando e o DRIL como o núcleo do "futuro exército de libertação de Portugal e Espanha". Eu sabia que ele não aceitaria a palavra independência na referência ao futuro das colónias. Mas a sua vaidade, ânsia de protagonismo e glória foi mais forte do que o seu sentimento conservador. Assinou a mensagem que foi transmitida através de O Estado de S. Paulo e divulgada em dezenas de países. Entretanto, dias depois de chegar ao Brasil, Galvão arrancou a máscara. O início da luta armada em Angola foi determinante para a sua mudança de atitude. Num encontro na União dos Estudantes, em São Paulo, manifestou-se contra a independência das colónias, assumindo posições racistas que chocaram a juventude brasileira. As divergências sobre a questão colonial foram aliás decisivas para o rompimento com Humberto Delgado, ocorrido semanas depois. Nos anos seguintes – morreu em 1970 – assumiu posições ostensivamente reaccionárias, marcadas por um anticomunismo anacrónico.

Pergunta-me qual a minha "avaliação" de Humberto Delgado. Escrevi muito sobre ele e uma resposta breve é pouco esclarecedora. No general, as suas grandes qualidades – inteligência, sentido da honra, tenacidade na luta, lealdade, ausência de espírito rancoroso e uma coragem espartana – coincidiam com defeitos e insuficiências que muito o prejudicaram como dirigente político. Deixava transparecer uma ambição com facetas infantis, era vaidoso, exibicionista, autoritário, conflituoso e não tinha o senso do ridículo. Politicamente, era conservador sem disso tomar consciência. No Brasil, após um começo desastroso, deixou o país rumo a um fim trágico e envolvido pelo afecto e pela simpatia de quase todos os quadros responsáveis da oposição antifascista. É importante assinalar que defendeu sempre o direito dos povos das colónias à autodeterminação e à independência.

– A aventura do "Santa Maria" está de algum modo ligada ao assalto às prisões de Luanda, a 4 de Fevereiro de 1961, início da luta armada em Angola. Pensa que a acção levada a cabo pelo DRIL contribuiu para a denúncia do fascismo português e para chamar a atenção para a situação nas colónias?

– O assalto ao "Santa Maria" não foi o desfecho de um projecto revolucionário. Mas contribuiu decisivamente para chamar a atenção de dezenas de milhões de pessoas em todo o mundo para o fascismo e o colonialismo português. Esse o grande mérito da aventura do DRIL. Dirigentes do MPLA disseram-me em Conakry que a decisão de atacar as prisões de Luanda no 4 de Fevereiro foi inseparável da concentração de jornalistas estrangeiros em Angola no final de Janeiro.

– O Miguel, finda a aventura do "Santa Maria", viaja do Brasil para Conakry e ali conhece Amílcar Cabral e outros dirigentes nacionalistas africanos. Qual era o objectivo dessa viagem e como se passaram ali as coisas?

– A ideia era transferir para África o núcleo de comandos que participara na tomada do "Santa Maria". Em Conakry, após um encontro com Amílcar Cabral, mantive contactos com os embaixadores da Jugoslávia e da União Soviética com vista eventual obtenção de vedetas armadas que nos permitissem interceptar os transportes de tropas portugueses que seguiam para Angola. O plano era expressão daquilo a que Lenine chamou o esquerdismo, doença infantil do comunismo. Recordando a iniciativa, mais do que a minha irresponsabilidade, o que me surpreende hoje é o facto de esses diplomatas me terem recebido e escutado com atenção... O comando do DRIL tinha-se, aliás, desagregado quando semanas depois voltei ao Brasil.

– Essa viagem a África e o encontro com revolucionários africanos foram importantes para si e para o seu posterior percurso como revolucionário?

– O encontro com dirigentes do MPLA e do PAIGC ficou a assinalar um terramoto interior. As semanas de Conakry desencadearam em mim uma reflexão simultaneamente tempestuosa e serena. Ao regressar ao Brasil não era o mesmo jovem que concebera planos loucos a serem executados pelos companheiros do DRIL. No livro de memórias a que me referi evoco a viragem que me levou a contemplar o mundo e o comprometimento revolucionário sob outra perspectiva. Amílcar Cabral foi de todos os dirigentes africanos que então conheci o que mais me impressionou. Senti que me tratava como se fosse um velho camarada, não obstante eu ter esboçado um projecto irresponsável. Foi o início de uma relação de confiança, amistosa, reforçada pelo contacto que mantivemos através da troca de cartas. Numa homenagem à sua memória, em Lisboa, afirmei, parafraseando um discurso seu, que "flores vermelhas, como o sangue dos mártires africanos, e outras, com o verde terno da esperança, cresceram já sobre o seu túmulo". As suas ideias e o seu exemplo adquiriram a consistência do que é imortal. O legado de Amílcar Cabral tornou-se património da humanidade.

Para terminar, permita que evoque um episódio. Pouco depois de regressar de África, procurei o representante do Partido Comunista Português no Brasil, que era então Álvaro Veiga de Oliveira, e disse-lhe o que me pareceu útil sobre a minha ruptura com o esquerdismo romântico. Eu lera em Conakry, no Avante! , o documento em que o PCP anunciava uma nova estratégia que deveria desembocar no levantamento nacional, numa desejada insurreição popular armada. Lembro-me das palavras finais que então pronunciei: "Vou lutar com os comunistas pelo tempo adiante. Podem contar comigo para sempre". Foi há quase 50 anos.

O Tempo e o Espaço em que Vivi - I Tomo , Campo das Letras, Porto, 2002, 264 pgs., ISBN: 9789726105343
O Tempo e o Espaço em Que Vivi - II Tomo , Campo das Letras, Porto, 2004, 328 pgs., ISBN: 9789726108160

O original encontra-se em http://www.alentejopopular.pt/noticias.asp?id=6036


BIOGRAFIA DO GENERAL HUMBERTO DELGADO

Humberto Delgado
(Militar e político)
15-5-1906, Brogueira, Torres Novas
13-2-1965, Villanueva del Fresno, Badajoz

Concluiu em 1925 o curso de Artilharia, em 1928 o de Piloto e Observador e em 1936 o de Estado-Maior. Aos 46 anos foi promovido a brigadeiro e aos 47 a general – o mais novo da sua geração. De 1941 a 1943 foi o representante português a estabelecer com o governo inglês os acordos secretos referentes à concessão de bases nos Açores. Durante cinco anos chefiou a missão militar portuguesa em Washington. Em 1958, sendo general de aeronáutica, candidatou-se, pela oposição, à presidência da República, tendo contestado os resultados das eleições (obteve 25% dos votos expressos, segundo as fontes oficiais). Demitido das forças armadas, pediu asilo político na embaixada do Brasil, onde passou a liderar um movimento de oposição ao governo de Salazar, numa ampla congregação dos exilados políticos. Apesar disso, foi combatido por algumas forças, nomeadamente o PCP, do qual divergia em pontos fundamentais. Em 1961 entrou clandestinamente em Portugal para chefiar o frustrado golpe de Beja. Morreu assassinado pela PIDE na Espanha, perto da fronteira de Olivença.

Matéria em construção...

ARQUIPÉLAGO DOS AÇORES


Hino dos Açores


Açores
Região Autónoma dos Açores
Bandeira dos Açores
Brasão da Região Autónoma dos Açores
Bandeira Brasão de armas
Lema: Antes morrer livres que em paz sujeitos
Hino nacional: A Portuguesa
Hino dos Açores
Gentílico: açoriano, açoriana

Localização dos {{{nome_pt}}}
Capital Ponta Delgada
Angra do Heroísmo
Horta
Língua oficial Português
Governo Região Autónoma
 - Presidente do Governo Regional Vasco Cordeiro
 - Representante da República Pedro Catarino
 - Presidente da Assembleia Legislativa Ana Luís
Autonomia
 - Administrativa 1895 
 - Política 1976 
Área
 - Total 2333 km² 
População
 - Censo 2011 246 746 hab. 
 - Densidade 106 hab./km² 
PIB (base PPC)
 - Total US$ 4 800 000 000 (2006) 
 - Per capita US$ 19 950 (2006) 
IDH (1999) 0,903  – elevado
Moeda Euro4 (EUR)
Fuso horário (UTC-1)
 - Verão (DST) (UTC0)
Clima Temperado oceânico ou
temperado marítimo
Cód. ISO PRT
Cód. Internet .pt
Cód. telef. +351 292/+351 295/+351 296
Website governamental www.azores.gov.pt

Mapa dos {{{nome_pt}}}
¹ Presidência e Vice-Presidência do Governo Regional; Secretaria Regional da Presidência; Subsecretaria Regional dos Assuntos Europeus e Cooperação Externa; Secretaria Regional da Ciência, Tecnologia e Equipamentos; Secretaria Regional da Economia.
² Representação da República; Secretaria Regional da Educação e Formação; Secretaria Regional do Trabalho e Solidariedade Social; Secretaria Regional da Saúde.
³ Assembleia Legislativa; Secretaria Regional da Agricultura e Florestas; Secretaria Regional do Ambiente e do Mar; Subsecretaria Regional das Pescas.
4Até 1931: Moeda Insulana, designada antes de 1911 por Real Insulano e de 1911 a 1931 por Escudo Insulano. De 1931 a 2001: Escudo português.



Os Açores, oficialmente designados por Região Autónoma dos Açores, são um arquipélago transcontinental e um território autónomo da República Portuguesa, situado no Atlântico nordeste, dotado de autonomia política e administrativa consubstanciada no Estatuto Político-Administrativo da Região Autónoma dos Açores. Os Açores integram a União Europeia com o estatuto de região ultraperiférica do território da União, conforme estabelecido nos artigos 349.º e 355.º do Tratado sobre o Funcionamento da União Europeia.


Ilhas Açores Portugal



Açores é um conjunto de 9 ilhas que formam o Arquipélago. Tem uma extensão de 2.400 kilómetros quadrados e a capital localiza-se na maior ilha e mais populosa. A Ilha de São Miguel.

A Ilha de São Miguel, Ilha de Faial, Ilha do Pico, Ilha Graciosa, Ilha do Corvo, Ilha Terceira, Ilha de Santa Maria, Ilha das Flores e Ilha de São Jorge são as ilhas portuguesas dos Açores.

São ilhas vulcánicas com erupções recentes como a de 1957 na Ilha de Faial. São ilhas com uma fauna marinha incrível, com abundante vegetação e cuja capital é Ponta Delgada. A Ilha de São Miguel tem mais de 50% dos 250.000 habitantes do Arquipélago.

As Ilhas que se situam mais perto da Península são a Ilha São Miguel e a Ilha de Santa Maria. A Ilha das Flores e a Ilha do Corvo são as mais afastadas. A Ilha Terceira, Pico, Faia, Graciosa e São Jorge são as que se localizam na zona central.

De salientar que nos Açores cada Ilha tem uma particularidade, cada uma com a sua própria personalidade e identidade .

O nome das 09 ilhas dos Açores

 

O arquipélago dos Açores é composto por 9 ilhas divididas por três grupos:
Grupo Oriental: São Miguel e Santa Maria

Grupo Central: Terceira, São Jorge, Faial, Graciosa e Pico


Grupo Ocidental: Flores e Corvo


A maior ilha é a de São Miguel com 746,82 km² e a mais pequena é a ilha do Corvo com 17,13 km².


O arquipélago conta com três capitais: Ponta Delgada, Faial e Angra do Heroísmo. 


A Região Autónoma dos Açores fica localizada no Oceano Atlântico; o continente português fica a cerca de 2000 km e o arquipélago da Madeira fica a 1200km de distância.
 
Batismo das ilhas dos açores        

  Os Açores são um arquipélago que contém nove ilhas magestosas, sendo estas batizadas, cada qual com o seu nome. Deste modo, no testamento do Infante D. Henrique (1460), as ilhas do arquipélago foram designadas da seguinte forma, Santa Maria, São Miguel, Ilha de Jesus Cristo, Graciosa, S. Luís, S. Dinis, São Jorge, Santa Iria e S. Tomás.
Tradicionalmente, associa-se os nomes dados de acordo com o calendário litúrgico, isto é, por exemplo, São Miguel teria sido encontrado no dia de São Miguel e assim sucessivamente.
          Outros investigadores ditam que Santa Maria e São Miguel têm esses nomes devido à devoção do Infante D. Henrique e D. Pedro por esses santos, visto que os nomes da maior parte das ilhas estão associados À Ordem de Cristo, da qual o Infante D. Henrique era Mestre. Assim podemos ver que o nome D. Dinis era do rei que constituiu a Ordem de Cristo; Santa Iria era a santa mártir, natural de Tomar, sede da Ordem; S. Tomás seria o santo a quem é dedicada a capela do Convento de Tomar;  Jesus Cristo era o próprio nome da Ordem e São Luís o santo de que o Infante D Henrique era também muito devoto.
          Algumas destas ilhas mantiveram os nomes originais, mas outras modificaram, como é o caso da Ilha de Jesus Cristo que passou para Terceira (por ter sido a terceira a ser encontrada), a Ilha de S. Luís conhecida actualmente por Faial; a ilha de S. Dinis por Pico (devido à elevação ao centro que constitui o ponto mais alto de Portugal). Santa Iria dá lugar a Flores e S. Tomás passa a Corvo.

Curiosidades

 A cada ilha dos Açores, o povo açoreano atribuiu uma cor, distinguindo-as deste modo: Santa Maria - Ilha Amarela (pelas giestas), São Miguel - Ilha Verde (pelos prados e matas), Terceira - Ilha Lilás (pelas latadas de glicínias ou lilases), Graciosa - Ilha Branca (pelas suas rochas claras), São Jorge - Ilha Vermelha (pela flor de café que lá se chegou a cultivar), Pico - Ilha Preta (pela rocha vulcânica), Faial - Ilha Azul (pelos "novelos" de hortênsias azuis), Flores - Ilha Rosa (pelas azáleas) e Corvo - Ilha Castanha (pelas vacas corvinias).





História

Caravela Vera Cruz a entrar
no Porto de Pipas,
Angra do Heroísmo.
Com quase seis séculos de presença humana continuada, os Açores granjearam um lugar importante na História de Portugal e na história do Atlântico: constituíram-se em escala para as expedições dos Descobrimentos e para naus da chamada Carreira da Índia, das frotas da Prata, e do Brasil; contribuíram para a conquista e manutenção das praças portuguesas do Norte de África; quando da crise de sucessão de 1580 e das Guerras Liberais (1828-1834) constituíram-se em baluartes da resistência; durante as duas Guerras Mundiais, em apoio estratégico vital para as forças Aliadas, mantendo-se, até aos nossos dias, em um centro de comunicações e apoio à aviação militar e comercial.


O descobrimento do arquipélago dos Açores, tal como o da Madeira, é uma das questões mais controversas da história dos Descobrimentos. Entre as várias teorias sobre este fato, algumas assentam na apreciação de vários mapas genoveses produzidos desde 1351, os quais levam os historiadores a afirmar
Desembarque espanhol na ilha Terceira
durante a crise de sucessão de 1580.
que já se conheceriam aquelas ilhas aquando do regresso das expedições às ilhas Canárias realizadas cerca de 1340-1345, no reinado de Afonso IV de Portugal. Outras referem que o descobrimento das primeiras ilhas (São Miguel, Santa Maria, Terceira) foi efetuado por marinheiros ao serviço do Infante D. Henrique, embora não haja qualquer documento escrito que por si só confirme e comprove tal fato. A apoiar esta versão existe apenas um conjunto de escritos posteriores, baseados na tradição oral, que se criou na primeira metade do século XV. Algumas teses mais arrojadas consideram, no entanto, que a descoberta das primeiras ilhas ocorreu já ao tempo de Afonso IV de Portugal e que as viagens feitas no tempo do Infante D. Henrique não passaram de meros reconhecimentos. Adicionalmente, foram recentemente descobertos templos escavados nas rochas datados do sec. IV a.C., de provavel autoria cartaginesa.

Primeiro mapa dos Açores com todas as ilhas
do Arquipélago por Abraham Ortelius e Luís Teixeira (1584)
O que se sabe concretamente é que Gonçalo Velho chegou à ilha de Santa Maria em 1431, decorrendo nos anos seguintes o (re)descobrimento - ou reconhecimento - das restantes ilhas do arquipélago dos Açores, no sentido de progressão de leste para oeste. Uma carta do Infante D. Henrique, datada de 2 de Julho de 1439 e dirigida ao seu irmão D. Pedro, é a primeira referência segura sobre a exploração do arquipélago. Nesta altura, as ilhas das Flores e do Corvo ainda não tinham sido descobertas, o que aconteceria apenas em 1450, por obra de Diogo de Teive. Entretanto, o Infante D. Henrique, com o apoio da sua irmã D. Isabel de Portugal, Duquesa da Borgonha, mandou povoar a ilha de Santa Maria.


Base das Lajes na ilha Terceira.



Os portugueses começaram a povoar as ilhas por volta 1432, oriundos principalmente do Algarve, do Alentejo e do Minho, tendo-se registado, em seguida, o ingresso de flamengos, bretões e outros europeus e norte-africanos.

Grupo de Golfinhos junto ao Monte Brasil,
com o Vulcão da Serra de Santa Bárbara como
pano de fundo, ilha Terceira.
Desde logo e dada a necessidade de defesa das pessoas, da manutenção de uma posição estratégica portuguesa no meio do Atlântico e da imensa riqueza que por esta terra passava vinda do Império Português e mais tarde também do Império Espanhol, as ilhas Açorianas foram fortemente fortificadas praticamente desde o inicio do povoamento. Assim encontra-se nas ilhas 161 infra-estruturas militares entre castelos, fortalezas, fortes, redutos e trincheiras, distribuídas da seguinte forma: 78 na Terceira, 26 na ilha de São Miguel, 15 na ilha de São Jorge, 12 na ilha das Flores, 12 na ilha de Santa Maria, 7 na ilha Graciosa, 7 na ilha do Faial e 4 na ilha do Pico.

Sabe-se, porém, que muitos desses imigrantes que povoaram os Açores teriam sido cristãos-novos, isto é, judeus sefarditas, que foram obrigados a se converter forçadamente pelas perseguições do catolicismo. Através das Ordenações Afonsinas, Portugal buscou cooptar tanto judeus quanto flamengos para o arquipélago, mediante a distribuição de terras. Assim, longe da Europa continental, esses grupos ficariam livres das perseguições religiosas.

No processo do povoamento das restantes ilhas, principalmente do Faial, Pico, Flores e São Jorge, faz-se notar a presença de um número alargado de flamengos, cuja presença se veio a reflectir na produção artística e nos costumes e modos de exploração das terras. De recordar o nome de Joss van Hurtere, capitão flamengo, a quem foi confiado o povoamento de parte da ilha do Faial: a cidade da Horta recebeu do seu patronímico a sua designação toponímica. Existe ainda uma freguesia do concelho da Horta chamada Flamengos, para além dos moinhos e dos modelos da exploração agrária.

Tal como no arquipélago da Madeira, a administração das ilhas açorianas foi feita através do sistema de capitanias, à frente das quais estava um capitão do donatário. As primeiras capitanias constituíram-se nas ilhas de São Miguel e de Santa Maria. Em 1450, na sequência da progressão ocidental do descobrimento das ilhas, foi criada uma outra capitania na ilha Terceira: a administração desta ilha foi atribuída também a um flamengo, de seu nome Jácome de Bruges. As restantes ilhas também se encontravam sob administração de capitanias. A administração e assistência espiritual das ilhas ficou subordinada à Ordem de Cristo, que detinha também o senhorio temporal das ilhas, mas a presença de outras ordens religiosas não deixou de se fazer notar no processo de povoamento desde o início, como no caso dos Franciscanos em Santa Maria e Terceira desde a década de 1940 do século XV.

O clima do arquipélago açoriano é menos quente quando comparado com o do arquipélago da Madeira. Para que os colonos pudessem cultivar as terras foi necessário desbastar densos arvoredos que proporcionavam matéria-prima para exportação, para produção escultórica (cedro) e para a construção naval. O cultivo de cereais e a criação de gado foram as atividades predominantes, com o trigo a registar uma produção considerável. A produção de pastel e a sua industrialização para exportação destinada a tinturaria também desempenhou um papel relevante na economia do arquipélago. A exploração do pastel e da urzela , esta também para tinturaria, atingiu o seu auge precisamente quando a produção de cana-de-açúcar (tentada mas sem grandes resultados económicos) e de trigo entraram em decadência.

No século XVII, também as matérias-primas tintureiras sofreriam uma recessão, sendo substituídas pelo linho e laranjas, que, por seu lado, registaram um impulso extraordinário. Nesta altura, foi introduzida a produção de milho, sendo esta significativa para as melhorias alimentares da população e também como apoio à pecuária. A primeira exportação de laranjas surgiu no século XVIII, numa altura em que foi também introduzida a cultura da batata. Em finais de Setecentos, regista-se o início de uma das mais expressivas e emblemáticas atividades económicas açorianas: a caça ao cachalote e a outros cetáceos. Na ilha de São Miguel, tanto a produção de chá como a produção do tabaco, revelar-se-iam muito importantes para a economia da ilha.

No século XVIII, os Açores já tinham um população suficientemente grande para que a Coroa portuguesa incentivasse a emigração de famílias açorianas para terras brasileiras, sobretudo para a parte meridional de então sua colónia na América do Sul.

É de se notar que os açorianos sempre almejaram conquistar uma maior autonomia política e administrativa, o que, durante séculos, foi negado, dando ensejo a alguns movimentos em favor da emancipação do arquipélago.

As regiões autónomas foram consagradas na Constituição Portuguesa de 1976. Trata-se de um estatuto político-administrativo especial reservado aos arquipélagos dos Açores e da Madeira, devido às suas condições geográficas - e, em consequência, socioeconómicos - especiais. Nos termos da Constituição, a autonomia regional não afeta a integridade da soberania do Estado. Compete às regiões autónomas legislar em todas as matérias que não sejam da reserva dos órgãos de soberania e que constem do elenco de competências contido nos seus Estatutos Político-Administrativos; pronunciar-se nas mais diversas matérias que lhes digam respeito; e exercer poder executivo próprio, em áreas como a promoção do desenvolvimento económico e da qualidade de vida, a defesa do ambiente e do património, e a organização da administração regional.

Os órgãos de governo próprio de cada região são a Assembleia Legislativa e o Governo Regional. A primeira é eleita por sufrágio universal direto e tem poderes fundamentalmente legislativos, além de fiscalizar os atos do Governo Regional. O presidente do Governo Regional é nomeado pelo Representante da República, que para tal considera os resultados eleitorais, e é o responsável pela organização interna do órgão e por propor os seus elementos. As atribuições do Governo Regional são fundamentalmente de ordem executiva.

O Representante da República é o representante do Chefe do Estado em cada região autónoma. É nomeado pelo presidente da República, após consulta ao Conselho de Estado. Cabe-lhe assinar e mandar publicar os decretos da Assembleia e do Governo Regional, tendo, no entanto, o direito de veto, que pode ser ultrapassado por votação qualificada da Assembleia Legislativa. O mandato do Representante da República tem a duração do mandato do Presidente da República.

Localização geográfica

Os Açores são um arquipélago que, embora situado precisamente sobre a Dorsal Média Atlântica, devido à sua proximidade com o continente europeu e à sua integração política na República Portuguesa e na União Europeia é geralmente englobado na Europa.

O arquipélago situa-se no nordeste do Oceano Atlântico entre os 36º e os 43º de latitude Norte e os 25º e os 31º de longitude Oeste. Os territórios mais próximos são a Península Ibérica, a cerca de 2000 km a leste, a Madeira a 1200 km a sueste, a Nova Escócia a 2300 km a noroeste e a Bermuda a 3500 km a sudoeste. Integra a região biogeográfica da Macaronésia. As coordenadas geográficas das principais localidades dos Açores são as seguintes:
Local Lat. (N) Long. (W)
Vila do Corvo 39º 40.1' 31º 06.5'
Santa Cruz das Flores 39º 27.2' 31º 07.2'
Lajes das Flores 39º 22.6' 31º 09.9'
Santa Cruz da Graciosa 39º 05.0' 27º 59.9'
Praia da Vitória 38º 43.9' 27º 03.5'
Velas 38º 40.8' 28º 12.3'
Angra do Heroísmo 38º 39.0' 27º 13.4'
Calheta 38º 36.0' 28º 00.7'
Vila do Topo 38º 32.5' 27º 45.6'
Horta 38º 32.0' 28º 37.3'
Cais do Pico 38º 31.7' 28º 19.2'
Lajes do Pico 38º 23.9' 28º 15.4'
Ponta Delgada 37º 44.1' 25º 40.3'
Ilhéus das Formigas 37º 17.0' 24º 53.0'
Vila do Porto 36º 56.7' 25º 08.9'

Território e clima

A Montanha do Pico, a montanha mais alta
de Portugal com os seus 2 351 m
acima do nível médio do mar.

O arquipélago dos Açores é constituído por nove ilhas principais divididas em três grupos distintos:

* Grupo Ocidental
Corvo
Flores


* Grupo Central

Faial
Graciosa
Pico
São Jorge
Terceira

Grupo Oriental

Ilha de Santa Maria
Ilha de São Miguel
Rochedos de Caldeira, Vale das Furnas, Povoação.

O Grupo Oriental inclui também um grupo de rochedos e recifes oceânicos, situados a nordeste de Santa Maria, chamado ilhéus das Formigas, ou simplesmente Formigas, que em conjunto com o recife do Dollabarat, constitui a Reserva Natural do Ilhéu das Formigas, um dos locais mais importantes para conservação da biosfera marinha no nordeste do Atlântico.

O ponto mais alto do arquipélago situa-se na ilha do Pico - e daí o seu nome, a Montanha do Pico - com uma altitude de 2 352 m. A orografia açoriana apresenta-se muito acidentada, com linhas de relevo orientadas na direção leste-oeste, coincidentes com as linhas de fratura que estão na génese das ilhas. Este arquipélago faz parte da cordilheira submarina que se estende desde a Islândia para Sul e Sudoeste, com orientação sensivelmente paralela à inflexão das costas continentais.

O clima é temperado, registando-se temperaturas médias de 13 °C no Inverno e 24 °C no Verão. A Corrente do Golfo, que passa relativamente perto, mantém as águas do mar a uma temperatura média entre os 17 °C e os 23 °C. O ar é húmido com humidade relativa média de cerca de 75%. Informação detalhada sobre a situação meteorológica presente e sobre as normais climáticas para os Açores, incluindo dados históricos, pode ser obtida a partir da página oficial do projeto CLIMAAT - Clima e Meteorologia das Ilhas Atlânticas (em português e castelhano).

As ilhas são visitadas com relativa frequência por tempestades tropicais, incluindo algumas com intensidade suficiente para serem consideradas como furacões. Para mais informação consulte o artigo Clima dos Açores.

A origem vulcânica dos Açores tem a sua expressão máxima na ilha de São Miguel, no famoso Vale das Furnas e teve a sua mais recente atividade terrestre no Vulcão dos Capelinhos, na Ilha do Faial, em 1957-1958. No mar, a última erupção verificou-se ao largo da Serreta (ilha Terceira) em 1998-2000.

Geografia Física

Lagoa do Caldeirão, ilha do Corvo.
O arquipélago dos Açores foi formado por atividade vulcânica durante o final do Terciário. A primeira ilha a surgir acima da linha média da água do mar foi Santa Maria, há cerca de 8.1 milhões de anos (Ma), durante o Mioceno. Seguiram-se, por ordem cronológica, São Miguel (4.1 Ma), Terceira (3.52 Ma), Graciosa (2.5 Ma), Flores (2.16 Ma), Faial (0.7 Ma), São Jorge (0.55 Ma), Corvo (0.7 Ma)

e, a mais jovem, o Pico (0.27 Ma).


Importância Geoestratégica

Caldeira, Vale das Furnas, Povoação.
A sua localização na zona central do Atlântico Norte, fez com que as ilhas açorianas constituíssem durante séculos uma autêntica encruzilhada nas rotas transatlânticas.

Na fase da navegação à vela, devido ao regime de ventos e correntes que obrigava à "volta do largo", as embarcações provenientes do Atlântico Sul (da Índia, Extremo Oriente e outras partes da Ásia, de África, do Brasil e outras partes da América do Sul) e das Caraíbas (das chamadas "Índias de Castela") faziam uma larga rotação no sentido dos ponteiros do relógio que as trazia até às proximidades do Grupo Ocidental, cruzando depois o arquipélago em direção à Europa. É esse o percurso que ainda hoje faz a navegação de recreio, utilizando como ponto de apoio o porto da Horta, ilha do Faial.

Com o aparecimento da navegação a vapor, os portos dos Açores, particularmente os de Ponta Delgada e Horta, os únicos com molhes de proteção e cais acostáveis de dimensão apreciável, assumiram importante papel no fornecimento de carvão.

Com o advento da aviação, os Açores cedo ganharam importância como ponto de apoio. As primeiras travessias aéreas do Atlântico escalaram os Açores, e a Horta, com a sua baía abrigada e ligações telegráficas intercontinentais via cabo submarino, foi uma importante escala nas ligações entre a Europa e a América por hidroavião (os clippers) no período imediatamente anterior à II Guerra Mundial.

Lagoa do Caldeirão, ilha do Corvo.
Terminada a guerra, a base norte-americana da ilha de Santa Maria rapidamente se transformou num aeroporto internacional e centro de escalas técnicas para as aeronaves que cruzavam o Atlântico entre as Américas, o sul da Europa, o norte de África e o Médio Oriente. Igual papel, mas para a aviação militar, teve (e continua a ter) a Base das Lajes, na ilha Terceira, onde, após a saída do contingente britânico chegado em 1943, se instalou um destacamento militar dos Estados Unidos naquela que é a Base Área n.º 4 da Força Aérea Portuguesa (ainda em pleno funcionamento).

As discussões em torno do papel geo-estratégico dos Açores e da função do arquipélago como ponto de fronteira entre as esferas de interesse norte-americana e europeia ainda assume papel relevante na discussão política açoriana e na postura da classe política face aos interesses portugueses no Atlântico. As questões em torno da alocação de contrapartidas concedidas pelos Estados Unidos pela utilização da Base Aérea das Lajes, na ilha Terceira têm ocupado, embora de forma estéril, a atividade parlamentar e são presença constante na negociação com Portugal e com os Estados Unidos.

Mais recentemente, o fato das águas da zona económica exclusiva (ZEE) dos Açores serem de longe as maiores da União Europeia, com os seus 994 000 quilómetros quadrados, e por isso constituirem o grosso das chamadas "águas ocidentais" da União, tem levado a acesos debates sobre as vantagens da integração açoriana na União Europeia. Nos termos dos tratados em vigor, e do projeto de tratado para a Constituição Europeia, a gestão dos recursos biológicos marinhos é competência exclusiva da União, o que levou já à abertura parcial da pesca (entre as 100 e as 200 milhas náuticas) a embarcações comunitárias contra a vontade do governo açoriano.

Para se compreender a posição do arquipélago atente-se nas seguintes distâncias medidas ao longo da ortodrómica (grande círculo) a partir de um ponto sito no centro geográfico dos Açores (38º 35’ N; 28º 05’ W):

* Funchal, Madeira - 1206 km;
* Lisboa - 1643 km;
* Mizen Head, Irlanda - 2011 km;
* Cape Race, Terra Nova e Labrador, Canadá - 2253 km;
* Londres - 2595 km;
* Praia, Cabo Verde - 2668 km;
* Paris - 2673 km;
* Reiquejavique, Islândia - 2871 km;
* Hamilton, Bermuda - 3371 km;
* Bóston, Mass., EUA - 3618 km;
* Nova Iorque, N. I., EUA - 3889 km;
* João Pessoa, PB, Brasil - 4994 km;
* Brasília - 6385 km.

Divisão administrativa

Politicamente os Açores são desde 1976 uma região autónoma integrada na República Portuguesa. A Região Autónoma dos Açores é dotada de governo próprio e de uma ampla autonomia legislativa, consubstanciada na Constituição da República Portuguesa e no Estatuto Político-Administrativo da Região Autónoma dos Açores. Os órgãos de Governo próprio são a Assembleia Legislativa, um parlamento unicamaral composto por 52 deputados eleitos por sufrágio universal e direto a cada quatro anos (última eleição a 17 de Outubro de 2004), e o Governo Regional, de legitimidade parlamentar, composto por um Presidente do Governo, um Vice-Presidente, e por 7 Secretários Regionais. A República Portuguesa é especialmente representada nos Açores por um Representante da República, nomeado pelo Presidente da República.

Este cargo foi criado pela revisão constitucional de 2004, a qual extinguiu o cargo de Ministro da República, criando em sua substituição um Representante da República, nomeado pelo Presidente da República, por sua iniciativa, ouvido o Conselho de Estado, e com mandato coincidente ao presidencial. Este novo dispositivo constitucional produziu efeitos com o termino do mandato de Jorge Sampaio como Presidente da República, em Março de 2006. O juiz conselheiro Álvaro José Brilhante Laborinho Lúcio passou assim à história como o último Ministro da República, sendo sucedido pelo juiz conselheiro José António Mesquita como Representante da República.

As ilhas não têm existência jurídica no ordenamento territorial açoriano, excepto na lei eleitoral, na qual servem de base para os círculos eleitorais, fato que tem levantado críticas, visto que promove a sobre-representação das ilhas menos populosas na Assembleia Legislativa e distorce a proporcionalidade, e na existência de um órgão consultivo denominado Conselho de Ilha. A subdivisão administrativa principal do arquipélago é, pois, feita ao nível dos seus 19 municípios.

Para além dos concelhos listados no quadro abaixo, existiram nos Açores, até à reforma administrativa do século XIX, os seguintes: concelho do Topo (hoje integrado no concelho da Calheta de São Jorge); concelho da Praia da Graciosa (hoje integrado no concelho de Santa Cruz da Graciosa); concelho de São Sebastião (hoje integrado no concelho de Angra do Heroísmo); concelho das Capelas (hoje integrado no concelho de Ponta Delgada); e concelho de Água de Pau (hoje integrado no concelho da Lagoa). As freguesias que foram sedes daqueles concelhos recuperaram, pelo Decreto Legislativo Regional n.º 29/2003/A, de 24 de Junho, da Assembleia Legislativa, a categoria de "vila". As populações de Capelas e freguesias vizinhas reivindicam a restauração daquele concelho.

Por sua vez os concelhos subdividem-se em freguesias, com excepção do concelho do Corvo onde, dada a sua pequenez, o Estatuto Político-Administrativo da Região Autónoma dos Açores estabelece, que as funções cometidas àquele nível da administração no restante território são exercidas diretamente pelos correspondentes órgãos municipais. A área e a distribuição da população por cada ilha e concelho são as seguintes:

Evolução demográfica

Miradouro da Vigia da Baleia, aspeto do
ordenamento do povoamento ao longo
da costa.

Contrariando a tendência verificada nos decénios anteriores, a evolução demográfica das últimas décadas caracterizou-se pelo crescimento moderado da população residente, aumentando cerca de 1,7%, passando de 237 795 em 1991 para 241 763 habitantes em 2001, e de cerca de 1,8%, aumentando para 246 102 habitantes nos Censos de 2011

Porém, o acréscimo de população não está distribuído de forma equilibrada pelas diferentes ilhas, havendo variações negativas expressivas nas ilhas Graciosa, Flores e Santa Maria, denotando uma tendência de concentração da população nas ilhas onde se localizam as principais funções administrativas e económicas. O crescimento demográfico que se tem verificado nos últimos anos poderá ser explicado, em grande medida, pelos fluxos migratórios, que têm registado valores positivos, por via do decréscimo acentuado da emigração e do aumento da imigração, dado que o saldo natural tem vindo a declinar.

O crescimento concentrou-se essencialmente na ilha de São Miguel. O crescimento no Faial é meramente conjuntural e resulta da deslocação de trabalhadores da construção civil resultante das obras de reconstrução do sismo de 9 de Julho de 1998. Qualquer que seja o cenário considerado, estima-se que a população dos Açores continuará a crescer lentamente nos próximos anos.

Em termos da evolução da estrutura da população por grandes grupos etários, e com base nos últimos recenseamentos e nas projeções existentes, observa-se que o crescimento demográfico tende a concentrar-se no grupo correspondente à população potencialmente ativa (15-64 anos), por contrapartida do grupo etário relativo aos jovens, mantendo-se praticamente inalterado o peso relativo dos idosos no contexto da população residente nos Açores.

A tendência na próxima década é para se acentuar o envelhecimento da população residente, em virtude, sobretudo, da diminuição do peso relativo dos jovens resultante do efeito conjugado da diminuição das taxas de natalidade/fecundidade e do aumento da esperança de vida. Com efeito, através da análise comparada de alguns indicadores demográficos, verifica-se que a evolução destes indicadores tem sido decrescente nos últimos anos. A taxa de mortalidade geral mantém-se praticamente constante, com o valor anual na vizinhança dos 11 óbitos por mil habitantes. No que se refere à mortalidade infantil, nos Açores continua a verificar-se uma tendência decrescente tendo atingido os 2,9 por mil nascimentos em 2003. Relativamente ao número de casamentos verificados em 2003, constata-se que se verificou um aumento do número de casamentos, contrariando a tendência decrescente dos anos anteriores.

Em termos finais, as projeções demográficas apontam para uma estabilização ou decréscimo populacional, associados a um continuado envelhecimento das estruturas demográficas, resultante da diminuição das taxas de fecundidade/natalidade e do aumento da esperança de vida. Esta tendência tem vindo a ser atenuada pela inversão do comportamento migratório, que, desde meados dos anos noventa, tem registado valores positivos associado, sobretudo, a um aumento da imigração. A Região Autónoma dos Açores poderá ser uma das regiões que mais beneficiará com a entrada de estrangeiros, desde que os níveis médios de fecundidade apresentados sejam mantidos, contrariando a acentuada tendência de decréscimo de residentes.

Estas alterações na dinâmica demográfica levantam sérias questões e desafios a nível económico e social, já que a sociedade será cada vez mais diversificada e envelhecida o que, não só compromete as gerações futuras, como provoca alterações nos hábitos de consumo, nas relações sociais e na economia. O aumento da população ativa exercerá pressões no mercado de trabalho, no sentido de se criarem mais postos de trabalho, e provocará uma distribuição desigual da população entre os centros urbanos e o meio rural. O aumento da imigração também acentuará a pressão sobre o mercado de trabalho, daí que seja fundamental o seguimento de políticas de formação e requalificação profissional dos ativos.

Aspetos macroeconómicos

O Produto Interno Bruto dos Açores atingiu, em 2002, os 2,4 mil milhões de euros, segundo os dados mais recentes das contas regionais. Atendendo a que, em relação ao ano anterior, registou um crescimento nominal (8,2%) superior à média nacional (4,8%), a Região reforçou notoriamente a sua importância relativa no todo nacional. Em resultado deste comportamento da economia regional, a partir de 2002, os Açores deixam de ser a última região NUTS II do país em termos do PIB per capita. Constata-se uma convergência real do PIB per capita com a média nacional e europeia, representando agora 82% do valor médio nacional.

Relativamente à comparação com a União Europeia, após a entrada de dois novos Estados Membros, Bulgária e Roménia, podemos verificar que a Paridade de Poder de Compra em percentagem da Europa a 27, baixou de 71.3 em 2002 para 65.9 em 2004, quebrando o ciclo de crescimento. Em comparação com a média nacional, este indicador situa-se em 88 da média nacional quando há dez anos atrás era de 77, crescendo neste período de uma forma mais ou menos constante.

Em termos da repartição setorial do valor acrescentado bruto na produção de bens e serviços, nos últimos anos em que se dispõe de informação estatística, regista-se um certo reforço do setor terciário, por contrapartida de uma menor expressão relativa dos restantes setores de atividade económica.

Mercado de emprego

A evolução do mercado de trabalho nos Açores tem-se caracterizado por um aumento continuado da população ativa, maior atividade do segmento feminino da população e a manutenção de taxas de desemprego relativamente reduzidas, indiciadoras de uma situação de quase pleno emprego.

Tomando o último ano completo em que se dispõe de informação, observa-se que, em 2003, a taxa de desemprego rondou os 2,9%. Os Açores são a segunda região da União Europeia (depois do Tirol, Áustria) que naquele período temporal apresentou a taxa de desemprego mais baixa.

Em termos de repartição setorial da população empregada, é o setor dos serviços que absorve a maioria dos empregados, mantendo ainda algum peso relativo o setor primário da economia.

Preços

Ao nível da variação dos preços no consumo, a taxa de inflação na Região tem apresentado valores baixos e enquadrados na tendência geral do país e da Europa comunitária.

Em 2004, a taxa de variação média dos últimos doze meses, do índice de preços no consumidor, foi de 2,7% nos Açores.

Finanças públicas


A execução orçamental relativa ao ano de 2004 atingiu plenamente os objetivos inicialmente traçados, na medida em que foi assegurada uma contenção efetiva nas despesas de funcionamento da administração regional (+2,1%) e, ao mesmo tempo, registou-se uma taxa de crescimento das despesas de investimento (+6,5%), superior às observadas nos últimos cinco anos.

A Conta da Região relativa a 2004, excluindo as contas de ordem, apresentará um saldo positivo da ordem dos 22 milhões de euros, fundamentalmente, em consequência de diversos ajustamentos efetuados em sede das receitas fiscais geradas na Região e, também, da contenção imprimida às despesas de funcionamento. Efetivamente, registou-se uma melhoria significativa no rácio de cobertura das despesas de funcionamento pelas receitas próprias da Região, o qual passou de 90,2% para 98,2%, entre 2003 e 2004.

No âmbito das receitas da Região, foram as receitas próprias, com um valor de 497,2 milhões de euros, que registaram uma taxa de crescimento mais significativa, +11,2%, observando, igualmente, um acréscimo do seu peso relativo no total da receita, o qual passou de 63,1%, em 2003, para 65,9%, em 2004.

No cômputo das receitas próprias, salientam-se as receitas fiscais cuja execução atingiu os 488,7 milhões de euros, mais 14,9% do que o respectivo valor de 2003.

Os dois grandes agregados da despesa pública - funcionamento e plano de investimentos - mantiveram em 2004 uma estrutura semelhante à que detinham em 2003, traduzindo uma ligeira alteração que se considera positiva, já que se registou um aumento de cerca de um ponto percentual no peso relativo das despesas de investimento por contrapartida das despesas de funcionamento.

O plano de investimentos atingiu uma execução de 226,1 milhões de euros, o que traduz uma taxa de crescimento de 6,1%, relativamente a 2003 e uma excelente taxa de realização de 97,2%, se não considerarmos as dotações do plano que estavam consignadas à receita da reprivatização da EDA (Electricidade dos Açores, SA) e ao pagamento de bonificações de juro do crédito à habitação, cuja transferência não foi efetuada em 2004.

Setores econômicos

Agricultura

O volume de produção de leite recebido nas fábricas situa-se num patamar da ordem de 500 milhões de litros. O leite industrializado é consumido predominantemente na forma de UHT.

O queijo representa o produto lácteo mais significativo, registando evolução positiva, mesmo nos anos de redução de matéria-prima.

A produção de carne tem registado, nos anos mais recentes, uma evolução tendencialmente positiva. O sentido desta evolução é comum aos diversos tipos de carnes. Todavia a intensidade fica a dever-se, fundamentalmente, à carne de bovino para exportação, cujo crescimento a vem aproximando dos níveis atingidos antes da crise de 1997. A evolução no crescimento das carnes para consumo nas próprias ilhas caracteriza-se mais pela moderação e regularidade.

Pescas

A atividade pescatória, medida pelo pescado descarregado nos portos, traduz-se em volumes da ordem de 10 mil toneladas anuais, às quais correspondem valores brutos de produção na ordem de 26 milhões de euros. Anualmente, registam-se variações específicas nas condições em que se desenvolvem as aividades no setor, observando-se flutuações significativas de preços.

Costa Norte de São Jorge, ao fundo a
Fajã da Ponta Furada.
As diferentes variedades de pescado mais tradicional, ocupam o lugar mais representativo, sendo a componente da pesca de tunídeos a que apresenta maior sensibilidade a condições de produção.

O número de pescadores matriculados situa-se na ordem de 4 milhares e o das embarcações na de 1600 unidades. Procurando observar a atual tendência de evolução destes fatores produtivos, através de alguns rácios, verificar-se-á uma tendência no sentido do aumento de dimensão medida pela tonelagem média por embarcação e por pescador matriculado.


Turismo

Milhares de católicos de todo o mundo
peregrinam anualmente às Festas Religiosas
em honra do Senhor Santo Cristo dos Milagres,
em Ponta Delgada, Ilha de São Miguel.
O conjunto da hotelaria tradicional, mais o turismo em espaço rural somaram, no ano de 2004, a capacidade de alojamento de cerca de oito mil camas, em resultado de um crescimento assinalável da oferta de alojamento turístico, que se fez sentir essencialmente nos últimos quatro anos.

A procura tem vindo a aumentar sistematicamente todos os anos, tanto em termos de dormidas, como em termos de receitas. De 1996 a 2004, o número de dormidas cresceu 124% e as receitas totais 148%.

Hoje, mais de 50% da oferta hoteleira foi construída de novo e a parte restante foi, em mais de 50%, profundamente remodelada e reestruturada.

De 1996 a 2004 houve um salto significativo no mercado da procura. Portugal, em 1996, representava 71% do volume total de dormidas, enquanto que em 2004 representava apenas 51%.

É evidente que embora a promoção turística em Portugal seja sempre uma preocupação dominante, com o aumento da oferta hoteleira e dada a forte sazonalidade do mercado nacional torna-se cada vez mais importante diversificar a procura. Em 2004 o mercado sueco representou 16% da procura, logo seguido do mercado norueguês com cerca de 8,3% e do mercado alemão com 7,1%.

Note-se que os mercados alemão, espanhol e canadiano cresceram cerca de 50%, em 2004. Prevê-se que, em 2005, se assista a um forte crescimento do mercado dinamarquês, finlandês e inglês, como consequência das medidas de promoção que têm vindo a ser desenvolvidas, particularmente no que se refere ao estabelecimento de novas ligações aéreas com estes países.

Indústria

A evolução das indústrias transformadoras, observável através das estatísticas das empresas, aponta no sentido de um processo de crescimento acompanhado de mudanças nas estruturas produtivas, pelo menos em termos de dimensão.

Efetivamente, ao mesmo tempo que o volume de negócios foi registando, nos últimos anos, intensidades de crescimento a níveis significativos, o número de empresas e de pessoal ao serviço, ao contrário, foi decrescendo. Atendendo que no processo de decrescimento destes elementos produtivos, o do número de pessoal foi proporcionalmente superior ao das próprias empresas, verificou-se, logicamente, um aumento na dimensão média das respetivas estruturas.

Apesar desta evolução, a dimensão média das empresas das indústrias transformadoras continua a ser inferior à média das empresas da economia portuguesa. De fato, segundo os últimos dados, a média de pessoal empregado por unidade produtiva nos Açores situou-se em 10 trabalhadores por empresa, enquanto o mesmo rácio, a nível do país, atingia 12.

A reduzida dimensão também é observável em termos de volume médio de negócios das empresas industriais, cuja rendibilidade fica mais dependente das margens que sejam possíveis em termos de redução de custos.

Energia

As fontes de energia primária utilizadas continuam a basear-se nos combustíveis fósseis importados (fuel, gasóleo, gasolina). Todavia, as fontes de energia renováveis como a energia hídrica, a geotérmica e a eólica têm registado evoluções positivas, aproximando-se nos anos mais recentes de cerca de um décimo do total de energia consumida.

A produção de energia elétrica tem crescido a ritmos significativos, situando-se as respectivas taxas médias anuais à volta de 7%.

A produção de origem térmica continua a ser dominante, porém as energias renováveis representam já uma quota próxima de um quinto do total.

No que respeita à utilização de eletricidade, o consumo doméstico representa a componente mais significativa, mas os consumos comerciais e de serviços têm-se revelado mais dinâmicos nos últimos anos. Os consumos industriais têm-se caracterizado por uma certa estabilidade, apenas acompanhando a evolução média geral dos últimos anos.

Construção e habitação

Nos últimos anos, a produção local de cimento tem contribuído com cerca de 55% do total de cimento utilizado nas obras. Em anos anteriores situou-se numa quota de cerca de 60%.

As licenças de obras para habitação, representam cerca de três quartos do total de licenças concedidas para obras nos Açores.

Comércio

No setor comercial, registou-se uma evolução com crescimento de atividade mais baseada na criação de novas unidades de serviços do que no aumento de capacidade e modernização das existentes. Efetivamente, os dados estatísticos apontam para crescimento do volume de negócios significativo, ao mesmo tempo que crescem os números de empresas e de pessoal ao serviço.

Aliás, a intensidade de crescimento de pessoal ao serviço foi muito próxima da do crescimento do número de empresas, mantendo-se praticamente constante o rácio de pessoal por empresa. Este rácio de cerca de 5 pessoas ao serviço por empresa, confirma a forte presença de pequenas unidades empresariais e o caráter atomístico deste tipo de serviços.

Atendendo às características do setor comercial, em termos nacionais, as diferenças entre as estruturas nas diversas regiões resultarão mais de pequenas diferenças de evolução e adaptações circunstanciais, do que de fatores estruturais como a dimensão que se evidenciam mais em organizações de produção material e industrial.

As vendas de automóveis novos, em 2004, tiveram um comportamento positivo, invertendo a tendência anterior. Em 2004, a venda de automóveis ligeiros nos Açores representou cerca de 77% da venda total de automóveis novos.

Transportes e comunicações

Os dados disponíveis sobre os movimentos de passageiros apontam no sentido de uma tendência de redução de tráfego nos transportes coletivos terrestres e de aumento nos transportes marítimos e aéreos. Os movimentos de passageiros nos aeroportos vêm revelando alterações na sua composição segundo os diversos tipos de tráfego.

O tráfego de passageiros interno (na prática inter-ilhas) é ainda o que regista maior número de frequências, mas já não tem o predomínio que registava habitualmente e nos anos de 2002 e de 2003, representou percentagens inferiores a metade do tráfego total.

Por outro lado, os tráfegos com o exterior (territorial e internacional), apesar de continuarem mais sensíveis a influências de conjuntura, apresentam tendências de crescimento superiores em média. Será particularmente o caso do tráfego internacional, o que se mostra consistente com a evolução da procura turística.

Observando-se a frequência de movimentos de passageiros nos aeroportos em relação ao número de habitantes residentes, verifica-se que nos Açores há uma elevada intensidade no uso do modo de transporte aéreo, quando se faz a comparação com o Continente através do mesmo indicador. Esta diferença de intensidade estará logicamente relacionada com as características diferentes da geografia física em ambos os territórios.

As cargas movimentadas nos portos, atingem cerca de 2,7 milhões de toneladas, todavia o volume das movimentadas nos aeroportos não chega a representar 1% daquelas.

O tráfego postal situa-se num patamar de cerca de 10 milhões de objetos, enquanto o número de postos telefónicos existentes continua a crescer de forma mais intensa.

Setores sociais

Educação

No ano letivo de 2002/03 registou-se um forte crescimento no número de inscrições na Educação Pré-Escolar e uma continuada preferência pelo Ensino Profissional, que originou uma inversão da tendência negativa que se vinha a verificar no volume de inscrições/matrículas a nível global. Na generalidade, o volume de matrículas nos níveis do Ensino Básico e no Ensino Secundário continuam a tendência descendente que se tem vindo a verificar ultimamente, registando, no nível do Ensino Secundário, um valor superior a menos 5,5% dos valores verificados no ano anterior.

A taxa de escolarização apresenta valores crescentes em todas as idades, apesar da população escolar ter vindo a diminuir. Este aumento é mais significativo nas idades da Educação Pré-Escolar e a partir dos 14 anos. Da observação da evolução destas taxas, verifica-se um alargamento do leque de idades com taxas dos 100%, presentemente representativas das idades de escolaridade obrigatória.

O aproveitamento escolar, medido através da taxa de transição/aprovação oscila entre os 82,8% no 4.º ano de escolaridade e os 45,5% no 12.º ano, confirmando um maior aproveitamento escolar nos ciclos do ensino geral e obrigatório do que no secundário.

Saúde

Os dados sobre os serviços prestados nos hospitais e centros de saúde apontam no sentido de evoluções consideráveis. Nos atos clínicos regista-se uma participação significativa de recursos humanos e uma utilização crescente de meios complementares de diagnóstico e terapêutica.

Os atos registados em profilaxia/inoculações globais correspondem a vacinações praticadas nos centros de saúde. O volume de atos situa-se na ordem de oitenta milhares mas, embora seja aplicado predominantemente com preocupações de prevenção de doenças em crianças com idade inferior a um ano, é fortemente condicionado por particularidades e campanhas específicas a nível local.

Os serviços de urgência têm registado, nos últimos anos, uma procura mais expressiva do que os de consulta. Esta evolução terá sido mais significativa no âmbito dos centros de saúde do que no dos hospitais.

Os movimentos de internamento nos hospitais e centros de saúde têm mantido características de certa estabilidade, situando-se a demora média em 7 ou 8 dias e a taxa de ocupação à volta de 62%. Os meios complementares de diagnóstico ultrapassam os dois milhões de exames e análises, enquanto os meios complementares de terapêutica correspondem a mais de trezentos mil atos. A evolução destes meios tem registado crescimentos médios significativos. Todavia, é possível observar uma ligeira tendência para a realização do ato terapêutico corresponder, em média, uma menor utilização de exames e análises.

O pessoal em atividade nos serviços dos hospitais e dos centros de saúde situa-se na ordem de quatro milhares de profissionais. A evolução geral tem registado um alargamento efetivo de quadros, destacando-se um certo reforço de médicos, enfermeiros e técnicos de diagnóstico e terapêutica.

Segurança social

O número de pensionistas da Segurança Social nos Açores situa-se na ordem dos 47 milhares de indivíduos. Os beneficiários em vida por velhice, que recebem pensões em substituição de retribuições do trabalho, representam cerca de 52% do total; os beneficiários em vida, mas inválidos por acidente ou doença antes da idade da reforma por velhice, representam cerca de 30% do total; e, finalmente, as famílias de beneficiários por morte destes representam cerca de 18%.

Cultura

Os museus e as bibliotecas públicas representam meios privilegiados de desenvolvimento de ações cultu procuras sobre aqueles equipamentos culturais, por parte de visitantes nos museus e de utilizadores nas bibliotecas, verifica-se que existe atualmente uma tendência de crescimento em qualquer uma delas. Todavia, se a tendência da procura de visitantes aos museus prossegue a um ritmo mais regular e dentro de rais, seja pelas capacidades patrimoniais e funcionais existentes, seja pelos diversos públicos que podem atrair.

Observando as evoluções dasum mesmo padrão das estruturas existentes, já a procura de utilizadores nas bibliotecas revela, depois de uma ligeira quebra nos finais da década de noventa, uma intensificação do crescimento nos anos mais recentes, refletindo, pelo menos em parte, a transição do funcionamento da biblioteca pública de Ponta Delgada das antigas para as novas instalações, no histórico Colégio dos Jesuítas.


Portas de Ponta Delgada, Ilha de São Miguel.
Observando agora a evolução intra-anual para os mesmos tipos de equipamentos culturais, verifica-se que a procura nos museus intensifica-se nos meses de Verão, enquanto a procura nas bibliotecas, ao contrário, é maior nas outras estações. Para esta diferença entre as distribuições ao longo do ano contribuirá significativamente a componente de turistas que visitam os museus, enquanto nas bibliotecas será mais a componente de estudantes para leituras integradas na sua formação académica ao longo do ano escolar.

Durante o ano de 2003, os apoios financeiros às atividades culturais, enquadrados juridicamente pelo Decreto Legislativo Regional n.º 22/97/A, de 4 de Novembro, atingiram um montante na ordem de 480 mil euros.

Patrimônio

Ermida de Nossa Senhora
dos Anjos na Ilha de Santa Maria


Pela Resolução n.º 126/2004, de 9 de Setembro foi publicada a listagem global dos imóveis que se encontravam classificados à data de entrada em vigor do diploma que nos Açores atualmente enquadra o regime jurídico dos bens classificados, o Decreto Legislativo Regional n.º 29/2004/A, de 24 de Agosto.

O arquipélago dos Açores tem um rico e diversificado patrimônio edificado, os elementos mais representativos do qual se encontram classificados e constam da lista de património edificado nos Açores.

Está em curso a realização pelo Instituto Açoriano de Cultura, por contrato com o Governo Regional dos Açores, do inventário completo do património cultural imóvel das ilhas, o qual, à medida que vai sendo concluído em cada concelho, é editado em volume próprio. Nos termos de decreto do parlamento açoriano, funciona na Direção Regional da Cultura um Registo Regional de Bens Classificados.

Desporto

As atividades desportivas nos Açores, enquadradas pelas federações associativas das diversas modalidades, vêm movimentando um número significativo de atletas e agentes responsáveis.

O número de inscritos na época de 2002/2003 aproximou-se de cerca de 20 milhares de atletas praticantes e de 800 treinadores.

Os dados anteriores resultam de um processo de crescimento assinalável já que, nos últimos dez anos, o número de atletas praticamente duplicou e as condições de enquadramento técnico poderão traduzir-se pelo rácio de 24 atletas por cada treinador, por contrapartida a um rácio inicial de 46 atletas.

Em termos de representatividade das diversas modalidades poderão agrupar-se dois conjuntos segundo as características:

* Desportivas mais individuais, que atraem largas centenas ou mesmo à volta de um milhar de praticantes, como os 606 de xadrez, 613 de natação, 614 de "karaté", 808 de ténis, 873 de judo, 1 050 de atletismo e 1 208 de ténis de mesa;
* Ou de jogo em equipa envolvendo praticantes em número superior ou na ordem dos milhares, como os 1 142 de andebol, 1 267 de basquetebol, 2 332 de voleibol e os 5 584 de futebol.

Situação ambiental

A análise sucinta que a seguir se apresenta foi preparada a partir do documento "Relatório do Estado do Ambiente - 2003", produzido em Setembro de 2004, da responsabilidade da então Secretaria Regional do Ambiente.

Recursos hídricos

Nos Açores, as necessidades de água para uso urbanos são as mais significativas, representando cerca de 56% das necessidades totais, seguindo-se a indústria e a agropecuária, com um peso de cerca de 20%. O turismo, a energia e os restantes usos representam ainda um valor pouco significativo, cerca de 3%. As águas subterrâneas constituem a principal origem de água, satisfazendo, mais de 97% das diferentes utilizações.

As disponibilidades existentes estão estimadas em cerca de 1 520 milhões de metros cúbicos, considerando-se 10% deste valor como disponibilidade útil. As maiores disponibilidades situam-se nas ilhas do Pico e de S. Miguel e as menores no Corvo, Graciosa e Santa Maria. Relacionando as necessidades com as disponibilidades, regista-se maior pressão sobre os recursos disponíveis nas ilhas Graciosa, Terceira e S. Miguel.

A nível das águas superficiais, designadamente as lagoas, para além do valor paisagístico, turístico e ecológico, constituem-se como reservas estratégicas de água, sendo a garantia da sua qualidade um dos desafios da gestão dos recursos hídricos. De acordo com análise e classificações efetuadas a 17 lagoas, a maioria regista situações de poluição mais ou menos acentuada, derivada de contaminação difusa por atividades agro-pecuárias e de fertilização pouco racional, donde a importância dos projetos em curso e a iniciar relativos à construção de açudes, reflorestação das faixas adjacentes às linhas de água, entre outras ações, no sentido de se reverter esta situação.

Quanto às águas subterrâneas, estas não apresentam problemas acentuados de qualidade, embora, pontualmente, possam advir alguns problemas derivados da sobre-exploração de aquíferos, com a consequente intrusão salina, do excesso de nitratos e da contaminação microbiológica relacionados com a poluição difusa, proporcionada pela exploração agropecuária.

No caso particular das águas balneares, de um modo geral a maioria das zonas balneares apresenta uma qualidade de água bastante razoável, o que tem originado uma classificação adequada para ostentação de bandeira azul.

No que diz respeito ao abastecimento de água às populações, o nível de atendimento é próximo dos 100%, em termos de infra-estruturas de abastecimento. Todavia, pontualmente, por via de fatores aleatórios e de perda de águas nas redes, existe cerca de 13% da população com abastecimento irregular durante o ano. A qualidade da água fornecida nem sempre satisfaz os parâmetros de qualidade exigidos: se, por um lado, mais de 84% da população servida se encontrava servida por sistemas de tratamento, por outro, cerca de 80% da água distribuída era apenas sujeita a desinfecção por cloragem, sem um controle significativo. No que concerne à existência de sistemas de drenagem de águas residuais, o nível do atendimento era de cerca de 38% correspondendo os restantes 62% a fossas sépticas individuais. O nível de atendimento relativamente ao tratamento de águas residuais correspondia apenas a 24% da população, valor relativamente reduzido face às metas fixadas.

Resíduos sólidos urbanos (RSU)

A produção de RSU tem vindo a aumentar, tendo atingido cerca de 118,5 mil toneladas, em 2003, sendo cerca de 50% produzido em S. Miguel, 20% na Terceira e o restante nas outras ilhas. A produção diária de RSU por habitante atinge já os 1,37 kg, sendo a maior parte constituída por matéria orgânica, seguida de material de embalagem, reforçando a necessidade de recolha seletiva, com o objetivo de reciclar e valorizar estes materiais.

Em termos de tratamento e destino final, pese embora a construção de aterros controlados e a implementação da recolha selectiva, em 2003 verificou-se ainda que cerca de 6% dos resíduos foram depositados em vazadouros sem controlo e 13% em vazadouros controlados.

Resíduos industriais e hospitalares

Observa-se ainda a inexistência de destino final adequado para os resíduos industriais, verificando-se uma fraca adesão por parte dos industriais de entrega de mapas de registo das quantidades produzidas. Em relação aos resíduos hospitalares, têm tido o tratamento adequado, designadamente os considerados perigosos, que são objeto de incineração e/ou tratamento químico.

Ambiente sonoro

Das diversas formas de poluição existentes, o ruído é uma das que assumem uma expressão nos Açores. Todavia, a existência de algumas reclamações de particulares indicia a possibilidade de situações pontuais de um nível sonoro ambiente acima do desejado. A elaboração de um conjunto significativo de mapas de ruído, a aquisição de equipamentos de medição, permite dispor no futuro próximo de instrumentos de monitoragem e de apoio ao ordenamento do território.

Qualidade do ar

Os indicadores normalmente utilizados para a caracterização da qualidade do ar são o dióxido de enxofre (SO2), óxidos de azoto (NOx), Monóxido de carbono (CO) e partículas em suspensão. Existem outros poluentes, como o Ozono troposférico (O3), que resultam de reações químicas entre poluentes primários. Estudos realizados indicam que as concentrações são inferiores aos limites estabelecidos na legislação.

Conservação da natureza


Azorina vidalii, autêntico fóssil vivo,
foto tirada na Fajã das Almas,
ilha de São Jorge, Açores..
Em termos da biodiversidade, estão identificadas 702 espécies exóticas de flora, das quais 36 com caráter invasor. Em termos de fauna, estão inventariadas 47 espécies exóticas, distinguindo-se 5 espécies invasoras, destacando-se nestas últimas o designado escaravelho japonês. No conjunto do arquipélago estão protegidas 115 espécies, verificando-se, no entanto, 215 espécies ameaçadas.

Áreas classificadas e protegidas

A rede Natura 2000 engloba 38 locais, com uma área aproximada de 45,5 mil ha, enquanto as áreas protegidas distribuem-se por 31 locais, ocupando uma área de 68,4 mil ha. Estão definidos 23 Sítios de Importância Comunitária (SIC), que abrangem uma área total de 11,8 mil ha, 15 Zonas de Proteção Especial (ZPE), com uma área de 11,8 mil ha e está a ser ultimado o Plano Setorial para a Rede Natura 2000.

Rede de Áreas Protegidas dos Açores

As áreas protegidas incluem áreas terrestres, águas interiores e marinhas em que a fauna, a flora, a paisagem, os ecossistemas ou outras ocorrências naturais apresentam, pela sua raridade, valor ecológico ou paisagístico, importância científica, cultural e social.

As condições climatéricas associadas ao isolamento geográfico, ao relevo e às características geológicas das ilhas deram origem a uma grande variedade de biótopos, ecossistemas e paisagens, que propiciam a existência de um elevado número de habitats que albergam uma grande diversidade de espécies.

A vegetação natural das ilhas açorianas compreende um vasto número de espécies originárias do Período Terciário, na sua maioria endémicas e com estatuto de proteção. A laurissilva, cuja origem está relacionada com as florestas húmidas do Terciário existentes no Sul da Europa e desaparecidas há milhões de anos aquando das últimas glaciações, é uma floresta com um índice de endemismos muito elevado.

Para além das espécies de maior porte, possui uma camada sub-arbustiva, geralmente muito densa, de grandes fetos e arbustos, alguns dos quais também endémicos.

As ilhas foram colonizadas pelo homem nos finais do século XV e o coberto vegetal foi consideravelmente alterado desde então. Das espécies de plantas vasculares existentes, conhecem-se presentemente 66 endémicas, encontrando-se ainda um elevado número de endemismos noutros grupos. A diversidade de comunidades vegetais permite que comunidades de aves terrestres endémicas se distribuam ao longo de toda a área.

Encontram-se também em todas as ilhas cerca de 300 espécies endémicas de artrópodes, distribuídas em habitais muito diversificados, tais como cavidades vulcânicas, campos de lava, florestas naturais, etc.

Este grupo taxonómico encontra-se sujeito a algumas pressões por parte de atividades humanas, uma vez que não se encontra protegido. A pouca proteção de que beneficia resulta diretamente da classificação das áreas protegidas nas várias ilhas da Região.

Em relação aos mamíferos, ocorrem nos Açores, de forma natural, 25 espécies, maioritariamente marinhas, 24 das quais correspondem a cetáceos (baleias e golfinhos) e a outra consiste numa espécie endémica terrestre, que é o único mamífero autóctone do arquipélago: o Morcego-dos-açores (Nyctalus azoreum).

Como forma de salvaguarda do património natural existente, foi criada uma rede regional de áreas protegidas, ocupando uma área de 53 700 ha. A primeira área protegida data de 1972 (Caldeira, ilha do Faial). Desde então, foram criadas mais áreas protegidas, abrangendo cerca de 13 % da área total da Região.

As áreas protegidas dos Açores - Rede de Áreas Protegidas dos Açores - têm vindo a ser objeto de desenvolvimento de Planos de Ordenamento e Gestão, com o objetivo de definir a política de salvaguarda e conservação do património.

Os planos pretendem constituir um instrumento de apoio e promoção ao ordenamento e gestão das áreas protegidas, com vistas à salvaguarda dos recursos naturais à conservação da qualidade paisagística e à conciliação das atividades humanas.



Açorianos ilustres

* As Três Ilhoas: Antônia da Graça, Júlia Maria da Caridade, Helena Maria de Jesus são três irmãs açorianas que embarcaram para o Brasil por volta de 1723 e fundaram importantes e nobres famílias.
* Antero de Quental (18 de Abril de 1842 - 11 de Setembro de 1891) - poeta.
* Francisco de Lacerda (11 de Maio de 1869 - 18 de Julho de 1934) - musicólogo, compositor e maestro.
* Manuel de Arriaga - Primeiro Presidente eleito da República Portuguesa. Mandato entre 24 de Agosto de 1911 e 26 de Maio de 1915. Nasceu na cidade da Horta a 8 de Julho de 1840 e faleceu em Lisboa a 5 de Março de 1917.
* Teófilo Braga (24 de Fevereiro de 1843 - 28 de Janeiro de 1924 em Lisboa) - escritor e 2.º Presidente da República Portuguesa.
* Roberto Ivens (12 de Junho de 1850 em São Pedro - 28 de Janeiro de 1898 em Dafundo, Lisboa) - oficial da armada, administrador colonial e explorador do continente africano.
* Mota Amaral (15 de Abril de 1943 -) - Presidente do Governo da Região Autónoma dos Açores (1976-1995), e Presidente da Assembleia da República (9.ª legislatura).
* Pedro Resendes (Pauleta) (28 de Abril de 1973 -) - jogador de futebol.
* Jaime Gama (8 de Junho de 1947 -) - político português, nascido na Fajã de Baixo, Ponta Delgada. É atualmente Presidente da Assembleia da República, a segunda figura do Estado português.
* Natália Correia (13 de Setembro de 1923 na Fajã de Baixo, Ponta Delgada - 16 de Março de 1993 em Lisboa) - intelectual e ativista social, autora de extensa e variada obra publicada, com predominância para a poesia. Deputada à Assembleia da República (1980-1991), interveio politicamente ao nível da cultura e do património, na defesa dos direitos humanos e dos direitos das mulheres. Autora da letra do Hino dos Açores.
* Vitorino Nemésio (Praia da Vitória, 19 de Dezembro de 1901 - Lisboa, 20 de Fevereiro de 1978) - escritor e professor universitário.
* José do Canto (Ponta Delgada, 20 de Dezembro de 1820 - Ponta Delgada 10 de Junho de 1898) - grande proprietário, intelectual e bibliófilo.

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DESCRIÇÃO DAS NOVE ILHAS DOS AÇORES E SUAS RESPECTIVAS CAPITAIS

Ilha de Santa Maria
(CAPITAL: VILA DO PORTO)

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

A ilha de Santa Maria, cuja capital é Vila do Porto, situa-se no extremo sudeste do arquipélago dos Açores, integrando o Grupo Oriental. Tem uma superfície de 97,4 km² e uma população residente (gentílico: marienses) de 5 578 habitantes (2001), distribuída pelas cinco freguesias que compõem o concelho de Vila do Porto, o único da ilha.

Terá sido a primeira ilha dos Açores a ser avistada, por volta de 1427, pelo navegador português Diogo de Silves. Posteriormente, em Fevereiro de 1493, Cristóvão Colombo escalou na ilha no regresso da sua primeira viagem à América.

Localização da Ilha de Santa Maria.
Em nossos dias, o principal pilar de sustentação da economia da ilha é a atividade aeronáutica, com o Aeroporto de Santa Maria e o Centro de Controlo Aéreo do Atlântico, o qual administra a FIR Oceânica de Santa Maria, uma das maiores e mais importantes regiões de informação de voo do mundo.


Coordenadas: 36° 58' 14" N 25° 06' 18" O




Geografia
Panorâmica da formação geológica (disjunção prismática)
da Ribeira dos Maloés.

Detalhe da formação geológica
(almofadas e disjunções prismáticas de basalto)
na ponta do Castelo.
Aspecto do barreiro da Faneca.
Ilhéu do Romeiro, baía de São Lourenço.
Localizada a cerca de 100 km ao sul da ilha de São Miguel e a cerca de 600 km da ilha das Flores, Santa Maria é a ilha mais oriental e a mais meridional do arquipélago. Fica compreendida entre os paralelos 36º 55' N e 37º 01' N e os meridianos 25º00' W e 25º 11' W. O seu formato é sensivelmente quadrangular e, sendo o comprimento máximo da respectiva diagonal de cerca de 15,5 quilómetros, entre a ponta do Castelo e a Sudeste e a ponta da Restinga, a Noroeste.

Geologicamente é a mais antiga dos Açores, com formações que ultrapassam os 8,12 milhões de anos de idade, sendo por isso a de vulcanismo mais remoto. Esta idade comparativamente avançada confere maturidade ao relevo e explica a presença de extensas formações de origem sedimentar onde se podem encontrar fósseis marinhos.

Embora seja a única no arquipélago que não apresenta atividade vulcânica recente, também está sujeita a sismicidade relativamente elevada dada a sua proximidade ao troço final da Falha Glória (zona de fratura Açores-Gibraltar). Demonstram-no, por exemplo, os fortes sismos de Novembro de 1937 e de Maio de 1939, e a recente crise sísmica de Março de 2007.

Com apenas 97,4 km² de área emersa, apresenta forma grosseiramente oval, com um comprimento máximo no sentido noroeste-sudeste de 16,8 km, a ilha está dividida em duas regiões com aspecto geomorfológico nitidamente contrastante:

Uma extensa região aplanada e baixa, ocupando os dois terços ocidentais da ilha, com uma altitude máxima de 277 metros acima do nível do mar nos Piquinhos, com solos argilosos. A baixa altitude não permite a intercepção da humidade atmosférica, gerando um clima seco, que dá a esta região da ilha um carácter distintamente mediterrânico, em forte contraste com o resto do arquipélago. No extremo sudoeste desta zona aplainada situa-se Vila do Porto, a maior povoação da ilha (com cerca de 65% da população residente) e as freguesias de São Pedro e de Almagreira. O aeroporto de Santa Maria ocupa toda a faixa litoral oeste da ilha, aproveitando a paisagem naturalmente plana do local e a ausência de obstáculos nas suas zonas de aproximação. Na costa sudoeste, na foz das duas ribeiras que ali confluem, encontra-se uma profunda enseada onde se localiza o porto da Vila do Porto. Uma larga baía a norte, abriga o porto dos Anjos, o povoado mais antigo da ilha, e o local de desembarque dos marinheiros de Cristóvão Colombo.

* O terço oriental da ilha é constituído por terras altas, muito acidentadas e esculpidas pela erosão. Nesta zona situa-se o ponto mais elevado da ilha, o Pico Alto, com 590 metros de altitude, e os picos das Cavacas (491 m) e Caldeira (481 m). A intercepção da humidade dos ventos leva à formação de nuvens orográficas em torno do pico, propiciando abundante precipitação oculta e dando à área condições para a existência de uma vegetação rica e de alguma agricultura. Nesta região situam-se as freguesias de Santa Bárbara e de Santo Espírito, as mais férteis da ilha.

A geologia da ilha caracteriza-se pela presença de um substrato basáltico deformado por fraturas que seguem uma orientação preferencial NW-SW, no qual está intercalada uma densa rede filoniana com a mesma orientação. Intercalados nos basaltos encontram-se algumas formações de caráter traquibasáltico. Sobre estes materiais encontram-se extensos depósitos fossilíferos, incrustados em depósitos calcários de origem marinha, formados num período de transgressão em que o oceano se encontraria a cerca de 40 metros acima do atual nível médio do mar. A presença destes depósitos, únicos nos Açores, originou na ilha uma indústria de extração de calcário e fabrico de cal, que atingiu o seu auge no princípio do século XX, encontrando-se extinta.
Os depósitos fossilíferos de Santa Maria despertaram grande interesse da comunidade científica, levando a numerosos estudos paleontológicos, desenvolvidos a partir do terceiro quartel do século XIX. Publicaram estudos sobre os fósseis da ilha, entre outros, Georg Hartung (1860), Reiss (1862), Bronn (1860), Mayer (1864), Friedlander (1929) e José Agostinho (1937). A importância científica dos depósitos fossilíferos levou à criação, pelo Decreto Legislativo Regional n.º 5/2005/A, de 13 de Maio, da Reserva Natural Regional do Figueiral e Prainha, incluindo o Monumento Natural da Pedreira do Campo, uma zona de particular interesse geológico.

A região ocidental da ilha está recoberta por um solo argiloso de cor avermelhada, resultante da profunda alteração de piroclastos de idade pliocénica, formados quando o clima da ilha era muito mais quente e húmido do que o atual e o nível médio do mar se situaria cerca de 100 metros abaixo do atual. Nas imediações de Vila do Porto, aparecem espessos depósitos de barro vermelho que deram origem a uma importante indústria de olaria, hoje desaparecida, e à exportação de bolas de barro para Vila Franca do Campo e Lagoa, constituindo assim a principal matéria-prima da olaria tradicional micaelense.

A costa da ilha é em geral escarpada, atingindo os 340 metros de altura nas arribas do lugar da Rocha Alta. A ilha tem um conjunto de pontas muito pronunciadas (Ponta do Marvão, Ponta do Castelo e Ponta do Norte), demarcando algumas baías abrigadas onde aparecem praias de areias brancas (Baía de São Lourenço e Praia Formosa). Ao longo das costas de Santa Maria existem alguns ilhéus e rochedos de dimensão apreciável, com destaque para o ilhéu do Romeiro (São Lourenço), o ilhéu da Vila e o ilhéu das Lagoínhas.

Dada à sua baixa altitude, vegetação menos abundante e sua localização a Sueste do arquipélago, a maior distância dos centros de baixa pressão que se deslocam nesta região do oceano Atlântico, - em geral de Sudeste para Nordeste, e determinantes da quase totalidade da precipitação nas ilhas açorianas -, a ilha tem um clima oceânico menos acentuado do que as demais ilhas do arquipélago, ameno e com grande insolação, aproximando-se das características do clima mediterrânico, com um Verão seco e quente, bem marcado, e um Inverno suave e pouco chuvoso. As temperaturas médias do ar oscilam entre os 14 °C e os 22 °C.

O povoamento é disperso, com as casas espalhadas por toda a ilha, formando pequenos núcleos ao longo das zonas mais ricas em água da parte ocidental e aninhadas nos vales da parte oriental. O maior povoado é Vila do Porto, à qual está ligado o complexo habitacional e cívico que nasceu em torno do aeroporto, restos da estrutura urbana da antiga base aérea americana dos tempos da Segunda Guerra Mundial. A habitação tradicional é em alvenaria de pedra, com rebocos pintados de branco, barras coloridas em torno das portas e janelas e grandes chaminés cilíndricas, fazendo lembrar as casas alentejanas e algarvias.

O relevo e a riqueza de contrastes entre a terra e o mar, a que se associa o equilíbrio arquitetónico dos povoados, conferem grande beleza à paisagem mariense.

O território da ilha constitui um único concelho, o de Vila do Porto, com uma população residente de 5 578 habitantes (2001), dividido em cinco freguesias:

* Vila do Porto, com 2 997 habitantes (2001);
* São Pedro, com 841 habitantes (2001);
* Almagreira, com 537 habitantes (2001);
* Santo Espírito, com 723 habitantes (2001);
* Santa Bárbara, com 480 habitantes (2001).

Economia

Unidade de turismo de habitação.

Em linhas gerais, a economia da ilha seguiu os ciclos típicos da evolução da base produtiva açoriana. Periférica em relação ao arquipélago e às rotas atlânticas da volta do largo, a ilha esteve excluída das grandes rotas comerciais, dedicando-se quase exclusivamente à agricultura, inicialmente centrada no plantio de cana-de-açúcar e produção de açúcar. Sem condições de concorrer com os açúcares do Brasil a partir de meados do século XVI, desenvolveram-se em seguida as culturas de trigo e pastel até ao século XVII, que por sua vez deram lugar à de milho e de laranja, que - com o fim dos morgadios - recaiu em uma agricultura de subsistência assente numa produção cerealífera relativamente pobre, nalguns vinhedos aninhados nas zonas mais abrigadas da ilha e, naquilo em que a ilha difere do resto das demais do arquipélago, numa importante produção de cal e extração de barro. Este último deu origem a uma indústria local de olaria, além de abastecer as olarias de São Miguel e outras ilhas.

Marina de Vila do Porto (2008).

Ao contrário da generalidade das outras ilhas, a criação de gado e a produção de lacticínios nunca chegou a dominar a economia local. Ainda assim, a agropecuária constitui a base da economia rural do concelho, onde a área agrícola ocupa 47,6% do território. A atividade é praticada em pequenas explorações, destacando-se as culturas forrageiras, os prados e as pastagens permanentes. Em termos de pecuária o rebanho da ilha é essencialmente voltado para a pecuária de corte, formado pelas raças Charolais e Limousin.

A ilha apresenta uma baixa densidade florestal, com apenas 19 hectares de área florestada de produção, salientando-se as plantações de criptoméria nas faldas do Pico Alto. As zonas de matas são dominadas pelo incenso ("Pittosporum undulatum"), zimbros ("Juniperus") e loureiros.

A pesca também é fator importante na vida da ilha, embora claramente secundário em relação à atividade aeronáutica, ao turismo e à agropecuária.

Quanto ao setor secundário, embora no passado tenha existido além de uma indústria de cerâmica utilitária, uma indústria de processamento de cetáceos (a Fábrica da Baleia do Castelo) e outra de tunídeos (a Fábrica de Conservas Corretora), é de referir a existência de algumas serrações de madeira, fabrico de blocos e de panificação.

No setor terciário, a ilha conta com artesanato, comércio e serviços, embora essencialmente voltados para o turismo. Neste último segmento, as principais atividades e atrações consistem na prática de desportos náuticos, nomeadamente windsurf, vela, esqui aquático, surfe, pesca recreativa e desportiva, mergulho e caça submarina. Para estes últimos, as águas da ilha oferecem sargos, vejas, pargos, garoupas, bodiões, cavalas, anchovas, bicudas e serras. Também é possível fazer praia, passeios e caça ao coelho.

A ilha conta com várias unidades hoteleiras, de turismo de habitação e de turismo rural. Os circuitos pedonais e mirado uros da ilha encontram-se bem sinalizados, permitindo ao visitante usufruir tanto das paisagens naturais quanto das informações sobre o meio-ambiente das áreas protegidas na ilha.

A inauguração da Marina de Vila do Porto (2008) aumentou o potencial turístico, nacional e internacional da ilha.

A recente decisão da Agência Espacial Europeia (ESA), de instalar uma estação de rastreio móvel de satélites na ilha veio reacender o debate sobre o futuro da ilha, hoje dependente quase exclusivamente das atividades aeronáuticas.

Cultura e tradições

Imagem do Senhor Santo Cristo (Vila do Porto, 2008).

Como nas demais ilhas açorianas, uma das atividades culturais mais marcantes são as celebrações do Divino Espírito Santo, que remontam ao início do povoamento e ao papel de destaque que a Ordem de Cristo e os Franciscanos tiveram na vida religiosa do arquipélago. As festividades incluem a coroação de uma ou mais crianças, em que o "Imperador" usa um ceptro e uma coroa de prata, símbolos do Espírito Santo, culminando com uma grande festa no sétimo domingo depois da P áscoa, o domingo de Pentecostes. Na ocasião são realizados os "Impérios" em honra do Espírito Santo, quando são distribuídas gratuitamente as chamadas "sopas", cozinhadas segundo as antigas tradições.
Preparação das sopas de um Império do Espírito Santo.


Para além desta festa, celebrada em todas as freguesias, decorre em Vila do Porto a celebração do Senhor Santo Cristo dos Milagres.



A 15 de Agosto ocorrem as festividades em homenagem à padroeira, Nossa Senhora da Assunção.

Ainda no mês de Agosto, geralmente no último fim-de-semana, realiza-se desde 1984, na praia Formosa, o Festival Maré de Agosto, um dos mais concorridos do arquipélago, e que conta com atrações musicais nacionais e internacionais.

No Verão, a praia Formosa e praia de São Lourenço são as mais concorridas não apenas pelos banhistas como também para a prática de desportos náuticos.

A temporada encerra-se com a festa da Confraria dos Escravos da Cadainha, nos Anjos, no mês de Setembro.

A nível de artesanato destacam-se a confecção de louça e de outras peças de olaria em barro vermelho (cuja tradição atualmente se procura recuperar), as camisolas de lã feitas manualmente, as mantas de retalhos coloridas e os panos de linho, os chapéus de palha, os cestos de vime e vários objetos em madeira e ferro. Além de diversas cooperativas de artesãos, a ilha conta com um museu para expor o aspecto histórico e cultural desta produção: o Museu de Santa Maria, localizado na freguesia de Santo Espírito.

A gastronomia da ilha é rica, destacando-se o caldo de nabos, o bolo na panela, a caçoila, o molho de fígado, a sopa e a caldeirada de peixe. Entre os mariscos citam-se o cavaco, as lapas e as cracas. No campo da doçaria, citam-se os biscoitos encanelados, os de orelha, os branc os, os de aguardente e as cavacas. Entre as bebidas, o vinho de cheiro, o vinho abafado, o abafadinho, os licores de amora, de leite e a aguardente, são típicos.

Lendas tradicionais

As principais lendas da ilha, tradicionalmente passadas de geração a geração, são:

* Lenda da descoberta da ilha de Santa Maria
* A Ilha Encantada - sobre uma ilha que, de sete em sete anos, surgia no Poente, podendo-se ver detalhes como os das pessoas às janelas das casas e as suas roupas estendidas a secar.
* A Cruz dos Anjos - ligada à construção da Ermida dos Anjos.
* O Canavial dos Piratas - também ligada à Ermida dos Anjos: quando de um desembarque de piratas mouros, um canavial brotou miraculosamente, ocultando a ermida da vista deles, que desse modo foi poupada.
* O pirata Bei - ligada às incursões d e piratas mouros à ilha, em busca de víveres, riquezas e escravos.
* A Lenda da Sereia da Praia - sobre um pescador que se apaixona por uma sereia na praia. Capturada, perde as guelras e os atributos de sereia por meio de um esconjuro feito pelo pescador, adquirindo a forma humana e sendo então por este desposada.
* O Távora - sobre um indivíduo ligado à Casa dos Távoras, na ilha refugiado à perseguição do Marquês de Pombal, cujo esqueleto foi encontrado entaipado em um antigo solar em Vila do Porto.
* O Ermitão - acerca de um indivíduo que teria vivido na furna de Santana, afamado por curar impingem e cobrelo com benzeduras e mezinhas.
* O Tesouro - que justifica a mancha caliçada, que se avista no rochedo de Malbusca, como a porta de um grande tesouro ali escondido à época dos Castelhanos.
* A furna do Santo Cristo - alusiva ao achamento de uma imagem do Santo Cristo, depois conduzida em procissão para a Igreja da Misericórdia.
* A furna de Sant'Ana - alusiva à inva são de piratas da Barbária em 1616
* Lenda da Donzela Encantada da ilha de Santa Maria

Marienses ilustres

* D. Luís de Figueiredo de Lemos, bispo da Diocese do Funchal;
* Manuel de Sousa, herói de África;
* D. Frei Francisco de São Jerónimo, bispo da Diocese do Rio de Janeiro, filho de Marienses;
* José Inácio de Andrade, escritor e homem público;
* Dr. Manuel de Lacerda, arabista;
* Alberto de Sousa Pinto, pintor;
* Dr. Manuel Monteiro Velho Arruda , médico e historiador.

Património edificado Santa Maria

Igreja de N. Sra. da Purificação no Santo Espírito.
Convento de S. Francisco em Vila do Porto.




Monumento aos mortos da I
Guerra Mundial no Forte de São Brás.

O património edificado da ilha é constituído por uma ampla varidade de exemplares, de vários tipos - públicos e particulares, civis, religiosos e militares -, protegidos e valorizados por sua importância histórico-cultural. Por ter sido a primeira ilha do arquipélago a ser povoada, é o local onde se encontram os mais antigos vestígios dessa ocupação, usufuindo adicionalmente da vantagem de, por não estar tão sujeita a sismos ou erup ções vulcânicas, não registrou ao longo dos séculos perdas por essas causas. Entre os principais exemplares, relacionam-se:

Arquitetura civil

* Casa do Capitão João Soares de Sousa
* Estação LORAN de Santa Maria
* Fábrica da Baleia do Castelo
* Farol de Gonçalo Velho (Farol da Maia)
* Lagar de Diogo Santos Faleiro

Arquitetura militar

* Bateria da Laje da Peça
* Forte da Baía de São Lourenço
* Forte da Baixa do Vigário
* Forte da Figueira
* Forte da Forca
* Forte da Laje de Vila do Porto
* Forte da Maia
* Forte da Prainha
* Forte de Nossa Senhora da Praia dos Anjos
* Forte de São Brás de Vila do Porto
* Forte de São João Baptista da Praia Formosa
* Forte de São João Evangelista
* Forte do Cabrestante
* Forte do Marvão


Arquitetura religiosa

* Convento de São Francisco (Vila do Porto)
* Ermida de Jesus, Maria, José (Sant a Bárbara)
* Ermida de Nossa Senhora da Boa Morte (Santo Espírito)
* Ermida de Nossa Senhora da Boa Nova (Vila do Porto)
* Ermida de Nossa Senhora da Boa Viagem (Vila do Porto)
* Ermida de Nossa Senhora da Conceição (Vila do Porto)
* Ermida de Nossa Senhora da Glória (Santo Espírito)
* Ermida de Nossa Senhora da Graça (Almagreira)
* Ermida de Nossa Senhora da Piedade (Santo Espírito)
* Ermida de Nossa Senhora da Saúde (São Pedro)
* Ermida de Nossa Senhora de Fát ima (São Pedro)
* Ermida de Nossa Senhora de Lurdes (Santa Bárbara)
* Ermida de Nossa Senhora de Monserrate (São Pedro)
* Ermida de Nossa Senhora do Desterro (Santa Bárbara)
* Ermida de Nossa Senhora do Livramento (Vila do Porto)
* Ermida de Nossa Senhora do Monte (Almagreira)
* Ermida de Nossa Senhora do Pilar (São Pedro)
* Ermida de Nossa Senhora dos Anjos (Vila do Porto)
* Ermida de Nossa Senhora dos Prazeres (Santo Espírito)
* Ermida de Nossa Senhora dos Remédios (Almagreira)
* Ermida de Nossa Senhora Mãe de Deus (Vila do Porto)
* Ermida de Santa Rita (Almagreira)
* Ermida de Santo António (Santo Espírito)
* Ermida de São Lourenço (Santa Bárbara)
* Ermida de São Pedro Gonçalves T elmo ou Ermida do Corpo Santo (Vila do Porto)
* Igreja de Nossa Senhora da Purificação (Santo Espírito)
* Igreja de Nossa Senhora da Vitória (Vila do Porto)
* Igreja de Nossa Senhora da Misericórdia (Vila do Porto)
* Igreja de Nossa Senhora do Ar (Vila do Porto)
* Igreja de Nossa Senhora do Bom Despacho (Almagreira)
* Igreja de Santa Bárbara (Santa Bárbara)
* Igreja de Santo Antão (Vila do Porto)
* Igreja de São Pedro (São Pedro)
* Igreja do Recolhimento de Santa Maria Madalena (Vila do Porto)
* Igreja do Recolhimento de Sant o António (Vila do Porto)
* Igreja Matriz de Nossa Senhora da Assunção (Vila do Porto)

Património natural e ambiental

Categoria Reserva Natural

* Reserva Natural dos Ilhéus das Formigas

* Reserva Natural do Ilhéu da Vila

Categoria Monumento Natural

* Reserva Natural da Pedreira do Campo, do Figueiral e da Prainha

Categoria Área Protegida para a Gestão de Habitats ou Espécies

* Área Protegida para a Gestão de Habitats ou Espécies da Costa Sudoeste
* Área Protegida para a Gestão de Habitats ou Espécies da Ponta do Castelo
* Área Protegida para a Gestão de Habitats ou Espécies da Baía do Cura
* Área Protegida para a Gestão de Habitats ou Espécies do Pico Alto

Categoria Área de Paisagem Protegida

* Área da Paisagem Protegida do Barreiro da Faneca e Costa Norte
* Área da Paisagem Protegida da Baía de São Lourenço
* Área da Paisagem Protegida da Baía da Maia

Categoria Área Protegida de Gestão de Recursos

* Área Protegida de Gestão de Recursos da Baía de São Lourenço
* Área Protegida de Gestão de Recursos da Costa Norte
* Área Protegida de Gestão de Recursos da Costa Sul

Reservas Florestais de Recreio

* Reserva Florestal de Recreio das Fontinhas
* Reserva Florestal de Recreio Mata do Alto
* Reserva Florestal de Recreio de Valverde

Outros pontos de interesse

* Baixa dos Badejos
* Banco João Lopes
* Caverna da Maia
* Covão da Mula
* Ilhéu do Mar da Barca
* Monte Delgado
* Monte das Flores
* Pico Alto
* Pico do Penedo
* Pico do Norte
* Praia Formosa

Património Arqueológico Subaquático (naufrágios ao largo de Santa Maria)

* 1576 (6 de Março) - Nau "La Concepción", em torna-viagem de Santo Domingo. O seu capitão, Bartolome de Espinar, fez naufragar a embarcação para cobrar o seguro. Fonte: AGI: Contratación 5105. Lisboa, 6 de março de 1576.
* 1591 - "La Campechana". Fonte: AGI: Contratación 2899, 5108, 5109 e 5187 Indiferente 1101 e 1969.
* 1606 - "La Gracia de Dios", em torna-viagem de Nueva España. Capitão Alonso Valenzuela. Fonte: AGI: Indiferente 1122.
* 1606 - navio de aviso espanhol.
* 1633 - "S. Antonio y Buena Esperanza", em torna-viagem de Nueva España. Capitão Francisco de Goycoechea. AGI: Consulados, legajo 466: Sevilha, 5 de setembro de 1633.
* 1634 (16 de Maio) - Caravela "Santo António" da Carreira da Índia.
* 1693 – Nau "Santo Christo Caravaer".
* 1706 - "Nuestro Señor y San José", em torna-viagem de Tierra Firme. Dono o Consulado de Cargadores. 100 toneladas. AGI: Contratación 2901.
* 1859 (Novembro) - Patacho "Falcão", da ilha de São Miguel, desfaz-se de encontro aos rochedos.
* 1864 (Março) - embarcação anónima sofre um incêndio, afundando-se quase de imediato.
* 1871 (13 de Novembro) - vapor espanhol "Canarias", encalha, incendeia-se e explode, a 50 metros da costa na baía da Praia Formosa.
* 1888 (29 de Janeiro) - barca norueguesa "Saga", provinda da Jamaica, naufraga em Vila do Porto.
* 1958 (19 de Setembro) - navio de cabotagem inter-insular "N. M. Arnel" encalha no Baixio dos Anjos.
* 1961 (18 de Fevereiro), petroleiro norueguês "Velma" encalha na ponta do Marvão, partindo-se o casco, posteriormente, em dois.


Bibliografia

* FERREIRA, Adriano. Era uma vez... Santa Maria. Vila do Porto (Açores): Câmara Municipal de Vila do Porto, s.d.. 256p. fotos p/b cor.
* FIGUEIREDO, Jaime de. Ilha de Gonçalo Velho: da descoberta até ao Aeroporto (2a. ed.). Vila do Porto (Açores): Câmara Municipal de Vila do Porto, 1990. 160p. mapas, fotos, estatísticas.
* FIGUEIREDO, Nélia Maria Coutinho. As Ilhas do Infante: a Ilha de Santa Maria. Terceira (Açores): Secretaria Regi onal da Educação e Cultura/Direção Regional da Educação, 1996. 60p. fotos. ISBN 972-836-00-0
* MONTE ALVERNE, Agostinho de. Crónicas da Província de S. João Evangelista das Ilhas dos Açores, 1695.
* MONTEREY, Guido de. Santa Maria e São Miguel (Açores): as duas ilhas do oriente. Porto: Ed. do Autor, 1981. 352p. fotos.

Galeria de fotos
Biscoitos de Orelha

Divino Espírito Santo (Santa Bárbara, 2008)







Talhões Marienses

Pão Caseiro
Antigo carro de bois




Antiga cerâmica utilitária






Vila do Porto

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Coordenadas: 36° 57' N 25° 08' O
Vila do Porto
Brasão de Vila do Porto Bandeira de Vila do Porto
Brasão Bandeira
Localização de Vila do Porto
Gentílico Mariense
Área 97,18 km2
População 5 552 hab. (2011)
Densidade populacional 57,13 hab./km2
N.º de freguesias 5
Presidente da
Câmara Municipal
Carlos Rodrigues (PSD)
Fundação do município 1470
Região Autónoma Região Autónoma dos Açores
Ilha Ilha de Santa Maria
Antigo Distrito Ponta Delgada
Orago Nossa Senhora da Assunção
Feriado municipal 24 de junho
Código postal 9580 Vila do Porto
Site oficial www.cm-viladoporto.pt
Municípios de Portugal Flag of Portugal.svg
Vila do Porto é uma vila na freguesia portuguesa de Vila do Porto, na ilha de Santa Maria, nos Açores.
Sede do concelho de mesmo nome, é a mais antiga vila açoriana e tem, atualmente, cerca de 5 550 habitantes.
Implantada sobre uma lomba, fronteira ao mar e entre duas ribeiras (a Grande, hoje chamada de São Francisco, e a do Sancho), urbanísticamente está dividida em duas partes:
  • abaixo da Igreja Matriz, onde se mantém o traçado primitivo das ruas de cariz medieval;
  • acima da Igreja Matriz, de ocupação mais recente, ao longo de uma rua comprida e larga, terminando na altura da Igreja de Santo Antão.

História


Mapa dos Açores (Luís Teixeira, c. 1584).
Procissão em honra do
Senhor Santo Cristo
(em Vila do Porto).
Frei Gonçalo Velho Cabral, fidalgo da Casa do Infante D. Henrique e Comendador da Ordem de Cristo, terá chegado à ilha em 1432. Santa Maria foi a sede da primeira Capitania das ilhas dos Açores, inicialmente abrangendo a própria Santa Maria e a de ilha de São Miguel. O seu povoamento terá se iniciado em 1439, após o desembarque das gentes na praia dos Lobos, no atual lugar dos Anjos.
Parque Eólico do Figueiral.
O povoado do Porto terá sido fundado em 1450, por Fernão de Quental e João da Castanheira, em posição dominante numa lomba soalheira da costa Sul, frente a ampla enseada, entre duas ribeiras - a Ribeira de São Francisco, também referida como Ribeira Grande, a oeste, e a Ribeira do Sancho, a este -, que lhe asseguravam tanto a defesa quanto o abastecimento de água. Foi elevado a vila pelo o primeiro foral dos Açores, cerca de 1470. Genes Corvelo trouxe os papeis referentes à Câmara Municipal e à Igreja Matriz.
A povoação encontra-se indicada no "Mapa dos Açores" (Luís Teixeira, c. 1584) como "Villa de S. Maria".
Sobre o primitivo núcleo urbano e população, refere Frutuoso:
"Tem esta Vila do Porto três ruas compridas, que correm direitas a esta ermida de Nossa Senhora de Concepção e ao porto, as quais começam do adro da igreja principal. A rua do meio, muito larga e formosa e de boa casaria, faz um cotovelo, pelo qual se não vê do adro da igreja principal a ermida da Concepção, que sobre o porto está, o que foi inadvertência dos primeiros edificadores, porque, vendo dali a dita ermida, ficava a rua com muito mais frescura. As outras duas ruas não são tão povoadas por se antremeterem nelas paredes de muitas hortas e quintais e sarrados (sic), divididas estas três ruas com outras azinhagas e travessas. Acima da igreja principal, para dentro da terra, ficam algumas casas, as mais delas de palha, em um caminho a modo de rua muito larga, que vai correndo antre sarrados e acabar antes que cheguem a uma ermida de Santo Antão, que está em um alto; da qual ermida para cima, ficam terras de pão e casais de homens que moram fora da Vila espalhados, pelo que tem a Vila mais de cem fogos, e com outros fregueses da mesma Vila, que a ela vêm ouvir missa, há na sua freguesia, que é a principal da ilha, trezentos e setenta e oito fogos, e almas de confissão mais de mil e trezentas."
E ainda sobre a população e caráter dos naturais:
"É povoada esta Vila e toda a ilha de gente muito honrada, e muitos têm fidalguia por suas progénies, e outros por (a)lianças de casamentos com os Capitães e seus filhos, de que nasceram fidalgos. Todos os homens honrados, naturais da terra, quase geralmente são altos de corpo, bem dispostos e bem proporcionados, de bons e graves rostos e boas fisionomias, presumptuosos (sic) e amigos de honra, como o deve ser qualquer homem honrado, por não fazer coisa menos do que dele se espera. E todos de tão grandes espíritos, que, se saíssem da mãe para África ou lugares de fronteira, fariam sem dúvida feitos honrosos e ganhariam grande nome, mas na ilha não são dados a muito trabalho, pelo que nela não há muitas coisas boas e curiosas que pudera haver, se se deram a isso, com que foram mais ricos do que são, pois a terra de si é fértil, posto que pequena, para tão nobre e tanta gente. As mulheres, pelo conseguinte, da mesma maneira são generosas e nobres, bem postas e discretas, com uma grave formosura e virtude, que lhe acrescenta sua nobreza."
Apesar de não haver conhecido atividade sísmica desde o povoamento - causadora de catástrofes ao longo da história das demais ilhas -, Santa Maria e Vila do Porto foram sempre marcadas pelo isolamento e inacessibilidade que lhe limitavam o poder defensivo diante de ataques de corsários e piratas da Barbária. Desse modo, já em 1480, de uma nau Castelhana, desembarcaram cerca de quarenta homens, armados de arcabuzes, no porto da Vila. Foram rechaçados por um grupo de moradores, sob o comando do 2.º capitão do donatário, João Soares de Albergaria, com tiros de pedreiro, na altura do Calhau da Roupa, afirmando-se que João Soares foi capturado e levado a ferros para Castela. Mais tarde, a vila seria atacada por corsários franceses (1553 e 1576), ingleses (1589), e piratas da Barbária (1616 e 1675). Acredita-se que o desaparecimento dos documentos relativos à fundação da vila tenha ocorrido na sequência dos saques e dos incêndios causados pelo ataque de corsários à vila em 1616.
A vila desenvolveu-se numa linha Norte-Sul, desde o Forte de São Brás até à Igreja de Santo Antão. A prosperidade dos primeiros tempos é atestada pelos seus solares e templos, nomeadamente na parte antiga da vila, assim como pela implantação de um dos primeiros hospitais de Misericórdia do Arquipélago.
Vila do Porto (1869)
Em 1901 recebeu a visita do rei D. Carlos e da rainha D. Amélia; ainda nesse mesmo ano, elegeu a primeira Câmara republicana do arquipélago.
Com a construção do Aeroporto, ao final da Segunda Guerra Mundial, a povoação e a freguesia adquiriram nova dinâmica, urbana, económica e cultural. Como exemplo, foram inaugurados o Clube Asas do Atlântico (1946), o "Cine Aeroporto" (1946, depois "Atlântida Cine") e o "Cine Mariense" (1953).
A Central Termoelétrica, a diesel, que abastece a ilha, foi inaugurada no bairro do Aeroporto em 12 de agosto de 1970 e, em termos de energias renováveis, o Parque Eólico do Figueiral, inaugurado em 1988 foi o segundo em atividade no país, e o primeiro no arquipélago.
Em 26 de junho de 1988 foi fundado o Clube Naval de Santa Maria.
O novo Centro de Saúde de Vila do Porto foi inaugurado em 28 de Novembro de 1995, substituindo o antigo centro, nas dependências da Santa Casa, na rua da Misericórdia, que foi requalificado como Centro de Idosos.
Em 2011 (20 de setembro) recebeu a visita oficial do presidente da República Portuguesa, Aníbal Cavaco Silva.
De passado predominantemente agrícola, atualmente a sua economia baseia-se nos setores secundário e terciário.

Concelho de Vila do Porto

É sede de um pequeno município com uma superfície total de 97,18 km² com 5 578 habitantes (2001), subdividido em 5 freguesias. Tem uma densidade populacional de 57,39 Hab./km². O município corresponde à totalidade da Ilha de Santa Maria e está, portanto, rodeado pelo oceano Atlântico, sendo o município mais próximo o da Povoação, na Ilha de São Miguel, a Norte.
As freguesias de Vila do Porto são as seguintes:
  • Almagreira
  • Santa Bárbara
  • Santo Espírito
  • São Pedro
  • Vila do Porto
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ILHA DE SÃO MIGUEL

(Capital: Ponta Delgada)

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

São Miguel é a maior das ilhas do arquipélago dos Açores. Com uma superfície de 746,82 km², mede 64,7 quilómetros de comprimento e de 8–15 km de largura e conta com uma população de 131 609 habitantes (2001), mais 4,5% que uma década antes. É composta pelos concelhos de Lagoa, Nordeste, Ponta Delgada, Vila da Povoação, Ribeira Grande e Vila Franca do Campo.

Ao natural ou habitante da ilha denomina-se micaelense.


Localização de São Miguel no Oceano Atlântico
37° 47' N 25° 30' O

Dados gerais
País: Portugal
Localização: Oceano Atlântico
Arquipélago: Açores
Área: 746,82 km²
População: 131.609 hab. 2001


Paisagem oriental de São Miguel.







História

Descoberta e povoamento
Acredita-se que a ilha tenha sido descoberta entre 1426 e 1439 já se encontrando assinalada em portulanos de meados do século XIV como "Ilha Verde". O seu descobrimento encontra-se assim descrito:

"O Infante D. Henrique, desejando conhecer se haveria ilhas ou terra firme nas regiões afastadas do Oceano Ocidental, enviou navegadores. Foram e viram terra a umas trezentas léguas a ocidente do cabo Finisterra e viram que eram ilhas. Entraram na primeira, acharam-na desabitada e, percorrendo-a, viram muitos açores e muitas aves; e foram à segunda, que agora é chamada de S. Miguel, onde encontraram também aves e açores e, além disso, muitas águas quentes naturais."

Constituiu uma capitania única com a ilha de Santa Maria, tendo como primeiro capitão do donatário Gonçalo Velho Cabral. O seu povoamento iniciou-se em 1444, a 29 de Setembro, dia da dedicação do Arcanjo São Miguel, então patrono de Portugal e santo da especial devoção do Infante D. Pedro, então Regente do Reino, e que dá o nome à ilha.

Os primeiros povoadores desembarcaram entre "duas frescas ribeiras de claras, doces e frias águas, entre rochas e terras altas, todas cobertas de alto e espesso arvoredo de cedros, louros, ginjas e faias". Trouxeram consigo gado, aves e sementes de trigo e legumes e outras coisas necessárias. Fundaram então, a primeira "povoação de gente" na ilha que, mais tarde, ficaria conhecida apenas por Povoação Velha de S. Miguel, onde se ergueu a primitiva Igreja de Santa Bárbara, no local onde foi dita a primeira missa seca. Posteriormente, percorrendo a costa para oeste, encontraram uma planície à beira e ao nível do mar, que lhes agradou e onde decidiram fixar-se. A povoação ficou conhecida como "do Campo", e em pouco tempo receberia o estatuto de "vila franca" (isenta de tributos exceto o devido à Coroa de Portugal), o que contribuiu para atrair mais povoadores.

Entre os nomes destes primeiros povoadores registam-se os de Jorge Velho, Gonçalo Vaz Botelho, o Grande e Afonso Anes, o Cogumbreiro, Gonçalo de Teves Paim e seu irmão Pedro Cordeiro.

A estes primeiros povoadores juntaram-se outros oriundos principalmente da Estremadura, do Alto Alentejo, do Algarve e da Madeira. Posteriormente, alguns estrangeiros também se instalaram, nomeadamente Franceses, e minorias culturais como judeus e mouros.

A posição geográfica e a fertilidade dos solos permitiram um rápido desenvolvimento económico, baseado no setor primário, voltado para o abastecimento das guarnições militares portuguesas no Norte d'África e na produção de açúcar e de urzela, um corante exportado para a Flandres. O sobrinho de Gonçalo Velho Cabral, J oão Soares de Albergaria, sucedeu-lhe no cargo. À época de Albergaria, anteriormente a 1472, receberam foral de vilas as localidades de Vila do Porto e de Vila Franca do Campo, as mais antigas dos Açores.

Por motivo de doença de sua esposa, D. Brites Godins, deslocou-se com ela para a Ilha da Madeira, em busca de clima mais favorável, sendo acolhidos pela família do capitão do Funchal, João Gonçalves da Câmara de Lobos. Aí foi decidida a venda da capitania de São Miguel, por 2.000 cruzados em espécie e 4.000 arrobas de açúcar. Este contrato teve a anuência da Infanta D. Beatriz, tutora do donatário, D. Diogo, duque de Viseu, conforme carta de 10 de Março de 1474, sendo ratificada pelo soberano nestes termos:

"Fazemos saber que Rui Gonçalves da Câmara, cavaleiro da Casa do Duque de Viseu, meu muito amado primo, e prezado sobrinho nos disse como lhe per a Infanta Dona Beatriz, sua madre e tutor, em nome seu, era feita a doação da capitania da ilha de San Miguel para sempre aprovamos e confirmamos a dita doação."

Ficaram assim definitivamente separadas as capitanias de São Miguel e Santa Maria.

Vila Franca do Campo, mais importante porto comercial da ilha, considerada sua primeira capital, e onde esteve localizada a alfândega até 1528, foi arrasada pelo grande terramoto de 22 de outubro de 1522, em que se estima terem perecido 4000 pessoas. Após a tragédia, os sobreviventes transferiram-se para a povoação de Ponta Delgada, logrando obter do soberano os mesmos privilégios de que gozava a cidade do Porto, conforme já o gozavam os de Vila Franca do Campo, iniciando-se o seu desenvolvime nto, de tal modo próspero, que Ponta Delgada foi elevada a cidade por Carta-Régia passada em 1546, tornando-se capital da ilha.

No contexto da crise de sucessão de 1580, aqui tiveram lugar lutas entre os partidários de D. António I de Portugal e de Filipe II de Espanha, culminando na batalha naval de Vila Franca, ao longo do litoral sul da ilha (26 de Julho de 1582), com a vitória dos segundos. Após a batalha, D. Álvaro de Bazán, marquês de Santa Cruz de Mudela, desembarcou em Vila Franca do Campo, onde estabeleceu o seu quartel general e de onde fez supliciar por enforcamento cerca de 800 prisioneiros franceses e portugueses, no maior e mais brutal massacre jamais ocorrido nos Açores.

Pelo apoio dispensado à causa de Filipe II, a família Gonçalves da Câmara, na pessoa de Rui Gonçalves da Câmara, capitão do donatário, recebeu o título de conde de Vila Franca por alvará de 17 de Junho de 1583.

O século XVII

Igreja de S. Miguel Arcanjo,
Vila Franca do Campo: marca do impacto
de um projétil de artilharia no alçado
da torre sineira voltado para o mar.

Durante a Dinastia Filipina, o litoral sul da ilha foi palco da batalha Naval de Vila Franca (26 de julho de 1582), com a derrota portuguesa e o massacre exemplar de centenas de franceses por ordem do marquês de Santa Cruz de Mudela.

Entre os ataques de corsários à ilha no período, destacam-se o da armada inglesa sob o comando de Robert Devereux, 2º conde de Essex, no Outono de 1597, que ascendia a cem velas, na sequênci a dos ataques às ilhas do Faial e do Pico. Mais tarde, um outro ataque deixou como testemunha a marca do impacto de um projétil de artilharia no alçado da torre sineira voltado para o mar da Igreja de São Miguel Arcanjo em Vila Franca do Campo, tendo abaixo dele sido inscrita a data: 1624.

Com a Restauração da Independência Portuguesa (1640), a ilha recuperou a sua posição como centro comercial, estreitando contatos com o Brasil, para onde enviou muitos colonos.

O século XVIII

Datam deste período muitos dos edifícios históricos da ilha, nomeadamente mansões e igrejas, exibindo elaboradas cantarias, delicados azulejos e ricas talhas que podem ser apreciados até aos nossos dias. Essa expansão arquitetónica é justificada pelos lucros obtidos com a produção de laranjas para exportação, cujo principal mercado era a Grã-Bretanha.

O século XIX

No contexto da Guerra Civil Portuguesa (1828-1834), após o desembarque das forças Liberais no Pesqueiro da Achadinha (concelho de Nordeste), sob o comando do 7.º conde de Vila Flor (1831), as forças miguelistas foram derrotadas no combate da Ladeira da Velha (3 de agosto de 1831).

Em 1832, partiu de Belle-Isle, na Inglaterra, a expedição militar sob o comando de D. Pedro, rumo aos Açores (10 de Fev ereiro), e que chegou a São Miguel a 22 de fevereiro. Após organizar o governo regencial na ilha Terceira, em Angra, D. Pedro retornou a São Miguel, para embarcar as suas forças (20 a 22 de junho) que partem (27 de junho) rumo ao Desembarque do Mindelo (8 de julho).

Após o fim do conflito registou-se a chamada Revolta dos Calcetas (1835). No mesmo ano, foi fundado o primeiro periódico em São Miguel.

Com a paz foi retomada a anterior expansão económica da ilha. Entretanto, a prosperidade trazida pela produção e exportação da laranja veio a ser abalada quando, em 1860, uma doença exterminou os laranjais. Essa crise foi superada com a introdução de novas culturas como o tabaco, o chá, a espadana, a chicória, a beterraba e o ananás, a que se junt aram, com o passar dos anos, indústrias ligadas à pesca e à pecuária. Na década de 1860 foi construído o porto de Ponta Delgada, servido pela linha do Porto de Ponta Delgada.

A 8 de Junho de 1893 foi apresentado ao Parlamento Português uma proposta para ligação telegráfica com os Açores. Autorizada, o Estado Português contratou a companhia inglesa Telegraph Construction and Maintenance Company Limited para o lançamento e exploração do cabo submarino. A 19 de Agosto desse mesmo ano, pelas 11:40h tocava em Ponta Delgada a ponta do cabo que ligava à estação de Cascais, sendo os serviços oficialmente inaugurados em 27 de Agosto de 1893.

O século XX

No contexto da Primeira Guerra Mundial a cidade de Ponta Delgada e seus arredores foram bombardeadas por granadas do "Deutchland", um submarino do Império Alemão, classe U-115 (4 de Julho de 1917). Além dos danos materiais, o ataque causou a morte de uma jovem e alguns feridos. A unidade naval alemã foi repelida pelo fogo de artilharia do navio carvoeiro estadunidense "Orion" estacionado na doca, apoiado pela artilharia portuguesa em terra, na Madre de Deus, que, entretanto mostrou-se ineficaz, por estar mal posicionada.

A partir desse ataque, foi instalada uma base naval estadunidense em Ponta Delgada, que se manteve em operação até Setembro de 1919. Nesse período, cerca de 2.000 navios demandaram o porto. O abastecimento a essas embarcações e a milhares de militares em trânsito, preservou a economia da ilha das dificuldades da guerra e permitiu a formação de algumas pequenas fortunas. A circulação de dólares e de libras em abundância permitiu que, entre 1914 e 1924 o número de casas bancárias passasse de 6 para 20, em paralelo à abertura de diversos cafés, restaurantes e outros espaços de diversão. Do mesmo modo, registaram-se investimentos de capitais em fábricas de maiores dimensões e na criação de companhias de transporte marítimo.

De maneira geral, o desenvolvimento da indústria da pesca e do beneficiamento de produtos agrícolas ajudou a incrementar a economia da ilha até aos nossos dias.

Atualmente, São Miguel constitui-se em um dos centros político-administrativos mais dinâmicos do arquipélago e sede do Governo Regional dos Açores.

Geografia

Relevo


A ilha, de natureza vulcânica, sujeita a atividade sísmica, apresenta relevo montanhoso, sobr etudo no seu interior, dominado pelo pico da Vara, sendo recortada por vales, grotas e ribeiras - únicos cursos de água. A origem vulcânica é presente na tipologia das roch as e terrenos de "biscoito" (produzidos por camadas onduladas de lava) e "mistérios" (por lavas esponjosas, onde proliferam os musgos e as ervas) - típicos no arquipélago -, e fumarolas-sulfataras permanentes, como as do Vale das Furnas e na Ribeira Grande. O fundo de crateras de antigos vulcões extintos servem de leito a belas lagoas como a Lagoa das Sete Cidades, a Lagoa do Fogo, e a Lagoa das Furnas. Essa combinação de fatores propicia a que no Vale das Furnas sejam reputadas as suas águas minero-medicinais.
As formações de relevo, na ilha são complementadas ainda pela presença das chamadas "lombas" - formas de relevo ligeiramente aplainadas - e de picos - formas de relevo relativamente aguçadas.

Clima

Ilha de S. Miguel: paisagem
a caminho da Lagoa do Fogo.
Como as demais ilhas do arquipélago, o clima de S. Miguel é temperado oceânico. O Atlântico e a Corrente do Golfo funcionam como moderadores da temperatura - a maritimidade - conferindo a ilha e ao arquipélago em geral uma pequena amplitude térmica. A pluviosidade distribui-se regularmente ao longo do ano, embora seja mais abundante na estação fresca.

No Inverno, também como as demais ilhas do arquipélago, é assolada por fortes ventos, que sopram prediminantemente do sudoeste, enquanto que no Verão se deslocam para o quadrante Norte. O céu apresenta-se geralmente com nebulosidade, o que causa insolação variável.


Vegetação


Lagoa do Fogo
Graças ao seu clima temperado e húmido, a ilha recebeu bem as mais variadas espécies introduzidas pelos povoadores ao longo dos séculos. A obra "Flores", de Erik Sjögren regista cerca de 850 plantas vasculares, das quais apenas 56 endémicas, algumas referidas por Gaspar Frutuoso, que relatou:

"Estava esta ilha, logo que se achou, muito cheia de alto, fresco e grosso arvoredo, de cedros, louro, ginjas, sanguinho, faias, pau branco e outra sorte de árvores; (…)" (in: Saudades da Terra, Livro IV, vol. II. Ponta Delgada, 1931. cap. LV, p. 25.)

A densa cobertura vegetal que caracterizava a ilha à época do seu descobrimento, deu lugar, com o povoamento, à abertura de campos de cultivo, consumida históricamente como fonte energética e de material de construção das populações. Paralelamente foram sendo introduzidas novas espécies conforme os interesses económicos da Coroa portuguesa, como o trigo, o linho e o pastel, entre tantas outras.

Economia

O setor primário constitui a principal atividade económica da ilha, destacando-se a produção de cereais, chá, frutas e vinho, além da pecuária bovina.

Turismo

Lagoa das Sete Cidades.
A Lagoa das Sete Cidades, com as suas duas lagoas - azul e verde - limitadas por uma caldeira, o ilhéu de Vila Franca, reserva natural, assim como o vale das Furnas, com as suas fumarolas, de águas e lamas quentes e medicinais, são apenas alguns exemplos dos inúmeros pontos atrativos que São Miguel apresenta.

Outro dos pontos de interesse da ilha é a Lagoa do Fogo, que se situa na Serra de Água de Pau, bem como a Lagoa do Congro, localizada a poucos quilómetros da Vila Franca do Campo.

Na zona Este da ilha, fica o Pico da Vara - a maior elevação da ilha - com 1103 metros de altitude. Na zona central, a serra de Água de Pau com 940 metros de altura e na zona Oeste situa-se a Caldeira das Sete Cidades com 850 metros de altitude.

A cidade de Ponta Delgada mantém ainda as suas igrejas e palácios dos séculos XVI ao XIX. Aqui tem lugar a maior festa religiosa do arquipélago, aonde acorrem milhares de pessoas anualmente: as festas do Senhor Santo Cristo dos Milagres, no quinto Domingo depois da Páscoa.



Outra manifestação religiosa desta ilha são os Romeiros. Por altura da Semana Santa, grupos de algumas dezenas de homens percorrem a ilha a pé, durante oito dias, rezando e cantando em todas as Igrejas e Ermidas que se deparam pelo caminho.

Centro de Monitorização e Investigação das Furnas

 O Centro de Monitorização e Investigação das Furnas (CMIF) integra uma intervenção mais alargada que articula, num único projeto e de forma transversal, os programas e ações do Plano de Ordenamento da Bacia Hidrográfica da Lagoa das Furnas (POBHLF), nomeadamente a requalificação das margens. Inaugurado a 1 de Julho de 2011, o CMIF assume, desde logo, um papel importante na tradução da linguagem científica para formas de disseminação de conhecimento, capazes de cativar os visitantes para uma melhor compreensão da Natureza, assim como para atividades lúdicas e de recuperação ecológica numa paisagem em constante transformação.
 
Centro de Monitorização e Investigação das Furnas / Aires Mateus

Centro de Monitorização e Investigação das Furnas

Situado na margem sul da Lagoa das Furnas, este projeto, da autoria do arqt.º Manuel Aires Mateus veio, numa outra perspectiva, dar visibilidade à Lagoa das Furnas, desta feita numa vertente arquitetónica, além da ambiental/natural que lhe é normalmente atribuída. Nas palavras do próprio “foi concebido como uma escultura de pedra colocado na paisagem, tendo por base o enquadramento da matéria-prima no verde circundante e a capacidade de relacionar o basalto vulcânico da região com o ambiente natural que é a Lagoa das Furnas.” Esta relação entre materialidade e natureza foi recentemente distinguida com a atribuição do "Premio Internazionale Architetture di Pietra 2011 – XII edizione", na cidade italiana de Verona, que premiou a qualidade espacial e arquitetónica do projeto e a sua execução em pedra local, neste caso concreto o basalto.
O CMIF dispõe de uma área de acolhimento ao visitante onde é disponibilizada informação sobre a missão e objetivos do projeto, capaz de despertar a curiosidade e interesse em conhecer, de uma forma mais aprofundada, a recuperação do ecossistema do vale das Furnas. Este espaço contempla um pequeno bar e loja na qual, através dos produtos de merchandising, promovemos a flora e fauna nativas.
A área destinada a exposição permite-nos “viajar” ao património natural que é o vale das Furnas e à sua lagoa, através de mecanismos interativos, ferramentas acessíveis aos utilizadores, plataformas multimédia e visitas guiadas. O visitante é conduzido à descoberta do ecossistema da lagoa através da caracterização da sua geologia e vulcanismo, ecossistemas lacustres e limnologia, hidrópole, fauna e flora nativas.
No auditório é possível visionar um pequeno documentário sobre o património natural das Furnas, a sua história e vivências, bem como o projeto que está em curso para a sua recuperação. Este espaço está também vocacionado para workshops, seminários, ações de formação, de educação e sensibilização ambiental.
Paralelamente, o CMIF dispõe de uma área de investigação, monitorização e desenvolvimento de projetos, da qual fazem parte, uma sala de trabalho, pequenos gabinetes de apoio e laboratórios de monitorização preparados para acolher os seus convidados. Estas áreas são dedicadas à implementação e gestão do Plano de Ordenamento da Bacia Hidrográfica da lagoa das Furnas que pretende, de um modo regrado e coerente, compatibilizar os usos e atividades com a proteção e valorização ambiental da bacia hidrográfica, sendo que o principal objetivo é a melhoria da qualidade da água da lagoa.
Complementarmente a este pólo principal de atividades, a zona envolvente engloba um conjunto de áreas exteriores, nomeadamente, zona de merendas e estadia, instalações sanitárias, parque de estacionamento e um amplo espaço verde com vista privilegiada sobre a Lagoa, onde os visitantes podem contemplar a paisagem e desenvolver atividades de lazer.

Bibliografia

* CHAVES E MELO, Francisco Afonso de. Descrição da Ilha de S. Miguel. Lisboa, 1723.
* MONTEREY, Guido de. Santa Maria e São Miguel (Açores): as duas ilhas do oriente. Porto: Ed. do Autor, 1981. 352p. fotos.

Ponta Delgada
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Coordenadas: 37° 44' N 25° 40' O
Ponta Delgada
Brasão de Ponta Delgada Bandeira de Ponta Delgada
Brasão Bandeira
Pdl camara municipal (2).JPG
Edifício dos Paços do Concelho
Localização de Ponta Delgada
Gentílico Ponta-delgadense
Área 231,90 km²
População 68 809 hab. (2011)
Densidade populacional 296,72 hab./km²
N.º de freguesias 24
Presidente da
Câmara Municipal
Não disponível
Fundação do município 1449
Região Autónoma Região Autónoma dos Açores
Ilha Ilha de São Miguel
Antigo Distrito Ponta Delgada
Orago São Sebastião
Feriado municipal Segunda-feira após o Domingo das Festas do Sr. Santo Cristo dos Milagres
Código postal 9500-xxx
Endereço dos
Paços do Concelho
Praça do Município, 9504-523 Ponta Delgada
Sítio oficial cm-pontadelgada.azoresdigital.pt
Endereço de
correio electrónico
gabinetedomunicipe@
mpdelgada.pt
Municípios de Portugal Flag of Portugal.svg

Ponta Delgada é uma cidade portuguesa localizada na ilha de São Miguel, na Região Autónoma dos Açores.
É sede de um município com 231,90 km² de área e 68 809 habitantes (2011), subdividido em 24 freguesias. O município é limitado a leste pelos municípios da Ribeira Grande e da Lagoa e tem costa no oceano Atlântico a norte, sul e oeste.
É a capital administrativa do Governo Regional desde que os distritos foram extintos, por volta de 1976 (conjuntamente com Angra do Heroísmo (sede de diocese) e Horta, onde se sedia o Parlamento regional).
Com mais de cinco séculos de existência, é uma cidade plana, moderna e cosmopolita. É o maior concelho e o que reúne a maior diversidade de equipamentos. Recentemente (2008), a sua linha de costa foi ampliada com a inauguração das "Portas do Mar", projeto composto por inúmeros parques subterrâneos, casinos, novos centros comerciais, anfiteatros, cinemas e variados locais para diversão noturna, da autoria do arquitecto Manuel Salgado.

História

Inicialmente constituía-se em uma povoação de pescadores. Conheceu grande desenvolvimento, nomeadamente após o grande terramoto que arrasou a primitiva capital, Vila Franca do Campo (1522). Desse modo, foi alçada a vila e posteriormente a cidade, no reinado de João III de Portugal, por carta régia de 2 de Abril de 1546, sendo a segunda (depois de Angra, sede de diocese) a ser criada no arquipélago.
Dela nos recorda o cronista:
"Esta cidade de Ponta Delgada é assim chamada por estar situada junto de uma ponta de pedra de biscouto, delgada e não grossa como outras da ilha, quasi raza com o mar, que depois, por se edificar mui perto d'ela uma ermida de Santa Clara, se chamou ponta de Santa Clara..." (Gaspar Frutuoso).
No contexto da Primeira Guerra Mundial sofreu bombardeamento por parte de um submarino classe U-115 do Império Alemão (4 de Julho de 1917). Em consequência, no ano seguinte (1918) Ponta Delgada passou a sediar um base naval dos Estados Unidos (US Navy), guarnecida por navios, submarinos e hidroaviões Curtiss MF.

Geografia

As belezas naturais mais relevantes deste belo concelho são a Lagoa das Sete Cidades, Reserva Florestal de Recreio do Pinhal da Paz, a Gruta do Carvão, com um centro iterpertativo, permite uma visita guiada por essa gruta que passa, em parte, por baixo da cidade de Ponta Delgada, o ilhéu de São Roque, os ilhéus dos Mosteiros, a zona balnear da Ferraria, entre outros. É ainda importante salientar o whalewatching, o mergulho subaquático e os diversos trilhos pedestre pela natureza.
Outra manifestação religiosa desta ilha são os Romeiros. Por altura da Quaresma, grupos de algumas dezenas de homens percorrem a ilha a pé, durante oito dias, rezando e cantando em todas as Igrejas e Ermidas que se deparam pelo caminho.

Clima

Gráfico climático para Ponta Delgada, Açores Açores, Portugal Portugal
J F M A M J J A S O N D
133
17
12
107
17
11
100
17
12
72
18
12
53
20
13
37
22
15
30
24
17
38
26
18
86
25
18
113
22
16
131
20
14
127
18
13
Temperaturas em °CPrecipitações em mm
Fonte: Organização Meteorológica Mundial (ONU)
Como o restante arquipélago, o clima de Ponta Delgada é temperado marítimo (Cfb segundo o sistema de classificação climática de Köppen-Geiger). O Oceano Atlântico e a Corrente do Golfo funcionam como moderadores da temperatura - a maritimidade - conferindo à cidade, à ilha de São Miguel, e aos Açores em geral uma pequena amplitude térmica. A precipitação distribui-se regularmente ao longo do ano, embora seja mais abundante na estação fresca.
No Inverno, também como no restante arquipélago, é assolada por fortes ventos que sopram prediminantemente de Sudoeste, enquanto que no Verão se deslocam para o quadrante Norte. O céu apresenta-se geralmente com nebulosidade, o que causa insolação variável.
 
Valores climáticos para Ponta Delgada, Açores Açores, Portugal Portugal
Mês Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Ano
Média da temperatura máxima °C (°F) 17.0
(63)
16.8
(62)
17.3
(63)
18.1
(65)
19.7
(67)
21.8
(71)
24.3
(76)
25.6
(78)
24.7
(76)
22.1
(72)
19.6
(67)
17.9
(64)
20,4
(69)
Temperatura média diária °C (°F) 14.3
(58)
13.9
(57)
14.5
(58)
15.1
(59)
16.5
(62)
18.6
(65)
20.8
(69)
22.0
(72)
21.3
(70)
19.0
(66)
16.8
(62)
15.3
(60)
17,3
(63)
Média da temperatura mínima °C (°F) 11.6
(53)
11.0
(52)
11.6
(53)
12.1
(54)
13.3
(56)
15.4
(60)
17.2
(63)
18.4
(65)
17.8
(64)
15.9
(61)
13.9
(57)
12.6
(55)
14,2
(58)
Precipitação mm (polegadas) 133.4
(5.25)
107.3
(4.22)
100.4
(3.95)
72.0
(2.83)
53.1
(2.09)
36.7
(1.44)
29.5
(1.16)
38.4
(1.51)
86.4
(3.4)
112.6
(4.43)
130.5
(5.14)
126.8
(4.99)
1 027,1
(40,44)
Média dias de precipitação 22 19 18 17 15 14 13 11 16 18 20 21 204
Fonte: Organização Meteorológica Mundial (ONU) 21 de Abril de 2010

Demografia

População do concelho de Ponta Delgada (1849 – 2011)
1849 1900 1930 1960 1981 1991 2001 2011
31 344 52 120 54 790 74 306 63 804 61 989 65 854 68 809

Freguesias

Nome
Ajuda da Bretanha
Arrifes
Candelária
Capelas
Covoada
Fajã de Baixo
Fajã de Cima
Fenais da Luz
Feteiras
Ginetes
Livramento
Mosteiros
Pilar da Bretanha
Relva
Remédios
Santa Bárbara
Santa Clara
Santo António
São José
São Pedro
São Roque
São Sebastião
(anteriormente, Matriz)
São Vicente Ferreira
Sete Cidades

Personalidades

Ponta Delgada, vista do adro da Igreja da Mãe de Deus.
  • António Feliciano de Castilho (28 de Janeiro de 1800 em Lisboa - 18 de Junho de 1875) - escritor romântico, viveu em Ponta Delgada de 1847 a 1850.
  • Antero de Quental (18 de Abril de 1842 - 11 de Setembro de 1891) - poeta e filósofo.
  • Teófilo Braga (24 de Fevereiro de 1843 - 28 de Janeiro de 1924 em Lisboa) - escritor e 2.º Presidente da República Portuguesa.
  • Roberto Ivens (12 de Junho de 1850 em São Pedro - 28 de Janeiro de 1898 em Dafundo, Lisboa) - oficial da Armada Portuguesa, administrador colonial e explorador do continente africano.
  • João Bosco Soares da Mota Amaral (15 de Abril de 1943 - ) - presidente do governo da região autónoma dos Açores (1976-1995), presidente da Assembleia da República (9ª legislatura).
  • Pedro Miguel Carreiro Resendes (Pauleta) (28 de Abril de 1973 - ) - jogador da selecção portuguesa de futebol.
  • Jaime José Matos da Gama (8 de Junho de 1947 - ) - político português, nascido na Fajã de Baixo, Ponta Delgada. Foi presidente da Assembleia da República, a segunda figura do Estado Português.
  • Natália de Oliveira Correia (13 de Setembro de 1923 na Fajã de Baixo, Ponta Delgada — 16 de Março de 1993 em Lisboa) - intelectual e activista social, autora de extensa e variada obra publicada, com predominância para a poesia. Deputada à Assembleia da República (1980-1991), interveio politicamente ao nível da cultura e do património, na defesa dos direitos humanos e dos direitos das mulheres. Autora da letra do Hino dos Açores.
  • Madre Teresa da Anunciada, freira clarissa que se celebrizou como iniciadora da devoção ao Senhor Santo Cristo dos Milagres na cidade de Ponta Delgada.
  • Berta Cabral - Antiga Presidente da Câmara Municipal desta cidade e importante dirigente do PPD/PSD
Património
Câmara Municipal: vista noturna.
Em Ponta Delgada é possível visitar o Museu Militar dos Açores, localizado no Forte de São Brás, o Núcleo de Arte Sacra do Museu Carlos Machado e o Museu Carlos Machado que reúne colecções relacionadas com etnografia regional, história natural, brinquedos, arte africana,... A nível cultura existem, ainda, diversas galerias de arte como o Centro Cultural de Ponta Delgada, existe também o Teatro Micaelense, o Coliseu Micaelense, a Galeria Fonseca Machado, a Biblioteca Pública e Arquivo Regional de Ponta Delgada localizada no antigo Colégio dos Jesuítas, a Biblioteca Municipal Calouste Gulbenkian, no centro da cidade de Ponta Delgada e muitos outros.
A recente inaugurada obra "Portas do Mar" é uma infraestrutura dotada de vários espaços comerciais destacando-se os diversos restaurantes e esplanadas, possui um amplo parque de estacionamento subterrâneo, um porto para cruzeiros,uma gare marítima, um pavilhão multiusos, uma marina,um anfiteatro ao ar livre, umas piscinas naturais e uma grande passeio junto ao mar.
Um bom sítio para passear é a renovada avenida com vários cafés e restaurantes com vista direta para o mar, localizados no centro comercial SolMarAvenidaCenter, vários hotéis e lojas de turismo.
A nível da arquitetura religiosa salienta-se o Convento de Nossa Senhora da Esperança onde se encontra a imagem do Senhor Santo Cristo dos Milagres e onde se inicia as maiores festas do arquipélago açoriano - Festas do Senhor Santo Cristo dos Milagres que ocorrem no quinto Domigo depois da Páscoa, a Igreja de São José, a Igreja Matriz ou Igreja de São Sebastião, a Igreja de São Pedro, o Convento da Graça (atual academia das artes e Conservatório Regional de Ponta Delgada) e mesmo a Sinagoga de Ponta Delgada.
O Centro Comercial Parque Atlântico com mais de 100 lojas, vários restaurantes e cinemas é um bom espaço de lazer. São também pontos de visita obrigatória os grandes jardins e palacetes do século XIX/XX como o Palácio de Sant'ana, o Palácio do Canto.

Panorama

Ponta Delgada: cidade velha e edifícios históricos (fundo à esquerda), piscina e Marina Pero de Teive (ponto de encontro para a excursão Whale Watching), centro da foto e a igreja Ermida da Mãe de Deus (lado direito).
Ponta Delgada: cidade velha e edifícios históricos (fundo à esquerda), piscina e Marina Pero de Teive (ponto de encontro para a excursão Whale Watching), centro da foto e a igreja Ermida da Mãe de Deus (lado direito).




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ILHA TERCEIRA
(Cap. Angra do Heroísmo)


Ilha Terceira
Situada no grupo central do maravilhoso Arquipélago dos Açores, ostentando uma interessante forma elíptica, com uma área de cerca de 402,2 quilómetros quadrados (em 29 km de comprimento e 18 km de largura), a belíssima Ilha Terceira é a terceira maior do grupo e foi também, segundo os dados históricos, a terceira a ser oficialmente descoberta, tendo a sua capital situada na bela Angra do Heroísmo.




Terceira...

A Ilha Terceira está situada a 27º 10' W e 37º 43' N e conjuntamente com as ilhas de Graciosa, São Jorge, Pico e Faial formam o grupo Central do Arquipélago dos Açores. O seu povoamento iniciou-se em 1450. O seu nome vem do facto de ter sido a terceira ilha do arquipélago a ser descoberta, embora no início, fosse chamada de Ilha de Jesus Cristo. 




Terceira está localizado em: Oceano Atlântico
Terceira
Localização no Oceano Atlântico


O arquipélago dos Açores divide-se em três grupos: o Grupo Oriental constituído por São Miguel, Santa Maria e os ilhéus das Formigas; o Grupo Central com Faial, Pico, São Jorge, Terceira e Graciosa e o Grupo Ocidental, formado pelas ilhas Flores e Corvo.
As datas de descobrimento do Arquipélago são uma incógnita, existindo correntes históricas que afirmam já virem designados em mapas Genoveses desde 1351, contudo foi a partir de 1431 que as Ilhas começaram a ser povoadas.

Desde o seu descobrimento que a Ilha Terceira desempenhou um papel importante dada a sua localização geográfica de grande importância, ponto de paragem para as grandes embarcações dos Descobrimentos Portugueses.
O ponto mais alto da Ilha Terceira situa-se na Serra de Santa Bárbara, a cerca de 1022 metros de altitude, e daqui se tem um bonito panorama sobre esta maravilhosa Ilha, rodeada pelo profundo oceano Atlântico, e dona de uma densa vegetação, pitorescas povoações e uma natureza que maravilha quem a contempla.

Pontos como o vulcão da Serra do Cume, a Ponta dos Mistérios, a Gruta do Algar do Carvão, a Lagoa do Negro, a Caldeira de Guilherme Moniz, as Furnas, entre tantas outras maravilhas naturais são locais de grande beleza natural desta maravilhosa Ilha.
A ilha tem mantido vivas as suas tradições, vivendo ainda hoje das atividades de outros tempos como a agricultura, pecuária e aproveitamento de bens marinhos, como as algas, mas também tem beneficiado de novos meios de comunicação, que promovem um novo fôlego e modernismo, como é o caso do Aeroporto Internacional das Lajes.
Exemplo maior da sua feição tradicional são as maravilhosas Festas do Espírito Santo anualmente em Maio, ou as típicas “Touradas à corda”, e também as iguarias regionais como as Alcatras de carne e peixe, as sopas do Espírito Santo, o mais fresco peixe e marisco, ou mesmo a famosa doçaria, os vinhos e licores, presentes no interessante Museu do Vinho.

Caldeira Guilherme Moniz

Algar do Carvão


Furnas do Enxofre

Angra do Heroísmo
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.



Gentílico: Angrense
Área: 239 km²
População: 35 065 hab. (2008)
Densidade populacional: 146 hab./km²
Número de freguesias: 19
Fundação do município: 1478
Região Autónoma: Região Autónoma dos Açores
Ilha: Ilha Terceira
Antigo Distrito: Angra do Heroísmo
Orago São Salvador
Feriado municipal: 24 de Junho
Código postal: Endereço dos Paços do Concelho Praça Velha
9701-101 Angra do Heroísmo
Sítio oficial www.cm-ah.pt/
Endereço de correio eletrónico: angra@cm-ah.pt

Angra do Heroísmo é uma cidade que se localiza na costa Sul da Ilha Terceira, nos Açores. É sede de um município com 239 km² de área e 35 065 habitantes (2008), subdividido em 19 freguesias. O "município" é limitado a nordeste pelo município da Praia da Vitória, sendo banhado pelo Oceano Atlântico em todas as demais direções.

Com cerca de 21 300 habitantes, a "cidade" de Angra do Heroísmo, constitui-se na capital histórica e em sede da diocese dos Açores. Abriga ainda um destacamento militar, o Regimento de Guarnição nº 1. A riqueza de seu património edificado fê-la ser classificada como cidade Património Mundial pela UNESCO desde 1983. Juntamente com Ponta Delgada e Horta, Angra constitui uma das capitais regionais.

História

O local escolhido pelos primeiros povoadores foi uma crista de colinas, que se abria, em anfiteatro, sobre duas baías, separadas pelo vulcão extinto do Monte Brasil. Uma delas, a denominada "angra", tinha profundidade para a ancoragem de embarcações de maior tonelagem, as naus. Tinha como vantagem a proteção de todos os ventos, exceto os de Sudeste.

As primeiras habitações foram erguidas na encosta sobre essa angra, em ruas íngremes de traçado tortuoso dominadas por um outeiro. Neste, pelo lado de terra, distante do mar, foi iniciado um castelo com a função de defesa, à semelhança do urbanismo medieval europeu: o chamado Castelo dos Moinhos.


Caravela Vera Cruz a entrar
no Porto de Pipas,
festas
São Joaninas, 2008,
Angra do Heroísmo.
Por carta passada pela Infanta Dna. Beatriz em 2 de abril de 1474, a capitania de Angra foi doada a Álvaro Martins Homem, que ao tomar posse dela deu início aos trabalhos da chamada Ribeira dos Moinhos, aproveitando a forças de suas águas e lançando as bases para o futuro desenvolvimento económico da povoação. A partir da proteção propiciada pelo Castelo dos Moinhos (atual Alto da Memória), o casario acompanhou a Ribeira dos Moinhos até à baía, primitivamente por ruas e vielas sinuosas - ruas do Pisão, da Garoupinha, de Santo Espírito, das Alcaçarias - cuja toponímia conservou a memória de suas atividades económicas. Martins Homem deu início à chamada Casa do Capitão, posteriormente acrescentada por João Vaz Corte Real, que também procedeu à canalização da Ribeira, à construção do primitivo Cais da Alfândega, da muralha defensiva da baía de Angra e do Hospital de Santo Espírito.


Fortaleza de São João Baptista,
Angra do Heroísmo: Portão de Armas.

Ao mesmo tempo, liberava a àrea do vale para que, de acordo com os princípios do urbanismo do Renascimento, pudessem ser abertas ruas obedecendo a um plano ortogonal, organizadas por funções, de acordo com as necessidades do porto que crescia com rapidez. Nesse plano ortogonal serão abertas as ruas da Sé e Direita, ligando os principais elementos da cidade: o porto e a casa do capitão nos extremos do braço menor, os celeiros do Alto das Covas e a Câmara Municipal nos do braço maior. Ao longo do século XVI a cidade crescerá até ao Alto das Covas e a São Gonçalo, embora com ruas de traçado mais irregular.

Desse modo, em poucos anos, desde 1478, a povoação fora elevada à categoria de vila e, em 1534, ainda no contexto dos Descobrimentos, foi a primeira do arquipélago a ser elevada à condição de cidade. No mesmo ano, foi escolhida pelo Papa Paulo III para sede da Diocese de Angra com jurisdição sobre todas as ilhas dos Açores.

As razões para esse vigoroso progresso deveram-se à importância do seu porto como escala da chamada Carreira da Índia, centrado na prestação de serviços de reabastecimento e reaparelhamento das embarcações carregadas de mercadorias e de valores. Por essa razão desde as primeiras décadas do século XVI aqui foi instalada a Provedoria das Armadas, com essa função e a de apoiar a chamada Armada das ilhas. Posteriormente, no contexto da Dinastia Filipina, a estes vieram justar-se os galeões espanhóis carregados de ouro e prata, oriundos das Índias Ocidentais, numa rota que se estendia de Cartagena das Índias, passava por Porto Rico e por Angra, e alcançava Sevilha. Para apoiar essas fainas, foram implantados os primeiros estaleiros navais, na Prainha e no Porto das Pipas, e as fortificações que fecham a baía: o chamado Castelo de São Sebastião e o de São João Batista.

A cidade, mais de uma vez, teve parte ativa na história de Portugal: à época da Crise de sucessão de 1580 resistiu ao domínio Castelhano, apoiando António I de Portugal que aqui estabeleceu o seu governo, de 5 de Agosto de 1580 a 6 de Agosto de 1582. O modo como expulsou os espanhóis entrincheirados na fortaleza do Monte Brasil em 1641 valeu-lhe o título de "Sempre leal cidade", outorgado por João IV de Portugal.

Posteriormente, aqui esteve Afonso VI de Portugal, detido nas dependências da fortaleza do Monte Brasil, de 21 de Junho de 1669 a 30 de Agosto de 1684.

Posteriormente Angra constitui-se na capital da Província dos Açores, sede do Governo-geral e em residência dos Capitães-generais, por Decreto de 30 de Agosto de 1766, funções que desempenhou até 1832. Foi sede da Academia Militar, de 1810 a 1832.

No século XIX, Angra constitui-se em centro e alma do movimento liberal em Portugal. Tendo abraçado a causa constitucional, aqui se estabeleceu em 1828 a Junta Provisória, em nome de Maria II de Portugal. Foi nomeada capital do reino por Decreto de 15 de Março de 1830. Aqui, no contexto da Guerra Civil Portuguesa (1828-1834), Pedro IV de Portugal organizou a expedição que levou ao desembarque do Mindelo e aqui promulgou alguns dos mais importantes decretos do novo regime, como o que criou novas atribuições às Câmaras Municipais, o que reorganizou o Exército Português, o que aboliu as Sisas e outros impostos, o que extinguiu os morgados e capelas, e o que promulgou a liberdade de ensino no país.

Em reconhecimento de tantos e tão destacados serviços, o Decreto de 12 de Janeiro de 1837 conferiu à cidade o título de "mui nobre, leal e sempre constante cidade de Angra do Heroísmo", e condecorou-a com a Grã-Cruz da Ordem Militar da Torre e Espada.

A cidade sempre teve forte tradição municipalista, e a sua Câmara Municipal foi a primeira do país a ser eleita, já em 1831, após a reforma administrativa do Constitucionalismo (Decreto de 27 de Novembro de 1830).

Em Angra encontraram refúgio Almeida Garrett, durante a Guerra Peninsular, e a rainha Maria II de Portugal entre 1830 e 1833, durante a Guerra Civil Portuguesa (1828-1834). Por aqui passou Charles Darwin, a bordo do "HMS Beagle", tendo aportado a 20 de Setembro de 1836. Darwin partiu daqui para a ilha de São Miguel em 23 de Setembro, após fazer um passeio a cavalo pela ilha, onde entre vários locais visitou as Furnas do Enxofre, tendo na altura afirmado que a nível biológico "nada de interessa encontrar". Mais tarde, e reconhecendo o seu erro, pediu a vários cientistas, nomeadamente a Joseph Dalton Hooker, a Hewett Cottrell Watson e a Thomas Carew Hunt que lhe enviassem espécimes da flora endémica da Macaronésia e também amostras geológicas.

Títulos da cidade de Angra do Heroísmo

* 1643 - Por Alvará de 2 de Abril, D. João IV de Portugal concede à cidade de Angra o título de "Mui nobre e leal", pela sua bravura durante a Guerra da Restauração;

* 1828 - Decreto (não revogado) de 28 de Outubro que declara Angra a Capital da Província dos Açores, com o seguinte preambulo: “Tendo sido esta cidade condecorada com o título de: Muito nobre e sempre leal cidade de Angra, pelos feitos heróicos praticados por seus fiéis habitantes na restauração de Portugal em 1641, e tendo outrossim estas ilhas sido declaradas adjacentes ao reino de Portugal por alvará de 26 de Fevereiro de 1771, e ultimamente (1828) contempladas como província do reino, §. 1.º, artigo 2.º, título 1.º da Carta Constitucional: há por bem esta Junta Provisória, encarregada de manter a legítima autoridade d'el-rei o Sr. D. Pedro IV, declarar em nome do mesmo Augusto Senhor, que todas as nove ilhas dos Açores são uma só e única província do reino, e que esta cidade de Angra é a capital da província dos Açores. As autoridades a quem competir assim o tenham entendido, cumpram e façam executar: e o Secretário dos Negócios Interinos faça dirigir cópia deste decreto às estações competentes e autoridades na forma do estilo. - Angra, 28 de Outubro de 1828. - Deocleciano Leão Cabreira. - João José da Cunha Ferraz. - José António da Silva Torres. - Referendado; Alexandre Martins Pamplona Corte Real.”

* 1830 - Por força do Decreto lei de 15 de Março - Angra é nomeada capital do Reino de Portugal.

* 1837 - Por Carta Régia, pelos serviços prestados durante a Guerra Civil, a cidade de Angra acrescenta aos seus títulos o de "Heroísmo" e de "Sempre Constante", tornando-se a "Mui Nobre, Leal e Sempre Constante Cidade de Angra do Heroísmo"; a sua Câmara Municipal é condecorada com a Grã-Cruz da Ordem Militar da Torre e Espada, Valor, Lealdade e Mérito, recebendo um novo brasão de armas;

* O Centro Histórico de Angra do Heroísmo encontra-se, desde 1983, classificado como Património Mundial pela UNESCO.

Centro Histórico de Angra do Heroísmo
A cidade de Angra do Heroísmo inclui o sítio Centro Histórico de Angra do Heroísmo, Património Mundial da UNESCO.

Museus e instituições culturais no concelho de Angra do Heroísmo

* Museu de Angra do Heroísmo, instalado no Convento de São Francisco de Angra, alberga a principal unidade museológica da ilha Terceira. As suas colecções pretendem mostrar uma panorâmica da história da cidade e da ilha, das relações com as outras ilhas do arquipélago e o espaço mais alargado criado pelo tráfego internacional do século XV e do século XVII.

Este museu apresenta três exposições permanentes: Pintura açoriana sobre madeira do século XVI e XVII, “Memórias de um Edifício” e uma bateria de artilharia Scheineder – Canet, vinda para os açores durante a 1ª Grande Guerra, sendo um exemplar único no mundo.

* Casa Museu Francisco Ernesto de Oliveira Martins – Espaço museológico propriedade do colecionador de antiguidades Francisco Oliveira Martins, Possui uma vasta coleção de mobiliário, imagens, porcelas, pratas, e marfins, pintuas, livros, moedas e colchas reionais.

* Museu Vulcanoespeleológico – Reúne uma colecção de materiais vulcânicos recolhidos pela Sociedade de Exploração Espeleológica "Os Montanheiros", em grutas e túneis vulcânicos. Também reúne um acervo fotográfico sobre fenómenos vulcânicos.

* Casa Eco-Museu Dr. Marcelino Moules, na freguesia das Cinco Ribeiras, é constituída por três nucleos: a atafona (moinho manual ou puxado a cavalo; o palheiro, adaptado a cozinha e bar de apoio, e a casa de moradia com três corpos: a cozinha, com forno de coser pão, amassaria, talhão, vaza em pedra, meãs e cadeiras, escarparate, louças tradicionais várias, celha, etc.

O meio da casa – separado dos restantes espaços por frontais de madeira, com capoeira em cantaria, estrado e mobiliário popular e quarto de cama comas mobílias apropriadas. Apresenta ainda um sótão tradicional. Tem ainda um pátio exterior, um curral de porco e uma rua para galinhas.

* Centro Cultural e de Congressos de Angra do Heroísmo
* Instituto Açoriano de Cultura
* Observatório do Ambiente dos Açores

Geografia

Cidade de Angra do Heroísmo,
ao f
undo o Monte Brasil.
Angra do Heroísmo, encontra-se protegida a Norte pela serra do Morião e a Sul pelo Monte Brasil. A Nascente eleva-se a serra da Ribeirinha que alberga a freguesia do mesmo nome. A Poente estende-se uma paisagem costeira que desce suavemente desde a serra de Santa Bárbara, esta sempre presente na paisagem, formando pequenas baías e enseadas.

A economia da região assenta na pecuária (indústria de carne e lacticínios) e agricultura.

Clima

O clima de Angra do Heroísmo é temperado marítimo ou oceânico, Cfb segundo a classificação climática de Köppen-Geiger, semelhante ao clima do resto do arquipélago dos Açores.

Demografia

População do concelho de Angra do Heroísmo (1849 – 2011)
1849 --- 1900 --- 1930 --- 1960 --- 1981--- 1991--- 2001--- 2008 -- 2011
22973 -- 33002 -- 32828 -- 43374 -- 32808 -- 35270 -- 35581-- 35065--- ?

Limites da cidade

Os limites da cidade de Angra do Heroísmo foram fixados pelo Decreto n.º 45854, de 5 de Agosto de 1964, cujo artigo único estabelece o seguinte:

Os limites da cidade de Angra do Heroísmo são definidos por uma linha poligonal que, partindo do mar, num ponto a cerca de 40 m a oeste do cais da Silveira, segue, em reta, na direção norte, durante 560 m, até atingir o Caminho da Penha de França; inflecte para leste, com um ângulo de 150 grados, e prossegue, em reta, durante 220 m, até atingir a estrada municipal n.º 7 (Caminho de Cima); continua, sensivelmente na mesma direção, à distância de 50 m a norte do eixo do Caminho das Figueiras Pretas (estrada municipal n.º 5), durante cerca de 720 m, até atingir a Ladeira Branca (estrada municipal n.º 6); daqui inflecte para sueste, com um ângulo de 140 grados, e segue, em recta, durante 400 m; desvia-se para nordeste, com um ângulo de 318 grados, e segue, em reta, durante 160 m; toma a orientação norte, com um ângulo de 233 grados, e segue, em recta, durante 160 m, até atingir a central hidroeléctrica de S. João de Deus; inflecte sensivelmente para nordeste, com um ângulo de 140 grados, e segue, em recta, durante 390 m, até atingir o quilómetro 1,345 da estrada nacional 2-1.ª (Ponta do Muro); prossegue desviando-se para leste, com um ângulo de 185 grados, e continua, em recta, durante 320 m; inflecte depois para sul, com um ângulo de 100 grados, e segue, em recta, durante 160 m, englobando todo o cemitério da Conceição; daqui inflecte para sueste, com um ângulo de 258 grados, prosseguindo, em recta, 400 m, até atingir a Ladeira de S. Bento (estrada municipal n.º 3), no ponto que dista sensivelmente 220 m do cunhal norte da Igreja de S. Bento; inflecte entretanto para leste, com um ângulo de 220 grados, e continua, em recta, durante 240 m; segue para sul, com um ângulo de 100 grados, prosseguindo, em recta, durante 480 m, até atingir o quilómetro 1,440 da estrada nacional 1-1.ª - este (Carreirinha); inflecte para sudoeste, com um ângulo de 157 grados, e segue, em recta, durante 140 m; prossegue para noroeste, com um ângulo de 110 grados, continuando, em recta, durante 140 m; inflecte para sudoeste, com um ângulo de 295 grados, prosseguindo, em reta, durante 180 m, até atingir a Grota; desvia-se para sul, com um ângulo de 236 grados, e continua pelo leito da referida Grota, durante 200 m, até atingir o mar, na baía das Águas; deste ponto, sempre pela orla marítima e passando por fora do Castelo de S. Sebastião e do cais do porto de Pipas, segue pela baía de Angra, abrangendo toda a península do Monte Brasil; prossegue pela baía do Fanal e cais da Silveira, continuando para oeste, durante 40 m, até atingir o ponto onde se iniciou a descrição.

Freguesias do concelho de Angra do Heroísmo

* Altares
* Cinco Ribeiras
* Doze Ribeiras
* Feteira
* Nossa Senhora da Conceição (Angra do Heroísmo)
* Porto Judeu
* Posto Santo
* Raminho
* Ribeirinha
* Santa Bárbara
* Santa Luzia (Angra do Heroísmo)
* São Bartolomeu de Regatos
* São Bento
* São Mateus da Calheta
* São Pedro (Angra do Heroísmo)
* Sé (Angra do Heroísmo)
* Serreta
* Terra Chã
* Vila de São Sebastião

Património

Património edificado


Património natural

* Algar do Carvão
* Baía da Salga
* Baía das Pontas
* Baía de Angra do Heroísmo
* Baía do Refugo
* Baía dos Salgueiros (Angra do Heroísmo)
* Furna de Água
* Galerias da Feteira
* Gruta Brisa Azul
* Gruta das Agulhas
* Gruta das Cinco Ribeiras
* Gruta das Mercês
* Gruta do Natal
* Gruta do Zé Grande
* Gruta dos Ratões
* Ilhéus das Cabras
* Lagoa do Negro
* Mata da Serreta
* Monte Brasil
* Parque de Campismo das Cinco Ribeiras
* Parque Municipal do Relvão (Angra do Heroísmo)
* Ponta do Queimado
* Porto das Cinco Ribeiras
* Prainha (Angra do Heroísmo)
* Serra da Ribeirinha
* Serra de Santa Bárbara
* Serra do Morião ou da Nasce Água
* Zona Balnear do Negrito
* Zona de Protecção Especial do Ilhéu das Cabras

Património cultural

Cerrado do Bailão, palco de
eventos ao ar livre em Angra.


* Centro Histórico de Angra do Heroísmo
* Cemitério das Âncoras
* Parque Arqueológico Subaquático da Baía de Angra do Heroísmo


Cidades-irmãs


* Salvador da Bahia, Brasil
* Gramado, Brasil
* Évora, Portugal
* Gilroy, Estados Unidos
* Taunton, Estados Unidos








Matéria em construção...
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ILHA DA GRACIOSA
  (CAPITAL-SANTA CRUZ DA GRACIOSA)


Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
A Graciosa vista do espaço.
Localização da Graciosa.
A Graciosa é uma ilha situada no extremo noroeste do Grupo Central do arquipélago dos Açores, 37 km a nordeste da ilha de São Jorge e 60 km a noroeste da Terceira, com centro aproximadamente nas coordenadas geográficas 28° 05’ W e 39° 05’ N. Tem uma área aproximada de 60,66 km² e formato grosseiramente oval, com 12,5 km de comprimento e 7,5 km de largura máxima. É a menos montanhosa das ilhas açorianas, atingindo 405 metros de altitude máxima no bordo sul da Caldeira. Esta baixa elevação confere à ilha um clima temperado oceânico, caracterizado pela menor pluviosidade do arquipélago. A baixa pluviosidade leva à relativa secura da ilha, o que lhe dá no fim do estio uma tonalidade esbranquiçada, que associada ao casario branco das povoações lhe deu o epíteto de "ilha Branca", que lhe foi atribuído por Raul Brandão na obra "As Ilhas Desconhecidas" (1926).
Tem 4 391 habitantes (2011), na maioria concentrados na sede do único concelho da ilha, a vila de Santa Cruz da Graciosa, cujo centro histórico constitui, pela riqueza e equilíbrio da sua arquitectura, uma zona classificada. No passado, quando a população foi muito superior à actual, a falta de água constituiu um sério problema, levando à construção de reservatórios (tanques) e cisternas de vária natureza e aos emblemáticos tanques ("pauis") que são hoje a marca da principal praça de Santa Cruz da Graciosa.
A paisagem da Graciosa é de grande beleza, conjugando o verde das pastagens com o branco das casas isoladas e das povoações. Um dos "ex libris" da ilha é uma formação rochosa de grandes dimensões, em frente ao farol da Ponta da Barca, com uma configuração muito parecida com uma baleia vista de perfil. Possui campos férteis e aplainados que produzem milho, hortícolas, fruta (principalmente a meloa) e vinho e onde se cria gado bovino, hoje a principal fonte de riqueza da ilha.




Geomorfologia e geologia

Graciosa vista do Toledo, ilha de São Jorge.
Graciosa vista do sul: ao centro,
a freguesia da Luz; no extremo direito,
o Maciço da Caldeira.
Graciosa: falésias da serra Branca vista de SE.
A povoação na outra costa é
Santa Cruz da Graciosa.
Graciosa: moinhos de vento
(Vila da Praia, junto ao Porto).
Graciosa: baleia de pedra da Ponta da Barca.
A Graciosa situa-se no extremo noroeste da estrutura tectónica designada por rifte da Terceira, no fundo daquela zona do oceano Atlântico, com uma direcção geral sudeste-noroeste, coincidente com o eixo geral do arquipélago. Essa estrutura geológica conferiu à ilha uma configuração alongada ao longo do eixo do rifte, formando uma ovóide com 12,5 km de comprido por 7,5 km de largura máxima.
A linha de costa, muito acidentada e recortada por pequenas calhetas, é em geral baixa, com excepção do troço noroeste, correspondente à Serra Branca, onde a falésia excede os 200 metros de altura. Na costa abrem-se duas baías pouco profundas, a sueste surge a baía da Praia, onde se situa o porto da Vila da Praia, porto comercial e de pescas da ilha, e a sudoeste surge a baía do Filipe. A nordeste na zona de Santa Cruz da Graciosa abrem-se algumas pequenas calhetas, muito expostas ao mar, onde se anicham o porto de Santa Cruz, hoje zona balnear, e o cais da Barra, antigo porto baleeiro e comercial, hoje reduzido ao recreio náutico.
O território da ilha apresenta um relevo em geral aplainado, marcado por numerosos cones de escórias que lhe dão um carácter marcadamente vulcânico, com um relevo mais acentuado na parte meridional. A ilha pode ser dividida em quatro unidades geomorfológicas:
  • O Maciço da Caldeira, no extremo sueste da ilha, constituído por um vulcão bem conservado, com uma caldeira central bem definida;
  • A Serra das Fontes, ao longo da costa nordeste, muito escarpada e muito alterada pela tectónica local;
  • O Complexo da Serra Dormida e da Serra Branca, ocupando o terço centro-meridional da ilha, também muito desmantelado e alterado pela tectónica local;
  • A Plataforma de Santa Cruz, ocupando a metade noroeste da ilha, caracterizado por um relevo adoçado, com altitude máxima em torno dos 50 metros e pontuado por numerosos cones de escórias.

Maciço da Caldeira

O Maciço da Caldeira ocupa o terço sueste da ilha, com uma morfologia nitidamente diferenciada do resto do território, do qual está separado por um longo vale que se estende desde a vila da Praia até à Folga, seguindo pelas localidades da Canada Longa e das Pedras Brancas. Com a sua morfologia bem determinada pelo Rifte da Terceira, a maciço alonga-se ligeiramente no sentido sueste-noroeste, tendo no seu interior uma caldeira de bordos bem marcados, também ela ovóide, com cerca de 1 600 m de comprimento e 900 m de largura. No centro desta caldeira situa-se a Furna do Enxofre, uma cavidade vulcânica de grandes dimensões que contém no seu interior uma lagoa e um pequeno campo fumarólico.
As vertentes do maciço são de forma regular, com um declive que se acentua com a aproximação do bordo da caldeira, o qual é marcadamente assimétrico, atingindo a cota máxima de 405 m acima do nível do mar no seu extremo sueste (o ponto mais elevado da ilha) contra apenas 250 m no bordo noroeste. Inserem-se nesta unidade geomorfológica os ilhéus da Praia e de Baixo, restos de cones periféricos, fortemente palagonitizados, muito desmantelados pela força erosiva do mar.
Na costa sueste e sul do maciço encontra-se algumas nascentes termais, uma das quais, a do Carapacho, é aproveitada nas Termas do Carapacho, um dos mais antigos estabelecimentos termais dos Açores.
A Furna do Enxofre é acessível por uma das duas aberturas no seu tecto, através de uma torre construída no interior da Furna. O tecto é uma imensa abóbada de basalto, da qual se desprenderam ao longo dos tempos grandes blocos que agora juncam o chão da gruta. O campo fumarólico sito nas imediações da torre, e a lama em ebulição que o rodeia, liberta grandes quantidades de gases, incluindo dióxido de carbono, que já causou algumas mortes entre os visitantes e obrigou à instalação de um sistema de monitorização de gases.



Serra das Fontes

A Serra das Fontes ocupa a face norte da região central da ilha, apresentando um relevo complexo, muito alterado pela tectónica, com escarpas abruptas nos seus limites sudoeste e leste, sugerido a existência de falhas com um grande rejeito vertical. A altitude máxima deste maciço, 375 m apenas, é atingida no Pico do Facho, um cone de escórias bem conservado.
O litoral sueste do maciço é marcado pelo Pico do Quitadouro, um cone de bagacina em parte desmantelado pela erosão marinha. Ao longo do vale que separa a Serra das Fontes do Maciço da Caldeira existe uma escoada basáltica recente (<2 000 anos) que forma o mistério que marca a periferia norte da vila da Praia.
A complexidade do relevo e a pequenez das bacias hidrográficas leva a que nesta região a rede de drenagem superficial seja incipiente, não apresentado qualquer curso estruturado. A zona mais alta da Serra apresenta algumas camadas superficiais relativamente impermeáveis, resultantes de paleo-solos soterrados e da formação de horizontes plácicos cimentados por óxidos de ferro e de manganésio. Estas camadas menos permeáveis constituem os aquitardos que permitem o aparecimento de múltiplas pequenas nascentes, muito valorizadas dada a escassez hídrica da ilha, que deram ao maciço o nome de Serra das Fontes, dado seu aproveitamento para abastecimento de água.

Complexo da Serra Dormida e da Serra Branca

O maciço da Serra Branca e da Serra Dormida é formado por duas linhas de relevo, as duas serras que lhe dão o nome, separadas por uma depressão quase linear de orientação noroeste-sueste.
A Serra Dormida, que constitui o flanco norte do maciço, é um alinhamento de cones vulcânicos, com as respectivas crateras, formados essencialmente por bagacinas basálticas avermelhadas, que atinge a sua maior altitude no Pico Timão (398 m), um grande cone detrítico encimado por uma cratera bem definida.
O flanco sul do maciço constitui a Serra Branca, também esta um conjunto de estruturas vulcânicas grosseiramente agrupadas em torno de um alinhamento paralelo ao eixo do Rifte da Terceira, com a sua cota máxima (375 m) na elevação onde se situa o Parque Eólico da Graciosa.
As escarpas da Serra Branca constituem o troço mais elevado da costa da ilha, com uma falésia com mais de 200 m de altura, em grande parte compostas por depósitos espessos de material pomítico esbranquiçado, que dá o nome à Serra, na base da qual durante muitos anos se fez a extracção industrial da pedra pomes utilizada no fabrico de abrasivos.
A rede de drenagem desta região, apesar da pequenez das bacias drenantes, apresenta algum grau de organização.

Plataforma de Santa Cruz

A plataforma de Santa Cruz é uma região aplainada, com cotas médias em torno dos 50 m, pontuada por cerca de 40 cones vulcânicos de bagacina basáltica, com grandes declives e crateras bem definidas. O mais alto desses cones é o Cabeço das Caldeiras (181 m). De entre os cones destacam-se o Pico do Jardim e o Monte de Nossa Senhora da Ajuda, que flanqueiam a vila de Santa Cruz da Graciosa.
Devido ao seu fraco declive, esta região da ilha é desprovida de rede de drenagem superficial, sendo uma área de grande infiltração, contribuindo para a produtividade do aquífero basal da ilha, o qual aflora ao longo do litoral e é captado em múltiplos poços de maré.
Os solos desta região são de grande fertilidade, a que se associa a sua planura e baixa altitude, produzindo condições muito propícias à produção hortícola, com destaque para a produção de meloa e de alhos, produtos que dão fama à ilha. As zonas recobertas por lavas recentes são ocupadas por vinhedos, os quais foram em tempos a principal fonte de riqueza da ilha e que ainda justificam que a Graciosa seja uma região demarcada onde se fabricam vinhos licorosos de qualidade produzido em região determinada.

Geologia

A ilha Graciosa é um edifício vulcânico composto por três unidades denominadas:
 (1) Complexo Vulcânico da Serra das Fontes;
(2) Complexo Vulcânico da Serra Branca; 
(3) Vulcão Central. O edifício é predominantemente basáltico, com características que indiciam um vulcanismo predominantemente de baixa explosividade, embora apareçam alguns depósitos de natureza traquítico que indiciam fases de alguma explosividade.
A parte emersa da ilha terá sido iniciada há cerca de 600 000 anos com a formação de um vulcão em escudo, que ainda aflora no Complexo Vulcânico da Serra Branca, a parte mais antiga da ilha. A essa fase seguiram-se períodos de maior explosividade, associados às fracturas que percorrem a zona, que resultaram a formação de numerosos cones de escórias vulcânicas soldadas que constituem a maior parte das actuais Serra Dormida e Serra das Fontes.
O tipo de vulcanismo alterou-se radicalmente há cerca de 350 000 anos, com a formação de um vulcão de tipo central com caldeira, ligado a uma câmara com magma diferenciado, do qual resultaram erupções de grande explosividade que deram origem aos espessos mantos de pedra pomes que constituem a Serra Branca.
Em período bem mais recente reactivou-se o vulcanismo basáltico, resultando na formação de um novo edifício vulcânico caracterizado pela sua baixa explosividade, que formou a Plataforma de Santa Cruz, com os seus numerosos cones, e os numerosos mantos basálticos subaéreos que recobrem o centro e o norte da ilha. Esta fase evoluiu para sueste da ilha, dando origem ao maciço da Caldeira e às estruturas que lhe estão associadas, bem como a diversas erupções surtseianas na periferia da ilha, das quais resultaram os actuais ilhéus e diversas estruturas submarinas próximas à costa. A última erupção desta fase ocorreu há cerca de 2 000 anos, dando origem ao Pico Timão e às escoadas basálticas que lhe estão associadas.

Povoamento e demografia

O território da ilha Graciosa constitui um único concelho, o de Santa Cruz da Graciosa, dividido em quatro freguesias:
  • Santa Cruz da Graciosa, onde se situa a sede do concelho e principal povoação da ilha, a Vila de Santa Cruz da Graciosa;
  • São Mateus, onde se situa a histórica Vila da Praia que foi sede do concelho com o mesmo nome, extinto no século XIX;
  • Guadalupe, a maior povoação rural da ilha;
  • Luz, freguesia conhecida localmente por Sul, localizada ao longo da costa sul da ilha.
A ilha Graciosa, tal como acontece com a generalidade do território açoriano, tem uma estrutura de povoamento que, apesar da sua dispersão aparente, é fortemente condicionada pela rede viária. Este povoamento disperso orientado, típico da zonas de colonização recente, como são as ilhas, levou a que a estruturação urbana da Graciosa se tenha produzido ao longo de grandes eixos, correspondentes aos vales da ilha, e por consequência, às estradas que ao seu longo afluem às duas vilas da ilha.
Em consequência surgiu um desenvolvimento urbano claramente condicionado pela geomorfologia, com os seguintes eixos:
  • (1) ao longo da vale que separa o maciço da Caldeira do resto da ilha, entre a vila da Praia e o Carapacho, Fonte do Mato, Pedras Brancas e Luz;
  • (2) em torno da Serra das Fontes, o eixo que saindo de Santa Cruz da Graciosa por Santo Amaro, inclui as Fontes e Guadalupe, dividindo-se aí num ramo que pelo Pontal, Barro Branco, Feteira até às Pedras Brancas e noutro, mais a sudoeste, que inclui as Almas, Tanque, Manuel Gaspar, Ribeirinha e Brasileira;
  • (3) ao longo da via que saindo de Santa Cruz da Graciosa pelo Rebentão, contorna o Pico da Hortelã, indo até à Vitória no noroeste da ilha;
  • (4) pelas Dores vai até ao Bom Jesus e ao litoral da Vitória, numa paisagem muito aplanada e de povoamento muito disperso, bastante diferente do resto da ilha.
Estes quatro grandes eixos incluem mais de 80% da população da ilha, deixando de fora apenas alguns povoados marginais, em geral satélites das vilas.


Ao longo dos últimos dois séculos a evolução demográfica da Graciosa apresenta os seguintes períodos distintos:
  • 1800-1920 — Durante este período a população decresceu paulatinamente, passando dos mais de 9 500 habitantes de 1844 até menos de 7 500 em 1920, resultado da pobreza que se instalara na ilha devido à devastação da vinha pela filoxera, o que levou a uma forte corrente migratória para o Brasil, bem documentada nos numerosos brasileiros de torna-viagem, alguns deles histórias de grande sucesso, e para os Estados Unidos, ligada à baleação da Nova Inglaterra. Estas correntes migratórias, particularmente a que se dirigia à América do Norte, eram na maior parte constituídas por jovens emigrantes clandestinos, resultado da política de restrição à emigração, e de verdadeiro cerco para o recrutamento militar, seguida durante todo o século XIX, mesmo quando a fome grassava devido à sobrepopulação da ilha. A taxa média de decréscimo da população neste período foi de apenas -0,34% ao ano, uma das mais baixas do arquipélago.
  • 1920-1950 — A Primeira Guerra Mundial e depois a Grande Depressão da década de 1930, levam ao estancar das correntes migratórias, particularmente quando os Estados Unidos impuseram cotas que excluíam quase totalmente os cidadão portugueses, restrição que se prolonga durante a Segunda Guerra Mundial. Neste período há mesmo o regresso de algumas famílias da América do Norte, o que conjugado com o fim da emigração, leva a um rápido crescimento da população: em três décadas o número de graciosenses sobe dos 7 500 para mais de 9 500 em 1950, tendo ultrapassado em meados da década de 1950 os 10 000 residentes, número que se constitui o máximo histórico.
  • 1950-1980 — As décadas de 1950 e 1960 foram um período de profunda crise económica e social na ilha (como aliás no resto do arquipélago), marcadas por uma crescente pobreza, a que se veio juntar o endurecimento do recrutamento militar, consequência do dealbar da Guerra Colonial. Estes dois factores, ligados à excessiva pressão demográfica, criaram uma situação de enorme desânimo, levando primeiro à partida em massa para a ilha Terceira, onde a construção da Base das Lajes criava oportunidades de emprego, e depois, graças à facilitação da emigração açoriana para os Estados Unidos em consequência do Kennedy-Pastore Act, para aquele país. O resultado foi o declínio vertiginoso da população da ilha, com taxas de variação da ordem dos -1,70% ao ano (em média, -14,8% por década).
  • 1980- .... — Durante este período a quebra demográfica continuou quase ao mesmo ritmo do período anterior, agora já não alimentada pela emigração, que quase cessou a partir de 1990, mas pela redução drástica da natalidade, resultado do envelhecimento causado pela emigração selectiva no período anterior e da extraordinária melhoria nos padrões de vida que entretanto ocorreu. Esta tendência para o declínio está a abrandar, sendo de esperar a estabilização da população em torno dos 4 000 habitantes nas próximas duas décadas.

História

Da Descoberta e Povoamento

Desconhece-se a data do seu primeiro avistamento mas, como as vizinhas ilhas do Grupo Central do arquipélago dos Açores, a Graciosa terá sido explorada por navegadores portugueses durante o primeiro quartel do século XV. A data de 2 de Maio de 1450, tradicionalmente assinalada como a de seu descobrimento, carece de suporte documental. É certo que, no início da década de 1440, por determinação do então donatário das ilhas, o Infante D. Henrique, já havia sido lançado gado miúdo na ilha, criando condições para um futuro povoamento.
Desconhece-se ainda quem terão sido os seus primeiros povoadores, embora se admita que, por volta de 1450, tenham chegado à ilha, provavelmente arraia miúda e escravos. O primeiro grupo de colonos de que há notícia, enviados com sanção oficial do donatário, foi liderado por Vasco Gil Sodré, um "homem bom" natural de Montemor-o-Velho, que chegou à ilha acompanhado pela família e criados em meados da década de 1450. Estabeleceram-se no Carapacho, local onde terão aportado, uma zona de costa baixa e abrigada no extremo sudoeste da ilha, à vista da costa da ilha de São Jorge.
Dada a baixa fertilidade dos solos na zona e a sua vulnerabilidade em relação ao mar, o povoamento foi-se internando para o interior, em busca de solos mais férteis e aplainados. Em poucos anos o principal núcleo populacional estava estabelecido na costa norte da ilha, aproveitando as facilidades de desembarque que as calhetas da Barra e de Santa Cruz ofereciam, e a facilidade com que era possível escavar poços de maré naquele litoral. Este foi o embrião da atual vila de Santa Cruz da Graciosa.
Embora Vasco Gil Sodré tenha diligenciado no sentido de obter para si o cargo de capitão do donatário na ilha, e de ter mesmo chegado a construir um edifício para casa da alfândega, diligências em que foi sucedido por seu cunhado, Duarte Barreto do Couto, apenas logrou, e mesmo isso não é seguro, governar a parte sul da ilha, estruturada em torno do que viria a ser a vila da Praia.
A capitania da parte norte da ilha, constituída por terras mais férteis e amplas, foi entregue a Pedro Correia da Cunha, natural da ilha do Porto Santo e co-cunhado de Cristóvão Colombo, que, a partir de 1485, obteve o cargo de capitão do donatário em toda a ilha, unificando-lhe a administração. Fixou-se com a família em Santa Cruz, o que fez com que este povoado, em pouco tempo, suplantasse a Praia como sede do poder administrativo na ilha. Logo no ano seguinte, Santa Cruz foi elevada a vila e sede de concelho, abrangendo todo o território da ilha e, com ele, as duas paróquias então existentes: Santa Cruz e São Mateus da Praia.
Iniciado povoamento e estruturadas as primeiras povoações, como nas demais ilhas do arquipélago, registou-se um rápido aumento da população, graças ao sistema de datas que permitia aos capitães entregar parcelas de terra aos homens bons que as solicitasse e se comprometessem a tê-las desbravadas num período máximo de dois a cinco anos. Nesta fase, o influxo de povoadores fez-se, segundo alguns historiadores, das Beiras, do Minho e mesmo da Flandres, de modo a que, já em 1486, o povoado de Santa Cruz recebeu carta de foral, sendo elevado a vila, de acordo com frei Agostinho de Monte Alverne ("Crónicas da Província de S. João Evangelista das Ilhas dos Açores"). A cabeça da outra capitania, o lugar de São Mateus da Praia também recebeu carta de foral, concedida por João III de Portugal, em 1 de abril de 1546.
Com a criação do segundo concelho ficou completa a estruturação administrativa da ilha que ficou assim dividida: o concelho de Santa Cruz, abrangendo a vila do mesmo nome e os lugares da zona aplainada da metade noroeste da ilha que constituem a actual freguesia de Guadalupe; e o concelho da Praia, abrangendo a vila do mesmo nome e os povoados do Sul que constituem a actual freguesia da Luz.
A estrutura administrativa bicéfala da ilha sobreviveu até ao século XIX, quando por força da reestruturação administrativa que se seguiu à aprovação do segundo código administrativo do liberalismo, o concelho da Praia foi extinto em 1855, sendo o seu território integrado no concelho de Santa Cruz da Graciosa. Embora o decreto de extinção tenha apenas sido executado em 1867, com a extinção do concelho, a Praia perdeu a categoria de vila, estatuto que só recuperaria em 2003, por força do Decreto Legislativo Regional n.º 29/2003/A, de 24 de Junho, aprovado pelo parlamento açoriano.

Do povoamento aos nossos dias

Com costas baixas que permitem o desembarque em múltiplos pontos e uma população reduzida, a Graciosa foi durante os séculos XVI e XVII por diversas vezes atacada por corsários e piratas, que para além dos saques e destruição de edifícios civis e religiosos, fizeram diversas razias, levando cativos muitos habitantes. Para a sua defesa, foram erguidas diversas fortificações.
Apesar desses contratempos, a ilha foi capaz de fixar uma população considerável, incluindo entre os seus povoadores famílias ligadas à pequena nobreza, com ligação preferencial à Terceira, cujos apelidos ainda hoje estão presentes entre as famílias da ilha.
Como aconteceu nas demais ilhas açorianas, o povoamento e a economia da Graciosa foram baseados na agricultura, na pecuária e no plantio da vinha. Dada a fertilidade do solo e a orografia favorável, a ilha já desde o século XVI exportava trigo, cevada, vinho e aguardente, mantendo um activo comércio com a Terceira, ilha que, graças ao seu porto, frequentado por navios de grande porte, se constituía no centro económico e administrativo do arquipélago.
Em meados do século XVIII inicia-se o aproveitamento terapêutico das águas termais do Carapacho.
No século XIX, no contexto da Guerra Civil Portuguesa (1828-1834), quando da ofensiva liberal do 7.º conde de Vila Flor, a ilha foi conquistada pelas tropas liberais (1831).
Ao longo da sua história, passaram pela Graciosa algumas figuras de destaque, como por exemplo:
  • o padre António Vieira que, em 1654, vítima do naufrágio, perto do Corvo, do navio em que seguia para Lisboa, foi recolhido por um corsário holandês e lançado na Graciosa, onde esteve cerca de dois meses até passar à Terceira;
  • o escritor francês François-René de Chateaubriand, que ali aportou em 1791, quando em viagem para a América do Norte, ocasião em que esteve hospedado no convento franciscano de Santa Cruz, e que, posteriormente descreveu a ilha com mestria em sua obra;
  • o escritor português Almeida Garrett, que ali esteve em 1814, quando, com apenas 15 anos, visitou um seu tio que era juiz de fora em Santa Cruz. Reza a tradição que terá pregado um sermão na ilha, em óbvia contravenção da lei, e que ali terá escrito versos já reveladores do seu talento de poeta.
  • o príncipe Alberto I do Mónaco, em ali aportou em 1879, a bordo do iate "Hirondelle", no decurso dos seus trabalhos de hidrografia e estudo da vida marinha. Durante a sua permanência na ilha, desceu à Furna do Enxofre, no interior da Caldeira, tendo sido uma das primeiras vozes que se levantaram na defesa da criação de um acesso adequado que permitisse potenciar aquele local como atracção turística.
Também ao longo dos séculos, a ilha foi por diversas vezes assolada por grandes catástrofes naturais.
Entre os sismos, destacou-se o de 13 de Junho de 1730, que causou destruição generalizada na freguesia da Luz, danificando a maioria das habitações e arruinando a igreja paroquial. Outras crises sísmicas ocorrerem em Março de 1787 e em 1817 sem, contudo, causar danos consideráveis. Posteriormente, em 1837 houve na ilha "grande susto por causa dos terramotos que a visitaram de 12 de Janeiro aos fins de Fevereiro; o de 21 de Janeiro foi tão grande na vila da Praia que não deixou casa sem alguma ruína. A igreja da Luz ficou quase por terra".
Ainda no século XIX, uma violenta seca no Verão de 1844 fez com que José Silvestre Ribeiro, então administrador geral do distrito de Angra do Heroísmo, procedesse ao envio, por navio, de 90 pipas de água para combater a sede que grassava na Graciosa. Além desse recurso emergencial, Silvestre Ribeiro determinou a abertura de poços e valas, até que, na noite de 20 de Agosto, uma forte chuva veio aliviar a crise.
Mais recentemente, o Terramoto de 1980 fez-se sentir na freguesia da Luz, em especial no lugar do Carapacho, e em alguns lugares da freguesia de Guadalupe causando extensos danos materiais.
Em termos de catástrofes humanas, ao anoitecer do dia 13 de Julho de 1929 durante uma aterragem de emergência, tentada nuns campos próximos do lugar da Brasileira, um avião biplano Amiot 123 que tentava fazer o primeiro voo transatlântico de leste para oeste, capotou. O major Ludwik Idzikowski pereceu no acidente e o co-piloto Kazimierz Kubala sofreu ferimentos ligeiros. O avião ardeu quando, durante a operação de resgate, alguém aproximou um archote dos destroços. Em nossos dias, um cruzeiro marca o lugar do acidente.
Devido à emigração para os Estados Unidos durante as décadas de 1950, 1960 e 1970, e à migração interna que ainda afecta a ilha, a Graciosa entrou num rápido processo de recessão demográfica que, na actualidade, condiciona em muito a sua sustentabilidade socio-económica. Apesar disso, voltada para a agricultura, a pecuária e a produção de lacticínios, a Graciosa mantém as suas características de ilha rural e tranquila.
A construção, na década de 1980 do aeródromo da Graciosa e do porto comercial da Praia, representaram um impulso à economia da ilha. Para além disso, a ilha tem sido recentemente beneficiada por um conjunto de investimentos estruturantes, que incluíram a requalificação da sua escola secundária, a construção de uma nova fábrica de lacticínios e de um porto de pescas e de recreio na Vila Praia. Está em curso o processo que levará à requalificação das Termas do Carapacho, à construção de um novo hotel e de um novo centro de saúde.
Em setembro de 2007, na sequência de uma candidatura apresentada para esse fim pelo Governo Regional dos Açores, a ilha foi classificada pela UNESCO como Reserva da Biosfera. Esta classificação, aprovada pelo Bureau do Concelho Internacional de Coordenação do programa da UNESCO reunido em Paris, confirma a qualidade da biosfera da ilha, que se caracteriza por uma floresta típica da macaronésia. Esta, por sua vez, conduziu à criação do Parque Natural da Ilha Graciosa e de oito áreas protegidas, divididas em quatro categorias:
  • Reserva Natural do Ilhéu de Baixo - Ilhéu de Baixo
  • Reserva Natural do Ilhéu da Praia - Ilhéu da Praia
  • Monumento Natural da Caldeira da Graciosa - Caldeira da Graciosa
  • Área Protegida para a Gestão de Habitats ou Espécies da Ponta da Restinga
  • Área Protegida para a Gestão de Habitats ou Espécies da Ponta Branca
  • Área Protegida para a Gestão de Habitats ou Espécies da Ponta da Barca
  • Área Protegida de Gestão de Recursos da Costa Sudeste
  • Área Protegida de Gestão de Recursos da Costa Noroeste

 Santa Cruz da Graciosa
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Coordenadas: 39° 5' N, 28° 1' W

Santa Cruz da Graciosa
Brasão de Santa Cruz da Graciosa Bandeira de Santa Cruz da Graciosa
Brasão Bandeira
Localização de Santa Cruz da Graciosa
Gentílico graciosense
Área 60,66 km2
População 4 391 hab. (2011 )
Densidade populacional 72,39 hab./km2
N.º de freguesias 4
Presidente da
Câmara Municipal
Manuel Avelar (PS)
Fundação do município 1486
Região Autónoma Região Autónoma dos Açores
Ilha Ilha Graciosa
Antigo Distrito Angra do Heroísmo
Orago Santa Cruz
Feriado municipal 24 de junho
Código postal 9880 Santa Cruz da Graciosa
Site oficial http://cm-graciosa.azoresdigital.pt
Municípios de Portugal Flag of Portugal.svg

História

Após o estabelecimento do primeiro núcleo populacional no Carapacho, zona de costa baixa e abrigada no extremo sudoeste da ilha, face à pouca fertilidade dos solos na zona e à sua vulnerabilidade em relação ao mar, os primeiros povoadores buscaram o interior da ilha, explorando os seus solos férteis e aplainados.
Em poucos anos os principais núcleos populacionais estavam estabelecidos na costa nordeste da ilha, aproveitando as facilidades de desembarque que Praia da Graciosa e as calhetas da Barra e de Santa Cruz ofereciam e a relativa abundância de água nas lagunas ali existentes, além dos poços de maré que podiam ser escavados naqueles locais. Nasciam assim os povoados que viriam a ser as actuais vilas de Santa Cruz da Graciosa e Praia.
Embora Vasco Gil Sodré tenha diligenciado no sentido de obter o cargo de capitão do donatário na ilha, e de ter mesmo construído uma alfândega, diligências em que foi sucedido por seu cunhado Duarte Barreto do Couto, apenas logrou, e mesmo isso não é seguro, governar a parte sul da ilha, estruturada em torno do que viria a ser a vila da Praia.
A capitania da parte norte da ilha, sita em terras bem mais férteis e amplas, foi entregue a Pedro Correia da Cunha, natural da ilha do Porto Santo e co-cunhado de Cristóvão Colombo que, a partir de 1485, logrou obter ao cargo de capitão do donatário em toda a ilha, unificando a administração. Fixando-se com a família em Santa Cruz, tal levou a que este povoado suplantasse a Praia como sede do poder administrativo na ilha. Logo no ano seguinte, Santa Cruz foi elevada a vila e sede de concelho, abrangendo todo o território da ilha e, com ele, as duas paróquias então existentes: Santa Cruz e São Mateus da Praia.
Esta fase em que o concelho de Santa Cruz da Graciosa abrangia toda a ilha terminou quando a cabeça da outra primitiva capitania, o lugar de São Mateus da Praia, foi também elevado a vila por foral concedido por Carta Régia do rei D. João III, datado de 1 de Abril de 1546. Ficou assim a ilha dividida em dois concelhos: a sul o eixo Praia e Luz (tornada freguesia autónoma em 1601); a norte o eixo Santa Cruz e Guadalupe (freguesia autónoma desde 1644).
A estrutura administrativa bicéfala da ilha sobreviveu até ao século XIX, quando por força da reestruturação administrativa que se seguiu à aprovação do segundo código administrativo do liberalismo, o concelho da Praia foi extinto em 1855, sendo o seu território integrado no concelho de Santa Cruz da Graciosa. Embora o decreto de extinção tenha apenas sido executado em 1867, com o fim do concelho, a Praia perdeu a categoria de vila, estatuto que só recuperaria em 2003, por força do Decreto Legislativo Regional n.º 29/2003/A, de 24 de Junho, aprovado pelo parlamento açoriano.
Pode-se assim dividir a história do concelho de Santa Cruz nas seguintes fases:
  • 1450-1486 — Fase de povoamento inicial, sem estruturas municipais definidas, com o poder apenas nas mãos dos capitães do donatário;
  • 1486-1546 — O concelho de Santa Cruz abrangia toda a ilha, coincidindo em território e sede com a capitania.
  • 1546-1867 — O concelho de Santa Cruz fica restrito ao norte da ilha, abrangendo apenas as freguesias de Santa Cruz e Guadalupe. O sul da ilha constituía o concelho da Praia da Graciosa.
  • 1867– .... — O concelho de Santa Cruz absorve o território do extinto concelho da Praia da Graciosa, passando a abranger toda a ilha.
Em 1791 Santa Cruz foi visitada pelo escritor francês François-René de Chateaubriand, que ali aportou aquando da sua passagem em direcção à América do Norte e esteve hospedado no convento franciscano de Santa Cruz, e que depois descreveu a ilha com mestria na sua obra.
Outro visitante célebre foi Almeida Garrett, que esteve em Santa Cruz em 1814, quando com apenas 15 anos visitou um seu tio que era juiz de fora em Santa Cruz. Reza a tradição que terá pregado um sermão na ilha, em óbvia contravenção da lei, e que ali terá escrito versos já reveladores do seu talento de poeta.
Também em 1879 a ilha foi visitada pelo príncipe Alberto I do Mónaco, que no decurso dos seus trabalhos de hidrografia e estudo da vida marinha, aportou à Graciosa no seu iate Hirondelle. Durante a sua permanência na ilha, desceu à Furna do Enxofre, no interior da Caldeira, tendo sido uma das primeiras vozes que se levantaram na defesa da criação de um acesso adequado que permitisse potenciar aquele local como atracção turística.
Ao longo da sua história a ilha foi por diversas vezes assolada por secas avassaladores, que provocaram grande sofrimento, incluindo, segundo alguns historiadores a morte de muitos habitantes. Já no século XIX, e por iniciativa de José Silvestre Ribeiro, então administrador geral do distrito de Angra do Heroísmo, procedeu-se ao envio por navio de água a partir da Terceira para combater a sede que ali grassava. De facto, no Verão de 1844 ocorreu uma seca que para além de afectar gravemente as produções agrícolas pôs em risco a sobrevivência de pessoas e animais. José Silvestre Ribeiro proveu a ilha prontamente com 90 pipas de água e mandou abrir poços e valas. Na noite de 20 de Agosto uma forte chuvada veio aliviar a crise.
Devido à emigração para os Estados Unidos durante as décadas de 1950, 1960 e 1970, e à migração interna que ainda afecta a ilha, o concelho de Santa Cruz da Graciosa entrou num rápido processo de recessão demográfica que na actualidade condiciona em muito a sustentabilidade socio-económica da sociedade graciosense.

Povoamento e demografia

Santa Cruz da Graciosa: panorâmica
a partir do alto da Ermida de N. Sra. da Ajuda.
O concelho de Santa Cruz, tal como acontece com a generalidade do território açoriano, tem uma estrutura de povoamento que, apesar da sua dispersão aparente, é fortemente condicionada pela rede viária. Este povoamento disperso orientado , típico da zonas de colonização recente, como são as ilhas, levou a que a estruturação urbana da Graciosa se tenha produzido ao longo de grandes eixos, correspondentes aos vales da ilha, e, por consequência, às estradas que ao seu longo afluem às duas vilas da ilha. Assim surgiram os seguintes eixos: (1) ao longo da vale que separa o maciço da Caldeira do resto da ilha, entre a vila da Praia e o Carapacho, a Fonte do Mato, as Pedras Brancas e a Luz; (2) em torno da Serra das Fontes, o eixo que saindo de Santa Cruz por Santo Amaro, inclui as Fontes e Guadalupe, dividindo-se aí num ramo que pelo Pontal via até às Pedras Brancas e noutro que inclui as Almas, Manuel Gaspar, Ribeirinha e Brasileira; (3) um eixo que saindo de Santa Cruz pelo Rebentão, contorna o Pico da Hortelã, indo até à Vitória no noroeste da ilha; e (4), finalmente, um eixo que pelas Dores vai até ao Bom Jesus e ao litoral da Vitória, numa paisagem muito aplanada e de povoamento muito disperso, bastante diferente do resto da ilha. Estes quatro grandes eixos incluem mais de 80% da população da ilha, deixando de fora apenas alguns povoados marginais, em geral satélites das vilas.

Património natural

  • Portela da Restinga
  • Pico do Coirão
  • Serra Dormida
  • Pico do Facho
  • Quitadouro
  • Serra das Fontes
  • Pico Timão

Património edificado

  • Forte do Corpo Santo
  • Forte da Barra (Bateria da Barra)
  • Forte de Santa Catarina
  • Forte da Arrochela
  • Forte do Carapacho
  • Forte da Folga
  • Forte de Nossa Senhora dos Remédios (Bateria de Nossa Senhora dos Remédios)

Gastronomia

Santa Cruz da Graciosa é famosa pelas Aguardentes (Pedras Brancas), Vinhos (Vinho Verdelho e Arinto Pedras Brancas) e pela sua requintada Pastelaria: Queijadas da Graciosa, Pasteis de Arroz da Graciosa, Queijadas Ilha Branca, Queijadas de Feijão, Queijadas de Coco, Rochedos, Madalenas, Suspiros e Rosquilhas de Aguardente.
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ILHA DE SÃO JORGE 
(CAPITAL: VELAS)
Morro Norte, Velas, por-do-sol.

Ilha de São Jorge vista do espaço
 A ilha de São Jorge é uma ilha situada no centro do Grupo Central do arquipélago dos Açores, separada da ilha do Pico por um estreito de 15 km - o canal de São Jorge. A ilha tem 53 km de comprimento e 8 km de largura, sendo a sua área total de 237,59 km², e tem uma população de 8997 habitantes (2011).

Administrativamente, a ilha é constituída pelos concelhos da Calheta, com 5 freguesias, e Velas, com 6 freguesias. Tem 3 vilas: Velas, Calheta e Vila do Topo.

Geografia
Esta ilha é atravessada por uma cordilheira montanhosa que atinge a altitude máxima de 1 053 metros, no Pico da Esperança. A costa é em geral rochosa, com arribas altas e escarpadas.
Ponta dos Rosais, ilha de São Jorge.
Costa Sul da ilha de São Jorge
Lagoa da Fajã de Santo Cristo,
ilha de São Jorge.
Ilha de São Jorge, costa sul.
Falésais da costa norte da ilha de São Jorge.
Interior da Baía da Calheta, Vila da Calheta.


Morro de Velas, Costa Sul da ilha de São Jorge.
Por-do-Sol próximo das Velas,
ilha de São Jorge com a ilha do
Pico como fundo.
Ilha do Pico vista da Fajã Grande,
Calheta, ilha de São Jorge.
 A grande particularidade desta ilha são as Fajãs, quase todas habitadas mas de acesso muito difícil. Na costa Norte, destacam-se as Fajã do Ouvidor, Fajã da Caldeira de Cima, Fajã da Ribeira da Areia, Fajã dos Cubres e Fajã da Caldeira de Santo Cristo. Na costa Sul, as mais importantes são a Fajã dos Vimes e a Fajã de São João.
A sua origem está ligada um vulcanismo fissural promovido pela expansão da crosta do Atlântico e está associada a uma falha transformante que vai desde a CMA até a ilha de São Miguel - a Falha de São Jorge
Foi assim esta ilha criada por sucessivas erupções vulcânicas em linha recta, de que restam crateras, a sua plataforma central tem a altitude média de 700 metros, descendo muitas vezes quase a pique desde essa altitude até às fajãs junto do mar. Tendo assim al alguns locais uma costa altamente escarpada e quase vertical, sobretudo a norte. Está situada a 28º 33’ de longitude Oeste e a 38º 24’ de latitude Norte.
O clima como nas restantes ilhas do grupo Central, é moderado, com temperaturas médias anuais oscilando entre 12 °C (53 °F) e 25 °C (77 °F).
Esta ilha apresenta um perfile bastante alongado e bastante estreito que a torna única a nível do arquipélago dos Açores, dado que nenhuma outra apresenta semelhante característica. É uma ilha cujas Serras são muito elevadas nas vertentes voltadas ao Norte, principalmente devido à forte e constante abrasão do mar e também porque este se apresenta nesta face da ilha bastante profundo. Estas características permitiram o surgimento da fajã que no caso da ilha de São Jorge e devido à sua quantidade é também caso único nos Açores.
A costa Sul apresenta-se com um declive muito menos acentuado, descendo quase com suavidade até ao mar. Nesta costa muito mais baixa é raro surgiram fajãs.
Para esta morfologia muito terá contribuído a da tectónica regional, que formou um alinhamento de cones estrombolianos com origem no vulcanismo fissural.
Ainda na mesma edição A Revista de Estudos Açorianos, Vol. X, Fasc. 1, página. 63, de Dezembro de 2003, afirma-se: ("… De entre os diversos trabalhos publicados sobre a ilha de São Jorge destacam-se, por estabelecerem uma escala vulcanoestratigráfica, os de Forjaz (1966, 1979), Forjaz et ai. (1970, 1990) e Forjaz & Fernandes (1970, 1975). Posteriormente, Madeira (1998) considera as mesmas unidades definidas por aqueles últimos autores, embora (l) usando a nomenclatura apresentada na Carta Geológica de Portugal na escala 1:50.000 (Forjaz & Fernandes, 1970); (2) inserindo as erupções históricas no complexo vulcânico mais recente e (3) apresentando algumas alterações nas manchas cartográficas definidas por Forjaz et al.(1970), que não se mostra relevante pormenorizar no âmbito deste trabalho.
Sucintamente serão caracterizados os diferentes complexos, que por ordem decrescente de idades são: Complexo Vulcânico do Topo, Complexo Vulcânico dos Rosais e Complexo Vulcânico de Manadas. …")
Pede desta forma descrever-se a geomorfologia da ilha de São Jorge que a Revista de Estudos Açorianos, Vol. X, Fasc. 1, página. 61, de Dezembro de 2003, afirma assim: "(… A ilha de São Jorge onde há uma clara expressão geomorfológica da tectónica regional, exibe um alinhamento de cones estrombolianos de direcção WNW-ESSE, que evidencia um vulcanismo fissural por excelência.
A ilha desenvolve-se ao longo de cerca de 55 km, desde a Ponta dos Rosais até ao Ilhéu do Topo observando-se a sua máxima largura entre a Fajã das Pontas e o Portinho da Calheta (aproximadamente 7 km). A área ocupada por São Jorge ronda os 246 km² (Madeira, 1998). A diferença entre um relevo vigoroso a W, e uma morfologia bastante mais suave a E permite individualizar duas regiões distintas, respetivamente, a Região Ocidental e a Região Oriental, separadas, grosso modo, pelo vale da Ribeira Seca.
A primeira abrange a área compreendida entre a Ponta dos Rosais e o limite definido pela Canada da Ponta, a norte, e a Grota Funda, a sul (Madeira, 1998). Esta é a região de vulcanismo mais recente, o que é inferido quer pelas formas bem preservadas de alguns cones e do aspeto fresco dos produtos vulcânicos a eles associados, quer por nela se situarem os centros eruptivos das erupções históricas de 1580 e 1808. Uma atividade vulcânica mais intensa foi determinante para que no centro e na parte oriental desta região se observem as maiores altitudes, nomeadamente no Pico da Esperança (1053 m). Pelo contrário, no extremo ocidental da ilha, a ausência de um processo construtivo similar permitiu que os efeitos erosivos marinhos prevalecessem, afetando drasticamente a superfície da ilha nas imediações de Rosais.
Para além dos cones resultantes de uma nítida atividade estromboliana são visíveis, ainda, três cones relacionados com atividade frea-tomagmática, subaérea (Pico do Areeiro) e submarina (Morro Grande e Morro do Lemos).
Os perfis representados na são demonstrativos do contraste que ocorre entre as vertentes NE e SW da ilha de São Jorge. A maioria das arribas do lado NE tem alturas entre 300 e 400 m e declives bastante acentuados (45° a 55°; Madeira, 1998). Neste sector são visíveis várias fajãs, sendo algumas lávicas (Fajã do Ouvidor, Fajã das Pontas e Fajã da Ribeira da Areia) e outras detríticas (Fajã de João Dias e Fajã da Penedia). No lado SW as arribas apresentam alturas mais variáveis, no entanto, sempre superiores a 100 m. Ao longo do litoral observam-se, também, algumas fajãs lávicas, tais como Fajã das Velas, Fajã da Queimada, Fajã Grande e Fajã da Calheta.
O regime de carácter periódico das ribeiras da região ocidental da ilha está fortemente condicionado pela morfologia vulcânica recente. Neste contexto, as linhas de água são pouco extensas, de padrão mais ou menos paralelo e mostram-se frequentemente pouco encaixadas, com exceção para os casos em que se desenvolvem sobre depósitos piroclásticos. A região oriental, igualmente resultante de uma atividade fissural intensa, é notoriamente mais antiga e fortemente modelada pela erosão. Deste modo verifica-se (l) um recuo do litoral NE até à cadeia axial dos cones; (2) que as arribas são mais altas do que as existentes na região ocidental; (3) que a morfologia original dos cones está mais apagada; (4) que os efeitos da tectónica estão mais presentes; (5) que as fajãs são todas detríticas, por ausência de um vulcanismo mais recente; (6) que os cursos de água se mostram mais encaixados no relevo e (7) que o grau de hierarquização das bacias hidrográficas é um pouco mais elevado do que na região ocidental (Madeira, 1998).
É de realçar, ainda, o facto de os cursos de água da parte oriental, por se desenvolverem obliquamente à ilha, apresentarem um maior comprimento. …)

História

Descoberta e povoamento

A ilha aparece figurada, sem identificação, no "Portulano Mediceo Laurenziano" (Atlas Laurentino, Atlas Mideceu), de 1351, atualmente na Biblioteca Medicea Laurenziana, em Florença, na Itália. Mais tarde, no Atlas Catalão, de Jehuda Cresques, de cerca de 1375, actualmente na Bibliothèque Nationale de France em Paris, encontra-se figurada e nomeada com o seu atual nome: "São Jorge".
Desconhece-se a data exacta de quando os primeiros povoadores nela desembarcaram, no prosseguimento da política de povoamento do arquipélago, iniciada cerca de 1430 pelo Infante D. Henrique. Gaspar Frutuoso, sem indicar o ano da descoberta, refere ter sido:
"(...) achada e descoberta logo depois da Terceira, pois não se sabe com certeza quem fosse o que primeiro a descobriu, senão suspeitar-se que devia ser Jácome de Burgues flamengo, primeiro capitão da Ilha Terceira, que depois acharia a de São Jorge, e, pela achar em dia deste Santo [23 de abril], lhe poria o seu nome, ou por ventura a achou o primeiro capitão de Angra, Vascoeanes Corte Real [João Vaz Corte Real], depois de divididas as capitanias da mesma Ilha."
A mesma data será seguida pelo padre António Cordeiro, que entretanto refere o ano como 1450.Essa data, contudo, é incorreta, uma vez que pela carta de 2 de julho de 1439 Afonso V de Portugal concede ao seu tio, o infante D. Henrique, autorização para o povoamento das (então) sete ilhas dos Açores, em que São Jorge já se incluía. Por outro lado, João Vaz Corte Real foi capitão do donatário da Capitania de Angra em 1474, e da de São Jorge em 1483. Raciocínio semelhante se aplica à figura de Jácome de Bruges.
Sabe-se, no entanto, que o seu povoamento terá se iniciado por volta de 1460. Estudos recentes indicam que o primeiro núcleo populacional se tenha localizado na enseada das Velas de onde se irradiou para Rosais, Beira, Queimada, Urzelina, Manadas, Toledo, Santo António e Norte Grande. Um segundo núcleo ter-se-há localizado na Calheta, com irradiação para os Biscoitos, Norte Pequeno e Ribeira Seca.
Diante do insucesso do povoamento da ilha das Flores, o nobre flamengo Willem van der Hagen (Guilherme da Silveira), por volta de 1480 veio a fixar-se no sítio do Topo fundando uma povoação, e aí vindo a falecer. Os seus restos mortais encontram-se sepultados na capela do Solar dos Tiagos.
É pacífico que a ilha já se encontrava povoada quando João Vaz Corte Real, Capitão-donatário da capitania de Angra (ilha Terceira), obteve a Capitania da Ilha de São Jorge, por carta régia de 4 de Maio de 1483 (Arquivo dos Açores, vol.3, p. 13).
Como nas demais ilhas atlânticas, os primeiros povoadores, vindos do mar, fixaram-se no litoral, junto aos melhores e mais seguros ancoradouros. O crescimento populacional e desenvolvimento económico foram rápidos, de modo que:
  • em 1500, a povoação das Velas foi elevada a vila e sede de concelho;
  • em 1510, a povoação do Topo foi elevada a vila e sede de concelho; e
  • em 1534 (3 de Junho), a povoação da Calheta foi elevada a vila e sede de concelho.
Na segunda metade do século XVI, a ilha contava com cerca de 3000 habitantes, concentrados nas suas três vilas.
A economia desenvolveu-se em torno da agricultura do trigo, do milho e do inhames, complementada pela vinha. Eram importantes também o cultivo do pastel e a coleta de urzela, exportados para a Flandres, de onde eram redistribuídos para outros países da Europa. Remonta a este período a produção do tradicional Queijo São Jorge, tendo mais tarde Gaspar Frutuoso registado:
"Há nela muito gado vacum, ovelhum e cabrum, do leite do qual se fazem muitos queijos em todo o ano, o que dizem ser os melhores de todas as ilhas dos Açores, por causa dos pastos (...)." (Da Descrição da Ilha de S. Jorge. in Saudades da Terra, Livro VI, cap. 33)

Piratas e corsários

No decorrer da sua história, a ilha foi sujeita a ataques de piratas e corsários, como por exemplo os assaltos às Velas (1589 e 1590) e de piratas da Barbária durante todo o século XVI (dos quais o mais importante registou-se em 1597). Estes últimos promoveram um grande ataque à Calheta em 1599, tendo escravizado habitantes da Fajã de São João em 1625. No século seguinte, a calmaria foi rompida pelo ataque à vila das Velas pelos corsários franceses sob o comando de René Duguay-Trouin (20 de Setembro de 1708), a caminho do Rio de Janeiro. Embora a população tenha resistido durante vinte e quatro horas, não conseguiu, no entanto, evitar o desembarque. Os invasores foram detidos no sítio das Banquetas, impedidos assim de ocuparem e saquearem as povoações vizinhas. Nessa defesa, destacou-se a ação enérgica do Sargento-mor Amaro Soares de Sousa.

A Dinastia Filipina

Diante da crise de sucessão de 1580, a ilha de São Jorge, como a Terceira, declarou-se por D. António I de Portugal, vindo a capitular apenas quando da queda da Terceira, em 1583.
A ilha mergulha, a partir de então, num longo período de isolamento, devido em grande parte à precariedade de seus ancoradouros, incapazes de oferecer refúgio adequado às naus, bem como à limitada importância de sua economia. A Dinastia Filipina sujeitou-a a um regime tributário especial e, no geral, foi relegada a segundo plano.

Os séculos XVII e XVIII

O século XVII na ilha foi marcado pelo chamado Motim dos Inhames, uma revolta contra os pesados impostos cobrados à população à época, que eclodiu na Calheta e no Norte Grande (1697). Em sua origem esteve a ação de Francisco Lopes Beirão que, em 1692 arrematou por três anos em Lisboa, o contrato para cobrança do dízimo das "miunças e ervagens" da ilha pela quantia de 415$000 réis.
O século XVIII foi marcado pelo grande terramoto de 9 de Julho de 1757. Durou dois minutos e causou cerca de 1.000 mortos, 125 dos quais na Vila do Topo, sendo seguido de tsunami de fraca intensidade. Desde o Topo até à Calheta não houve casa que resistisse sem danos. Nos dias que se seguiram ao sismo surgiram na costa norte da ilha 18 ilhotas resultantes dos deslizamentos de terra e, passados 3 dias, ainda se ouviam os gritos de pessoas soterradas na Fajã de São João. Este foi o maior sismo registado na história da ilha, e ficou conhecido como o "mandado de Deus".

O século XIX

No contexto da Guerra Civil Portuguesa (1828-1834), quando da ofensiva liberal do 7.º conde de Vila Flor, regista-se o desembarque das tropas liberais na ilha (10 de Maio de 1831), tendo lugar o recontro da Ladeira do Gato, com a vitória dos liberais, registando-se algumas baixas.
Como nas demais ilhas do arquipélago, em meados do século XIX as vinhas foram devastadas pela filoxera (1850, 1860), período em que a exportação de laranjas trouxe alguma prosperidade à economia da ilha.
Na última década do século, a par com as ilhas vizinhas, inicia-se a caça à baleia.

Do século XX aos nossos dias

O histórico isolamento da ilha só começou a ser rompido no século XX, com as obras dos seus dois principais portos: o Porto de Velas e o Porto da Calheta, a que se somou a construção do Aeródromo de São Jorge, inaugurado em 23 de Abril de 1982.
Isso abriu a ilha a novos horizontes de desenvolvimento e progresso; para o qual junta-se o aproveitamento dos seus recursos naturais, a expansão da pecuária e pesca, o fabrico do famoso queijo da Ilha de São Jorge, o turismo.
O grande sismo de 1 de Janeiro de 1980 que atingiu as ilhas Terceira e Graciosa também se fez sentir em S. Jorge. Ocorreu pelas 16:42 (hora local), durou entre 11 a 20 segundos e teve magnitude de 7,2 na escala de Richter e intensidades de VIII na escala de Mercalli na Vila do Topo e em Santo Antão, em S. Jorge, tendo aqui feito, além de extensos danos materiais, 20 vítimas fatais.
Em 9 de julho de 1998 um forte sismo, que atingiu 5,8 na escala de Richter, causou danos materiais.

Património civil humano e agrícola

Durante os cinco séculos e meio de ocupação humana da ilha o homem marcou profundamente a paisagem; de uma cobertura vegetal dominada pelas florestas de laurissilva surgem novas marcas na paisagem da ilha. Essas marcas visíveis em vários campos estão na paisagem agrícola, na construção religiosa, na civil e também militar.
Passam pelo campo civilizacional transformando São Jorge numa ilha que se do ponto de vista paisagístico é considerada profundamente monumental, no sentido clássico do termo e tendo em atenção as suas arribas, falésias e fajãs, é por outro lado um "museu vivo", que se mostra claramente na sua história e tradições materializadas ou no património móvel e imóvel que se estende desde a Ponta dos Rosais à ponta do Topo.
Ao nível do património civil, esta ilha mostra as influências recebidas do exterior ao longo dos séculos. Essas influências chegaram a através dos contactos mantidos desde o século XV com várias regiões de Portugal e de outros países conforme a origem dos povoadores. Aqui e ali surgem na paisagem influencias espanholas trazidas eventualmente pelos Ávilas e da Flandres trazidas estas pelo povoador Willem van der Hagen. Manifestam-se principalmente nas construções mais antigas.
Este património também está nas adaptações que o homem fez da paisagem, seja por necessidade ou seja pela criatividade, de forma a facilitar a vida quotidiana, numa terra virgem e cujo ambiente nem sempre foi o mais dócil se tivermos em atenção não apenas as erupções vulcânicas, estas por si mesmas grandes transformantes da paisagem, mas também os terramotos, e a datação da própria orografia jovem que origina à queda de falésias, dando estas origem às características fajãs de São Jorge.
Este património pode ainda ser dividido entre as suas versões "rural" e "urbana", com as suas atuais vilas (Velas e Calheta) onde a arquitetura urbana mais se faz sentir, sem ainda esquecer o antigo concelho do Topo e a sua principal localidade (Vila do Topo).
Nos povoados mais antigos nota-se uma transição do rural ao urbano mais acentuada. Esta transição tem expressão na localidade do Topo, um dos mais antigos povoados da ilha de São Jorge, podendo aqui caracterizar-se por uma estrutura urbana bem acentuada. A Vila da Calheta tem uma estrutura urbana mais frágil e menos organizada desde o seu inicio construtivo, mantendo umas características tradicionais de ruas algo desalinhadas.
Na localidade da Velas existe uma estrutura urbana bem consolidada, para o que também contribuiu a plataforma plana onde o povoado se desenvolveu.
O povoamento rural mostra-se disperso, e basicamente ordenado ao longo das vias de comunicação apresentando grandes espaços vazios de habitações entre as localidades.

Desenvolvimento económico

Depois do estabelecimento de forma definitiva dos primeiros núcleos de povoadores e também depois de garantida a sua subsistência mais imediata principalmente do ponto de vista alimentar e de abrigos, deu-se o início do seu desenvolvimento económico que aconteceu com o cultivo da Urzela e dos Pastel e a introdução de diversas culturas exportáveis como foram o trigo ou o milho.
O trigo foi um produto base da alimentação, tendo sido introduzido logo nos primeiros tempos do povoamento, foi além de uma base alimentar um importante produto de exportação para o reino e Praças da África Portuguesa, transformando-se assim num dos mais importante produtos de obtenção de riqueza, riqueza essa que no entanto ficava quase sempre na posse dos grandes latifundiários rurais pouco chegando a uma imensa mão de obra rural e barata que lutava pela subsistência.
O Pastel foi um dos grandes produtos de exportação da ilha de São Jorge e dos Açores em geral. Foi introduzido nesta ilha pelo povoador Guilherme da Silveira por volta de 1490. Era exportado, junto com a Urzela para a Flandres, de onde Guilherme da Silveira era natural. Nesses mercados centro Europeus, tanto a Urzela como o Pastel atingiam grandes preços e davam grandes lucros. Eram usados para efeitos de tinturaria.
O cultivo da Videira, mais tarde foi também um dos grandes produtos agrícolas da ilha de São Jorge. A vitivinicultura desempenhou um importante papel económico logo depois de passar o ciclo do Trigo, do Pastel e da Urzela. Assim o vinho foi a mais importante exportação da ilha desde pelo menos 1571 e durou por três séculos.
Encontrando-se já no século XV, disseminado por parte significativa da costa sul da ilha de São Jorge, depois das primeiras experiências realizadas na ilha Terceira e na ilha de São Miguel.
Foi uma cultura que, devido às condições geológicas, se adaptou bem à faixa que vai desde o lugar da Ribeira do Almeida e freguesia da Queimada (Velas) até à freguesia das Manadas, com extensões cultivadas em várias fajãs do concelho da Calheta, nomeadamente na Fajã dos Vimes, na Fajã de São João, na Fajã do Ouvidor, na Fajã Grande entre outras.
Estes eram terrenos não adequados à cultura de cereais, para os quais foi encontrada esta cultura "alternativa".
As maiores produções localizaram-se principalmente no eixo Queimada - Urzelina - Manadas, de tal modo que esta parte da ilha se transformou num dos melhor espaços da ilha, sendo também o mais estimado e lucrativo.
As castas dominantes foram as do verdelho e do terrantez, embora também se tenha cultivado bastardo, moscatel, e alicante, entre outros.
Contrariamente ao que aconteceu em outras ilhas dos Açores, como foi o caso da ilha do Pico, ou nos Biscoitos, na ilha Terceira e também na ilha Graciosa, na ilha de São Jorge as vinhas produziam espalhadas pelas faias e pelos arvoredos, embora também se fizesse o cultivo nos tradicionais currais, feitos estes com muros de pedra basáltica e que abrigavam as plantas que cresciam junto ao solo.
Em anos considerados regulares, e já no século XVI, chagou-se a produzir nesta ilha vários milhares de pipas de vinho. Só na Queimada chegou-se às 1.500 pipas. Destas 1.500 pipas chegou-se às 10 000 pipas que eram suficientes para consumo da ilha, venda em outras ilhas do arquipélago e ainda vender no continente português, além de se proceder à exportação para o estrangeiro. (O vinho do Pico, produzido com as mesmas castas, chegou a estar na mesa dos czares da Rússia). A produção regular manteve-se sempre em torno das 10000 pipas, até meados do século XIX.
A produção de vinho da ilha de São Jorge atingiu elevada qualidade do ponto de Conde de Almada, então Capitão General dos Açores, emitir em 1801 um decreto no sentido de criar a marca "São Jorge" e isto para evitar as especulações e os fraudes com este produto de tão lucrativo.
A qualidade do vinho da ilha de São Jorge foi muito apreciada na Exposição Universal de Paris de 1867, em que se afirmou que este poderia rivalizar com o Vinho do Porto.
Tal como aconteceu nas outras ilhas dos Açores e em praticamente toda a Europa, mas nesta ilha só um pouco mais tarde, em 1854, também o famoso Oidium tukeri chegou a São Jorge.
Foram feitas várias tentativas de retoma da produção, nomeadamente pelo Barão de Ribeiro (Francisco José de Bettencourt e Ávila), na Urzelina, seguido por Miguel Teixeira Soares de Sousa e Marta Pereira da Silveira, que procederam à plantação da casta Izabela.
A filoxera, no entanto, continuava a causar grandes estragos no concelho da Calheta durante a segunda metade do século XIX. Só no fim do século, é que a produção foi retomada e foi muito abundante.
Esta terrível doença da videira praticamente destruiu toda a cultura da vinha da ilha e levou muitos agricultores que dependiam exclusivamente deste produtos à falência.
Para a história desta cultura ficou o famoso vinho do lugar dos Casteletes, na freguesia da Urzelina, por ser onde se produzia um dos vinhos de maior qualidade. Envolvidos nesta produção estiveram quase todas as famílias latifundiárias da ilha que possuíam terras em locais cuja produção do vinho fosse possível. Foi o caso da família Noronha na pessoa do morgado João Inácio de Bettencourt Noronha que fazia a grande produção vinhateira não só na Urzelina, mas também na Fajã de São João.
O Ciclo da laranja foi o nome como ficou conhecido o período do cultivo da Laranja nesta ilha e nos Açores em geral. A Laranja foi uma cultura introduzida nas ilhas durante o século XVII e que dado as condições ambientais aliadas à grande fertilidade do solo de cinzas vulcânicas alcançou uma grande produção. A exportação da laranja para a Inglaterra e América do Norte chegou a atingir, em anos ordinários, mais de seis barcos cargueiros por estação.
Procedeu-se ao cultivo da laranja na faixa territorial que se estende desde a localidade de Santo amaro, Urzelina, Ribeira Seca e Fajã de São João. Em anos de colheitas regulares chagou-se a produzir mais de 7000 milheiros (cada milheiro, equivale a 142 quilos, o que dá por ano o equivalente a 994 toneladas de laranja.)
A cultura do inhame foi desde a introdução desta planta na ilha de São Jorge, e mesmo nas restantes ilhas dos Açores, uma importante fonte de subsistência, particularmente das classes mais desfavorecidas. Cultivava-se em todas as freguesias e em todos os locais da ilha onde fosse possível aproveitar uma nesga de solo deixado por cultivar com outras produções tidas por mais valiosas.
Esta cultura entrou para a história da ilha de São Jorge, não só, como já referido por ser o produto alimentar por excelência das camadas mais desfavorecidas, mas principalmente, porque a cobrança do seu Dízimo originou um Motim na Calheta e Norte Grande em 1694, pelo que está representado no Escudo de Armas da Vila da Calheta.
A indústria da caça à baleia, foi igualmente e durante a última década do século XIX até meados do século XX, uma importante fonte de rendimento para uma extensa camada da população que vivia quase exclusivamente desta industria. Ao longo de locais estratégicos por oferecerem uma boa vista sobre o mar foram construídos locais de observação da baleia e que assim que um destes cetáceos era avistado, o vigia dava o alarme fazendo com que a população corresse para o cais mais próximo com o objetivo de dar inicio à caçada.
Durante o século XX, na década de 1960, foi de grande importância a pesca da albacora e do bonito, para o que foram armados diversos barcos dedicados a esta pesca cuja abundância foi tal que justificou a criação de duas unidades fabris na Vila da Calheta para a transformação e conserva do Peixe.
Atualmente a maior atividade produtiva é sem duvida a que está ligada à exploração agro-pecuária e que se devida desde a criação de bovinos quer para a produção de carne e de leite que, entregue, este último nas Cooperativas, é transformado no queijo de São Jorge, que é detentor de Denominação de Origem Protegida.
No artesanato local, destaca-se trabalhos em lã da Fajã dos Vimes, madeira de cedro na Ribeira Seca, bem como a construção de barcos de pesca na Calheta e no Topo.

Meteorologia

São Jorge localiza-se em pleno oceano Atlântico numa zona de altas pressões atmosféricas, beneficiando da influência da corrente do Golfo que, mantendo a temperatura da água do mar entre os 17° e os 23 °C e com temperaturas atmosféricas entre os 13° e os 24 °C, condiciona a humidade do ar com uma média anual de 75 % e proporciona um regime de chuvas que ajudam a moldar não só o aspeto físico da paisagem como dos seres que a habitam.

Flora

Está ilha era possuidora de uma flora característica e comum, aquando da sua descoberta, à flora das outras ilhas atlânticas da Macaronésia. Ao longo dos séculos a ação dos povoadores e de marinheiros vindos da África, Ásia, e Américas acabou por causar uma profunda alteração na cobertura vegetal da ilha.
Além disso, as arroteias muitas vezes feitas por grandes incêndio que ardiam durante semanas nas florestas primitivas, a agricultura e a pastorícia causaram o desaparecimento de grande parte da floresta primitiva da ilha ao ponto de atualmente só restarem vestígios nas zonas de mais difícil acesso, onde ainda é possível encontrar: cedro-do-mato, louro-sanguinho, dragoeiro, pau-branco, urze, faia, remania, vinhático. Estes locais encontram-se quase todos protegidos por lei.
A introdução de outras plantas teve também um papel importante na subsistência das populações e hoje apesar de caracterizarem, embelezarem e perfumarem as paisagens da ilha, são muitas vezes invasores e de difícil controlo chegando a causar grande dano à flora indígena. São exemplos de flora introduzida: batata, o inhame, o pastel, a batata-doce, a laranja, a conteira, a criptoméria, o linho, o trigo, o eucalipto, o milho, a vinha, a hortênsia, a acácia, entre várias muitas outras que são usadas desde a alimentação humana à animal, mas também como ornamentais.
Atualmente e em altitude predomina a pastagem, como constituinte principal da cobertura vegetal na ilha. Nas fajãs existe uma miríade de milhares de plantas em harmoniosa convivência podendo encontrar-se varias centenas de diferentes plantas em poucos hectares de terreno, constituindo um precioso e variado ecossistema em que esta coberta vegetal dá abrigo a uma fauna também muito abundante.

Fauna

Existem poucos dados sobre a fauna primitiva desta ilha a quando da sua descoberta. Sabe-se no entanto que era composta basicamente por aves e insetos.
Algumas das espécies de aves que na altura existiam ainda hoje persistem. São o caso do cagarro, do garajau, do milhafre, do canário, da labandeira, do pintassilgo, da estrelinha (raro e protegido), do melro, do tentilhão, da gaivota.
Na orla costeira, existe uma variedade de fauna que não sofreu alterações desde a descoberta da ilha, são crustáceos e moluscos que ainda se encontram como é o caso da amêijoa, do caranguejo, da lapa-brava, do búzio, da craca, da lapa-mansa entre muitas outras populações.
Todos os animais de grande e médio porte, à exceção do morcego, foram introduzidos e, alguns deles, bem recentemente como é o caso do pardal, que chagou à ilha de são Jorge em 1970.

Manifestações festivas de carácter popular

As principais manifestações festivas de carácter popular da ilha de São Jorge, não são diferentes das que se fazem na generalidade das restantes ilhas dos Açores, e são as Festas do Espírito Santo que convergem em torno do Império do Divino e são uma importante manifestação religiosa que tem lugar todos os domingos durante sete semanas antes da Páscoa e culmina no sétimo domingo, Pentecostes, variando de localidade para localidade dentro da ilha.
A Semana Cultural das Velas é igualmente outra expressão popular que mistura o etnografia tradicional com nas novas manifestações culturais que chegam de fora. Durante esta semana celebram-se conferências e exposições de figuras destacadas da cultura de Açores. Na primeira semana de Julho são feitos concertos de artistas locais e vindos de Portugal Continental. Também se realiza durante estas festividades uma feira Taurina, e finalmente a regata de Horta-Velas-Horta, que completa o cartaz destas festas.
O Festival de Julho é o nome de outra manifestação festiva, desta vez realizada no concelho da Calheta. Estas festas duram quatro dias e são compostas por desfiles etnográficos, comédias musicais e representações teatrais, até exposições e concursos desportivos de diversas índoles.
As romarias são uma tradição da ilha de São Jorge e está profundamente ligada à crença da intervenção Divina contra a força dos Vulcões e Terramotos. Assim surge a Romaria de Nossa Senhora de Carmo que se realiza na Fajã dos Vimes, em 16 de Julho de cada ano. E a Romaria de Santo Cristo que se realiza na Fajã da Caldeira de Santo Cristo. Estas romarias são sempre compostas por uma procissão do orago do lugar, por fogos artificio e missa.

Gastronomia

A gastronomia da ilha de são Jorge embora inclua muitas das restantes tradições gastronómicas dos Açores, tem muitas características únicas da ilha. São os pratos típicos de carne e peixe confecionados com abundância de especiarias que a estas ilhas chegaram trazidas por mar.
Entre os pratos tradicionais e exclusivos da ilha de São Jorge há aqueles que são confecionados com amêijoas, visto esta ser a única ilha dos Açores onde esta espécie existe na natureza. Esta espécie é capturada na Fajã da Caldeira de Santo Cristo, nas margens da Lagoa da Fajã de Santo Cristo.
Na doçaria existe uma grande quantidade de doces variados, alguns de origem conventual, outros criados pela própria população. Entre esses doces destacam-se: Os coscorões, as rosquilhas de aguardente, as espécies, os suspiros, os olvidados, os bolos de véspera, os cavacos, a queijada de leite, e a açucareira branca.
Nesta ilha produz-se um pão tradicional exclusivamente feito de farinha de milho que pode ser milho branco ou milho amarelo e que foi durante séculos um dos poucos cereais ao alcance de todos, já que o trigo só se encontrava ao alcance das classes mais abastadas.
O inhame foi outros dos produtos grandemente ligado à gastronomia tradicional desta ilha chegando em alguns locais a ser a base da alimentação.
O queijo de São Jorge é um produto tão importante para a economia da ilha que até foi criada a Confraria do Queijo de São Jorge.
Este é um dos produtos mais famosos da ilha e que é exportando para todo o mundo é curado durante alguns vários meses em salas onde é mantida uma temperatura e humidade constante. (A sua receita e composição não é conhecida de todos, de modo que a receita tradicional é tida como secreta). O seu sabor é algo agreste e está profundamente ligado com a alimentação do gado, seja com a erva que o mesmo come, livre nas pastagens, seja por ser habito desta ilha alimentar-se o gado principalmente durante o Inverno com os ramos do Incenso, árvore do origem Oriental e que foi introduzida nos Açores e que atualmente se encontra disseminada por todas as ilhas do arquipélago.

Notas

  1. FRUTUOSO, Gaspar. Saudades da Terra, vol. VI, p. 229.
  2. CORDEIRO, António. História Insulana, p. 425.
  3. Participou deste combate Luís da Silva Mouzinho de Albuquerque.

Bibliografia

  • ÁVILA, João Gabriel de. História da Ilha de São Jorge: descoberta, povoamento, economia (Conferência), Velas (Açores), Câmara Municipal da Velas, 1994. 36p. mapas.
  • Revista de Estudos Açorianos, Vol. X, Fasc. 1, página. 63, de Dezembro de 2003.
  • Açores, Guia Turístico 2003/2004, Ed. Publiçor.
  • ALBERGARIA. Isabel Soares de. Jardins e Parques dos Açores. Dep. Legal 235961/05
  • Guia do Património de São Jorge, Dep. Legal 197839/03
     
 Velas
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Coordenadas: 38° 41' N, 28° 13' W
Velas
Brasão de Velas Bandeira de Velas
Brasão Bandeira
Vista parcial das Velas, ilha de São Jorge, Açores, Portugal.jpg
Vista parcial das Velas.
Localização de Velas
Gentílico Velense
Área 119,08 km2
População 5 398 hab. (2011)
Densidade populacional 45,33 hab./km2
N.º de freguesias 6
Presidente da
Câmara Municipal
Luís Silveira (CDS-PP)
Fundação do município 1500
Região Autónoma Região Autónoma dos Açores
Ilha Ilha de São Jorge
Antigo Distrito Angra do Heroísmo
Orago São Jorge
Feriado municipal 23 de abril
Código postal 9800-539
Site oficial http://cm-velas.azoresdigital.pt
Municípios de Portugal Flag of Portugal.svg
Velas é uma vila portuguesa na ilha de São Jorge, Região Autónoma dos Açores, com cerca de 1 985 habitantes.
É sede de um município com 119,08 km² de área e 5 398 habitantes (2011), subdividido em 6 freguesias. O município é limitado a leste pelo município da Calheta, e tem litoral no oceano Atlântico em todas as outras direcções.
Esta vila está localizada num extenso terreno relativamente plano junto à costa ao lado das montanhas e longas arribas junto a uma longa enseada.

História

A origem do nome desta localidade nunca foi esclarecida pelos historiadores. Pode no entanto, segundo esses mesmos historiadores poder remeter-nos para as "velas" das embarcações, para vigias ou para o termo velar, para o nome de povoações com o mesmo nome no continente português, para o termo "velhas" ou mesmo para a palavra "belas". É, no entanto, mais provável que o nome provenha dos termos “velas de embarcação”, ou dos termos velar/vigília. Tendo em atenção as embarcações usadas no tempo da sua fundação e a outra, tendo em atenção as forças telúricas que se movimentam nestas ilhas e que muitas vezes obrigavam as populações a ficar a velar ou de vigília durante as crises vulcânicas para poderem dar o alerta em caso de necessidade.
Vista parcial das Velas com a
Ponta da Queimada ao fundo.
 
Porto de Velas, Velas, ilha de São Jorge, Açores, Portugal.
Esta vila encontra-se entre os povoados mais antigos da ilha de São Jorge. E foi edificada em consequência do testamento do Infante D. Henrique datado de 1460, feito numa igreja debaixo da invocação de São Jorge. O município de Velas foi criado por volta de 1490 ou mesmo antes, sendo que a elevação da povoação à categoria de vila terá ocorrido por volta de ano de 1500, por carta de D. Manuel I de Portugal. Esta localidade já surge como vila num mapa de 1507. No ano de 1570 as Velas teriam cerca de 1000 habitantes e 2000 habitantes no fim do século XVII, número que aumentaria para 4200 no ano de 1822, e que mais tarde diminuiu devido à emigração.
Vista parcial das Velas,
ilha de São Jorge, Açores, Portugal.
No dia 19 de Setembro de 1708 uma esquadra naval, comandada pelo pirata Francês René Duguay-Trouin constituída por 8 naus de linha e 3 navios Corsários de grossa artilharia, atacam a vila das Velas, não tendo no entanto conseguido entrar no Porto de Velas.
Ao primeiro ataque os habitantes da vila, comandados pelo Sargento Mor Amaro Teixeira de Sousa, conseguem impedir o desembarque tentado a 19 de Setembro. No dia 20 deu-se novo ataque e os habitantes não conseguiram opor-se com êxito a esta tentativa. Pelas 9 horas da manhã em que, dividindo as suas forças em duas colunas, enviara, uma para as portas das Velas (6 barcos) e outra, mais forte (10 barcos), para os lados do Morro das Velas e, desembarcando junto ao Arco, lançaram em terra mais de 500 homens, com morte d'alguns dos sitiados.
Os franceses permaneceram nesta vila 5 dias em que saquearam completamente as igrejas e casas abastadas. Em local sobranceiro ao sitio onde se efectuou o desembarque, foi construído o Forte de Nossa Senhora do Pilar, também conhecido por Castelo da Eira.!

Jardim da Praça da República

Velas, Jardim da República, coreto,
ilha de São Jorge, Açores, Portugal.
O Jardim da Praça da República ocupa o largo principal da vila de Velas, local onde em tempos idos esteve localizado o mercado da localidade. Este jardim encontra-se delimitado por muros baixos dotados de um gradeamento superior, canteiros de formas variadas, arbusto e algumas árvores. Ao centro possui um coreto.
A regularização da antiga praça e a sua adaptação a jardim iniciou-se em 1836, quando a Câmara Municipal de Velas emitiu uma deliberação no sentido do arranjo urbano daquele espaço. Esse documento obrigava "os porcos do concelho a andarem com anel no focinho e a não atravessarem a praça". Depois, vieram as plantações de árvores já em meados do século; a instalação do coreto em 1898; a iluminação em 1899; os arranjos dos canteiros e outras decorações em pedra queimada, bem como os muros e gradeamentos nos inícios do século XX.
O jardim encontra-se no centro de uma envolvente de edifícios e integrado num espaço que não lhe dá qualquer hipótese de crescer. Beneficia no entanto de uma excelente enquadramento arquitectónico dos prédios urbanos que tem em volta. Desses edifícios sobressai o edifício da Câmara Municipal, um dos exemplos máximos do barroco insular na ilha de São Jorge. Do lado oposto a este, ergue-se o edifício da sociedade filarmónica velense, ostentando a sua fachada Art déco característica dos anos 20 e 30 do século XX, de forte colorido, apresenta amplas fenestrações por entre elementos decorativos estilizados da tradição beaux artiana.

Auditório Municipal e Centro Cultural das Velas

O Auditório Municipal e Centro Cultural das Velas apresenta-se como uma construção moderna, construída nos finais do século XX dentro das muralhas do antigo Forte de Nossa Senhora da Conceição. Este Auditório foi dimensionado para albergar várias valências: podendo ser auditório multiuso, para teatro, cinema e concertos, biblioteca e espaço de exposições.
Tem uma arquitectura contemporânea a fazer lembrar as velas das embarcações, não fossem as Velas uma localidade de mar. Foi pintado com cores fortes, fazendo-se assim sobressair no perfil urbano das Velas.

Largo João Inácio de Sousa

O Largo João Inácio de Sousa antigamente chamava-se "Largo do Mercado" e, antes ainda, "Praça Velha". Caracteriza-se por se localizar num dos locais mais nobres da vila, encontra-se em frente à Igreja Matriz de São Jorge e ao lado do edifício da Irmandade da Santa Casa da Misericórdia de Velas.
Para que fosse possível construir esta praça foi necessário proceder à expropriação de parte da quinta do Dr. Miguel Teixeira Soares de Sousa, bem como uma capela e algumas casas.
Esta antiga praça que foi local de venda de frutas e hortaliças, tem actualmente o nome de um dos beneméritos da ilha de São Jorge, que emigrado para os Estados Unidos acabou por fazer fortuna nesse país na área dos petróleos, tendo depois dado apoio a várias instituições da ilha, nomeadamente à misericórdia de velas, conforme é possível ler numa plana aplicada na estatua de João Inácio de Sousa, que foi posta no centro do largo.

Cemitério de Velas

O cemitério das Velas localiza-se no sítio da Conceição e foi construído dentro da cerca do antigo Convento de São Francisco. O convento cedeu em 1838 parte do seu espaço para esse fim. Este acontecimento deu-se quatro anos depois de ter sido estabelecido que os sepultamentos deixariam de se poderem fazer dentro das igrejas. No entanto este cemitério só foi benzido no ano de 1856.

Freguesias

As freguesias de Velas são as seguintes:
  • Manadas
  • Norte Grande
  • Rosais
  • Santo Amaro
  • Urzelina
  • Velas

Gastronomia

Velas é famosa pela sua doçaria (Espécies de S. Jorge, Esquecidos), pastelaria (Queijadas de Coco, Queijadas de Leite, Queijadas Dona Amélias e Queijadas Madalenas) e Biscoitos (Rosquilhas de Nata e Freirinhas).
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Ilha do Pico

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
 
  
Pico

Pico está localizado em: Oceano Atlântico
Pico
Localização no Oceano Atlântico
38° 28' 19" N 28° 21' 50" O
PT Pico.PNG
Geografia física
País Portugal
Localização Oceano Atlântico
Arquipélago Açores
Ponto culminante Montanha do Pico, 2 351 m
Área 447  km²
Geografia humana
População 14 806 (2001)
Picocanal.jpg
Montanha do Pico, Ilha do Pico.

A Ilha do Pico é a segunda maior ilha do Arquipélago dos Açores, no Atlântico Norte. Dista 8,3 quilómetros da Ilha do Faial e 15 km da Ilha de São Jorge. Tem uma superfície de 447 km²; uma linha de costa com 151,84 km de comprimento, um número de 31 ilhéus entre grandes e pequenos. Conta com uma população residente de 14 806 habitantes (em 2001). Mede 42 km de comprimento por 20 km de largura.
Deve o seu nome a uma majestosa montanha vulcânica, a Montanha do Pico, que culmina num pico pronunciado, o Pico Pequeno ou Piquinho. Esta é mais alta montanha de Portugal e a terceira maior montanha que emerge do Atlântico, atingindo 2 351 metros acima do nível do mar.
Administrativamente, a ilha é constituída por três concelhos: Lajes do Pico e Madalena, ambos com seis freguesias, e São Roque do Pico, com cinco freguesias.
Dispõe, entre as freguesias de Santa Luzia e Bandeiras, de um moderno aeroporto regional com ligações aéreas directas com Lisboa (TAP/SATA Internacional) e Terceira (Lajes) e Ponta Delgada (SATA Air Açores). Tem ligações marítimas diárias (Transmaçor) com a cidade da Horta e as vilas das Velas e da Calheta. Durante os meses de Verão usufrui de ligações marítimas com as restantes ilhas do arquipélago.

Geologia
Ilha do Pico vista da Fajã Grande,
Calheta, ilha de São Jorge.
"Pico é a mais bela, a mais extraordinária ilha dos Açores, duma beleza que só a ele lhe pertence, duma cor admirável e com um estranho poder de atração. É mais do que uma ilha - é uma estátua erguida até ao céu e amolgada pelo fogo - é outro Adamastor como o do cabo das Tormentas." (BRANDÃO, Raul. As ilhas desconhecidas.)
A ilha emergiu de uma fractura tectónica de orientação ONO-ESSE – a mesma que deu origem à ilha do Faial, denominada Fractura Faial-Pico, que se desenvolve ao longo de 350 km, desde a Crista Médio Atlântica (sigla CMA) até uma área a Sul da Fossa do Hirondelle.
  • Complexo Vulcânico de São Roque
  • Complexo Vulcânico da Lage
  • Complexo Vulcânico da Madalena

História

Vista aérea da Ilha do Pico.

O Pico nevado visto da marina da Horta,
Ilha do Faial.
Montanha do Pico vista do mar.
Montanha do Pico.
Interior montanhoso da ilha do Pico,
lagoas perdidas no verde.
Interior da ilha do Pico, a ilha do Faial do outro lado do mar.


 

 

 

 

 

 

 

Da Descoberta e Povoamento

À época dos Descobrimentos portugueses, na fase henriquina, a ilha foi designada como ilha de São Dinis, conforme consta no testamento Infante.
Ilha do Pico vista ao largo da costa,
Canal Pico-São Jorge.
Posteriormente, na cartografia do século XIV, encontra-se denominada como "ilha dos Pombos".
Acerca do seu primeiro povoador, nas Lajes do Pico, Frei Diogo das Chagas refere:
"O primeiro homem que se pratica por certo haver entrado nesta Ilha para a povoar foi um Fernando Álvares Evangelho, o qual vindo a buscar a tomou pela parte do Sul, (…) saltou em terra onde se diz o penedo negro, e com ele um cão que trazia, e o mar se levantou de modo que não deu lugar a ninguém mais saltar em terra, e aquela noite se levantou vento, de modo a que a caravela no outro dia não apareceu, e ele ficou na Ilha com seu companheiro, o cão; e nele esteve um ano sustentando-se da carne dos porcos, e outros gados bravos, que com o cão tomava (pois o Infante quando as descobriu, em todas mandou deitar gados, havia nelas, quando depois se povoaram, muita multiplicação deles) (…)." (CHAGAS, Diogo (Frei). Espelho Cristalino em Jardim de Várias Flores. Secretaria Regional de Educação e Cultura/Universidade dos Açores, 1989.)
Frei Agostinho de Monte Alverne, entretanto, acrescenta:
"Outros dizem que os primeiros povoadores foram os que mandou Job Dutra, da ilha do Faial, porque estando à sua janela, vendo esta ilha do Pico pela parte sul, mandou um barco de gente para a povoar por esta parte, onde hoje é a freguesia de São Mateus. E é esta ilha tão fragosa, que, povoando-a estes por esta parte e os outros pela outra, dois anos estiveram sem saberem uns dos outros, nos quais o capitão Job Dutra mandou pedir a capitania e a alcançou, e uns e outros povoadores se avistaram e festejaram muito." (Frei Agostinho de Monte Alverne. Crónicas da Província de São João Evangelista (v. III). Ponta Delgada: Instituto Cultural de Ponta Delgada, 1988. p. 191)
Interior montanhoso da ilha do Pico,
paisagem sempre verde.
Em 29 de Dezembro de 1482, a ilha foi integrada na Capitania do Faial pela Infanta D. Beatriz, em virtude de Álvaro de Ornelas, seu primeiro capitão do donatário não ter tomado posse efetiva da ilha por volta de 1460.
Em 1501, Lajes do Pico foi elevada a Vila e sede de concelho pelo Manuel I de Portugal. Em 1542 foi a vez de São Roque do Pico e em 1712 (1723?), a de Madalena, confirmando a sua importância económica como porto de ligação com o Faial, e também como local de residência dos proprietários dos extensos vinhedos da zona, já então produtora de vinho, o Verdelho do Pico.
Além da agricultura (trigo, pastel), da pecuária e da pesca, a economia da ilha, desde o início do povoamento, foi marcada pelo cultivo da vinha e a produção de vinho. Sobre elas, o Padre António Cordeiro registou:
"O maior fruto, e mais célebre desta Ilha do Pico é o seu muito e excelente vinho, e quantas mil pipas dê cada ano (…) as outras ilhas, as armadas, e frotas, os estrangeiros o vão buscar, e o muito que vai para o Brasil, e também vem para Portugal; a razão deu-a já o antigo Frutuoso Liv. 6 cap. 41, dizendo que o vinho do Pico não só é muito, mas justamente o melhor, (…), porque é tão generoso e forte, que em nada cede ao que na Madeira chamam Malvazia; antes parece que este vence aquele, porque da Malvazia, pouca quantidade basta para alienar um homem do seu juízo, não se acomoda tanto à saúde; porém o vinho passado do Pico, emprega-se mais em gastar os maus humores, confortar o estômago, alegrar o coração, e avivar, e não fazer perder o juízo, e uso da razão, além de ser suavíssimo no gosto, e muito 'confortativo', ainda só com o cheiro; e por isso é muito estimado, (…)." (Pe. António Cordeiro. História Insulana das ilhas a Portugal Sujeitas no Oceano Ocidental. Secretaria Regional da Educação e Cultura, 1981. p. 474.)
A sua cultura foi apurada, ao longo dos séculos, com o auxílio dos frades Franciscanos, Domincanos e, mais tarde, Jesuítas, nos séculos XVII e XVIII.

Do século XIX aos nossos dias

Moinho do Mistério de São João, Pico.
No contexto da Guerra Civil Portuguesa (1828-1834), quando da ofensiva liberal do 7.º conde de Vila Flor, a ilha do Pico foi ocupada sem resistência pelos liberais (1831).
Em meados do século XIX, a produção de vinho sofreu um rude golpe com o ataque do Oídio (1852) que, oriundo dos Estados Unidos, destruiu as cepas de vinha europeias. A recuperação foi lenta e fez-se à base de novos bacelos. Como alternativa, desenvolveu-se o cultivo de frutos como as laranjas, maçãs, pêssegos e figos (estes dois últimos também utilizados na produção de aguardente), que rapidamente atingiu níveis capazes de suportar a exportação no circuito regional. Desta forma, tornou-se um hábito diário a deslocação de picoenses para a Ilha do Faial com o objectivo de proceder à venda da fruta.
No mesmo período, a ilha foi o principal centro baleeiro no período áureo da caça ao cachalote, tendo conseguido ultrapassar o declínio que resultou da cessação da caça, no último quartel do século XX, com a pesca do atum e a indústria de conservas, e, mais recentemente, com a valorização turística associada à observação de cetáceos.
Em nossos dias, em Julho de 2004, a UNESCO considerou a Paisagem da Cultura da Vinha da Ilha do Pico como Património da Humanidade. A área assim classificada engloba os lajidos das freguesias da Criação Velha e de Santa Luzia. O Parque Natural da ilha do Pico, engloba a área da Montanha do Pico e Planalto Central assim como outras zonas de protecção especial.
A paisagem vulcânica da ilha do Pico foi considerada uma das 7 Maravilhas Naturais de Portugal.

Património

Paisagem Protegida de Interesse Regional
da Cultura da Vinha da Ilha do Pico,
campos de vinha, muros em pedra.
Em termos de património natural destacam-se a Gruta das Torres, na Criação Velha, e o conjunto geológico denominado Furnas do Frei Matias, a reserva natural da montanha do Pico e o planalto da achada.
Em termos de património cultural destacam-se, na Madalena, o Museu do Vinho, instalado em um antigo Convento das Carmelitas, o Museu da Indústria Baleeira, em São Roque do Pico, e o Museu Regional dos Baleeiros, nas Lajes do Pico. Destacam-se ainda o Forte de Santa Catarina (Lajes do Pico), as igrejas, conventos e os moinhos espalhados pela ilha.
São tradicionais na ilha a festa e procissão do Senhor Bom Jesus (São Mateus, Madalena), as comemorações da Semana dos Baleeiros (em honra de Nossa Senhora de Lurdes), as do Cais Agosto (no Cais do Pico, em São Roque), a festa de São Roque, as festas de Santa Maria Madalena, a Semana das Vindimas, e as Festas do Espírito Santo.

Economia

Os habitantes do Pico dedicam-se principalmente à agricultura (produtos hortícolas, fruta e cereais), à pesca e à pecuária, esta última muito desenvolvida, em especial no concelho de São Roque do Pico. A vinha, outrora uma das grandes riquezas da ilha, sendo o vinho do Pico exportado para a Inglaterra e para a América do Norte, e que chegou a ser servido à mesa do próprio czar do Império Russo, foi gradualmente afectada pela praga do oídio na segunda metade do século XIX, perdendo importância. A cultura da vinha domina a parte ocidental da ilha, sendo a vinha "Verdelho do Pico" cultivada em pequenas quadrículas de terreno separados por muros de pedra solta de basalto, chamados localmente de "currais", que devido às suas características e extensão (cerca de 2 voltas ao equador do nosso planeta) contribuíram para a classificação como património da humanidade.
As indústrias da ilha estão, na sua quase totalidade, ligadas ao ramo alimentar: lacticínios, pesca, com a maior fábrica de conservas de atum do arquipélago dos açores, destilarias e moagens.
No artesanato destaca-se a escultura em basalto e em osso de baleia, bem como rendas e bordados.



Gastronomia

A gastronomia da ilha é muito rica, nomeadamente no que toca aos produtos do mar. Os crustáceos como a lagosta, o cavaco e o caranguejo, os moluscos, como as lapas e as cracas, as lulas e os polvos servem de base a pratos variados e ricos. Entre os peixes destacam-se espécies como a abrótea, o chicharro, a moreia, a Veja (parecido com o bacalhau), o írio, a salema, o cherne, a garoupa, o espadarte.
As carnes de bovino e suíno encontram-se presentes em pratos da culinária regional como “molha de carne à moda do Pico”, “torresmos”, “linguiças” e “morcelas”. Em termos de laticínios destacam-se os queijos de São João e do Arrife, ambas produzidos a partir do leite de vaca. São consumidos com vinho verdelho, vinho de cheiro ou outros produzidos localmente e pão de massa sovada.
Falar do vinho do Pico, é sinónimo de orgulho. A cultura da vinha está associada aos primeiros tempos do povoamento, nos finais do século XV. O vinho verdelho, a partir da casta do mesmo nome, ganhou reputação mundial ao longo dos séculos, chegando à mesa dos czares russos. A partir do século XIX são introduzidas novas castas que dão origem a vinhos de mesa brancos e tintos. O modo de cultivo, contra a aspereza dos terrenos vulcânicos quase sem terra vegetal, em currais, que são áreas muradas de pedra negra, de muito pequena dimensão, marca igualmente a cultura da Ilha do Pico.
A prova da importância local e mundial é o facto da UNESCO, em Julho de 2004, ter considerado a Paisagem Protegida de Interesse Regional da Cultura da Vinha da Ilha do Pico, criada em 1996, como Património Mundial da Humanidade. Currais, maroiços, que são diversos amontoados de pedra em forma de pirâmide, vinhas e adegas com os seus equipamentos, são elementos emblemáticos da vinha e do vinho».
Em termos de doces destacam-se os pratos de arroz doce, massa sovada e rosquilhas. Em termos de digestivos destacam-se o bagaço do Pico, a aguardente de figo ou um dos vários licores a partir de amora, nêspera ou de uma “angelica”.

Áreas Protegidas

As Áreas protegidas da ilha do Pico tem um total de 157,09 km² em terra e 74,37 km² no mar. Encontram-se catalogadas da seguinte forma:
  • Área de Paisagem Protegida da Cultura da Vinha da Ponta da Ilha, com 2,97 km²,
  • Área de Paisagem Protegida da Cultura da Vinha da Ponta do Mistério, com 0,77 km²,
  • Área de Paisagem Protegida da Cultura da Vinha da Zona Norte, com 17,47 km²,
  • Área de Paisagem Protegida da Cultura da Vinha da Zona Oeste, com 10,09 km²,
  • Área de Paisagem Protegida da Cultura da Vinha de São Mateus e São Caetano, com 1,50 km²,
  • Área de Paisagem Protegida da Zona Central, com 95,18 km²,
  • Área Protegida de Gestão de Recursos da Ponta da Ilha, com 5,95 km²,
  • Área Protegida de Gestão de Recursos do Porto das Lajes, com 1,53 km²,
  • Área Protegida de Gestão de Recursos do Canal Faial e Pico, Sector Pico, com 66,89 km²,
  • Área Protegida de Gestão de Habitats ou Espécies da Lagoa do Caiado, com 1,36 km², (Lagoa do Caiado)
  • Área Protegida de Gestão de Habitats ou Espécies do Mistério de São João, com 0,38 km²,
  • Área Protegida de Gestão de Habitats ou Espécies da Silveira, com 0,13 km²,
  • Área Protegida de Gestão de Habitats ou Espécies das Lajes do Pico, com 0,76 km²,
  • Área Protegida de Gestão de Habitats ou Espécies das Ribeiras, com 0,89 km²,
  • Área Protegida de Gestão de Habitats ou Espécies da Terra Alta, com 1,12 km²,
  • Área Protegida de Gestão de Habitats ou Espécies das Furnas de Santo António, com 0,22 km²,
  • Área Protegida de Gestão de Habitats ou Espécies da Zona do Morro, com 0,37 km²,
  • Monumento Natural da Gruta das Torres, com 0,64 km², (Gruta das Torres)
  • Reserva Natural da Montanha do Pico, com 13,41 km², (Montanha do Pico)
  • Reserva Natural das Furnas de Santo António, com 0,002 km²,
  • Reserva Natural do Caveiro, com 2,66 km²,
  • Reserva Natural do Mistério da Praínha, com 7,16 km²,
  • Zona Especial de Conservação das Lajes do Pico, com 1,43 km²,
  • Zona Especial de Conservação dos Ilhéus da Madalena, com 1,43 km², (Ilhéus da Madalena)
  • Zona Especial de Conservação da Ponta da Ilha, com 3,98 km²,
  • Zona Especial de Conservação da Montanha do Pico, Praínha e Caveiro, com 84,63 km²,
  • Zona de Protecção Especial das Furnas de Santo António, com 0,13 km²,
  • Zona de Protecção Especial das Lajes do Pico, com 0,65 km²,
  • Zona de Protecção Especial da Ponta da Ilha, com 2,94 km²,
  • Zona de Protecção Especial da Zona Central do Pico, com 60,19 km²,
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Ilha do Faial

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
 

Coordenadas: 38° 34' 37" N, 28° 42' 10" W
Mapa da ilha do Faial mostrando a divisão administrativa (freguesias) e a localização da cidade da Horta.
Costa da ilha do Faial com o Morro de Castelo Branco ao fundo, vista do Monte da Guia.
A ilha do Faial situa-se no extremo ocidental do Grupo Central do arquipélago dos Açores, separada da ilha do Pico por um estreito braço de mar com de 8,3 km (ou 4,5 milhas náuticas) de largura, conhecido por canal do Faial. A ilha tem a forma aproximada de um pentágono irregular, com 21 km de comprimento no sentido leste-oeste e uma largura máxima de 14 km, a que corresponde uma área de 172,43 km². A população residente é de 15 063 habitantes (2001), a maioria dos quais na Horta, cidade onde se localiza o parlamento açoriano e sede do único concelho da ilha. O clima é temperado oceânico, com temperaturas médias anuais do ar que oscilam entre os 13º C no Inverno e os 22°C no Verão, com frequentes vendavais e uma humidade relativa do ar em média acima dos 79%. A ilha é servida pelo Aeroporto da Horta, com ligações aéreas regulares para as restantes ilhas e para o exterior do arquipélago. O Porto da Horta foi um importante entreposto nas ligações marítimas e aéreas (hidroaviões) e por cabo submarino no Atlântico Norte, mantendo uma actividade relevante como porto comercial e local de escala de iates nas travessias entre o continente americano e a Europa. A ilha é localmente conhecida por ilha Azul, designação que foi popularizada a partir da descrição de Raul Brandão em Ilhas Desconhecidas.

Jardim Botânico do Faial

 
Localizado numa antiga exploração agrícola de pastagens e pomares de laranjeiras da Quinta de São Lourenço, no Vale dos Flamengos, o Jardim Botânico do Faial está aberto ao público desde 1986.
Com uma área de cerca de 8 000 m2, o Jardim presta um importante contributo científico, pedagógico, ecológico e de lazer. A sua função, para além de ser um local aprazível com beleza ímpar e de visita obrigatória, está primordialmente ligada à manutenção de uma coleção de plantas vivas associada à conservação botânica, onde se destaca a conservação de sementes de espécies endémicas e sua propagação, recuperação de habitats e sensibilização para a importância da riqueza florística natural dos Açores.

Neste Jardim poderá encontrar uma área destina às plantas nativas dos Açores (arboreto e herbáceas), uma área dedicada às plantas aromáticas e medicinais, usadas tradicionalmente em curas e culinária. Disponibiliza, também, aos seus visitantes, uma coleção viva de plantas oriundas de outros pontos do mundo, as chamadas plantas exóticas (ornamentais e exóticas), entre as plantas ornamentais destacam-se um orquidário com cerca de 30 espécies destas plantas. Existe igualmente um espaço dedicado às culturas agrícolas com representatividade, no passado, em termos de economia regional.

O Jardim Botânico dispõe igualmente de um núcleo situado na freguesia de Pedro Miguel, a 400 m de altitude. Nesta nova área com 60 000 m2 está a proceder-se à recuperação de habitats e espécies características da Laurissilva húmida e super-húmida. Para além do importante papel científico, esta zona possui também um elevado valor paisagístico. Embora, contudo, não se encontre ainda disponível para visitas regulares.



Serviços
Visita guiada; Guião de Visita Autónoma; Exposição permanente; Auditório; Projeção de filme/documentário; Quiosque Multimédia; Biblioteca; Área infantil; Bilheteira; Loja; Cafetaria; Multibanco; Instalações sanitárias adaptadas;  Parque de estacionamento.

Horários
16 de setembro a 14 de junho
ter a sex: 09H30 - 13H00 | 14H00 - 17H30
sáb: 14H00 - 17H30
Encerrado: dom | seg | feriados1 | terça carnaval | domingo páscoa | 24 e 31 dezembro
Visitas guiadas: por marcação

15 de junho a 15 de setembro
todos os dias: 10H00 - 18H00
Visitas guiadas: 10H00 | 14H30

1Abre nos feriados de sexta-feira Santa; 25 de abril, 1 de maio; 10 de junho; das 14H00 - 17H30, exceto se coincidem com domingos ou segundas-feiras

A entidade gestora reserva-se o direito de fechar o estabelecimento, conforme as condições meteorológicas.

Preços
Bilhete Completo: 3,50€
Bilhete Família (2 adultos com crianças até 17 anos): 6€

Descontos
Criança (até 12 anos): Grátis
Júnior (13 a 17 anos): 1,75€
Sénior (+ 65 anos): 1,75€
Cartão-Jovem; Interjovem; Cartão de Estudante; Cartões em Parceria: 2,80€

Contactos
Morada: Rua de S. Lourenço, nº 23, Flamengos, 9900 - 401 Horta
Telf.:(+351) 292 948 140
E-mail: pnfaial.jardimbotanico@azores.gov.pt

Como chegar
Siga pela estrada regional em direção à freguesia dos Flamengos. Junto à Quinta de São Lourenço irá encontrar sinalização a indicar a entrada do Jardim Botânico.

Coordenadas GPS
38º33'3,178'' N | 28°38'26,064'' O

Geomorfologia e geologia

 Vista actual do vulcão dos Capelinhos.
Com uma forma quase pentagonal, a ilha emergiu de uma fractura tectónica de orientação ONO-ESE – a mesma que deu origem à Ilha do Pico –, denominada Fractura Faial Pico, uma estrutura do tipo falha transformante leaky que se desenvolve ao longo de 350 km, desde a Crista Média do Atlântico (CMA) até uma área de fundos aplanados sita a sul da Fossa Hirondelle.
Constituída integralmente por materiais vulcânicos, a ilha do Faial estrutura-se em torno de um grande vulcão central, em cujo centro se situa uma profunda caldeira, com relevos muito jovens, pouco trabalhados pela erosão e pelo tectonismo. A presença dessa grande formação central, denominada Maciço da Caldeira (ou Serra da Feteira, nome em geral aplicado apenas ao seu bordo sul) faz com que as elevações da ilha convirjam, de um modo geral, para o centro da ilha, culminando no Cabeço Gordo, uma elevação sita no bordo sul da Caldeira com 1 043 metros de altitude acima do nível médio do mar, a altura máxima na ilha.
O Pico, visto da Espalamaca, Faial.
No topo do Maciço da Caldeira, abre-se uma grande cratera de abatimento – a Caldeira – quase perfeitamente circular e com cerca de 2 000 m de diâmetro no seu bordo interior. No fundo da Caldeira, a cerca de 570 metros acima do nível médio do mar e mais de 400 m abaixo da cumeeira, existe uma zona plana, quase perfeitamente circular, albergando no seu centro um pequeno cone rodeado por pequenos lagos e zonas pantanosas. Todo o interior da Caldeira, com as suas paredes quase verticais, é revestido por vegetação luxuriante, avultando diversas espécies da flora da Macaronésia, algumas das quais endémicas nos Açores.
Interior da ilha do Faial,
ilha do Pico ao fundo, Vista parcial.
Paisagem da ilha do Faial.

Paisagem da ilha do Faial.
As faldas do Maciço da Caldeira são assimétricas, consequência das diferenças em idade das formações, da existência de vulcanismo secundário e da superimposição no relevo de estruturas tectónicas resultantes das tensões associadas à presença da Fractura Faial Pico, a formação que comanda a geomorfologia de toda esta região do arquipélago. Neste contexto, podem ser individualizadas três formações distintas:
  • O Relevo Falhado da Costa Este, uma região profundamente trabalhada pela tectónica que ocupa todo o sector es-nordeste e norte da ilha, desde a Espalamaca até aos Cedros. Esta formação caracteriza-se pela presença de uma complexa estrutura tectónica, dominada por falhas sensivelmente paralelas, de direcção ONO-ESSE, manifestação local da Fractura Faial-Pico. Algumas destas falhas apresentam grandes rejeitos, com levantamentos em horst (localmente chamados Lombas) e afundamentos em graben, ladeados por grandes falésias de blocos rochosos expostos. Em resultado dessa actividade tectónica surgiram vários cones periféricos com derrames lávicos associados, instalados ao longo das linhas de fractura. Esta é a região mais antiga da ilha (com formações que excedem os 800 000 anos de idade), e aquela em que têm sido mais frequentes os sismos destrutivos. O graben da Praia do Almoxarife é uma formação imponente, mergulhando no mar sob a pequena praia que deu nome ao lugar, ladeado por falhas que continuam a libertar grandes quantidades de gases, com destaque para o dióxido de carbono.
  • Plataforma da Horta —
  • Complexo vulcânico do Capelo —

História Geológica

A história geológica da ilha do Faial compreende três grandes períodos:

Período Pré-Caldeira

Pertence ao período pré-Caldeira, o complexo vulcânico da Ribeirinha, datado em 800 mil anos antes do presente, a parte mais antiga da ilha, sita na sua região nordeste. Imediatamente para noroeste daquele, surge o complexo vulcânico dos Cedros, com cerca de 580 mil anos de idade. Para oeste e sudoeste desta região, seguindo a tendência comum nas ilhas sitas a leste da Crista Média do Atlântico de crescer para oeste, entre cerca de 400 mil anos atrás e até há cerca de 10 mil anos, foi-se desenvolvendo um gigantesco cone vulcânico de tipo escudiforme, essencialmente constituído por derrames lávicos resultantes de uma actividade eruptiva predominantemente efusiva. em resultado dessa massa e da presença da Fractura Faial-Pico, há cerca 50 mil anos instalou-se no flanco leste da ilha uma importante actividade tectónica e vulcânica fissural, que deu origem ao denominado Relevo Falhado da Costa Este. Esta formação constitui um relevo falhado, com levantamento (horst) e afundamento (graben) de grandes blocos separados por falésias quase verticais, pontuado por cones secundários instalados sobre as zonas de fractura.

Formação da Caldeira

Caldeira, Faial.
Há 10 mil anos, deu-se uma mudança de estilo eruptivo do vulcão central, entrando numa fase quase exclusivamente explosiva, a qual foi responsável pelos vastos depósitos de pedra-pomes e outros materiais piroclásticos que cobrem quase toda a ilha. Durante esta fase ocorreu o colapso da parte mais alta do vulcão, com afundamento do topo da câmara magmática, originando a formação da actual Caldeira. O colapso parecer ter ocorrido em dois episódios distintos: o primeiro ocorreu no topo da montanha, desenvolvendo-se para o seu interior; o segundo foi originado por um violenta erupção do tipo pliniano, com libertação de uma nuvem ardente. O abatimento da caldeira terá ocorrido ao mesmo tempo ou imediatamente depois dessa erupção, a qual recobriu mais de 40% da superfície da ilha com uma espessa camada de materiais piroclásticos, mais pujante para norte e leste do centro eruptivo. A maior parte da cobertura vegetal, se não a sua totalidade, foi destruída. A erupção foi acompanhada por poderosas enxurradas, que resultaram da precipitação intensa induzida pela condensação em torno das poeiras vulcânicas presentes na atmosfera, sobre um relevo íngreme caracterizado pela inconsistência do solo. Nas falésias da Praia do Norte encontram-se vestígios desses movimentos de massa.

Período Pós-Caldeira

Vista do Monte da Espalamaca,
a ilha do Pico do outro lado do Canal.
Farol dos Capelinhos.
Do período anterior resultou a Caldeira, constituída pela acumulação de materiais de projecção – pedra pomes e cinzas – que atingem notável espessura nas proximidades do bordo da cratera, diminuindo gradualmente à medida que se afastam da caldeira. A formação, talvez devido à sua juventude, tem mostrado relativa estabilidade, embora as suas encostas leste e norte apresentem claros sinais de múltiplos deslizamentos de terras, alguns dos quais (como o que resultou do sismo de 9 de Julho de 1998) já ocorridos depois do povoamento da ilha. O interior da caldeira mantém vulcanismo activo, como testemunha a erupção, com derrame lávico no seu interior, ocorrida há cerca de mil anos, e a actividade freato-vulcânica patente durante a erupção do vulcão dos Capelinhos, em 1957-1958. Embora se desconheça a idade do pequeno cone no seu interior, e se estará relacionado com o complexo vulcânico do Capelo, segundo a descrição Gaspar Frutuoso (1570-1580), a Caldeira manteve-se praticamente idêntica até à erupção dos Capelinhos, quando, no decurso da crise sísmica de Maio de 1958, se abriram fendas no seu interior que romperam a impermeabilização do fundo da Caldeira. Este facto levou ao escoamento da água dos pequenos lagos ali existentes para interior do cone central, desencadeando violentas explosões freáticas e a ocorrência de actividade fumarólica temporária. Em resultado do sismo de 9 de Julho de 1998, deram-se derrocadas nas paredes quase verticais da cratera. Também pertence a este período a formação do complexo vulcânico do Capelo, datado de cerca de 5 000 anos atrás, resultado de uma importante actividade vulcânica fissural ao longo de uma linha de factura que produziu um alinhamento de cones. Naquela região, para oeste da Caldeira, registaram-se duas erupções históricas que destruíram as freguesias do Capelo e da Praia do Norte:
  • A erupção do Cabeço do Fogo, em 1672-1673.
  • A erupção na Ponta dos Capelinhos, em 1957-1958, esta acompanhada pelo aparecimento de fumarolas no fundo da Caldeira, em Maio de 1958.
Durante o século XX, a ilha registou fortes sismos em 31 de Agosto de 1926, em 13 de Maio de 1958 (associado à erupção dos Capelinhos), em 23 de Novembro de 1973 e a 9 de Julho de 1998.
Informações recolhidas por pescadores apontam para a ocorrência de uma erupção vulcânica submarina a 22 de Julho de 2007, num segmento próximo da Crista Média-Atlântica, a cerca de 180 km a sudoeste da Ponta da Capelinhos, na ilha do Faial. O evento foi detectado a partir do equipamento de sonar de uma embarcação, tendo na ocasião sido recolhidos alguns cabos com vestígios de terem sido expostos a altas temperaturas.
O Centro de Vulcanologia e Avaliação de Riscos Geológicos dos Açores, conjuntamente com o Departamento de Oceanografia e Pescas da Universidade dos Açores, informou que esta ocorrência não foi acompanhada por qualquer actividade sísmica registada nas estações do arquipélago, resultado da baixa magnitude dos eventos que normalmente se encontram associados a estes fenómenos e à distância de terra a que o episódio se desenvolve.

História

Vista da zona ribeirinha da cidade da Horta.

Descoberta e povoamento

Marina da Horta, aspectos.
Marina da Horta, aspectos.
Interior montanhoso da ilha do Faial.
Na cartografia do século XIV, a ilha aparece pela primeira vez individualizada no Atlas Catalão (1375-1377) identificada como "Ilha da Ventura". Gonçalo Velho Cabral, em 1432, terá achado as ilhas do Grupo Central. Diogo de Teive passa ao largo da Ilha do Faial na sua primeira viagem de exploração para ocidente dos Açores, em 1451. Em 1460, no testamento do Infante D. Henrique, encontra-se referida como "ilha de São Luís [de França]". O seu atual nome deve-se à abundância das chamadas faia-das-ilhas (Myrica faya) aquando do seu povoamento.
O historiador padre Gaspar Frutuoso afirma que o primeiro povoador da ilha terá sido um eremita vindo do Reino. Este vivia só apenas com algum gado miúdo que na ilha deitaram os primeiros povoadores (em 1432?), e mais tarde, os moradores da ilha Terceira. "Somente no Verão iam pessoas da Terceira a suas fazendas e visitar seus gados e comunicavam com este ermitão". Ele acabaria por desaparecer ao fazer a travessia do canal do Faial para ir até à ilha do Pico, numa pequena embarcação revestida de couro.
O único relato coevo conhecido da primeira expedição à ilha do Faial é de autoria de Valentim Fernandes da Morávia. Ele informa que o confessor da Rainha de Portugal, Frei Pedro, indo à Flandres, como embaixador junto da Duquesa de Borgonha, Infanta D. Isabel de Portugal, relacionou-se com um nobre flamengo chamado Joss van Hurtere, ao qual contou "como se acharam as ilhas em tal rota e que havia nelas muita prata e estanho (porque para ele, as ilhas dos Açores eram as supostas ilhas Cassitérides)". Hurtere convenceu 15 homens de bem, trabalhadores, "dando a mesmo a entender, de como lhes faria ricos" caso o acompanhassem.
Por volta de 1465, Hurtere desembarcou pela primeira vez na ilha, com aqueles 15 flamengos, no areal da enseada da Praia do Almoxarife. Permaneceram na ilha durante 1 ano, na Lomba dos Frades, até que se esgotaram os mantimentos que tinham trazido. Revoltados por não encontrarem nada do que lhes fora prometido, os seus companheiros andaram para o matar, e Hurteve valeu-se de esperteza para escapar da ilha, retornando para a Flandres comparecendo novamente perante a Duquesa da Borgonha. (Frei Agostinho de Monte Alverne. Crónicas da Província de São João Evangelista.)
Por volta de 1467, Hurtere regressou numa nova expedição, organizada sob o patrocínio da Duquesa da Borgonha. Ela mandou homens e mulheres de todas as condições, e bem assim como padres, e tudo quanto convém ao culto religioso, e além de navios carregados de móveis e de utensílios necessários à cultura das terras e à construção de casas, e lhes deu, durante 2 anos, tudo aquilo de que careciam para subsistir, segundo legenda feita pelo geógrafo alemão Martin Behaim no Globo de Nuremberga. Valentim Fernandes acrescenta um pormenor, por rogo da dita Senhora, os homens que mereciam morte civil mandou que fossem degredados para esta ilha.
Não satisfeito com o local original, Hurtere decidiu contornar a Ponta da Espalamaca. Próximo do local de desembarque mandou erguer a Ermida de Santa Cruz (no local onde hoje existe a Igreja de N. Sra. das Angústias). Hurtere regressou a Lisboa e casou-se com D. Beatriz de Macedo, criada da Casa do Duque de Viseu. O Infante D. Fernando, Duque de Viseu e Mestre da Ordem de Cristo, fez-lhe doação da Capitania do Faial, em 21 de Março de 1468. Por volta de 1470, desembarcou Willem van der Haegen, que aportuguesou o seu nome para Guilherme da Silveira, liderando uma segunda vaga de povoadores. O rápido crescimento económico da ilha ficou a dever-se à cultura de trigo e do pastel.
Em 29 de Dezembro de 1482, a Infanta D. Beatriz incorporou à Capitania do Faial a ilha do Pico.

Do século XVI aos nossos dias

No contexto da Dinastia Filipina, na sequência da queda da Terceira após o Desembarque da Baía das Mós (1583), D. Álvaro de Bazán enviou para o Faial, último território português que ainda recusava, de armas em punho, obediência a Filipe I de Portugal, uma expedição sob o comando de D. Pedro de Toledo. Repelida pelo fogo do Forte de Santa Cruz da Horta, um corpo de homens de armas desembarcou no sítio do Pasteleiro. Após escaramuças, as forças portuguesas, reforçadas por mercenários franceses foram derrotadas. O Capitão-mor do Faial, António Guedes de Sousa, foi executado às portas do forte.
Subjugada a ilha, aqui foi deixada uma guarnição composta por uma companhia de soldados predominantemente espanhóis, sob o comando de D. António de Portugal. No ano seguinte (1584), incapaz de controlar a insubordinação dos seus soldados, causada principalmente pela falta de pagamento dos soldos este oficial foi substituído no comando pelo capitão Diego Suarez de Salazar (FRUTUOSO, 1998:109-110).
Essa guarnição impediu, em 1587, com o fogo da artilharia do Forte de Santa Cruz, corsários ingleses de apresar um navio oriundo das ilhas de Cabo Verde, fundeado ao abrigo das suas muralhas.
Poucos anos mais tarde, com o aumento da ameaça inglesa nas águas dos Açores, e visando reforçar as defesas concentradas na Terceira, o Mestre-de-Campo Juan de Horbina, governador do terço espanhol sediado em Angra, escreveu ao rei a questioná-lo sobre a eficácia e o perigo da permanência, na Horta, de uma companhia com apenas 168 soldados em um castelo fraco e sem defesa. Em resposta, foi autorizado a que o destacamento na Horta recolhesse a Angra, transportando consigo a artilharia de bronze, o que foi feito em abril de 1589, tendo a defesa sido deixada a cargo da Câmara Municipal da Horta, a quem foi confiada a artilharia de ferro, arcabuzes e piques, com algumas munições para levantamento e armamento das companhias de Ordenanças.
Desse modo, em 20 de setembro daquele mesmo ano, a armada de corsários ingleses sob o comando de Sir George Clifford, conde de Cumberland, perante a recusa do recém-nomeado alcaide do Forte de Santa Cruz, Gaspar de Lemos Faria, em pacificamente permitir aguada e o reabastecimento de víveres, fez desembarcar trezentos homens na praia da Lagoa. esta força, durante uma semana saqueou o Faial e ocupou o forte, entretanto abandonado pelo alcaide, tendo levado a artilharia ali deixada pelos espanhóis
A vila seria novamente saqueada, em 1597, por Sir Walter Raleigh, da armada sob o comando de Robert Devereux, 2º conde de Essex.
Posteriormente, um grande sismo em 1672, causou extensos danos à ilha.
No século XIX, no contexto da Guerra Civil Portuguesa (1828-1834), quando da ofensiva liberal do 7.º conde de Vila Flor (1831), ao preparar-se para desembarcar na ilha, surgiu uma corveta miguelista, o que levou o conde de Vila Flor a julgar mais prudente retirar para a Terceira para obter reforços. Retornada a expedição, a ilha foi ocupada pelos liberais. Viria a receber a visita de D. Pedro IV em 1832. Este soberano elevou a então vila da Horta a cidade (a terceira no arquipélago) no ano seguinte (1833).
Nesse período, a sua posição estratégica no oceano Atlântico e a existência de um excelente porto abrigado atraiu, até cerca de 1860, não apenas os navios do comércio da laranja, mas principalmente os baleeiros estadunidentes que aí iam reabastecer-se. Também por essa razão, a ilha tornou-se um centro de ligação dos cabos submarinos que ligavam a Europa à América.
No início do século XX a ilha do Faial participou nos primeiros passos da aviação.
No contexto da Primeira Guerra Mundial a cidade da Horta sofreu bombardeamento por parte do Império Alemão (Dezembro de 1916). Ainda à época do conflito, ocorreu a inauguração do Peter Café Sport (1918).
Mais recentemente, destacou-se a erupção do Vulcão dos Capelinhos (1957-1958).

Cronologia

"Fayal": mapa do assalto do duque de Cumberland à Horta (Setembro de 1589). No detalhe, o assalto ao forte.
  • 1375-1377 - a ilha encontra-se figurada no Atlas Catalão, identificada como "Ilha da Ventura".
  • 1432 - Gonçalo Velho Cabral terá alcançado as ilhas do Grupo Central, deitando-lhes gado miúdo, conforme instruções do Infante D. Henrique.
  • 1451 - Diogo de Teive passa ao largo do Faial na sua primeira viagem de exploração para Oeste dos Açores.
  • 1465 - Joss van Hurtere desembarca no Faial com 15 flamengos, em busca de metais preciosos. Permanecem cerca de um ano.
  • 1467 - Retorno de van Hurtere com povoadores.
  • 1468 (21 de março) - O Infante D. Fernando doa a van Hurtere a Capitania do Faial.
  • c. 1470 - Willem van der Haegen (aportuguesado para Guilherme da Silveira) aporta à ilha liderando a segunda vaga de povoadores.
  • 1589 (Setembro) - Desembarque e saque do Faial pelo duque de Cumberland.
  • 1597 – Desembarque e saque do Faial pela armada (140 velas) sob o comando de Robert Devereux, 2º conde de Essex.
  • 1672-1673 - Erupção vulcânica do Cabeço do Fogo, na baía do Norte.
  • 1675 - o capitão-mor Jorge Goulart Pimentel faz prolongar a muralha da cidade, ligando-a ao Castelo de Santa Cruz.
  • 1893 - instalação do primeiro cabo telegráfico submarino, entre Carcavelos (no Continente) e a Horta.
  • 1918 - inauguração do Peter Café Sport
  • 1926 (31 de agosto) - forte sismo.
  • 1957-1958 - erupção do Vulcão da ponta dos Capelinhos.
  • 1958 - forte sismo, em conexão com a erupção vulcânica dos Capelinhos.
  • 1973 (23 de Novembro) - forte sismo.
  • 1998 (9 de julho) - forte sismo atinge 5,8 na escala de Richter.

Tradições, Festas e Curiosidades

A ilha do Faial é a mais frequentemente associada à mítica ilha paradísiaca das viagens de São Brandão conforme relatado nas diversas Navigatio Sancti Brendani de cariz lendário atribuídas a este, derivadas da sua biografia.
Festa do Sr. Santo Cristo da Praia do Almoxarife (1 de Fevereiro); Festa de São João Baptista, padroeiro da nobreza da ilha (24 de Junho), Festas do Culto do Divino Espírito Santo; Festa de Nossa Senhora das Angústias, Semana do Mar; Festa de Nossa Senhora da Graça, na Praia do Almoxarife; Festa de Nossa Senhora de Lourdes, na Feteira, Festa de Santa Cecília, na Matriz, padroeira dos músicos (25 de Novembro), Festa de Santa Catarina de Alexandria de Castelo Branco (), Festa de Nossa Senhora da Conceição (8 de Dezembro);
A nível de artesanato destacam-se as miniaturas em miolo de figueira que retratam cenas do dia-a-dia, edifícios, flores, animais e pequenos navios, sendo Euclides Silveira da Rosa, o mestre mais conhecido desta arte. A arte popular também engloba esculturas em osso de cachalote, objectos em vime, os bordados de crivo, bordados em ponto de cruz, bordados a palha de trigo sobre tule; as flores de escama de peixe, as toalhas de papel recortado e chapéus e bolsas de palha. Não deixe de conhecer no Capelo, a Escola de Artesanato, pelo trabalho desenvolvido na divulgação do artesanato local e regional, bem como na formação de novos artesãos.

Personalidades de destaque

Dentre as personalidades ligadas à ilha que mais se distinguiram destaca-se:
  • Martin Behaim, cosmógrafo e humanista;
  • António José de Ávila, duque de Ávila e Bolama;
  • António Ferreira de Serpa, genelogista e historiador;
  • Manuel de Arriaga, político e 1.º Presidente da República Portuguesa;
  • João José da Graça, jornalista;
  • Florêncio Terra, escritor;
  • Osório Goulart, intelectual eclético e poeta;
  • D. frei Alexandre da Sagrada Família, poeta e bispo de Angra;
  • Marcelino Lima, historiador;
  • António José de Ávila, 2.º Marquês de Ávila, militar e geodesista;
  • José de Arriaga, historiador.

Economia

A ilha do Faial tem um setor primário forte na área da agro-pecuária e em que a área agrícola ocupa 28% da área total da ilha. O cultivo é praticado em pequenas explorações, destacando-se as culturas forrageiras, a horta familiar, as culturas de citrinos, bananas, trigo e milho. Na pecuária, destaca-se a criação de gado suíno e bovino. A actividade piscatória, nomeadamente a pesca do atum, é outro pilar importante na sua subsistência. Outrora, a indústria baleeira (caça à Baleia) foi outra fonte da sua subsistência.
Apresenta uma baixa densidade florestal, de 14,1%, que corresponde a uma área florestal de 645 ha, salientando-se a faia-das-ilhas, para além de cedros-do-mato, zimbros e fetos. Quanto ao sector secundário, é de referir uma moderna indústria – de lacticínios, de carnes de muita boa qualidade e de panificação. No sector terciário, o Turismo é a actividade económica de maior importância na ilha, que resulta fundamentalmente do movimento gerado pela passagem dos veleiros e cruzeiros que atravessam o Atlântico Norte e do turismo sazonal às ilhas. Dispõe de várias e excelentes instalações hoteleiras com pessoal qualificado, e regista-se o grande interesse no desenvolvimento do turismo rural e do eco-turismo.
As principais actividades e atracções turísticas que se podem encontrar no concelho consiste no hipismo, desportos náuticos, excursões de observação de cetáceos (baleias, cachalotes e golfinhos), mergulho e fotografia subaquática, bem como passeios pedestres e marítimos.
Está prevista a construção de um campo de golfe em terrenos já adquiridos nos arredores da cidade, bem como um edifício e de raiz para Gare Marítima e respectivo cais.





Horta

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Horta
Brasão de Horta Bandeira de Horta
Brasão Bandeira
Cidhorta.jpg
Cidade da Horta
Localização de Horta
Gentílico Hortense; Faialense
Área 172,43 km2
População 14 994 hab. (2011)
Densidade populacional 86,96 hab./km2
N.º de freguesias 13
Presidente da
Câmara Municipal
José Leonardo (PS)
Fundação do município 1498
Região Autónoma Região Autónoma dos Açores
Ilha Ilha do Faial
Antigo Distrito Horta
Orago SS.º Salvador da Horta
Feriado municipal 24 de Junho (São João)
Código postal 9900-977 Horta
Site oficial www.cmhorta.pt
Municípios de Portugal Flag of Portugal.svg

A Horta é uma cidade portuguesa com cerca de 8800 habitantes da Região Autónoma dos Açores. É sede do Parlamento regional e de um concelho do mesmo nome, que ocupa toda a superfíce da Ilha do Faial, com uma superfíce total de 172,43 km² com 14 994 habitantes (em 2011). Tem uma densidade populacional de 86,96 hab./km². O concelho mais próximo é o da Madalena, na Ilha do Pico.


História da Horta

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
"Vista da Baía da Cidade da Horta na Ilha do Faial, cerca de 1842". Panorama de Purrington & Russel, New Bedford Whaling Museum.
Existem duas teorias sobre a origem do topónimo "Horta". Uma sustenta que ele deriva do apelido flamengo do seu 1.º Capitão-donatário, Joss van Hurtere e outra - que parece mais plausível de vez que que "Hurtere" derivou para "Utra" e depois "Dutra" -, de que o topónimo terá surgido pelas variadas hortas e jardins que à época já existiam na ilha. Como a palavra "jardim" ainda não existia no antigo vocabulário, "horta" servia para englobar culturas, flores e árvores. É esta a opinião que encontra maior consenso entre os mais antigos historiadores faialenses e como defende Osório Goulart, escritor e filólogo faialense.

 Geografia

Cidade da Horta, vista parcial do
cimo do Miradouro de Nossa
Senhora da Conceição.
A Cidade da Horta situa-se na costa Sudeste da Ilha do Faial, com cerca de 6 400 habitantes (em 2001). A área total ocupada pelas 3 freguesias da cidade (Angústias, Conceição e Matriz) é de 8,48 km². A cidade, disposta em anfiteatro virado para a Montanha do Pico, é beneficiada a Sul pela Baía de Porto Pim, (que abriga a Praia de Porto Pim), protegida pelo Monte da Guia (145 metros) e Monte Queimado (89 metros), e a Norte, situa-se a ampla Baia da Horta abrigada pela Lomba da Espalamaca.
É uma das sedes da Administração Regional e sede da Assembleia Legislativa Regional dos Açores. É sede do Departamento de Oceanografia e Pescas (sigla DOP) da Universidade dos Açores. Possui um Observatório Meteorológico e uma Estação Radionaval da Marinha.
Cidade da Horta, vista parcial.
No interior do Porto Comercial, situa-se a famosa Marina da Horta, o primeiro porto de recreio a ser inagurado nos Açores. É paragem obrigatória dos milhares de iates e veleiros que atravessam o Atlântico Norte. Em resultado disso, serão ampliadas as infraestruturas da Marina, construída uma nova Gare Marítima e ampliado o edifício do Clube Naval da Horta.
 
NOVAS INSTALAÇÕES DO DEPARTAMENTO DE OCEANOGRAFIA E PESCAS
Departamento de Oceanografia e Pescas (sigla DOP) da Universidade dos Açores
 Em Janeiro de 2010 foram inauguradas as novas instalações do Departamento de Oceanografia e Pescas da Universidade dos Açores. Esta infra-estrutura veio beneficiar as condições do ensino universitário, promovendo uma melhor dinâmica dos grupos e uma interacção intelectual mais alargada, ao disponibilizar salas de reunião e salas de aula, para cursos e seminários de pós-graduação, e ao proporcionar as condições para a certificação dos laboratórios. As novas instalações permitem, à Universidade dos Açores, uma internacionalização mais eficaz da investigação científica no domínio das ciências do mar.

Cidade da Horta vista da Baía.
Merecem referência os jardins e espaços verdes emblemáticos da cidade, como o Jardim da Praça do Infante, o Jardim Eduardo Bulcão, o Largo Duque de Ávila e Bolama, o Jardim Florêncio Terra, o Parque Municipal da Alagoa e o Jardim da Praça da República que data de 1903.
Junto da cidade, situa-se a área de Paisagem Protegida do Monte da Guia (73 ha) e onde se localiza a Ermida de Nossa Senhora da Guia, na Quinta de São Lourenço, situa-se o Jardim Botânico do Faial.
É servida por um moderno Aeroporto Internacional. Dispõe de ligações aéreas regulares directas para Lisboa pela Sata e inter-ilhas (SATA Air Açores). Existem ainda ligações marítimas durante todo o ano entre a ilha do Pico e a ilha de São Jorge (Transmaçor). E no Verão, existem ligações regulares com as restantes ilhas, com excepção da Ilha do Corvo.

 Tradições, festas e curiosidades

 Vista parcial da cidade da
Horta vista do Monte da Espalamaca.
 Sociedade Amor da
Pátria, cidade da Horta.
Na cidade da Horta, para além das festas do Culto do Divino Espírito Santo nos seus diveros Impérios; merece um especial destaque: Dia da Cidade (4 de Junho); Festa de São João [Baptista] da Caldeira, o padroeiro da nobreza da ilha (24 de Junho); Festa de Nossa Senhora do Carmo (16 de Julho); a Semana do Mar, na 1.ª semana de Agosto; a Festa de Nossa Senhora das Angústias (11 de Outubro); a Festa de Santa Cecília, padroeira dos músicos (25 de Novembro); e a Festa de Nossa Senhora da Conceição (8 de Dezembro). O Dia da Autonomia celebra-se a 12 de Junho. No dia de São João Baptista, 24 de Junho, celebra-se o Feriado Municipal.

Freguesias

O concelho da Horta é formado por 13 freguesias:
Coordenadas: 38° 32' N 28° 38' O
  • Angústias
  • Capelo
  • Castelo Branco
  • Cedros
  • Conceição
  • Feteira
  • Flamengos
  • Matriz
  • Pedro Miguel
  • Praia do Almoxarife
  • Praia do Norte
  • Ribeirinha
  • Salão

Museus

Café Peter Sport, Horta
A nível de espaços museulógicos na cidade, destaca-se o Museu Regional da Horta, instalado em parte do antigo Colégio dos Jesuítas, o Museu de Arte Sacra, a instalar junto da Igreja de N. Sra. do Carmo, o internacional Peter Café Sport com o seu Museu de Scrimshaw, o Museu do Desporto, a instalar na antiga Escola Leal da Silva e o Centro do Mar, na antiga Fabrica da Indústria Baleeira de Porto Pim. Na Lomba da Espalamaca, situa-se os Moinhos Faialenses, o Monumento à Imaculada Conceição e os bunkeres de Artilharia de Costa.
No interior do Porto e nos pontões da Marina da Horta, figuram imensas pinturas que constituem um verdadeiro de museu ao ar livre, que se vai renovando ao sabor da imaginação dos navegadores que por ela escalam. Tem ainda um parque das âncoras, junto ao Forte de Santa Cruz MN.
Nos Flamengos, situa-se o Jardim Botânico do Faial, na Quinta de São Lourenço. Mediante marcação com uma antecedência de 8 dias, poderá visitar o Aeroporto da Horta, em Castelo Branco. Existe ainda o Museu Geológico do Vulcão, no Capelo, e o Museu Etnográfico dos Cedros. Pretende-se criar em Pedro Miguel, um Museu Etnográfico.

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Ilha das Flores (Açores)

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Coordenadas: 39° 26' 26" N 31° 13' 9" O
Sedes de concelho: Santa Cruz das Flores e Lajes das Flores


Vista parcial da Fajã Grande
Localização da ilha das Flores
A freguesia da Fajãzinha, na costa
ocidental da ilha das Flores

Paisagem, do Interior da ilha das Flores



Cascata do Poço do Bacalhau, Fajã Grande
A ilha das Flores situa-se no Grupo Ocidental do arquipélago dos Açores, sendo a maior das ilhas que compõem aquele grupo. Ocupa uma área de 141,7 km², na sua maior parte constituída por terreno montanhoso, caracterizado por grandes ravinas e gigantescas falésias.
O ponto mais alto da ilha é o Morro Alto, a 914 metros de altitude. A população residente é de 3 995 habitantes (2001), repartindo-se pelos concelhos de Santa Cruz e Lajes das Flores. É frequentemente considerada como o ponto mais ocidental da Europa (obviamente fora do continente europeu) e uma das mais belas do arquipélago, cobrindo-se de milhares de hortênsias de cor azul, que dividem os campos ao longo das estradas, nas margens das ribeiras e lagoas.

Da descoberta e povoamento

Cascata do Poço do Bacalhau, Fajã Grande
As ilhas do Grupo Ocidental do arquipélago dos Açores - Flores e Corvo - foram encontradas em 1452, quando do retorno da viagem de exploração de Diogo de Teive e seu filho, João de Teive, à Terra Nova. No início do ano seguinte, a 20 de janeiro de 1453, Afonso V de Portugal fez a doação das ilhas de "Corvo Marini" ao seu tio, Afonso I, Duque de Bragança. Nesse documento de doação não é mencionada a ilha das Flores, uma vez que, à época, não tinha um nome. Entretanto era esta a ilha doada, uma vez que a do Corvo era, à época, considerada apenas um ilhéu anexo à primeira. As ilhas seriam posteriormente doadas ao Infante D. Henrique, Mestre da Ordem de Cristo, que, em seu testamento, as nomeia como ilha de São Tomás e ilha de Santa Iria. Com a morte deste passam para o Infante D. Fernando, Duque de Viseu.
A atual toponímia "Flores", em uso desde em 1474 ou 1475, deve-se à abundância de flores de cor amarela, os "cubres" ("Solidago sempervirens") que recobriam a costa da ilha, cujas sementes possivelmente foram trazidas por aves migratórias desde a península da Flórida, na América do Norte.
O primeiro capitão do donatário destas ilhas foi Diogo de Teive, passando a capitania a seu filho, João de Teive. Este cedeu-a a Fernão Teles de Meneses a 20 de janeiro de 1475. Com a morte acidental de Teles de Meneses, a viúva deste, D. Maria Vilhena, que as administrava em nome do seu jovem filho, Rui Teles, negociou estes direitos com Willem van der Haegen. Desse modo, este nobre flamengo que por volta de 1470 havia chegado com avultada comitiva à ilha do Faial, de onde passara à ilha Terceira, passa para as Flores por volta de 1480, pagando à viúva apenas direitos de capitão do donatário, e iniciando-lhe o povoamento. Fixou-se junto à foz da Ribeira de Santa Cruz, cuja povoação começou a se formar, iniciando o cultivo do pastel, planta tintureira em cuja cultura era experimentado. Aí permaneceu durante cerca de dez anos, findo os quais resolveu deixar a ilha, motivado pelo isolamento e pela dificuldade de comunicações da mesma, indo fixar-se na ilha de São Jorge.
Placa indicativa do extremo
ocidental das Flores (Fajã Grande)
Mais tarde, Manuel I de Portugal faz a doação da capitania-donatária a João da Fonseca, a 1 de março de 1504, que retoma o povoamento com elementos vindos da Terceira e da ilha da Madeira, aos quais se somou, por volta de em 1510, nova leva de indivíduos de várias regiões de Portugal, com predomínio dos do norte do país. Este povoamento distribuiu-se ao longo da costa da ilha, com cada família ou grupos afins ocupando a data ou sesmaria que lhes coubera, com base na cultura de trigo, cevada, milho, legumes e na exploração da urzela e do pastel. Desse modo, ainda no século XVI recebem carta de foral as povoações de Lajes das Flores (1515) e de Santa Cruz das Flores, assim elevadas a vila. Data de 6 de agosto de 1528, a confirmação régia da posse da Capitania a Pedro da Fonseca, filho de João da Fonseca. Com o falecimento de Pedro da Fonseca, e do seu filho mais velho, João de Sousa, João III de Portugal, faz a doação da capitania-donataria da ilha a Gonçalo de Sousa (12 de janeiro de 1548).
Nos séculos seguintes, os poucos habitantes manter-se-iam isolados em várias partes da ilha, recebendo raras visitas das autoridades régias, e de embarcações de comércio das ilhas do Faial e Terceira em busca em busca de azeite de cachalote, mel, madeira de cedro, manteiga, limões e laranjas, carnes fumadas e, por vezes, louça (deixando panos de lã e linho e outros artigos manufaturados) e outras que ali faziam aguada e adquiriam víveres.

Da Dinastia Filipina aos nossos dias

Igreja de São José, Fajã Grande
No contexto da Dinastia Filipina, a ilha foi invadida por corsários britânicos: a 25 de Julho de 1587 cinco navios desembarcaram tropas que invadiram e saquearam a vila das Lajes e seus arrabaldes, tendo a população em pânico se evadido para os matos vizinhos. Na ocasião foi incendiada e destruída a primitiva matriz da vila, a Igreja do Espírito Santo. Entre outras embarcações de corsários e piratas que aportaram à ilha, de acordo com a tradição local uma delas terá procurado refúgio na gruta dos Enxaréus.
Em 1591 a ilha foi novamente atacada por corsários ingleses.
Em 1593, Filipe I de Portugal nomeou para capitão-do-donatário das ilhas, Francisco de Mascarenhas, conde de Santa Cruz.
No contexto da Guerra Civil Portuguesa (1828-1834), quando da ofensiva liberal do 7.º conde de Vila Flor (1831), a ilha reconheceu espontaneamente o governo liberal.
Em meados do século XIX, passou a ser visitada por baleeiros estadunidenses, atividade que também passou a ser praticada pelos habitantes da ilha.
O isolamento da ilha apenas foi quebrado com a instalação, em 1966, da Base Francesa das Flores. Nos anos seguintes, foram erguidos um hospital, uma central eléctrica e um aeroporto, infraestruturas que trouxeram grande desenvolvimento à ilha.

Rede Mundial de Reservas da Biosfera da UNESCO

Esta ilha foi incluída em 27 de Maio de 2009 na lista da Rede Mundial de Reservas da Biosfera da UNESCO, juntando-se à ilha Graciosa e à ilha do Corvo que também já incluem a lista.
Facto que é relevante para a protecção e valorização do ambiente nos Açores. Esta decisão de incluir a ilha das Flores na lista dos sítios com relevância ambiental foi tomada pelo Conselho Coordenador internacional do programa “O Homem e a Biosfera”, durante reunião realizada na ilha de Jeju, na República da Coreia do Sul.
A UNESCO salienta que esta reserva inclui toda a ilha, e que esse facto se deve a esta ilha apresentar aspectos uma natureza bem conservada onde se observa uma grande abundância de floresta característica das florestas da Laurisilva típicas da Macaronésia, uma paisagísticos, geológicos, ambientais e culturais de grande importância, e ainda áreas marinhas adjacentes. O documento da UNESCO refere, ainda, as particularidades de excepcional interesse do novo sítio classificado, nomeadamente a existência de “altas escarpas que dominam a maior parte da linha da costa, que é ponteada por pequenos ilhéus”.

Divisão administrativa




A ilha das Flores está dividida em dois municípios: no nordeste da ilha situa-se o concelho de Santa Cruz das Flores, com sede na vila do mesmo nome; a sudoeste situa-se a vila de Lajes das Flores, também sede de concelho.
O concelho de Santa Cruz das Flores, o mais povoado da ilha, é composto pelas seguintes freguesias:
  • Santa Cruz, a maior povoação da ilha, onde se localiza a Escola Básica e Secundária Padre Maurício de Freitas, a única secundária da ilha, o Centro de Saúde, o aeroporto e as principais estruturas administrativas e económicas da ilha;
  • Caveira;
  • Cedros;
  • Ponta Delgada, sita no extremo norte da ilha e local onde funcionaram as estruturas técnicas da Base Francesa das Flores.
O concelho das Lajes das Flores é composto pelas seguintes freguesias:
  • Lajes, a vila sede do concelho e a povoação onde se localiza o porto que serve a ilha.
  • Lomba;
  • Fazenda;
  • Lajedo;
  • Mosteiro;
  • Fajãzinha;
  • Fajã Grande, a povoação mais ocidental da ilha e o principal centro populacional da costa ocidental.

Geomorfologia e geologia

  • A ilha tem forma de um trapézio e mede de área total 143.11km2, 17 km de comprimento e 12.5 km de largura máxima.
  • Rocha dos Bordões,
  • Reserva Natural das Caldeiras Funda e Rasa,
  • Fajã de Lopo Vaz,
  • Ilhéu do Monchique,
  • Sete Lagoas
  • Lagoa Funda,
  • Baixa do Escolar,
  • Baixas de Fora do Porto das Poças,
  • Baixa do Boqueirão,
  • Baixa Rasa do Lajedo,
  • Baixa dos Morros,
  • Baixa de São Pedro,
  • Baixa do Fonseca,
  • Ilhéu Alagado

Património construído

    

  • Bateria da Alagoa
  • Bateria da Lomba
  • Bateria da Ponta da Caveira
  • Bateria sobre o Alto (Santa Cruz das Flores)
  • Bateria do Cais (Lajes das Flores)
  • Estação LORAN das Flores
  • Forte de Nossa Senhora do Rosário (Lajes das Flores)
  • Forte de Santo António (Lajes das Flores)
  • Forte de São Francisco (Ilha das Flores)
  • Forte de São Pedro de Ponta Delgada (Santa Cruz das Flores)
  • Forte do Estaleiro da Fajã Grande
  • Forte do Monte do Maio
  • Vigia do Portinho

Bibliografia

  • Diário Insular de 27 de Maio de 2009.
  • Gomes, Francisco António Nunes Pimentel. A Ilha das Flores: Da redescoberta à actualidade (subsídios para a sua história). Lajes das Flores (Açores): Câmara Municipal de Laje das Flores, 1997. 608p., mapas.





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