CARLOS VIEGAS GAGO COUTINHO







Concluiu o curso da Escola Naval em 1888. Cruzou depois os mares do Sul em veleiros e navios mistos e, de 1898 a 1918, dedicou-se como geógrafo de campo a missões geodésicas e à delimitação de fronteiras nas províncias ultramarinas portuguesas de Timor, Moçambique, Índia e São Tomé. A partir de 1917, interessou-se pela aviação, tentando adaptar à aeronavegação os processos e instrumentos da navegação marítima. Em 1919, criou o famoso sextante que ostenta seu nome e que ensaiou no vôo Lisboa-Madeira, efetuado em março de 1921 com Sacadura Cabral. Realizou também, com este último, de 30 de março de 1922 a 17 de junho de 1922, a primeira viagem aérea entre Lisboa e Rio de Janeiro, executada com extraordinário rigor científico. Sua experiência de navegador serviu para que realizasse uma valiosa obra de pesquisa, tendo criado trabalhos notáveis sobre técnica náutica relativa às caravelas portuguesas, estudando a rota de Vasco da Gama e a de Pedro Álvares Cabral e as viagens do Atlântico Norte. Publicou A Náutica dos Descobrimentos (1951), em dois volumes. Foi promovido a almirante em 1958.

Biografia e Autobiografia de Carlos Viegas Gago Coutinho
Várias vezes têm sido publicados dados biográficos equívocos em relação ao almirante Gago Coutinho, pelo que se torna imperativo restabelecer a verdade dos factos da vida deste tão distinto e notável português. Através da sua certidão de nascimento, ficamos a saber que nasceu às 3:30h da madrugada de 17 de fevereiro de 1869. Filho primogénito de José Viegas Gago Coutinho, marítimo, natural de Faro, e de Fortunata Maria Coutinho, natural de Faro, moradores na Calçada da Ajuda, n.º 5, foi baptizado na Igreja de Santa Maria de Belém, diocese de Lisboa, no dia 2 de Junho de 1869. Consta que faleceu na freguesia de Santa Engrácia, de Lisboa, às 18:05 h do dia 18/02/1959.

O próprio descrevia assim a sua família:

«Meu pai era um homem de reduzida educação literária. Só a primária, mas conhecia escrita comercial, em que praticava. Sargento de mar-e-guerra até 1873, serviu na nau Vasco da Gama e na fragata D. Fernando. Era homem alto, desempenado, bem branco. (...) falecendo em Lisboa com 93 anos. Meus avós eram livreiros em Faro.(...) De minha mãe, senhora pequena, algarvia, filha de padeiros, e que devia ter ascendência moura, nada mais sei a não ser que um irmão dela era patrão de um cahique da costa (...).(...)Desde os 8 anos que foi minha mãe adoptiva uma amiga de minha mãe, D. Maria Augusta Pereira, falecida em 1914.»

O almirante tinha muito orgulho na sua ascendência plebeia. Segundo o próprio, gostava de passear incógnito por terras de Portugal (Lisboa e Rio de Janeiro). Era grande o seu amor pelo Brasil, daí o ter passado grande parte da sua vida em terras de Santa Cruz.

Mas também adorava a cidade de Lisboa e o bairro onde viveu cerca de 70 anos. A morada revestia-se de tal importância para a sua pessoa que todas as suas cartas terminavam com a frase: «Lisboa – Madragoa – Esperança 164»

Devido aos fracos recursos materiais, o seu pai não lhe pode satisfazer a vontade de ir frequentar um curso de Engenharia na Alemanha. Por esse motivo, Carlos Coutinho seguiu a carreira de marinheiro em Portugal. Assim, terminado o Liceu, frequenta a Escola Politécnica e, aos 17 anos de idade alista-se como aspirante na Marinha, entrando para a Escola Naval onde conclui o seu curso em 1888. Numa rápida e brilhante ascensão na carreira é promovido a guarda-marinha no ano de 1890, sendo que um ano depois já gozava do cargo de segundo-tenente.

A julgar por este início de vida, e tendo em conta o seu desenvolvimento, descobrimos em Gago Coutinho um ilustre cidadão, de grande independência de carácter, de espírito democrático, honesto e trabalhador. O seu carácter multifacetado e espírito empreendedor prometiam uma prestimosa carreira, não só como navegador marítimo e geógrafo, mas também como precursor da navegação aérea astronómica.

Entre 1898 e 1918 devota-se principalmente à função de geógrafo de campo, levando a cabo missões geodésicas e de delimitação de fronteiras, onde utilizou novos métodos de exploração. E foi numa destas missões, em Moçambique (1907), que conheceu Sacadura Cabral, que viria a ser o seu companheiro da travessia do Atlântico Sul (Lisboa - Rio de Janeiro).

De espírito inovador, é frontal e rígido, afirmando: «Gosto de controvérsias, de tudo o que possa esclarecer, pois sou comunicativo como todos os homens do mar. Gosto da discussão que faz luz...». Igualmente muito modesto ao fazer as suas apresentações e conferências nas academias, qualidade que, segundo os que com ele conviviam, vinha cultivando desde sempre: «(durante a travessia), o meu papel foi secundário.» (Gago Coutinho, 30/03/1942). Também muito espirituoso, tinha sempre uma resposta de espírito pronta para dar, ou uma anedota para contar. Um dia, alguém lhe perguntou como tinha atravessado África a pé. Resposta rápida de Carlos Coutinho: «Como havia de ser? Com as botas rotas, para a água sair mais à vontade, porque, para entrar, entrava sempre.»

Curioso é também o seu gosto pelo desporto, visto não ser muito comum na época em que viveu. Desde a adolescência que o praticava, especialmente ginástica com aparelhos. Já com alguma idade, ainda trabalhava com as argolas montadas numa trave do tecto na Rua da Madragoa, para se manter em forma. Este assunto interessava-o, e a ele também dedicou algumas das suas palavras, das quais temos o exemplo aquando da conferência do 71º. aniversário do Real Ginásio Clube Português (1946).

A vida de Coutinho foi uma contínua lição de patriotismo, que é facilmente observável na dedicação entusiástica à história dos Descobrimentos Portugueses, apontando e desfazendo omissões, erros e dúvidas de cronistas e historiadores nas suas obras. Isto teve como consequência a criação de uma doutrina notável sobre a técnica náutica, nomeadamente, as origens e a técnica de velejar das caravelas. As conclusões inéditas a que chegou culminaram na obra "Náutica dos Descobrimentos" e permitiram-lhe, ainda, escrever em vários jornais e revistas portuguesas como a Seara Nova: «Assim, como se vê, tem sido como homem da rua, falando para homem da rua (...) que tenho tentado vulgarizar nas páginas da Seara Nova certas ideias revolucionárias.» (Seara Nova/n.º1000, 1946)

Escreveu, também, argumentos (aos quais chamava «apontamentos») que nunca passaram ao ecrã por falta de financiamento, se bem que se pensa terem constituído inspiração para alguns filmes nacionais.

O muito saber de geógrafo e de navegador de larga experiência aliados a uma grande tenacidade de espírito, permitiram-lhe dedicar-se a estudos de navegação aérea ainda incipientes nessa época, e possibilitaram-lhe a concretização da primeira travessia aérea do Atlântico Sul. O Sextante Português, utilizado na referida viagem, é um dos exemplos materiais do valor científico dos inovadores trabalhos e missões do Almirante.

A sua vocação multiforme permitiu-lhe a presença e ocupação de cargos relevantes em diversas associações e academias, além de inúmeras homenagens.

10 DE JUNHO DIA DE CAMÕES



Túmulo de Camões
no Mosteiro dos Jerônimos
em Belém, Lisboa
Luís Vaz de Camões, o maior poeta da língua portuguesa, viveu uma vida muito agitada, sem que se saiba ao certo quando teria nascido, 1524 ou 1525, que lugar teria sido seu berço, talvez a cidade de Lisboa, como se desenvolveu sua adolescência, quais as suas relações pessoais, como decorreu sua vida no Paço, as mulheres que amou, a formação intelectual que recebeu, enfim as circunstâncias e o lugar onde veio a terminar seus dias. Apenas quatro datas estão ligadas à sua vida literária: em 1563, são publicados os Colóquios dos simples e das drogas da Índia, do dr. Garcia da Horta, impresso em Goa, uma Ode da autoria de Camões na abertura do livro, dedicada ao grande naturalista português, que se encontrava no Oriente e lá privava da amizade do poeta; em 1572 é publicado o seu poema épico, os Lusíadas, que na verdade, já havia sido elaborado 20 anos antes. Em 28 de julho desse mesmo ano se concede a tença ao poeta por essa publicação, que viria a ser cortada no dia 10 de junho de 1580, dia de sua morte.
O poema épico de Torquato de Tasso (A Jerusalém Libertada) em 1575, também marcou muito sua vida literária...

Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
È dor que desatina sem doer;
É um não querer mais que bem querer;
É solitário andar por entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É cuidar que se ganha em se perder;
É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
tão contrário a si é É ter com quem nos mata lealdade,
Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
amor?

Luís de Camões
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

O retrato de Camões por Fernão Gomes, em cópia de Luís de Resende. Este é considerado o mais autêntico retrato do poeta, cujo original, que se perdeu, foi pintado ainda em sua vida.

Luís Vaz de Camões (Lisboa[?], c. 1524 — Lisboa, 10 de junho de 1580) foi um célebre poeta de Portugal, considerado uma das maiores figuras da literatura em língua portuguesa e um dos grandes poetas do Ocidente.

Pouco se sabe com certeza sobre a sua vida. Aparentemente nasceu em Lisboa, de uma família da pequena nobreza. Sobre a sua infância tudo é conjetura mas, ainda jovem, terá recebido uma sólida educação nos moldes clássicos, dominando o latim e conhecendo a literatura e a história antigas e modernas. Pode ter estudado na Universidade de Coimbra, mas a sua passagem pela escola não é documentada. Frequentou a corte de Dom João III, iniciou a sua carreira como poeta lírico e envolveu-se, como narra a tradição, em amores com damas da nobreza e possivelmente plebeias, além de levar uma vida boémia e turbulenta. Diz-se que, por conta de um amor frustrado, se auto exilou em África, alistado como militar, onde perdeu um olho em batalha. Voltando a Portugal, feriu um servo do Paço e foi preso. Perdoado, partiu para o Oriente. Passando lá vários anos, enfrentou uma série de adversidades, foi preso várias vezes, combateu bravamente ao lado das forças portuguesas e escreveu a sua obra mais conhecida, a epopeia nacionalista Os Lusíadas. De volta à pátria, publicou Os Lusíadas e recebeu uma pequena pensão do rei Dom Sebastião pelos serviços prestados à Coroa, mas nos seus anos finais parece ter enfrentado dificuldades para se manter.

Logo após a sua morte a sua obra lírica foi reunida na coletânea Rimas, tendo deixado também três obras de teatro cómico. Enquanto viveu queixou-se várias vezes de alegadas injustiças que sofrera, e da escassa atenção que a sua obra recebia, mas pouco depois de falecer a sua poesia começou a ser reconhecida como valiosa e de alto padrão estético por vários nomes importantes da literatura europeia, ganhando prestígio sempre crescente entre o público e os conhecedores e influenciando gerações de poetas em vários países. Camões foi um renovador da língua portuguesa e fixou-lhe um duradouro cânone; tornou-se um dos mais fortes símbolos de identidade da sua pátria e é uma referência para toda a comunidade lusófona internacional. Hoje a sua fama está solidamente estabelecida e é considerado um dos grandes vultos literários da tradição ocidental, sendo traduzido para várias línguas e tornando-se objeto de uma vasta quantidade de estudos críticos.

Os Lusíadas
Capa da edição de 1572 dos Lusíadas.

Os Lusíadas é considerada a epopeia portuguesa por excelência. O próprio título já sugere as suas intenções nacionalistas, sendo derivado da antiga denominação romana de Portugal, Lusitânia. É um dos mais importantes épicos da época moderna devido à sua grandeza e universalidade. A epopeia narra a história de Vasco da Gama e dos heróis portugueses que navegaram em torno do Cabo da Boa Esperança e abriram uma nova rota para a Índia. É uma epopeia humanista, mesmo nas suas contradições, na associação da mitologia pagã à visão cristã, nos sentimentos opostos sobre a guerra e o império, no gosto do repouso e no desejo de aventura, na apreciação do prazer sensual e nas exigências de uma vida ética, na percepção da grandeza e no pressentimento do declínio, no heroísmo pago com o sofrimento e luta. O poema abre com os seguintes versos:


As armas e os barões assinalados
Que, da ocidental praia lusitana,
Por mares nunca de antes navegados
Passaram ainda além da Taprobana,
Em perigos e guerras esforçados,
Mais do que prometia a força humana,
E entre gente remota edificaram
Novo reino, que tanto sublimaram.
.....
Cantando espalharei por toda a parte,
Se a tanto me ajudar o engenho e arte

— Os Lusíadas, Canto I

Os dez cantos do poema somam 1 102 estrofes num total de 8 816 versos decassílabos, empregando a oitava rima (abababcc). Depois de uma introdução, uma invocação e uma dedicatória ao rei Dom Sebastião, inicia a ação, que funde mitos e fatos históricos. Vasco da Gama, navegando pela costa da África, é observado pela assembleia dos deuses clássicos, que discutem o destino da expedição, a qual é protegida por Vénus e atacada por Baco. Descansando por alguns dias em Melinde, a pedido do rei local Vasco da Gama narra toda a história portuguesa, desde as suas origens até à viagem que empreendem. Os cantos III, IV e V contêm algumas das melhores passagens de todo o épico: o episódio de Inês de Castro, que se torna um símbolo de amor e morte, a Batalha de Aljubarrota, a visão de Dom Manuel I, a descrição do fogo de santelmo, a história do gigante Adamastor. De volta ao navio, o poeta aproveita as horas de folga para narrar a história dos Doze de Inglaterra, enquanto Baco convoca os deuses marítimos para que destruam a frota portuguesa. Vénus intervém e os navios conseguem alcançar Calecute, na Índia. Lá, Paulo da Gama recebe os representantes do rei e explica o significado dos estandartes que adornam a nau capitânia. Na viagem de volta os marinheiros desfrutam da ilha para eles criada por Vénus, recompensando-os as ninfas com seus favores. Uma delas canta o futuro glorioso de Portugal e a cena encerra com uma descrição do universo feita por Tétis e Vasco da Gama. Em seguida, a viagem prossegue para casa.
Tétis descreve a Máquina do Mundo ao Gama, ilustração da edição de 1639 de Faria e Sousa.





N'Os Lusíadas Camões atinge uma notável harmonia entre erudição clássica e experiência prática, desenvolvida com habilidade técnica consumada, descrevendo as peripécias portuguesas com momentos de grave ponderação mesclados com outros de delicada sensibilidade e humanismo. As grandes descrições das batalhas, da manifestação das forças naturais, dos encontros sensuais, transcendem a alegoria e a alusão classicista que permeiam todo o trabalho e se apresentam como um discurso fluente e sempre de alto nível estético, não apenas pelo seu caráter narrativo especialmente bem conseguido, mas também pelo superior domínio de todos os recursos da língua e da arte da versificação, com um conhecimento de uma ampla gama de estilos, usados em eficiente combinação. A obra é também uma séria advertência para os reis cristãos abandonarem as pequenas rivalidades e se unirem contra a expansão muçulmana.
A estrutura da obra é por si digna de interesse, pois, segundo Jorge de Sena, nada é arbitrário n' Os Lusíadas. Entre os argumentos que apresentou foi o emprego da secção áurea, uma relação definida entre as partes e o todo, organizando o conjunto através de proporções ideais que enfatizam passagens especialmente significativas. Sena demonstrou que ao aplicar-se a secção áurea a toda a obra recai-se, precisamente, no verso que descreve a chegada dos portugueses à Índia. Aplicando-se a secção às duas partes resultantes, na primeira parte surge o episódio que relata a morte de Inês de Castro e, na segunda, a estrofe que narra o empenho de Cupido para unir os portugueses e as ninfas, o que para Sena reforça a importância do amor em toda a composição. Dois outros elementos dão a' Os Lusíadas a sua modernidade e distanciam-no do classicismo: a introdução da dúvida, da contradição e do questionamento, em desacordo com a certeza afirmativa que carateriza o épico clássico, e a primazia da retórica sobre a ação, substituindo o mundo dos factos pelo das palavras, as quais não resgatam totalmente a realidade e evoluem para a metalinguagem, com o mesmo efeito disruptivo sobre a epopeia tradicional.


Segundo Costa Pimpão, não há qualquer evidência de que Camões pretendesse escrever o seu épico antes de ter viajado à Índia, embora temas heróicos já estivessem presentes na sua produção anterior. É possível que tenha retirado alguma inspiração de fragmentos das Décadas da Ásia, de João de Barros e da História do Descobrimento e Conquista da Índia pelos Portugueses, de Fernão Lopes de Castanheda. Sobre a mitologia clássica estava com certeza bem informado antes disso, igualmente quanto à literatura épica antiga. Aparentemente, o poema começou a tomar forma já em 1554. Storck considera que a determinação de escrevê-lo nasceu durante a própria viagem marítima. Entre 1568 e 1569 foi visto em Moçambique pelo historiador Diogo do Couto, seu amigo, ainda a trabalhar na obra, que só veio à luz em Lisboa, em 1572.

O sucesso da publicação d'Os Lusíadas supostamente obrigara a uma segunda edição no mesmo ano da edição princeps. As duas diferem em inúmeros detalhes e foi longamente debatido qual delas seria de facto a original. Tampouco é claro a quem se devem as emendas do segundo texto. Atualmente reconhece-se como original a edição que mostra a marca do editor, um pelicano, com o pescoço voltado para a esquerda, e que é chamada edição A, realizada sob a supervisão do autor. Entretanto, a edição B foi por muito tempo tomada como a princeps, com consequências desastrosas para a análise crítica da obra. Aparentemente a edição B foi produzida mais tarde, em torno de 1584 ou 1585, de maneira clandestina, levando a data fictícia de 1572, para contornar as delongas da censura da época se fosse publicada como uma nova edição, e corrigir os graves defeitos de uma outra edição de 1584, a chamada edição Piscos. Contudo, Maria Helena Paiva levantou a hipótese de que as edições A e B sejam apenas variantes de uma mesma edição, que foi sendo corrigida após a composição tipográfica, mas enquanto a impressão já estava em andamento. De acordo com a pesquisadora, "a necessidade de tirar o máximo partido da prensa levava a que, concluída a impressão de uma forma, que constava de vários fólios, fosse tirada uma primeira prova, que era corrigida enquanto a prensa continuava, agora com o texto corrigido. Havia, por isso, fólios impressos não corrigidos e fólios impressos corrigidos, que eram agrupados indistintamente no mesmo exemplar", fazendo com que não existissem dois exemplares rigorosamente iguais no sistema de imprensa daquela época.


 Que estes versos de Camões, voltem a despertar no povo lusófono, não um complexo de superioridade ou inferioridade em relação aos demais povos da Terra, mas sim a certeza de que nossa lusofonia pode ser um exemplo a seguir  pelos demais povos conflitados e angustiados, que não encontram a verdadeira paz espiritual e material entre si...


 
FAZEI, SENHOR, QUE NUNCA OS ADMIRADOS ALEMÃES, GALOS, ÍTALOS E INGLESES, POSSAM DIZER QUE SÃO PARA MANDABOS, MAIS QUE PARA MANDAR, OS PORTUGUESES. TOMAI CONCELHO SÓ DE EXMENTADOS, QUE VIRAM LARGOS ANOS, LARGOS MESES, QUE, EM CIENTES MUITO CABE, MAIS EM PARTICULAR O EXPERTO SABE, ESTROFE 152 DO CANTO X DO LIVRO OS LUSÍADAS. 

SENHOR, FAZEI QUE OS ADMIRADOS, ALEMÃES, FRANCESES, ITALIANOS, INGLESES, NUNCA DIGAM, QUE OS PORTUGUESES SÃO MAIS PARA SEREM MANDADOS QUE PARA MANDAR.

NESTE DEZ DE JUNHO DE 2012, VAI A  HOMENAGEM DE 200 MILHÕES DE LUSÓFONOS AO FUNDADOR DA LUSOFONIA, O IMORTAL POETA LUÍS VAZ DE CAMÕES...

NESTE DEZ DE JUNHO DE 2013 
Neste DEZ DE JUNHO DE 2013 VAI A HOMENAGEM DE MAIS DE 200 MILHÕES DE LUSÓFONOS AO FUNDADOR DA LUSOFONIA O IMORTAL  POETA LUÍS VAZ DE CAMÕES, QUE LÁ ONDE ESTIVER DEVE ESTAR MUITO TRISTE COM O ENTREGUISMO E CORRUPÇÃO QUE TOMOU CONTA DE SEU PAÍS !!!



COMEMORAÇÕES DO 10 DE JUNHO DE 2014

Camões foi o criador da Lusofilia, doutrina unicista e fraterna que une todos os povos de língua e cultura portuguesa em todos os longíncuos recantos da Terra, apesar do intenso bombardeio separatista, que sofre por parte da mídia e da sociedade em geral. Mas, mesmo bombardeada e amarfanhada ela continua unindo o povo lusófono, através de nossa culinária, nossas festas religiosas, nossos Natais, nossas Páscoas, nossas manifestações de tristeza ou alegria, nossos sobrenomes, nosso floclore, etc., etc..        
Mas, até quando ela nos manterá unidos? Aí é que fica a dúvida!!! Será que algum dia iremos repetir essa frase irônica! Éramos felizes mas não sabíamos!!!
Gente vamos reagir, antes que seja tarde demais! Antes que nossos países virem uma dessas Ucrânias da vida! 
Camões, lá onde estiver deve estar muito triste pela não comemoração até hoje do nosso 22 de abril, nem pela cúpula da comunidade Luso-Brasileira, nem pela cúpula da Igreja Católica...

JPL


Verdes são os campos

Verdes são os campos,
De cor de limão:
Assim são os olhos
Do meu coração.

Campo, que te estendes
Com verdura bela;
Ovelhas, que nela
Vosso pasto tendes,
De ervas vos mantendes
Que traz o Verão,
E eu das lembranças
Do meu coração.

Gados que pasceis
Com contentamento,
Vosso mantimento
Não no entendereis;
Isso que comeis
Não são ervas, não:
São graças dos olhos
Do meu coração.

              Luís de Camões



RESUMO DA VIDA DE CAMÕES
Desconhece-se a data e local exacto onde Camões terá nascido, no entanto, admite-se que nasceu entre 1517 e 1525 .
A sua família, de origem galega, fixou-se no concelho de Chaves, na freguesia de Vilar de Nantes, e mais tarde mudou-se para Coimbra e para Lisboa, ambos lugares reivindicam ser o local do seu nascimento.
    • O pai de Camões chamava-se Simão Vaz de Camões, a sua mãe Ana de Sá e Macedo.
    • Camões era por via paterna trineto do trovador galego Vasco Pires de Camões e, por via materna, aparentado com o navegador Vasco da Gama. 
    •  
  • Da família Camões, sabe-se presentemente, que durante algum tempo viveu em Coimbra , onde frequentou o curso de Humanidades, provavelmente no Mosteiro de Santa Cruz, onde o seu tio D. Bento de Camões era padre. Não existem registos da passagem do poeta por Coimbra, contudo a cultura refinada dos seus escritos torna a única universidade de Portugal da altura, o lugar mais provável da sua educação.
  • Em Lisboa continuou os estudos na corte de D. João III, conquistando a fama de poeta e de feitio altivo.
  • Em 1549 viajou para Ceuta , seguindo a carreira militar e por lá permaneceu até 1551 . Foi em Ceuta que em combate perdeu o seu olho direito mas ainda assim manteve as suas potencialidades de combate.
  • Quando regressou a Lisboa não demorou a voltar à vida boémia. São-lhe atribuídos vários amores, não só por damas da corte mas até pela própria irmã do Rei D. Manuel I. Segundo Manuel de Faria e Sousa, o seu principal biógrafo e comentador, em 1550 Camões destina-se a viajar até à Índia . Consta do registo da Armada desse ano, que Faria encontrou a seguinte indicação “ Luís de Camões, filho de Simão Vaz e Ana de Sá, moradores em Lisboa na Mouraria; escudeiro, de 25 anos, barbirruivo, trouxe por fiador a seu pai; vai na nau de S. Pedro dos Burgaleses. ” Camões ia assentado entre os homens de armas, no entanto sabe-se que nunca chegou a embarcar.
    • Por essa altura teria caído em desagrado na corte, a ponto de ser desterrado para Constância.
    • No dia de Corpus Christi de 1552 Camões entrou numa rixa no Rossio, onde feriu Gonçalo Borges, acabando preso.
    • Assim, é preso na Cadeia do Tronco, em Lisboa, onde passou alguns meses, após os quais, obtendo o perdão do agredido, consegue também o indulto de D. João III.
    • 1553: É libertado por carta régia de perdão de 7.3.1552 e embarca para a Índia ao serviço do rei.
    • Sabe-se que, em 1556, Camões exerce o serviço militar e alguns cargos administrativos na Índia.
     
  • Goa no Sec. XVI 
na prisão em Goa - óleo de Maureaux
.Camões na prisão de Goa
  •  Na época teria surgido a público uma sátira anónima criticando a imoralidade e a corrupção reinantes, que foi atribuída a Camões. Sendo as sátiras condenadas pelas Ordenações Manuelinas, terá sido preso por isso. Mas colocou-se a hipótese de a prisão ter ocorrido graças a dívidas contraídas. É possível que permanecesse na prisão até 1561, ou antes disso tenha sido novamente condenado, mas libertado logo após Dom Francisco Coutinho ter assumido o governo em 1556. Além de ser por este protegido.
    • Nos anos seguintes, serviu no Oriente, ora como soldado , ora como funcionário , pensando-se que esteve mesmo em território chinês, onde teria exercido o cargo de Provedor dos Defuntos e Ausentes , a partir de 1558 .
  • Em 1556 Camões partiu para Macau onde viveu numa gruta (hoje com o seu nome) e onde continuou os seus escritos. É aqui que Camões terá escrito uma grande parte da sua obra “Os Lusíadas”.
  • Naufragou na foz do rio Mekong, onde conseguiu conservar de forma heróica o manuscrito da sua obra, então já adiantada; No entanto, neste desastre morreu a sua companheira chinesa Dinamene, celebrada posteriormente numa série de sonetos.
    • Em Agosto de 1560 regressou a Goa onde solicitou a protecção do Vice-Rei D. Constantino de Bragança num longo poema em oitavas.
    •  
    • 1562: Acabou por ser aprisionado por dívidas tendo dirigido súplicas em verso ao novo Vice-Rei, D. Francisco Coutinho, conde do Redondo, para ser liberto. É libertado pelo vice-rei e distinguido como seu protegido.
  • De regresso ao Reino, em 1568 fez escala na ilha de Moçambique onde, passados dois anos, Diogo do Couto o encontrou. Durante esse período Camões viveu às custas de amigos e trabalhou na revisão de “Os Lusíadas” e na composição de “um Parnaso de Luís de Camões, com poesia, filosofia e outras ciências”, obra que foi roubada.
    • Diogo do Couto financiou-lhe o resto da viagem até Lisboa, onde Camões aportou em Abril de 1570, na nau de Santa Clara.
    • No ano de 1571 obteve licença da Santa Inquisição para publicar a sua obra, o que aconteceu no ano seguinte em 1572 .
    • Meses antes lera o poema a D. Sebastião.
    • A 28 de Junho de 1572 D. Sebastião concedeu ao poeta uma tença anual no valor de 15000 réis , recompensando-o pelos seus serviços no Oriente e pelo poema épico que entretanto publicara.
  • Em 1580, Camões assistiu em Lisboa à partida do exército português para o norte de África. No dia 10 de Junho desse mesmo ano Luís Vaz de Camões faleceu numa casa de Santana em Lisboa, sendo enterrado numa campa rasa numa das igrejas das proximidades.
  • D. Gonçalo Coutinho, um amigo de Camões, inscreveu na lápide da sepultura que reservara para o poeta: “ Aqui jaz Luís Vaz de Camões, príncipe dos poetas do seu tempo. Viveu pobre e miseravelmente e assim morreu.” O seu túmulo perdeu-se com o terramoto de 1755, pelo que se ignora o paradeiro dos restos mortais do poeta, que não está sepultado em nenhum dos dois túmulos oficiais que hoje lhe são dedicados, um no Mosteiro dos Jerónimos e o outro no Panteão Nacional.
  •  
  • No entanto, sobre a vida de Camões é difícil distinguir aquilo que é realidade, daquilo que é mito e lenda romântica.
  •  
  • As Obras
    • Camões afirma-se sobretudo na poesia lírica ( Rimas ), com grande variedade de géneros: sonetos, canções, éclogas, redondilhas, etc..
  •  
  • Outras obras
    • Apesar de ter escrito sobretudo poemas, Camões também se dedicou ao teatro e escreveu algumas comédias, como por exemplo:
      • Os Anfitriões,
      • El-Rei Seleuco
      • e Filodemo .
    • Estas comédias ocupam um lugar à parte no teatro quinhentista, pois cada uma delas tinha uma dinâmica e um estilo próprios.
    • Seguiram o estilo dos poemas de Camões e falavam essencialmente de problemas morais e da problemática amorosa.
    • Além d’ Os Lusíadas , da poesia lírica e do teatro Camões escreveu ainda cartas que nos dão a conhecer as convivências literárias e boémias de Lisboa.

...E ASSIM NASCEU PORTO ALEGRE!!!



 Porto Alegre
 
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Município de Porto Alegre
"Capital dos Gaúchos"
"PoA"
Da esquerda para a direita: Usina do Gasômetro, Estátua do Laçador, Cais Mauá, Mercado Público e Monumento aos Açorianos diante do prédio do Centro Administrativo do Estado

Da esquerda para a direita: Usina do Gasômetro, Estátua do Laçador, Cais Mauá, Mercado Público e Monumento aos Açorianos diante do prédio do Centro Administrativo do Estado
Bandeira de Porto Alegre
Brasão de Porto Alegre
Bandeira Brasão

Aniversário 26 de março
Fundação 26 de março de 1772 (242 anos)
Emancipação 11 de dezembro de 1810 (203 anos)
Gentílico porto-alegrense
Lema "Leal e Valerosa Cidade de Porto Alegre"
CEP 90000-000 até 91999-999
Prefeito(a) José Fortunatti (PDT)
(2013–2016)
Localização
Localização de Porto Alegre
Localização de Porto Alegre no Rio Grande do Sul
Porto Alegre está localizado em: Brasil
Porto Alegre
Localização de Porto Alegre no Brasil
30° 01' 58" S 51° 13' 48" O
Unidade federativa  Rio Grande do Sul
Mesorregião Metropolitana de Porto Alegre IBGE/2008 
Microrregião Porto Alegre IBGE/2008 
Região metropolitana Porto Alegre
Municípios limítrofes Alvorada, Cachoeirinha, Canoas , Nova Santa Rita e Viamão
Distância até a capital 2 027 km2
Características geográficas
Área 496,827 km² (BR: 2457º)
Área urbana 160,7 km² (BR: 11º) – est. Embrapa
Distritos Porto Alegre (distrito-único)
População 1 467 823 hab. (RS: 1º) –  est. IBGE 20135
Densidade 2 844,237 hab/km²
Altitude 10 m 
Clima Subtropical úmido Cfa
Fuso horário UTC−3
Indicadores
IDH-M 0,805 (BR: 28º) – muito alto PNUD/2010 
Gini 0,60 est. IBGE 2003
PIB R$ 43 038 100 000,00 (BR: 7º RS: 1º) – IBGE/2010
PIB per capita R$ 30 524,80 IBGE/2010
Página oficial
Prefeitura www.portoalegre.rs.gov.br
Câmara www.camarapoa.rs.gov.br

Porto Alegre é um município brasileiro e a capital do estado mais meridional do Brasil, o Rio Grande do Sul. Pertence à mesorregião metropolitana de Porto Alegre e à microrregião de Porto Alegre. Com uma área de quase 500 km², possui uma geografia diversificada, com morros, baixadas e um grande lago, o Guaíba. Dista 2 027 quilômetros de Brasília, a capital nacional.
A cidade constituiu-se a partir da chegada de casais açorianos em meados do século XVIII. No século XIX contou com o influxo de muitos imigrantes alemães e italianos, recebendo também espanhóis, africanos, poloneses e libaneses. Desenvolveu-se com rapidez e hoje abriga mais de 1,4 milhão de habitantes. A cidade enfrenta muitos desafios, entre eles a grande população ainda vivendo em condições de pobreza e sub-habitação, alto custo de vida, alta incidência de obesidade e tabagismo,  ,deficiências sérias no tratamento de esgotos, muita poluição e degradação de ecossistemas originais, índices de crime elevados  e crescentes problemas de trânsito.
Por outro lado, ostenta mais de 80 prêmios e títulos que a distinguem como uma das melhores capitais brasileiras para morar, trabalhar, fazer negócios, estudar e se divertir. Foi destacada em anos recentes também pela ONU como a Metrópole nº1 em qualidade de vida do Brasil por três vezes; como possuindo um dos 40 melhores modelos de gestão pública democrática pelo seu Orçamento Participativo e por ter o melhor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) entre as metrópoles nacionais. Dados do IBGE a apontaram em 2009 como a capital brasileira com a menor taxa de desemprego, a empresa de consultoria britânica Jones Lang LaSalle a incluiu em 2004 entre as 24 cidades com maior potencial para atrair investimentos no mundo e figura na lista da Pricewaterhouse Coopers entre as cem cidades mais ricas do mundo. Porto Alegre é uma cidade influente no cenário global, recebendo a classificação de cidade global "gama -", por parte do Globalization and World Cities Study Group & Network (GaWC).
Além disso, Porto Alegre é uma das cidades mais arborizadas e alfabetizadas do país, é um polo regional de atração de migrantes em busca de melhores condições de vida, trabalho e estudo e tem uma infraestrutura em vários aspectos superior à das demais capitais do Brasil. Foi manchete internacional quando sediou as primeiras edições do Fórum Social Mundial e foi escolhida como uma das sedes da Copa do Mundo de 2014. Também tem uma cultura qualificada e diversificada, com intensa atividade em praticamente todas as áreas das artes, esportes e das ciências, muitas vezes com projeção nacional, além de possuir ricas tradições folclóricas e um significativo patrimônio histórico em edificações centenárias e numerosos museus.

História

Origens

A região do atual município de Porto Alegre já era habitada pelo homem desde 11 000 anos atrás. Por volta do ano 1000, os povos indígenas tapuias que habitavam a região foram expulsos para o interior do continente devido à chegada de povos do tronco linguístico tupi provenientes da Amazônia. No século XVI, quando chegaram os primeiros europeus à região, a mesma era habitada por um desses povos do tronco tupi, os carijós. Os carijós viriam a ser escravizados pelos colonos de origem portuguesa de São Vicente.
Porto Alegre estabeleceu-se como cidade somente no século XVIII. Até então, o território do Rio Grande do Sul ainda pertencia legalmente aos espanhóis devido ao Tratado de Tordesilhas (1494), mas, desde o século XVII, os portugueses já começavam a dirigir esforços para a sua conquista e foram progressivamente penetrando no território pelo nordeste, chegando através do Caminho dos Conventos (uma extensão da Estrada Real) à região da Vacaria dos Pinhais, e dali descendo para Viamão. A penetração foi realizada por bandeirantes que vinham em busca de escravos índios e por tropeiros que caçavam os grandes rebanhos de gado bovino, mulas e cavalos que viviam livres no estado. Mais tarde, os tropeiros passaram a se radicar no sul, transformando-se em estancieiros e solicitando a concessão de sesmarias. A primeira delas foi outorgada em 1732 a Manuel Gonçalves Ribeiro na Parada das Conchas, onde hoje é Viamão. Outra via de penetração foi através do litoral, fundando-se, em 1737, uma fortaleza onde hoje é Rio Grande, com o objetivo dar assistência à Colônia do Sacramento, no Uruguai.
 Herrmann Wendroth: Porto Alegre
vista das ilhas do Guaíba, em 1852
Depois da assinatura do Tratado de Madrid (1750), o rei de Portugal determinou que fosse reunido um grupo de 4 000 casais dos Açores para povoar o sul, mas efetivamente foram transportados apenas cerca de mil casais, que se espalharam pelo litoral entre Osório e Rio Grande, e um pouco pelo interior. Cerca de 500 pessoas se fixaram em 1752 à beira do lago Guaíba, no chamado Porto de Viamão, o primeiro nome da futura Porto Alegre. Os conflitos locais entre portugueses e espanhóis, porém, não foram contidos pelo tratado. Rio Grande foi invadida por espanhóis em 1763, a população portuguesa fugiu e o governo da Capitania do Rio Grande de São Pedro se mudou às pressas para Viamão. O Porto de Viamão foi elevado a freguesia, com o nome de Freguesia de São Francisco do Porto dos Casais, em 26 de março de 1772, hoje estabelecida como data oficial da fundação da cidade. Em vista da sua melhor situação geográfica e estratégica, em 25 de julho de 1773 o governador da Capitania, Marcelino de Figueiredo, determinou a transferência da capital de Viamão para lá, quando a freguesia já tinha cerca de 1 500 habitantes.
Antigo mercado público em meados do século XIX
Com a paz entre Portugal e Espanha conseguida no Tratado de Santo Ildefonso (1777), a posse da terra foi regularizada e começou-se a organizar a administração. Foi erguido o Palácio de Barro, primeira sede de governo, um cemitério, uma prisão, um pequeno teatro e a Igreja Matriz. Ruas foram calçadas, foi criado um serviço postal, o comércio começou a florescer, a atividade do porto se intensificou e a pequena urbe assumiu suas funções definitivamente como capital da Capitania, crescendo rapidamente. Em 1798 tinha 3 000 habitantes e, em 1814, já possuía 6 000.

Século XIX

Em 27 de agosto de 1808 a freguesia foi elevada à categoria de vila, verificando-se a instalação a 11 de dezembro de 1810. Em 16 de dezembro de 1812 Porto Alegre tornou-se sede da Capitania de São Pedro do Rio Grande do Sul, recém-criada, e cabeça da comarca de São Pedro do Rio Grande e Santa Catarina. Em 1814 o novo governador, Dom Diogo de Sousa, obteve a concessão de uma grande sesmaria ao norte, com o fim expresso de estimular a agricultura local. Com o crescimento de cidades próximas como Rio Pardo e Santo Antônio da Patrulha, e em vista de sua privilegiada situação geográfica, na confluência das duas maiores rotas de navegação interna - a do rio Jacuí e a da Lagoa dos Patos - Porto Alegre começava a se tornar o maior centro comercial da região. A frota permanente que frequentava o porto nessa altura contava com cerca de cem navios, e foi aberta uma alfândega. Também se iniciavam exportações de trigo e charque. Em 1816 se haviam comerciado 400 mil alqueires de trigo para Lisboa, e em 1818 se venderam mais de 120 mil arrobas de charque, produto que logo assumiria a dianteira na economia local.
Em 1822 a vila ganhou foro de cidade. A partir de então chegaram os primeiros imigrantes alemães, instalando restaurantes, pensões, pequenas manufaturas, olarias, alambiques e diversos estabelecimentos comerciais. Como a situação econômica da Capitania não ia bem, pressionada por pesados impostos e negligenciada pelo governo imperial, em 1835 estalou em Porto Alegre a Revolução Farroupilha. Tomada em 1836 pelas tropas imperiais, a partir de então a cidade sofreu três longos cercos até o ano de 1838. Foi a resistência a esses cercos que fez D. Pedro II dar à cidade o título de "Mui Leal e Valorosa". Apesar do inchaço populacional daqueles tempos, a malha urbana só voltou a crescer em 1845, após o fim da revolução e com a derrubada das muralhas que cercavam a cidade.
No período de 1865 a 1870 a Guerra do Paraguai transformou a capital gaúcha na cidade mais próxima do teatro de operações. A cidade recebeu dinheiro do governo central, além de serviço telegráfico, novos estaleiros, quartéis e melhorias na área portuária. Em 1872 as primeiras linhas de bonde entraram em circulação. Construiu-se a Usina do Gasômetro (1874) para geração de energia e implantou-se uma rede de esgotos (1899), enquanto que os bairros da cidade se expandiam. Na segunda metade do século, enfim a cultura local pôde receber mais atenção, construindo-se um grande teatro, o Theatro São Pedro, e surgindo os primeiros literatos, educadores, músicos e pintores locais de expressão, como Antônio Vale Caldre Fião, Hilário Ribeiro, Luciana de Abreu, Pedro Weingärtner, Apolinário Porto-Alegre, Joaquim Mendanha e Carlos von Koseritz. Fundou-se a Sociedade Parthenon Litterario, formada pela flor da intelectualidade gaúcha, e em 1875 foi realizado o primeiro salão de artes.

Século XX

Abertura da Avenida Borges de Medeiros
e construção do Viaduto Otávio Rocha,
no início do século XX

Na virada do século XX Porto Alegre passou a ser imaginada como o cartão de visitas do Rio Grande do Sul, ideia alinhada com os propósitos do Positivismo, corrente filosófica abraçada pelos governos estadual e municipal, e por isso a cidade deveria transmitir uma impressão de ordem e progresso. Para transformar a ideia em fato, a Intendência, a cuja testa estava José Montaury, iniciou um enorme programa de obras públicas. Montaury permaneceu no governo municipal por 27 anos, sendo sucedido por Otávio Rocha e Alberto Bins, que em linhas gerais mantiveram a mesma orientação. A fim de melhor controlar o processo de desenvolvimento, o município atraiu para si a responsabilidade sobre muitos serviços públicos, como o fornecimento de água encanada, iluminação, transporte, educação, policiamento, saneamento e assistência social, em um volume que ultrapassava em muito o hábito da época e superava o que faziam na mesma altura São Paulo e Rio de Janeiro. Contudo, o crescimento do funcionalismo público e a quantidade de obras demandaram recursos além das capacidades de arrecadação, e foram contraídos grandes empréstimos. Na cultura foi um marco a fundação em 1908 do Instituto Livre de Belas Artes, antecessor do atual Instituto de Artes da UFRGS, que concentrou a produção de arte na capital e foi em todo o estado praticamente a única referência institucional significativa até a década de 1960 nos campos do estudo, ensino e produção de arte.
Em 1940 o município contava com cerca de 385 mil habitantes e seus índices de crescimento eram positivos para a indústria, a construção civil, a educação, a saúde, a eletrificação, o saneamento, o movimento portuário, os transportes e as obras de urbanização. A ligação rodoviária e aérea com o centro do Brasil foi incrementada e a rede ferroviária para o interior do estado se expandia. No encerramento dos anos 1950 foi implantado o primeiro Plano Diretor, composto com base na Carta de Atenas. Para Helton Bello, com este Plano se acentuou a verticalização da cidade, fazendo Porto Alegre conhecer o maior crescimento edilício de sua história, o que alterou significativamente a morfologia urbana.
Glênio Bianchetti: Jogo do osso, xilogravura,
1955. Acervo do MARGS.
Exemplo da arte regionalista de cunho social
praticada pelo Clube de Gravura de Porto Alegre
e que se tornou importante para a renovação
das artes gráficas brasileiras
A segunda metade do século XX foi caracterizada por um acelerado crescimento urbano e populacional, e os sucessivos administradores se empenharam novamente em uma série de investimentos em obras públicas, enquanto a cidade via desaparecer, sob a onda do progresso, boa parte de suas edificações antigas. Paralelamente, a cultura de Porto Alegre se caracterizou por um forte colorido político, reunindo expressivo grupo de intelectuais e produtores artísticos influentes alinhados ao Existencialismo e ao Comunismo. Entre o fim da década de 1950 e os anos que precederam o golpe militar de 64 foram montadas peças teatrais de vanguarda, em polêmicas abordagens de crítica social; as artes plásticas mostravam uma arte realista/expressionista de mesmo perfil, que por vezes adquiria um tom panfletário. Quanto ao golpe, Porto Alegre foi o palco de importantes movimentos políticos que levaram à sua concretização, comandados pelo então governador Ildo Meneghetti a partir do Palácio Piratini. Porto Alegre nas últimas décadas se tornou uma das grandes metrópoles brasileiras, internacionalizou sua cultura, tornou-se um modelo de administração pública, dinamizou sua economia a ponto de se tornar uma das cidades mais ricas do mundo, e alcançou altos níveis de qualidade de vida, mas ao mesmo tempo passou a experimentar os problemas que afligem outros grandes centros urbanos do Brasil, com o surgimento de favelas, de dificuldades no trânsito e crescimento da poluição e dos índices de criminalidade.

Geografia

Porto Alegre é a capital do estado mais meridional do Brasil, o Rio Grande do Sul, situando-se em torno do paralelo 30º - entre 29º10'30'' sul e 30º10'00'' sul - e do meridiano 50º - entre 51º05'00'' oeste e 51º16'15'' oeste. A área real do município é controversa, e varia conforme a fonte de dados. A própria Prefeitura oferece informações conflitantes, 476,3 km² ou 497 km², o Itamaraty indica 489 km² e Nalin dá o número de 496,1 km². O IBGE refere uma área de 497 km². Suas cidades limítrofes são Canoas, Cachoeirinha, Viamão, Eldorado do Sul e Alvorada.

Subdivisões

Planta do núcleo urbano
inicial da cidade, 1840,
ainda com a linha de
muralhas assinalada
Porto Alegre originalmente se dividia em distritos, forma documentada pela primeira vez em 1892. Em 1927 se procedeu à divisão por zonas (urbana, suburbana e rural) e distritos, subdividindo-os em seções. Na década de 1950 foi formulada a divisão por bairros. O primeiro a ser criado foi o Medianeira, em 1957, e outros 57 surgiram por força da Lei nº 2022 de 7 de dezembro de 1959. Entre 1963 e 1998 foram criados diversos outros, e alguns dos primeiros tiveram limites retificados. Os últimos a serem criados foram o Jardim Isabel, em 2009, Chapéu do Sol e Campo Novo, ambos em 2011. Porto Alegre em 2014 possuía oficialmente 81 bairros. O bairro mais extenso é o Arquipélago, com 4 718 ha, e o menor o Bom Fim, com 38 ha. Ainda existem algumas áreas sem denominação oficial, descritas como Zona Indefinida e que são conhecidas por nomes atribuídos popularmente, como é caso do Morro Santana, Passo das Pedras e Aberta dos Morros. Em 2000 a Zona Indefinida possuía 10 290 ha, com uma população de 115 671 pessoas.
Segundo Hickel et alii, Porto Alegre pode ser dividida em dez macrozonas de organização espacial urbana, "cada uma com diferentes padrões de desenvolvimento urbano, espaços públicos de natureza e funções diversas, tipologia de edificações e estruturação viária distintas, além de aspectos socioeconômicos, paisagísticos e ambientais e potencial de crescimento próprios". A Cidade Radiocêntrica compreende o Centro Histórico, com uma trama radial de elevada densidade demográfica. Ao norte situa-se o Corredor de Desenvolvimento, área de potencial econômico e localização privilegiada pela presença de vias de ligação com os principais polos da Região Metropolitana, mas é uma área pouco residencial e vem sendo ocupada por favelas. Ao sul encontra-se a Cidade Xadrez, de malha viária ortogonal, resultado da expansão planejada da cidade naquela direção. A Cidade de Transição caracteriza-se pela passagem de uma ocupação mais densa para uma urbanização rarefeita e mais concentrada no topo dos morros. Na margem sudoeste do Guaíba está a Cidade Jardim, predominando residências e densa arborização. No limite leste encontra-se o Eixo Lomba do Pinheiro, com grande número de vilas populares e favelas. No centro-sul situa-se a Restinga, que nasceu com o objetivo de assentar a população de baixa renda removida de áreas de ocupação irregular. No extremo sul encontra-se a Cidade Rural-Urbana, uma vasta área de ocupação rarefeita, misturando diferentes graus de atividade rural e urbana. As Ilhas do Delta do Jacuí possuem alguns pontos de urbanização e uma grande área de preservação natural, de importância ecológica para o município e para o estado.

Geologia e hidrografia

 Vista do Morro da Polícia
Geologicamente a estrutura do terreno porto-alegrense é muito antiga. A cidade está localizada dentro dos limites da Bacia do Paraná, uma extensa bacia sedimentar que se estende para o norte até o centro do Brasil, cujos primeiros sedimentos foram depositados no Paleozoico, com vários acúmulos posteriores. Localmente o relevo da cidade é dominado pelo Maciço de Porto Alegre, parte do Cinturão Dom Feliciano, formado entre 2 e 2,4 bilhões de anos atrás e responsável pela existência da cadeia de morros que circunda a cidade. Suas rochas são uma mistura de gnaisses tonalíticos, granodioríticos e dioríticos. A ampla maioria do substrato rochoso, contudo, é de granitos e suas maiores altitudes atingem os trezentos metros.  Os morros mais elevados são o Morro Santana, com 331 m, o Morro da Polícia, com 291 m, e o Morro Pelado, com 298 m. A altitude média da cidade é de 10 m acima do nível do mar. O Centro está assentado sobre um extenso batólito granitoide. Nos morros encontram-se áreas de rocha exposta, em parte matacões descobertos lentamente pela erosão natural, em parte pela exploração comercial de pedreiras a partir do século XIX, e pela urbanização desordenada. Significativa porção da área urbanizada da cidade está sobre uma planície aluvial formada no período Quaternário com sedimentos depositados pelos rios Jacuí, Sinos, Gravataí e Caí. É uma área baixa e alagadiça, mas densamente povoada, com perfil mineralógico imaturo e predomínio de conglomerados, diamictitos, arenitos e lamitos. O restante da cidade é composto pelo arquipélago fluvial do Delta do Jacuí, com depósitos minerais recentes, de 120 a 5 mil anos de idade.
Adicionar legendaImagem
de satélite da Região Metropolitana
de Porto Alegre
Na hidrografia local a formação mais importante é o lago Guaíba, popularmente chamado "rio Guaíba", que limita a cidade a oeste e cujas águas se acumulam no recesso de uma falha geológica que tem origem na cidade de Osório e termina na região de Guaíba, e que são contidas por uma barragem natural na altura da ponta de Itapuã. No lago desaguam os rios acima citados, recebendo também outros tributários menores. A região litorânea possui várias praias, mas sua balneabilidade é comprometida pela poluição. A zona urbana é drenada internamente por vários arroios, destacando-se o arroio Dilúvio. Outros são os arroios Cascata, Teresópolis, Passo Fundo, Cavalhada, Mangueira e Águas Mortas. Na zona rural correm os arroios Feijó, Capivara, Salso e Lami. 82,6% da área municipal se encontra na bacia do lago Guaíba e o restante na bacia do rio Gravataí. Suas águas subterrâneas provêm de dois depósitos distintos, um os granitos fraturados e outro os solos aluviais porosos. As primeiras têm uma composição predominantemente bicarbonatada cálcico-sódica e as outras, cloretada cálcico-sódica.

Panorâmica da cidade de cima do Morro do Osso

Clima

O clima de Porto Alegre é classificado como subtropical úmido (Cfa, segundo Köppen), tendo como característica marcante a grande variabilidade. A presença da grande massa de água do lago Guaíba contribui para elevar as taxas de umidade atmosférica e modificar as condições climáticas locais, com a formação de microclimas. O contínuo processo de cobertura da superfície do terreno por edificações e calçamento também gera microclimas específicos, observando-se até 4°C de variação térmica nas diferentes regiões da cidade. As chuvas são bem distribuídas, com a média anual permanecendo em torno de 1 300 milímetros. Os meses com maior média pluviométrica são setembro (142 mm) e junho (138 mm), e os menores são maio (90 mm) e abril (77 mm). A umidade relativa do ar média é de 76%.  A ocorrência de neve é muito rara, mas as geadas ocorrem algumas vezes durante o ano.
Maiores acumulados de chuva em 24 horas
registrados em Porto Alegre por meses
Mês Acumulado Data Mês Acumulado Data
Janeiro 78,3 mm 24/01/1992 Julho 81,3 mm 27/07/2002
Fevereiro 79 mm 22/02/2012 Agosto 98,8 mm 17/08/1965
Março 92,9 mm 18/03/1983 Setembro 95 mm 19/09/1967
Abril 93 mm 18/04/1991 Outubro 79,7 mm 08/10/2005
Maio 149,6 mm 03/05/2008 Novembro 105,5 mm 11/11/2013
Junho 135,4 mm 09/06/1974 Dezembro 84,9 mm 07/12/1976
Fonte: Rede de dados do INMET. Período: 02/01/1961 a 31/12/2013.













Nos últimos anos, foram registrados vários episódios de precipitação acumulada maior que 50 milímetros em menos de uma hora em pontos isolados da capital, e em 2005 e 2007 foram registrados acúmulos de cerca de 100 milímetros em uma hora, também em pontos isolados. Em alguns anos, sob influência do El Niño, se verificam enchentes na região do Arquipélago, mas cenas como a grande enchente de 1941 não se repetiram depois da retificação do Arroio Dilúvio e da construção do muro de contenção na Avenida Mauá. O furacão Catarina, um fenômeno atípico nesta parte do mundo, que em 2004 atingiu com mais força o estado de Santa Catarina, provocou estragos em alguns bairros da cidade, com episódios curtos e localizados de vento intenso, possivelmente pela formação localizada de tornados derivados da massa ciclônica principal. Entretanto, ocorre às vezes a formação de tornados independentes. O episódio mais recente aconteceu na onda de tornados de 11 de outubro de 2000, que varreu o centro-norte do estado com cerca de dez ocorrências acompanhadas de chuvas fortes e intenso granizo, quando se registrou um tornado com ventos de mais de 200 km/h no bairro de Belém Novo, no mesmo dia em que outro fustigou Águas Claras, interior de Viamão, na Região Metropolitana.  Em 2008 foi vista uma pequena nuvem em funil sobre o Aeroporto Salgado Filho, mas não chegou a tocar a terra e logo se dissipou.
Segundo dados do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), desde 1961 a menor temperatura já registrada em Porto Alegre foi de -0,2 °C em 16 de julho de 1993, mas a mínima absoluta histórica foi de -4 °C em 11 de julho de 1918. O recorde absoluto de maior temperatura ocorreu em 6 de fevereiro de 2014, 40,6 °C, entretanto há registros de 42,6 ºC nesse mesmo dia na zona norte, segundo o Sistema Metroclima da prefeitura. Os maiores acumulados de chuva em 24 horas no mesmo período foram de 149,6 mm em 3 de maio de 2008, 135,4 mm em 9 de junho de 1974, 107,7 mm milímetros em em 5 de junho de 1970 e 105,5 mm em 11 de novembro de 2013. Em junho de 1964 foi registrado o maior volume total de chuva em um mês, de 340,1 mm.
Nuvola apps kweather.svg Dados climatológicos para Porto Alegre Weather-rain-thunderstorm.svg
Mês Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Ano
Temperatura máxima registrada (°C) 39,2 40,6 38,1 35,6 32,7 31,6 32,2 34,9 38 38,2 39 39,8 40,6
Temperatura máxima média (°C) 30,2 30,1 28,3 25,2 22,1 19,4 20,3 20,4 21,8 24,4 26,7 29 24,8
Temperatura média (°C) 24,6 24,6 23,1 19,9 16,9 14,3 14,4 15,2 16,8 19,1 21,2 23,3 19,5
Temperatura mínima média (°C) 20,5 20,8 19,3 16,3 13 10,7 10,7 11,5 13,1 15 17 18,9 15,6
Temperatura mínima registrada (°C) 10,1 12,6 9,6 6,8 3 0,4 -0,2 0,3 2,2 5,8 8 10 -0,2
Precipitação (mm) 105,9 99,2 104,7 77,3 90 138,4 118,5 137,1 142,2 121,3 92,4 93,4 1 320,2
Dias com chuva (≥ 1 mm) 9 8 8 7 8 9 9 9 10 9 8 7 101
Umidade relativa (%) 71 74 75 77 81 82 81 79 78 74 71 69 76
Horas de sol 239 208,1 200,7 180,3 166,1 136 148,6 151,1 151,2 201,9 216,6 245,2 2 244,8
Fonte: Instituto Nacional de Meteorologia (médias climatológicas de 1961 a 1990;       recordes de temperatura desde 1961). 

Meio ambiente

 Entrada do Parque Saint-Hilaire
Atualmente Porto Alegre preserva pouco de sua vegetação original e, como ocorre em toda a região metropolitana, os ambientes naturais foram extensamente modificados pelo homem. Da cobertura verde original restam hoje 24,1%, com diferentes graus de alteração humana, sendo 10,2% de campos e 13,9% de florestas. Entretanto, cerca de 65% da área do município ainda não foi ocupada pela urbanização propriamente dita. Estando localizada na zona limítrofe entre os biomas da Mata Atlântica e do Pampa, a cidade apresenta características de ambos, além de incorporar espécies migrantes da Amazônia, do Chaco e da Patagônia. Nos morros, já muito desmatados, a vegetação é composta essencialmente por gramíneas e plantas rasteiras. Sobrevivem algumas áreas de mata ou arbusto, sendo comuns a crista-de-galo, cambuim, pitangueira, salsaparrilha, unha-de-gato, aroeira, louro, cedro, cangerana, timbaúva, capororoca, figueira, batinga e ingazeira. Nos terrenos de aluvião predominam o gravatá e a crista-de-galo e, nos alagadiços, o chapéu-de-couro, a sagitária, a pontedéria e os aguapés.
Área das cactáceas no Jardim Botânico de Porto Alegre
A cidade conta com três unidades de conservação ambiental: a Reserva Biológica do Lami José Lutzenberger, o Parque Saint-Hilaire e o Parque Natural Morro do Osso, que preservam segmentos de seus ecossistemas primitivos e são ponto de atração para o ecoturismo. A Reserva do Lami possui ecossistemas diferenciados, permitindo o crescimento de cerca de trezentas espécies vegetais, além de um número muito superior de espécies animais como capivaras, tartarugas, lagartos, lontras e jacarés. Mais de 120 espécies de aves nativas já foram registradas na reserva, inclusive migratórias. Os banhados e juncais servem como berçários para muitos organismos aquáticos. O Parque Saint-Hilaire possui uma área de 1 148,62 hectares, dos quais 908,62 se destinam à preservação permanente. A flora nativa foi bastante modificada com a introdução de espécies exóticas como o eucalipto e o pinheiro, mas ainda existe parte da Mata Atlântica original, sendo um abrigo para 12 espécies de mamíferos, 47 de répteis, 23 de anfíbios e 14 de peixes, várias delas ameaçadas. O Morro do Osso é uma ilha verde de 127 hectares entre os bairros Tristeza, Ipanema, Camaquã e Cavalhada, com ambiente definido por vegetações rasteiras, arbustivas e fragmentos de Mata Atlântica. No parque foi registrada cerca de 65% da avifauna encontrada em Porto Alegre, incluindo espécies ameaçadas. A outra reserva natural da cidade, com estatuto de Área de Proteção Ambiental e uma área de 17 245 ha, é o Parque do Delta do Jacuí, que está sob administração estadual. É composto por banhados extensos e variados, blocos de vegetação arbustiva e maciços de árvores altas.
Numa categoria à parte está o Jardim Botânico de Porto Alegre, inaugurado em 1958 com uma área de 81,5 ha dividida em várias coleções vegetais distintas, incluindo espécies nativas, protegidas na chamada Zona Permanente. Em 2004 foi definido como unidade de conservação e como parte integrante da estrutura administrativa da Secretaria Estadual de Meio Ambiente, com propósitos ecológicos, educativos e recreativos, além de realizar pesquisas científicas de âmbito estadual e manter um banco de sementes para recuperação da biodiversidade de áreas devastadas. O jardim mantém adicionalmente um Museu de Ciências Naturais.

Outras áreas verdes

Praça da Alfândega
Mesmo tendo perdido grande parte de seus ecossistemas originais, a zona urbana de Porto Alegre é uma das mais arborizadas dentre as capitais do Brasil. A cada habitante da cidade correspondem, aproximadamente, 17 m² de área verde. A Secretaria de Meio Ambiente estima que existam cerca de 1,3 milhão de árvores plantadas em vias públicas e dedica-lhes considerável atenção. Nas ruas são encontradas 173 espécies arbóreas, sendo as mais frequentes a extremosa, o ligustro, o jacarandá, o cinamomo, o branquiquito, o ipê-roxo, o mimo-de-vênus, o ipê-amarelo, a tipuana e a sibipiruna.
Lago do Parque Farroupilha
Outras áreas verdes existem na forma das suas 582 praças urbanizadas, ocupando uma área total superior a quatro milhões de metros quadrados, e seus vários parques. Os mais frequentados são o Parque Farroupilha (ou Redenção), o mais antigo da cidade, o Parque Moinhos de Vento (ou Parcão) e o Parque Marinha do Brasil. Outras áreas são o Parque Chico Mendes, o Parque Mascarenhas de Moraes e o Parque Maurício Sirotski Sobrinho. Muitas dessas áreas dispõem de variados equipamentos de esporte e lazer e atraem grande número de frequentadores, além de, contando com espécies vegetais nativas, servirem de abrigo para diversos animais da região. 

Problemas ambientais e conscientização ecológica

Lixo na foz do arroio Dilúvio, junto ao lago Guaíba
Nos últimos anos a cidade tem permanecido entre os municípios considerados em situação crítica no estado em relação ao índice de potencial poluidor da indústria (Inpp-I), e a Região Metropolitana tem evidenciado uma crescente concentração em atividades industriais de alto potencial poluidor, com quase 80% delas nessa categoria. Em 2007 o nível de poluição na cidade era o dobro do recomendado pela Organização Mundial de Saúde, sendo a segunda capital mais poluída do Brasil. A média de material particulado fino na atmosfera foi de 22,25 microgramas por metro cúbico, nível que, segundo o patologista Paulo Saldiva, está diretamente relacionado a mortes por doenças cardiovasculares e bronquites crônicas, além de provocar outras doenças. Existem postos de monitoramento da qualidade do ar em Porto Alegre e em 2010 o ar da cidade tem se mantido em condições de boas a regulares. Porém, em algumas ocasiões se registraram índices classificados como inadequados. Outros problemas ambientais são a urbanização descontrolada, com perda da cobertura vegetal, impermeabilização do solo, contaminação e redução de mananciais de água e erosão, desencadeando também alagamentos e deslizamentos durante chuvas fortes. Em muitos poços a água coletada está aquém do limite de potabilidade permitido pelo Ministério da Saúde, sendo o principal contaminante inorgânico o fluoreto.
Aspecto do Morro da Polícia
com áreas desmatadas,
trechos de matas e zonas de
ocupação irregular por favelas
O problema é agravado pela construção de muitos poços sem a devida selagem sanitária, gerando contaminação adicional por nitratos orgânicos. O lago Guaíba, principal abastecedor de água para a cidade, é poluído por uma variedade de fontes, como lançamentos de esgotos, efluentes industriais e agrotóxicos, além de receber o afluxo das águas também poluídas dos rios Gravataí e Sinos. O lixo doméstico é outro dos agentes poluidores da capital.
Entre as espécies raras ou ameaçadas ainda presentes em vários pontos de Porto Alegre estão o crustáceo Parastacus brasiliensis, a aranha Eustala saga, as espécies vegetais Alstroemeria albescens, Colubrina glandulosa, Ocotea catharinensis e Erythrina falcata, as aves Accipiter striatus, Buteo brachyurus e Stephanoxis lalandi, e os mamíferos Alouatta guariba clamitans e Sphiggurus villosus.
Por outro lado, a cidade conta com um movimento ecológico bastante organizado, que se projetou nacionalmente desde a década de 1970 através das figuras de José Lutzenberger, fundador em 1971 da Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (AGAPAN), e Magda Renner, que organizou em 1975 o primeiro encontro ecológico nacional, trazendo a Porto Alegre participantes de vários pontos do país. A partir de suas iniciativas pioneiras, diversos outros grupos se formaram.  A Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SMAM) foi a primeira a ser criada no Brasil (1976) e a Prefeitura Municipal também tem promovido um grande número de atividades voltadas para a população a respeito de tópicos variados, como orientação sobre descarte adequado de resíduos, arborização urbana, organização de passeios ecológicos monitorados e palestras sobre temas ecológicos globais. Contudo, recentemente a Prefeitura vem sendo alvo de protestos populares por promover o corte de muitas árvores nas obras para a Copa de 2014 e em outros projetos de "revitalização" de logradouros públicos. Alguns protestos têm acabado em confrontos violentos com a polícia.    A SMAM especificamente há anos vem recebendo acusações de irregularidades administrativas e técnicas. Numa grande operação policial em 2013, o secretário do ambiente Luiz Fernando Záchia foi preso, junto com o secretário estadual e um ex-secretário municipal da pasta, além de dezenas de outros, para investigação sob acusação de corrupção, falsidade ideológica, crimes ambientais e lavagem de dinheiro.  

Demografia

Crescimento populacional
Censo Pop.
1872 43 998
1890 52 421
19,1%
1900 73 647
40,5%
1920 179 263
143,4%
1940 272 232
51,9%
1950 394 151
44,8%
1960 635 125
61,1%
1970 885 545
39,4%
1980 1 125 477
27,1%
1991 1 263 403
12,3%
2000 1 360 590
7,7%
2010 1 409 939
3,6%
Fonte: IBGE
A capital contava em 2013 com 1 467 823 habitantes5 e uma densidade demográfica de 2 896,0 hab/km² em 2008. Porém a densidade demográfica varia consideravelmente entre as várias subdivisões da cidade, com uma forte concentração no Centro e em bairros próximos como Moinhos de Vento, Boa Vista, Mont'Serrat e Santa Tereza. De acordo com o censo de 1990 do IBGE, o mais populoso era o Rubem Berta, com 78 624 habitantes, e o menos populoso era o Anchieta, com apenas 203 pessoas. No mesmo censo, o Bom Fim apareceu como o com maior densidade populacional, com 299 habitantes por hectare, enquanto o Arquipélago, Lageado e Lami indicaram uma taxa de somente uma pessoa por hectare. O que mais cresceu entre 1980 e 2000 foi Belém Velho, com 7,3%, e o que menos cresceu foi o Jardim Floresta, com uma taxa negativa de -2.2%.
A taxa de crescimento populacional está em 1,25% ao ano, mas a tendência desde os anos 1980 é a desaceleração desse ritmo, perdendo importância relativa na Região Metropolitana, recuando entre 1995 e 2004 de 37,84% para 35,30% na sua participação na população total da Região, refletindo uma tendência de todas as grandes metrópoles nacionais. Por outro lado, a cidade continua sendo um polo de atração para as migrações intermunicipais e interestaduais, e este movimento populacional parece estar associado à busca de trabalho e às maiores possibilidades de estudo e negócios.
Recebendo ao longo de sua história imigrantes de várias partes do mundo, sua população é muito heterogênea, mas etnicamente possui um largo predomínio de brancos. Em 2000 tinha em sua composição étnica 82,4% de brancos, 8,7% de negros, 7,8% de pardos, 0,5% de índios, 0,2% de amarelos e 0,4% de etnia não declarada. De acordo com um estudo genético de 2011, a composição genética da população de Porto Alegre é 77,70% europeia, 12,70% africana e 9,60% ameríndia. Os brancos, pardos e negros de Porto Alegre, no geral, apresentaram traços das três ancestralidades.
Amostragem da população num domingo no Parque Farroupilha
Em 2000 a expectativa de vida ao nascer era de 71,59 anose o coeficiente de mortalidade infantil era de 11,64 em 2008. A pirâmide etária em 2000 se distribuía entre cerca de 23% com menos de 15 anos, cerca de 68% entre 15 e 64 anos, e cerca de 8% com 65 anos ou mais. A taxa de fecundidade total era de 1,8 filho por mulher. A taxa de analfabetismo na população adulta era de 3,9%, com uma média de 9 anos de escolarização. Nos indicadores de vulnerabilidade familiar, havia 0,3% de mulheres entre 10 e 14 anos já com filhos, 7,5% de mulheres entre 15 e 17 anos já com filhos, 22,3% de crianças em famílias com renda inferior a 1/2 salário mínimo e 6,0% de mães chefes de família, sem cônjuge, com filhos menores. No período 1991-2000, o Índice de Desenvolvimento Humano de Porto Alegre cresceu 4,98%, passando de 0,824 em 1991 para 0,865 em 2000. As dimensões que mais contribuíram para este crescimento foram a renda, a educação e a longevidade. Segundo a classificação do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), o município está entre as regiões consideradas de alto desenvolvimento humano. Em relação aos outros municípios, Porto Alegre apresenta uma situação muito favorável, estando em 9º lugar no Brasil e em 2º no estado.
Ao longo da década de 1990 houve importante mudança no perfil religioso da população, com redução do percentual de católicos e aumento entre os evangélicos, os sem religião e de religiões classificadas como "outras". Em números absolutos, em 2000 havia 73,8% de católicos, 3,1% de evangélicos de missão (incluindo luteranos, batistas e adventistas), 5,5% de evangélicos pentecostais, 8,2% declarados sem religião e 9,4% de "outros". Porém, mesmo em redução, o Catolicismo perdeu proporcionalmente menos seguidores em Porto Alegre do que entre as demais capitais brasileiras. Os evangélicos de missão encontram-se em ligeiro declínio e em números absolutos os luteranos são a grande maioria; os pentecostais, ainda que tendo seus números em ascensão, ainda estão com a menor proporção dentre todas as capitais brasileiras, salvo Teresina, e o seu ritmo de crescimento é o menor de todas as capitais. As mais importantes ramificações do Pentecostalismo na capital gaúcha são a Assembleia de Deus e a Igreja Universal do Reino de Deus.

Região Metropolitana

A Região Metropolitana de Porto Alegre (RMPA), criada em 1973, é a área mais densamente povoada do estado, concentrando 37% da população em 31 municípios, nove deles com mais de 100 mil habitantes. A densidade demográfica da região é de 480,62 habitantes/km². Estes municípios apresentam grandes disparidades quanto ao PIB per capita e aos indicadores sociais, com uma distribuição desigual de agentes econômicos e de equipamentos urbanos como transporte, saúde, educação, habitação e saneamento. Seu território é dividido em cinco Conselhos Regionais de Desenvolvimento: Metropolitano-Delta do Jacuí, Vale dos Sinos, Paranhana-Encosta da Serra, Centro-Sul e Vale do Caí. Toda a RMPA é hoje um polo de imigração no estado, atraindo muitas pessoas pelos preços mais baixos da terra e pelas facilidades de emprego em áreas de expansão econômica.

Política, administração e cidadania

Paço Municipal
O Poder Executivo é representado pela Prefeitura Municipal, suas Secretarias e outros órgãos da administração pública direta e indireta. Em 2010 o prefeito de Porto Alegre era José Fortunati. O Poder Legislativo é representado pela Câmara Municipal. A XV Legislatura (2009/2012) é composta por 35 vereadores, assim distribuídos: 6 do PT, 6 do PMDB, 5 do PTB, 5 do PDT, 3 do PPS, 3 do PP, 2 do PSDB, 2 do PSOL, 1 do DEM, 1 do PSB e 1 do PRB. A Mesa Diretora era presidida em 2010 pelo vereador Nelcir Tessaro, do PTB. O Poder Judiciário é representado pelo Foro Central da Comarca de Porto Alegre. Em 2010, o diretor do Foro Central era o juiz Alberto Delgado Neto.
Uma das características mais marcantes da administração pública porto-alegrense é a adoção de um sistema de participação popular na definição de investimentos públicos, o chamado Orçamento Participativo. Segundo Fedozzi e Costa, este sistema vem sendo reconhecido internacionalmente como uma experiência bem-sucedida de interação entre a população e as esferas administrativas oficiais na gestão pública. A distribuição dos recursos de investimentos obedece a um planejamento que parte da indicação de prioridades pelas assembleias regionais ou temáticas e culmina com a aprovação de um plano de investimentos que programa obras e atividades discriminadas de acordo com as decisões das assembleias.  Ainda segundo Fedozzi, isso permite o exercício do controle social sobre os governantes, criando obstáculos para o clientelismo e fazendo com que os segmentos sociais historicamente excluídos do desenvolvimento sejam reconhecidos e integrados como sujeitos ativos dos processos decisórios. A participação majoritária de pessoas das classes baixas e os investimentos priorizados, principalmente na área de infraestrutura, atestam o apelo popular da proposta.
Adicionar legendaProtestos de rua em 2013.
A faixa diz: "Oi, eu sou a Educação,
finge que eu sou a Copa e investe em mim".
Porém há quem conteste, dizendo que este modelo já se desgastou com o passar dos anos e já não provoca debate nem incita à participação, ou que seus efeitos não são significativos. A administração atual (2013) vem sendo pesadamente criticada por não dialogar com a sociedade e implementar projetos de grande impacto desconsiderando protestos repetidos, que acabam muitas vezes em tumultos violentos em via pública. Têm se tornando notórios, por exemplo, os conflitos em torno do preço das passagens de ônibus e das obras para a Copa de 2014, que envolvem o abate de muitas árvores, causam transtornos para a população e privilegiam a circulação de veículos em detrimento da qualidade de vida.    O prefeito José Fortunati desencadeou indignação geral quando disse que as árvores abatidas não eram usadas pelas pessoas. O jornalista Daniel Cassol denunciou um esquema de favorecimentos ilícitos para a realização das obras, em toda a cidade cerca de 10 mil famílias podem ser obrigadas à mudança de residência e quase metade desta população já foi afetada. Para o professor da UFRGS João Rovatti, esses problemas refletem a falta de planejamento urbano adequado. A geógrafa Lucimar Siqueira, do Observatório das Metrópoles, lamentou que a cidade esteja regredindo neste aspecto e disse que Porto Alegre ainda é melhor comparada com outras capitais, "mas viola direitos tanto quanto as outras". Leandro Anton, coordenador do Quilombo de Sopapo, um ponto de cultura atingido pela duplicação da Avenida Tronco, afirmou que "a Prefeitura nunca apresentou um plano de reassentamento das famílias e ainda está violando o direito de serem reassentadas dentro da região, apesar da promessa do prefeito". Bruna Rodrigues, presidente da União das Associações de Moradores, considera que a cidade está virando "uma panela de pressão". A Prefeitura alega que permanece atenta às necessidades populares e reconheceu que há dificuldades a vencer, mas rebate essas acusações como infundadas.  Mesmo assim, o Ministério Público e outros organismos sociais estão mobilizados em função das denúncias repetidas de violações de direitos humanos e outras irregularidades pela administração municipal.   
Passeata de abertura do III Fórum Social Mundial
Outras questões sociopolíticas que têm sido levantadas em tempos recentes são as que dizem respeito às minorias, como os indígenas, os negros e outras que, se por um lado têm conquistado progressivo respeito, espaço e visibilidade, ainda esperam estudos que aprofundem o conhecimento de suas realidades, e medidas públicas que atendam mais satisfatoriamente às suas necessidades, propiciando uma inserção mais digna, representativa e ativa na sociedade local.  
A cidade destacou-se em anos recentes pela realização das três primeiras edições do Fórum Social Mundial, em 2001, 2002 e 2003. A terceira edição atraiu 20 763 delegados representando 130 países, com um público total de 100 mil pessoas de todas as partes do mundo. Segundo Oded Grajew, um dos mentores do Fórum, a iniciativa pretendeu denunciar os riscos do modelo neoliberal. Os eventos inspiraram a criação de movimentos semelhantes em diversos países, e muitos frequentadores do FSM desde o seu início são hoje presidentes dos seus países ou ocupam postos importantes de governo. A 10ª edição do FSM também se realizou em Porto Alegre, centrando seus debates na reflexão sobre os resultados obtidos até agora. As conclusões, porém, foram controversas.  Na direção oposta, outro evento importante é o Fórum da Liberdade, que acontece anualmente desde 1988 e tem o objetivo de encontrar alternativas objetivas e viáveis para equacionar os problemas brasileiros, defendendo a linha liberal ou neoliberal.

Cidades-irmãs

Vista de Portalegre, em Portugal,
cidade-irmã de Porto Alegre
A indicação de cidades-irmãs de Porto Alegre ocorre através de decreto municipal. A integração é firmada com o objetivo de criar relações e mecanismos em nível econômico e cultural através dos quais as cidades estabelecem laços de cooperação. Atualmente, Porto Alegre tem treze cidades-irmãs :
  • Estados Unidos Austin, Texas, Estados Unidos
  • Portugal Horta, Portugal
  • Japão Kanazawa, Japão
  • Argentina La Plata, Argentina
  • Itália Morano Calabro, Itália
  • Brasil Natal, Rio Grande do Norte Rio Grande do Norte
  • Estados Unidos Newark, Nova Jersey, Estados Unidos
  • Portugal Portalegre, Portugal
  • Uruguai Punta del Este, Uruguai
  • Argentina Rosário, Argentina
  • Rússia São Petersburgo, Rússia
  • Portugal Ribeira Grande, Portugal
  • República Popular da China Suzhou, China

Economia

Vista da área central da cidade
Segundo dados do IGBE, o PIB de Porto Alegre em 2007 era de 33,43 bilhões de reais e seu PIB per capita 23 534 reais. As receitas orçamentárias realizadas nas finanças públicas atingiram em 2008 2,86 bilhões de reais e as despesas orçamentárias chegaram a 2,52 bilhões. O seu valor no Fundo de Participação dos Municípios era de 133 773 590,80 reais. Havia 90 077 empresas registradas no Cadastro Central de Empresas, 85 156 atuantes, ocupando 780 549 pessoas, sendo destas 669 451 assalariadas. Mais de 16 bilhões de reais foram pagos em salários em 2008, com um salário médio mensal de 4,6 salários mínimos. De acordo com a ONU e o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), Porto Alegre teve em 2001 o melhor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) entre as metrópoles nacionais. O Coeficiente de Gini registrado em 2003 era de 0,44, com uma incidência de pobreza de 23,74% e 17,1% de pobreza subjetiva. Em 2006, o Índice de Desenvolvimento Socioeconômico era de 0,832 e a taxa de desemprego em 2009 foi de 5,8%, com maior incidência na indústria. O relatório Doing Business elaborado pelo BIRD colocou a cidade entre as mais favoráveis no Brasil para a atividade empresarial, estando à frente de São Paulo.
Atividades econômicas em
Porto Alegre por número de
empregados - (2012)
Em agosto de 2010 Porto Alegre foi a capital com o custo da cesta básica mais elevado, chegando a 240,91 reais. Em vários indicadores de custo de vida em 2009 Porto Alegre ficou entre as capitais mais caras, como em serviços e suprimentos domésticos, transporte, vestuário e calçados, mas estava entre as mais baratas para lazer e entretenimento.

Setor primário

Entre 2007-2008 na agricultura destacou-se a produção de arroz em casca, com 2 517 toneladas, com produções bem menores de milho (125 t), feijão (5 t), caqui (29 t), figo (45 t), goiaba (60 t), laranja (132 t), noz (14 t), pera (252 t), pêssego (600 t), tangerina (198 t), uva (225 t), batata-doce (300 t), cana-de-açúcar (630 t), cebola (9 t), fumo (5 t), mandioca (350 t), melão (375 t) e tomate (320 t). Também foram extraídos 22 814 m³ de lenha. Na pecuária em 2008 havia um rebanho de 9 891 bovinos, produzindo 1 148 mil litros de leite, 7 952 equinos, 569 bubalinos, 3 628 suínos, 266 caprinos, 1 397 ovinos, produzindo 3 263 kg de lã, 7 700 galos, frangos, frangas e pintos, 8 287 galinhas, com uma produção de 8 mil dúzias de ovos, 19 600 codornas, dando 130 mil dúzias de ovos, 720 coelhos e uma produção de mel de abelha de 6 311 kg. No Censo Agropecuário de 2006 foram registrados 294 estabelecimentos agropecuários de produtores individuais, com uma área produtiva de 5 597 ha, 2 cooperativas (372 ha), 24 sociedades pessoais ou consórcios (1 483 ha) e 20 sociedades anônimas (1 329 ha). No PIB municipal, o valor adicionado bruto da agropecuária em 2007 foi de 15 859 000 reais.

Setores secundário e terciário

Entrada do salão de convenções
da Federação das Indústrias
do Estado do Rio Grande do Sul (FIERGS)

Porto Alegre é sede da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (FIERGS), uma entidade que representa empresas, associações, sindicatos, centros e câmaras de indústria e comércio de todas as regiões do estado. Entre 1990 e 2000 a cidade experimentou um declínio na concentração de atividades industriais em relação às outras economias, perdendo empregos na indústria para o interior do estado e para a periferia da Região Metropolitana, a qual por sua vez também tem vivido uma desconcentração industrial. Em 1999 a indústria respondia por apenas 30% do PIB municipal, empregando somente 8% dos ativos e com o setor da microempresa predominando. Nos últimos dez anos o número de indústrias caiu 17%. Nas palavras de Valter Nagelstein, Secretário Municipal da Indústria e Comércio, a reversão desse processo só poderá acontecer se forem atraídas indústrias de alta tecnologia, que têm maior valor agregado e geram empregos com remuneração mais alta, já que o espaço da cidade não comporta mais grandes fábricas, e admite que é preciso criar políticas públicas para atrair essas empresas, que incluam a concessão de incentivos tributários.
Na construção civil a tendência tem sido a concentração na edificação imobiliária, com significativo crescimento em termos de número de empreendimentos e área construída. Em 2009, contudo, o indicador que mede o comportamento das vendas de imóveis da cidade de Porto Alegre sinalizou uma queda, na média dos oito primeiros meses do ano, relativamente ao verificado em 2008, de cerca de 43%. Em direção oposta, o volume de recursos pelo Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo para financiamento imobiliário, tanto para a construção quanto para a aquisição, cresceram significativamente no período. No censo imobiliário de 2010 foram identificados 342 empreendimentos imobiliários à venda, pertencentes a 195 empresas, totalizando 5 679 unidades novas, com uma área total em oferta de 675,43 mil m². Paulo Vanzetto Garcia, presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado do Rio Grande do Sul (SINDUSCON-RS), disse em agosto de 2010 que o mercado imobiliário de Porto Alegre passava por um bom momento.
Sede da Petróleo Ipiranga em Porto Alegre
Embora possua um parque industrial diversificado, em vista da sua economia dinâmica, da forte e moderna infraestrutura física e técnico-científica e da qualificação do mercado de trabalho, Porto Alegre vem mostrando uma tendência para a concentração em atividades do setor terciário, crescendo a indústria do conhecimento, o comércio e os serviços.  Há uma especialização em atividades administrativas, técnicas, científicas e assemelhadas, ostentando um Quociente Locacional (indicador de especialização) próximo de 2,0. Há da mesma forma uma tendência ao crescimento nos níveis de rendimentos reais dos empregados no setor público e dos trabalhadores autônomos. Em 2002 o comércio representava cerca de 30% do PIB municipal e o setor de serviços, cerca de 40%. Em 2004 cerca de 32% das empresas estavam no comércio varejista e atacadista, cerca de 64% eram do setor de serviços e apenas cerca de 3% se dedicavam à indústria. As exportações totais em 2008 alcançaram o valor de 1 228 626 776 dólares (FOB).
 O Mercado Público de Porto Alegre,
um dos prédios históricos da cidade
Shopping Iguatemi
Parte desse fenômeno se deve à concentração na cidade de sedes administrativas de grandes empresas gaúchas, como a Gerdau, a Ipiranga e a Rede Brasil Sul de Comunicações. Outro elemento que favorece a especialização terciária é a crescente procura da cidade por empresários estrangeiros que desejam instalar filiais que sirvam de entreposto para comércio com os países do MERCOSUL, em função da posição geográfica estratégica de Porto Alegre neste bloco comercial. Vem crescendo o número de empreendimentos hoteleiros para atender a esta movimentação do empresariado e também à expansão da indústria do turismo. Na esteira da desconcentração industrial, muitas empresas abandonaram suas instalações na cidade, ocasionando o relativo despovoamento do antigo distrito industrial da Zona Norte, contribuindo para a degradação da região. Têm sido realizados nos últimos anos diversos estudos e propostas de recuperação dos pavilhões abandonados, muitos deles de interesse histórico e arquitetônico, e revitalização econômica da área. A Prefeitura planeja para ali a instalação de um polo tecnológico.
Outra tendência que desde os anos 1970 vem sendo apontada, não apenas em Porto Alegre mas em todas as capitais brasileiras, é o progressivo declínio do comércio varejista de rua para a organização em centros comerciais. Entretanto, mesmo estes centros, em anos mais recentes, vêm enfrentando a concorrência de vários, grandes e modernos shopping centers que se instalam na capital. Parte disso se deve a aspectos de segurança, acessibilidade e conforto, mas não obstante, no Centro, em especial em torno da Rua da Praia, ainda sobrevive um ativo comércio de rua, dando continuidade a uma vocação tradicional da área. Outros polos de comércio de rua são as avenidas Azenha e Assis Brasil. Os shopping centers também contribuem para a valorização de algumas áreas urbanas desprestigiadas ou adormecidas antes de sua instalação, como foi o caso do Shopping Iguatemi, que depois dos anos 1980 vitalizou todo o espaço entre as avenidas Nilópolis e Nilo Peçanha, até então considerado distante do Centro e de acesso difícil.

Turismo
Barco para passeio pelo Guaíba
diante da Usina do Gasômetro
Porto Alegre era em 2007 a sexta porta de entrada de visitantes estrangeiros no país. Entre 1999 e 2007, 376 095 estrangeiros entraram no estado via aérea por Porto Alegre, e o turismo cresce principalmente por a cidade ser um ponto de partida para viagens a outros locais interessantes do estado, como a Serra do Nordeste, o litoral e a região das Missões. Alguns autores acreditam que o turismo local poderia ser muito mais explorado, especialmente as atividades que envolvem o lago e a cultura, e tanto a iniciativa privada como a pública já têm direcionado esforços para incrementar esta área da economia.
Uma pesquisa sobre o perfil do turista brasileiro na capital, levada a cabo em 2010, revelou que apenas 12,8% dos visitantes viajaram com finalidade de lazer. A maior parte deles viajou por negócios ou a trabalho (35,2%) ou para visitar parentes e amigos (34%). As atividades realizadas pelo público total, contudo, variaram: 44,8% visitaram amigos e parentes, 38% realizaram negócios, 30% experimentaram a culinária, 29,2% fizeram compras, mas apenas 16,4% visitaram parques, o lago ou passaram tempo em lazer, 14% assistiram a espetáculos, e somente 8,4% se dedicaram a atividades culturais. A maior percentagem, 36,4%, gastou menos de 300 reais na viagem, apenas 14,4% gastaram mais de 1 300 reais. Entretanto, 85,6% recomendariam Porto Alegre para conhecidos como um destino de lazer, e 89,2% expressaram intenção de voltar. Os pontos positivos destacados na estadia em Porto Alegre foram a gastronomia, a hospitalidade, a boa hospedagem, o lazer e entretenimento, os atrativos turísticos e os serviços de transporte. Os menores níveis de satisfação foram para a segurança, a limpeza pública e a sinalização urbana. Os maiores atrativos turísticos foram apontados nos parques, na cultura e nas compras, e os menos atraentes foram os negócios, os serviços de saúde e os eventos.
Desde 2003 a prefeitura vem investindo na Linha Turismo, um itinerário percorrido em ônibus aberto que passa pelos principais pontos turísticos da cidade. A Linha oferece duas opções, Centro Histórico e Zona Sul. Em funcionamento desde janeiro de 2003, a Linha Turismo já foi procurada por mais de 364 mil pessoas. Outros itinerários oferecidos pela Prefeitura podem ser praticados pelos turistas nos Caminhos Rurais, visitando a região de chácaras e antigas fazendas na zona sul, as Caminhadas Orientadas/Viva o Centro a Pé, visitando o centro histórico acompanhado de guias, e a Estação Porto Alegre, com roteiros variados a preços baixos. Há também sempre acontecendo uma quantidade de espetáculos de teatro e música, exposições de arte, eventos, seminários, feiras, esportes, festas e comemorações de variada natureza, muitas delas acessíveis até para quem dispõe de poucos recursos, ou mesmo inteiramente gratuitas. Também pode-se conhecer a cidade a partir do lago em passeios náuticos e as tradições tipicamente gauchescas nos inúmeros Centros de Tradições Gaúchas (CTGs) espalhados pela cidade.  A capital gaúcha tem hoje cerca de 80 hotéis das principais redes e mais de 12,7 mil leitos, além de possuir no seu entorno hotéis-fazenda e pousadas. Entre os melhores da cidade encontram-se os hotéis das redes Plaza e Blue Tree. Diariamente sai do hotel Plaza São Rafael um roteiro de turismo paleontológico.
Vista panorâmica do Rio Guaíba em Ipanema, na zona sul da cidade

Infraestrutura

Transporte

A sua situação geográfica, limitada a oeste pelo lago e ao sul e leste pelos morros, condicionou a distribuição da urbanização basicamente num único eixo, em direção norte, e por consequência neste eixo se concentraram as principais rodovias e ferrovias. Ao longo delas floresceram diversas cidades da Região Metropolitana.
Um dos ônibus da Carris
O setor dos transportes é administrado pela Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC). A população é atendida por uma frota de 1 592 ônibus, 403 lotações (vans ou micro-ônibus), 618 veículos de transporte escolar e 3 923 táxis. Os ônibus servem em 364 linhas, transportando cerca de 1,1 milhão de passageiros por dia. Destes ônibus, 371 possuem adaptações para pessoas portadoras de deficiência física e 359 têm ar-condicionado. As lotações percorrem em 46 linhas, conduzindo 56 000 passageiros por dia. A frota de transporte escolar atende 392 escolas cadastradas e 15 824 estudantes. A EPTC também organiza um programa de educação para o trânsito, operacionalizado por agentes de fiscalização apoiados por professores e técnicos. A qualidade da frota e a cobertura em todos os tipos de demanda posicionam a cidade como uma das referências nacionais em mobilidade. Em 2009 a frota total de veículos na capital era de 659 082 unidades, segundo informação do DETRAN, representando uma taxa de motorização de 2,18 habitantes por veículo, uma das mais elevadas do país. A Prefeitura controla a Companhia Carris, a mais antiga empresa de transporte coletivo do país em atividade, criada em 19 de junho de 1872. Atualmente ela mantém 27 linhas, com uma frota de 339 veículos, a maior da cidade, respondendo por um quarto do total de passageiros transportados.
O Cais Mauá do Porto de Porto Alegre
O número de usuários do transporte coletivo vem em geral caindo desde o início do acompanhamento em 1994, com alguns intervalos isolados de elevação. Entre as causas apontadas estão o valor da tarifa de ônibus, considerado alto por muitos usuários, a expansão da frota de automotores individuais, o crescimento do número de assaltos em ônibus e a difusão do uso da internet para atividades que antes exigiam deslocamento físico. Também se registrou um aumento nas reclamações por imprudência no trânsito, no número de acidentes com feridos e no volume de engarrafamentos. Embora nos últimos cinco anos o número total de acidentes de trânsito tenha aumentado, proporcionalmente ao número de veículos a tendência é de queda constante. Em 2009 ocorreram 161 acidentes no trânsito local com vítimas fatais e 1 268 atropelamentos.
O movimento de ônibus intermunicipais é concentrado na Estação Rodoviária de Porto Alegre, com atendimento 24 horas, setor de encomendas, guarda-malas, informações, postos do DAER, dos Correios e da Brigada Militar, tele-entrega de passagens, restaurantes e bares. Em dias de grande movimento, como nos feriados de Carnaval, podem passar pela rodoviária até 80 mil pessoas por dia. O fluxo aéreo é servido pelo Aeroporto Salgado Filho, com 37,6 mil m² de área construída, podendo receber simultaneamente até 28 aeronaves de grande porte, do tipo Boeing 747. O controle de movimentação de aeronaves é totalmente automatizado e informatizado. Um outro terminal, de 15 000 m², atende à aviação de terceiro nível (aeronaves convencionais e turbo-hélice). O Aero-shopping funciona 24 horas com lojas, serviços, praça de alimentação e cinemas. Seu terminal de carga aérea tem capacidade mensal de 1 500 t de carga exportada e 900 t de carga importada. O movimento médio diário é de 174 aeronaves, ligando Porto Alegre direta ou indiretamente a todas as capitais do País, às cidades do interior dos estados sulinos e São Paulo, além de manter linhas com voos diretos aos países do Cone Sul. Cerca de 13 mil passageiros usam diariamente o aeroporto, que é o principal da região Sul do Brasil e está passando por uma ampliação.
A ferrovia de Porto Alegre, de bitola de 1 metro, é controlada pela empresa América Latina Logística do Brasil (ALL), fazendo transporte principalmente de farelo de soja, derivados de petróleo, álcool, arroz, adubo e soja em grão. Existe uma linha de metrô de superfície, o Trensurb, que interliga Porto Alegre com as cidades do eixo norte da Região Metropolitana, chegando até Novo Hamburgo. Foi criada em 1980 para aliviar a já saturada principal via de acesso rodoviário da capital, a BR-116. Em 2009 transportou 44 404 858 passageiros. O Porto de Porto Alegre, administrado por uma autarquia do Governo do Estado, é o maior porto fluvial do país em extensão, com oito quilômetros de cais acostável. Sua estrutura conta com 25 armazéns com 70 mil m², numa área total de 450 000 m². Nos últimos cinco anos o porto movimentou cerca de quatro milhões de toneladas/ano, em produtos como papel, fertilizantes, sal, grãos, transformadores, frangos e celulose.

Educação

 Entrada do antigo Instituto de
Química da UFRGS, um prédio histórico
Porto Alegre em 2007 recebeu do Ministério da Educação o selo que a reconhece como Cidade Livre do Analfabetismo, concedido a toda cidade que alcançar 96% de alfabetização. Entre as capitais, além de Porto Alegre, apenas Curitiba e Florianópolis foram reconhecidas. Conforme o censo do IBGE de 2000, Porto Alegre registrou taxa de analfabetismo de 3,3%. Em 2009 seu ensino fundamental era servido por 369 escolas e 8 777 docentes, atendendo a 190 005 matriculados; o ensino médio era ministrado por 3 281 professores em 142 escolas, para 51 319 alunos. O Colégio Militar de Porto Alegre ficou em 2007 na 14ª colocação entre as melhores escolas da rede pública brasileira com maiores médias no ENEM. Na escala estadual, o Colégio Militar e o Colégio Anchieta são os dois melhores.
Hospital de Clínicas
Existem muitas universidades e faculdades, e as duas maiores universidades sediadas em Porto Alegre foram consideradas em 2006 como as melhores da região sul do Brasil - a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e a Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS). Em 2009, a PUC-RS foi premiada como a melhor universidade privada do ano do Brasil, segundo o V Prêmio Melhores Universidades 2009, do Guia do Estudante e Banco Real - Grupo Santander. Em 2010, a UFRGS se colocou entre as 500 melhores universidades do mundo e, no Índice Geral de Cursos (IGC) 2008-2011, elaborado pelo Ministério da Educação, a UFRGS se classificou como a melhor do país. Na mesma avaliação, a Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA) ficou com a 12ª colocação nacional e a PUC-RS com a 21ª, entre 227 instituições universitárias avaliadas. Em 2013 o QS World University Rankings classificou a UFRGS como a terceira melhor universidade federal brasileira, bem como a quinta melhor universidade do país, tendo ocupado a décima quarta posição entre as instituições da América Latina.

Saúde

Em 2005 a cidade contava com um total de 519 estabelecimentos de saúde, 133 deles públicos e 105 municipais. 40 ofereciam internação total e 188 estavam ligados ao SUS. O total de leitos oferecidos era de 7 701, sendo 1 542 públicos, e destes 271 eram municipais. 365 estabelecimentos ofereciam atendimento ambulatorial total, 132 ofereciam tratamento odontológico, 33 tinham serviço de emergência total, e 21 ligados ao SUS tinham setor de UTI. Vários hospitais da cidade já foram premiados em nível nacional nos últimos anos. Em 2001 o Hospital Independência recebeu o Prêmio Qualidade Hospitalar, outorgado pelo SUS, e, em 2002, o Hospital de Clínicas de Porto Alegre, o Hospital São Lucas da PUC-RS, o Instituto de Cardiologia do Rio Grande do Sul e a Policlínica Santa Clara da Santa Casa de Misericórdia. O Laboratório Weinmann recebeu o Prêmio Nacional da Gestão em Saúde – Nível Ouro na categoria Laboratório, no ciclo 2003-2004. Também são considerados instituições referenciais no Brasil, seja em conjunto ou em alguma especialidade, entre outros, o Hospital Moinhos de Vento, o Hospital Conceição e o Hospital Fêmina.

Água, saneamento, energia e habitação

Os serviços básicos de Porto Alegre estão em níveis muito superiores às outras capitais nacionais, apresentando, de acordo com Balarine, condições satisfatórias particularmente nas áreas de energia elétrica e abastecimento de água. Dados do Departamento Municipal de Água e Esgotos (DMAE) indicam que atualmente Porto Alegre tem 100% da população atendida com água, com uma rede distribuidora de 3 716,52 km e uma capacidade de 193 890 m³ de armazenagem em reservatórios. O lago Guaíba é o principal manancial de abastecimento de água de Porto Alegre, entretanto ele recebe poluição de várias naturezas, incluindo esgotos domésticos in natura ou parcialmente tratados, além de efluentes industriais e agrícolas. O outro manancial importante é a Represa da Lomba do Sabão, localizada dentro do Parque Saint-Hilaire, constituindo uma reserva estratégica de água caso algum acidente ambiental venha a impedir temporariamente a utilização da água do Guaíba. Para tratar essas águas existem 7 estações, e o DMAE também realiza um programa de educação ambiental sobre o correto uso da água e disposição do esgoto.
1 648 km de redes de coleta de esgoto e 12 estações de bombeamento. A população atendida por rede de esgoto cloacal e pluvial é de 56% e por rede mista é de 29%. A capacidade de tratamento do esgoto coletado é de até 27%, mas somente 20% é realmente tratado. A Prefeitura gastou em 2009 17% de sua receita em saneamento básico, representando mais de 500 milhões de reais. Recentemente foi lançado o Projeto Integrado Socioambiental, financiado em sua maior parte pelo BID e pela CEF, que visa ampliar a capacidade de tratamento de esgotos de 27% para 77%, com um investimento de 586,7 milhões de reais. A coleta de lixo é organizada pelo Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU), atendendo a 100% dos domicílios. O sistema é de coleta seletiva, boa parte do lixo seco é reciclado, parte dos resíduos alimentares é transformada em ração animal e outros resíduos são depositados em aterros sanitários.  Contudo, os serviços de coleta são terceirizados e o atendimento nem sempre está dentro dos parâmetros exigidos, enfrentando-se também o problema da falta de conscientização de parte dos habitantes sobre a destinação adequada dos materiais descartados.
Favelas na entrada norte da cidade
A energia elétrica é fornecida pela Companhia Estadual de Distribuição de Energia Elétrica (CEEE), do Grupo CEEE, concessionária dos serviços de distribuição de energia elétrica na região sul-sudeste do estado. Em 1991 99,5% dos domicílios eram servidos de eletricidade, e a empresa em anos recentes tem feito diversos investimentos para melhorar o atendimento e expandir a rede.  A voltagem da rede é de 110 V. Desde 1999 Porto Alegre dispõe de fornecimento de gás natural, vindo por gasodutos desde a Bolívia e Argentina.
Sede do jornal Correio do Povo,
um dos mais tradicionais da cidade
Como já foi citado, a construção civil se concentra atualmente no setor habitacional e o mercado imobiliário está em expansão. Havia em 1991 380 987 domicílios registrados e, destes, 78 615 eram alugados. A tendência atual é de os preços de aquisição de moradias caírem, bem como o número médio de habitantes por domicílio. Por outro lado, a média de área ofertada por morador vem crescendo. A Prefeitura vem oferecendo uma série de incentivos e concedendo isenções fiscais para o estímulo à construção e aquisição de habitações populares, bem como tem procurado a regularização fundiária de vários assentamentos desordenados. Apesar dos progressos em termos de habitação, em 1991 permanecia um déficit habitacional estimado em 96 945 moradias, e o problema das favelas continua sério, atingindo cerca de 22% da população, um terço deste percentual vivendo da triagem de lixo doméstico. Com o recuo na industrialização municipal e o declínio da atividade portuária, a questão tem piorado.

Comunicações

Porto Alegre possui vários jornais, destacando-se a Zero Hora, o Correio do Povo, O Sul, o Diário Gaúcho e o Jornal do Comércio. Três deles estavam em 2008 entre os dez de maior circulação no país, segundo dados do Instituto Verificador de Circulação, ocupando respectivamente a 7ª, 8ª e 9ª colocações: Zero Hora (187 220 exemplares/dia), Diário Gaúcho (167 125) e Correio do Povo (157 543). Existem diversas rádios, como a Rádio Gaúcha, a Rede Atlântida, a Rádio Itapema FM, a Rádio Liberdade FM, a Rádio Pop Rock FM, a Rádio Guaíba AM, a Rádio Pampa, a FM Cultura e muitas outras. De acordo com o IBOPE, a FM mais ouvida é a Cidade FM, seguida pelas rádios Eldorado FM e a 104 FM.
Em dados da ANATEL, em julho de 2010 Porto Alegre possuía 393 607 telefones fixos (referentes apenas às concessionárias do STFC) e, em 2008, um índice por área de DDD (051) de 90,34 aparelhos celulares a cada 100 habitantes. Há fácil acesso à internet na cidade, e como disse André Kulczynski, diretor da Procempa, pode ser considerada, entre as capitais brasileiras, privilegiada nesse aspecto. A cidade possui uma infovia própria e está inteiramente coberta por uma rede wireless (sem fio), a administração do município tem uma rede de fibra óptica de 400 km de extensão, todas as escolas do município dispõem de banda larga e em 2010 os postos de saúde iniciaram sua integração ao sistema. Centros de capacitação digital oferecem cursos gratuitos, inclusive para portadores de deficiências, idosos e adolescentes, e o Poder Público já abriu em ambientes públicos o acesso livre e gratuito à internet. O uso institucional da internet pela Prefeitura gerou economia de 8 milhões de reais em telefonia em 2008. Recentemente entrou em teste um sistema de internet via rede elétrica. O serviço postal é atendido por 62 agências da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos na cidade.
Entre os canais de TV operando na cidade estão a RBS TV, a Bandeirantes, o SBT, a Rede Record e a TV Pampa. O maior conglomerado de comunicações de Porto Alegre é o Grupo RBS, filiado à Rede Globo, que possui 18 emissoras de TV associadas no estado e em Santa Catarina, mais 25 emissoras de rádio, 8 jornais diários, 4 portais na internet, uma editora, uma gráfica, uma gravadora, uma empresa de logística, uma empresa de marketing e relacionamento com o público jovem e participação em uma empresa de mobile marketing. Porto Alegre também é sede da Associação Gaúcha de Emissoras de Rádio e Televisão (AGERT), uma entidade que congrega 296 filiados, entre emissoras de rádio, televisão e representantes comerciais.

Ciência e tecnologia

 Interior do Museu de Ciências
e Tecnologia da PUC-RS
Em nível municipal o campo da ciência e tecnologia é administrado pelo Conselho Municipal de Ciência e Tecnologia, que elabora e discute as políticas públicas para o setor em Conferências Municipais com periodicidade bienal. Outras instâncias oficiais também se dedicam ao fomento do setor, como o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul, desenvolvendo uma série de atividades em pesquisa, ensino e qualificação técnica, de nível elementar a superior, e a Fundação de Ciência e Tecnologia, vinculada ao Governo do Estado. Porto Alegre já sediou várias edições da Feira de Ciência, Tecnologia e Inovação Globaltech e é a sede permanente do Fórum Internacional Software Livre, o maior encontro de comunidades de software livre da América Latina e um dos maiores do mundo.
Sede do 1º Comando Regional de Bombeiros
Também as universidades locais têm grande empenho na área. A PUC-RS mantém o Museu de Ciências e Tecnologia, dispondo de uma grande área de exposição permanente com mais de 10 mil m² e cerca de 750 equipamentos interativos, além de atuar na pesquisa e ensino científico de maneira destacada, sendo escolhida em 2010, junto com a UNICAMP, como as melhores em Ciências Exatas e Informática.  A UFRGS também mantém vários núcleos que são referência nacional em ensino e produção científica.  Diversos pesquisadores ativos na capital já receberam premiações e desenvolvem projetos pioneiros em suas especialidades. 

Segurança e criminalidade

A criminalidade em Porto Alegre tem mostrado índices variáveis nos últimos anos, mas parece haver perspectivas animadoras. Em 2007 foi a capital brasileira, entre as 13 maiores do país, onde o homicídio mais cresceu, o número de mortes por agressão aumentou quase 60% em relação a 2006 e os homicídios aumentaram em 57,5%, metade do número das ocorrências em todo o estado. As principais causas apontadas foram o sucateamento do sistema de segurança, o acirramento da rivalidade entre as polícias Civil e Militar, e o aumento do tráfico de drogas e de bolsões de pobreza. Por outro lado, em 2009, com o reforço no policiamento ostensivo, os números caíram em várias áreas do crime. De acordo com os dados da Brigada Militar, no Centro o roubo a estabelecimentos comerciais caiu em 52% e os furtos 40%. Nos casos de furtos e roubos a pedestres e veículos, a redução dos índices ficou entre 13% e 44%. Em 2010 foi instalado um sistema de mapeamento do crime via internet, com resultados significativos: em apenas seis meses de uso verificou-se a redução nos índices de criminalidade, conforme o tipo, de 4,6% a 37,9%. Os bons resultados também são consequência do aumento do efetivo, que teve neste ano um acréscimo de mil soldados. O delegado Bolívar Llantada disse que a taxa de homicídios vem caindo nos últimos três anos: em 2007 foram registrados 485; em 2008, 482 e, em 2009, 411. Até julho de 2010 foram registrados 232 e a expectativa é de que o total anual confirme a tendência de queda. Segundo o delegado, de 80 a 90% dos homicídios da capital estão ligados ao tráfico de drogas.
A segurança pública é oferecida por vários corpos especializados mantidos pela Prefeitura Municipal. A Guarda Municipal patrulha prédios e espaços públicos, faz a segurança de pessoas públicas e eventos oficiais, e atende à população de várias maneiras, como em reintegrações de posse, vigilância motorizada, socorro em incêndios e desabamentos e combate à pichação. O Centro de Referência às Vítimas de Violência presta informações e orientações às vítimas de violações de direitos, abuso de autoridade, exploração sexual e qualquer tipo de discriminação. O Programa Nacional de Segurança com Cidadania foi implantado em Porto Alegre para atender ao jovem que se encontra em situação infracional ou a caminho dela. O Sistema de Defesa Civil municipal se dirige a ações preventivas, de socorro, assistenciais e recuperativas, com o propósito de evitar ou minimizar desastres, procurando ao mesmo tempo preservar o moral da população e restabelecer a normalidade do convívio social.
Outro corpo de segurança presente na capital é a Polícia Civil, com funções principais de polícia judiciária. Finalmente, a Brigada Militar, mantida pelo Governo do Estado, tem múltiplas atribuições com os objetivos de integração e proteção da população, como policiamento preventivo e ostensivo, patrulha ambiental, defesa civil, auxílio às Forças Armadas, combate às drogas, busca e salvamento, profissionalização de adolescentes em situação de risco, promoção da cidadania e instrução sobre higiene básica, além de providenciar os serviços de bombeiros e, durante o verão, o de salva-vidas.

Cultura

Música

Música popular
Show de Renato Borghetti em 2006
Desde os anos 1980 Porto Alegre se caracteriza por ter um circuito de música popular muito diversificado, com a música de inspiração gauchesca ocupando um papel destacado, alavancada pelo apoio recebido do Movimento Tradicionalista Gaúcho e os vários CTGs, mas contando também com vários grupos e cantores de rock e música pop que, incorporando estéticas internacionais e locais, muitas vezes adicionando fortes traços de irreverência e contestação social, deram uma feição original à música popular da cidade, tipificada na produção de, por exemplo, Bebeto Alves, Nelson Coelho de Castro e Kleiton e Kledir. Na opinião de Agostini, a chamada "música popular gaúcha" nasceu em Porto Alegre e, para Nicole dos Reis, o cenário foi desde então marcado pelo profissionalismo.
Na atualidade a movimentação continua grande, com uma série de ações de instituições oficiais e privadas apoiando a produção local e trazendo artistas de fora, enquanto que se multiplicam festivais, shows e grupos dos mais variados gêneros, passando pelo rock, o samba, a MPB, o hip-hop, o nativismo, o jazz, a bossa nova e outros.     São nomes e grupos bem conhecidos na música popular de Porto Alegre, além dos já citados e entre uma multidão de outros, Raul Ellwanger, Serrote Preto, Zé Caradípia, Cachorro Grande, Gelson Oliveira, Renato Borghetti, Duca Leindecker, Geraldo Flach, Zilah Machado,  Apocalypse  , The Darma Lóvers, Karine Cunha, Arthur de Faria, Wander Wildner. e Da Guedes.
Música erudita
 Orquestra Sinfônica de Porto Alegre,
concerto em 2009
A cidade é uma referência para todo o estado em termos de música erudita, como o principal polo produtor e irradiador de influência. Possui um público considerável para este gênero; está no roteiro de concertistas de fama internacional, conta com duas grandes orquestras - a Orquestra Sinfônica de Porto Alegre (OSPA) e a Orquestra Filarmônica da PUCRS - e uma orquestra de câmara, a Orquestra de Câmara do Theatro São Pedro, e inúmeros grupos menores de câmara e solistas vocais e instrumentais, bem como grande número de escolas de música e espaços de apresentação. Segundo o maestro Isaac Karabtchevsky, que esteve a cargo da direção artística da OSPA, "não há em nenhum canto do mundo identidade maior com a música do que a constatada na população de Porto Alegre".
Recital do Grupo de Música
Contemporânea de Porto Alegre
no Instituto Goethe, 2008
Ao mesmo tempo se percebe um desenvolvimento na pesquisa acadêmica e na qualificação profissional avançada nos cursos de graduação e pós-graduação em música da UFRGS. Além de ter dado origem a um já significativo acervo de textos e publicações de musicologia e preparado uma grande quantidade de profissionais da música e novos professores, é parte inerente do funcionamento dos cursos a organização de qualificados recitais públicos. A UFRGS mantém a Rádio da UFRGS, a única emissora local com uma programação voltada primariamente para a produção erudita, e um ciclo de recitais e oficinas oferecidos pela Pró-Reitoria de Extensão.
Além desses organismos, a música erudita local conta com um grande número de outros espaços de cultivo em museus e até mesmo no ambiente das empresas, escolas, asilos e hospitais. Entre os grupos de câmara que se vêm notabilizando estão o Trio de Madeiras de Porto Alegre, com um repertório diversificado, o Grupo Ex-Machina, dedicado à divulgação de música contemporânea de sua própria autoria, e o Grupo de Música Contemporânea de Porto Alegre, de perfil similar. Também acontece anualmente o Festival Contemporâneo, divulgando música de importantes autores brasileiros. O mercado fonográfico começa a dar atenção ao movimento erudito local, incluindo a composição contemporânea, e há pelo menos uma gravadora sediada em Porto Alegre com apreciável catálogo de intérpretes e compositores locais, com repertório antigo e contemporâneo.

Cinema

 O antigo Cine-Teatro Capitólio,
futura sede da Cinemateca Capitólio
A popularidade do cinema se estabeleceu em Porto Alegre desde que foi o gênero criado no fim do século XIX, passando a contar com vários espaços de exibição. Atualmente a cidade tem mais de 70 salas, tornando-a a 3ª capital melhor servida em salas de cinema por habitante, atrás apenas de Vitória e Florianópolis. Mas a cidade não só possui muitos espaços de apresentação como tem significativa discussão, crítica e produção cinematográfica, com um grupo de cineastas de voz própria. Em 1984 se produziu Verdes Anos, de Carlos Gerbase e Giba Assis Brasil, um marco no cinema local, e pouco mais tarde o movimento cinematográfico se estruturou numa cooperativa, a Casa de Cinema, reunindo onze realizadores que já tinham experiências em comum. Ainda em atividade, a Casa de Cinema já produziu dezenas de filmes, vídeos, especiais e séries de televisão, exibidos no Brasil e exterior, além de organizar fóruns de debate e cursos de introdução à arte do cinema e de formação de roteiristas. Ilha das Flores, O Dia em que Dorival Encarou a Guarda, O Homem que Copiava, Tolerância e Saneamento Básico, o Filme são alguns dos títulos que receberam boa atenção do público e prêmios da crítica em anos recentes. Além disso se realizam em Porto Alegre festivais como o Festival de Cinema Fantástico e o Festival de Cinema de Porto Alegre; o Clube de Cinema de Porto Alegre e salas institucionais como a Cinemateca Paulo Amorim continuam promovendo suas sessões comentadas, e está em andamento o projeto de instalação da Cinemateca Capitólio, objetivando o acervamento e a pesquisa sobre a produção audiovisual gaúcha.

Literatura e teatro

Feira do Livro de 2008
Há importante movimentação também na literatura e teatro da capital. Seguindo uma tradição consolidada entre outros pelos falecidos Mario Quintana e Erico Verissimo, que tornaram Porto Alegre uma referência como centro produtor e até a tomaram como sujeito de suas obras, vários escritores renomados continuam ativos na cidade, como Luís Fernando Veríssimo, Lya Luft, João Gilberto Noll, Moacyr Scliar e Luiz Antonio de Assis Brasil. Instituições e órgãos dos poderes públicos, bem como privados, desenvolvem significativa atividade de fomento, divulgação e publicação, há uma quantidade de bibliotecas em atividade, de oficinas, conferências, seminários e encontros ocorrendo regularmente, o campo é estudado em nível superior e de pós-graduação nas universidades locais, mas o evento maior da literatura porto-alegrense é sem dúvida a Feira do Livro, que acontece anualmente em outubro na Praça da Alfândega, atraindo multidões e constituindo um importante elemento dinamizador no mercado literário brasileiro, atraindo interessados até do exterior e sendo declarada Patrimônio Imaterial da cidade. Outro evento digno de nota é a Festa da Literatura de Porto Alegre, que se espalha por várias livrarias, fazendo lançamentos e organizando encontros e outras atividades.
Cena da peça A Mulher que Comeu
o Mundo
, do grupo de teatro
Usina do Trabalho do Ator. Apresentação
na Companhia de Arte, 2008.
O teatro igualmente tem uma longa tradição, cujas raízes estão no século XIX, e que chegou a um ponto de destaque nacional na década de 1970 com a ação do Teatro de Arena, um reduto da resistência política durante a ditadura militar, e pela ação de dramaturgos como Carlos Carvalho e Ivo Bender. Atualmente Porto Alegre possui mais de vinte casas de teatro, destacando-se entre os maiores o Theatro São Pedro e o Teatro do SESI, totalmente equipados com tecnologia moderna. Há um sem-número de grupos profissionais e amadores em atividade, a programação de peças é contínua pelas várias casas da cidade, oferecendo representações de todos os gêneros e para todas as idades, vários grupos se dedicam ao teatro de rua e a Prefeitura, além de oferecer vários prêmios para a categoria, mantém um grande festival, o Porto Alegre em Cena, que já conquistou projeção internacional.

Tradições e folclore

Um gaúcho e uma prenda
vestidos a caráter em desfile
comemorativo da Semana Farroupilha
O folclore de Porto Alegre é o resultado da mistura de tradições muito diversificadas, trazidas pelos imigrantes de variadas procedências que formaram a população local, bem como aquelas legadas pelos povos indígenas autóctones e pelos descendentes de escravos africanos. Esse rico folclore, que abrange expressões na dança, na literatura, na música, no teatro, na religião, na culinária e nos jogos infantis, é transmitido em salas de aula e em outras atividades, como oficinas e recitação de histórias, voltadas para o público jovem.  É importante o Festival Internacional de Folclore, que realiza eventos em vários pontos da cidade, principalmente escolas, com grupos folclóricos locais, nacionais e internacionais, atingindo um público de vinte mil pessoas. Porto Alegre também se beneficia das múltiplas atividades do Instituto Gaúcho de Tradição e Folclore, entidade do Governo do Estado.
Dentre as celebrações e festas tradicionais na cidade se encontram a Festa de Nossa Senhora dos Navegantes, o maior evento religioso da capital, que reúne um público de 100 mil pessoas em sua procissão, e o carnaval, um dos mais importantes do país, que lidera a audiência local em transmissão de televisão, emprega diretamente mais de 1,5 mil pessoas e, segundo informações da Prefeitura, em breve disporá de um sambódromo projetado por Paulo Mendes da Rocha, ganhador do cobiçado Prêmio Pritzker de arquitetura. No folclore urbano várias histórias se tornaram conhecidas, entre elas os crimes da Rua do Arvoredo, a maldição do escravo da Igreja das Dores, a história da prisioneira do Castelinho do Alto da Bronze e a da Maria Degolada, prostituta que virou uma santa popular.
Com tantas manifestações diferentes, entretanto, ocupa um lugar privilegiado no cenário do folclore porto-alegrense o tradicionalismo gauchesco, que tem representação maior no Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG), sediado na cidade, o qual se dedica à preservação, resgate e desenvolvimento da cultura do gaúcho e associa mais de 1400 Centros de Tradições Gaúchas legalmente constituídos. Depois de perdido na cidade no início do século XX, numa fase de intensa urbanização e internacionalização, o tradicionalismo gauchesco foi ressuscitado nos anos 1940 por Barbosa Lessa e Paixão Cortes, e hoje se tornou tão popular que foi absorvido por descendentes de imigrantes que não tinham nenhuma ligação com as origens históricas, étnicas e campeiras do gaúcho do pampa, passando a se tornar um verdadeiro estilo de vida para muitos habitantes urbanos.  Esta expressão folclórica encontra um momento alto nas comemorações da Semana Farroupilha, que lembra a Guerra dos Farrapos e tem fortes associações cívicas e históricas.

Artes visuais

Modelo em repouso, 1988. Escultura de Vasco Prado. Acervo do MARGS
Desde que o Instituto Livre de Belas Artes (IA) foi fundado, em 1908, ele assumiu a posição de principal centro de ensino, crítica e produção em artes visuais na cidade e no estado. Do Instituto Livre (hoje uma unidade da UFRGS), onde lecionaram muitos nomes eminentes, emergiu uma contínua sequência de artistas importantes. Nas últimas décadas, trabalhando ao lado de artistas de renome internacional como Vasco Prado, Francisco Stockinger e Iberê Camargo, outros mestres tiveram suas contribuições reconhecidas, como Henrique Fuhro, Danúbio Gonçalves, Zorávia Bettiol, Mário Röhnelt, Milton Kurtz, Romanita Disconzi, Carlos Tenius, Carlos Carrion de Britto Velho, Maria Tomaselli Cirne Lima, Karin Lambrecht, Anico Herskovits e Alfredo Nicolaiewsky, e ampararam, já como professores, o surgimento de uma promissora nova geração de jovens talentos. Esses jovens levam adiante questionamentos levantados nos anos 1970 e 1980 por grupos conceitualistas como o Nervo Óptico e o Espaço N.O., além de trabalharem em direções próprias atualizadas.
Galeria Xico Stockinger da
Casa de Cultura Mario Quintana, 2008
O mercado, porém, vem mostrando retração e a produção artística em meios tradicionais sofre a competição das novas mídias. Por outro lado, nos últimos anos vêm sendo apresentadas grandes exposições de figuras históricas locais, com mostras retrospectivas entre outros de Carlos Petrucci, Oscar Boeira, Libindo Ferrás, Edgar Koetz, Pedro Weingärtner e Ado Malagoli. O Museu de Arte do Rio Grande do Sul, além das exposições de seu acervo, que é a maior coleção pública de artes visuais do estado, organiza mostras importantes com acervos de colecionadores privados e outras instituições. A pesquisa acadêmica chega a níveis superiores com a consolidação dos cursos de pós-graduação em Artes Visuais no Instituto de Artes e do curso de Especialização em Artes Plásticas da PUC, e desde 1997 Porto Alegre é sede da Bienal do Mercosul, que já ganhou respeito no estrangeiro.
Ao lado do IA e das instituições já citadas, outros centros de produção/divulgação artística e associações de artistas também assumiram um papel de relevo no circuito local, como a Associação Riograndense de Artes Plásticas Francisco Lisboa, que desde sua fundação em 1938 mantém, com poucas interrupções, um salão de arte dos mais importantes no estado, e o Centro Municipal de Cultura, Arte e Lazer Lupicínio Rodrigues, da Prefeitura, formando gerações de artistas através de vários cursos teóricos e práticos e realizando uma infinidade de eventos. A Prefeitura Municipal também contribui, entre outras ações, reservando para as artes visuais uma categoria no seu prestigiado Prêmio Açorianos, organizando um Salão Internacional de Desenho para a Imprensa, dando vários espaços para exposições, especialmente na Usina do Gasômetro, e oferecendo cursos e oficinas para a população em projetos descentralizados e comunitários. A Casa de Cultura Mario Quintana, administrada pelo governo estadual, possui numerosos espaços de produção, acervamento e divulgação de arte, dos quais se destacam suas oficinas, sua galerias e o Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul. Na área privada, são ativos e influentes o Santander Cultural e a Fundação Iberê Camargo, ambos promovendo exposições e outros eventos de alta qualidade, com grande repercussão na cultura local.

Arquitetura e patrimônio histórico


Interior da Igreja de Nossa Senhora da Conceição
A arquitetura de Porto Alegre se apresenta hoje como um mosaico de estilos antigos e modernos. Essa característica se mostra mais visível no centro da cidade, o núcleo urbano histórico, onde sobrevivem alguns exemplares de edificações do século XIX e do chamado "período áureo" da arquitetura porto-alegrense, entre 1900 e 1930, aproximadamente. Entretanto, muito das edificações mais antigas desapareceu ao longo do século XX para dar lugar a uma urbanização de linhas modernistas.

Museu de Arte do Rio Grande do Sul
Entre seus prédios mais significativos do século XIX estão o Solar Lopo Gonçalves, bom exemplo de arquitetura senhorial de zona rural, e o Solar dos Câmara, a mais antiga construção residencial da cidade ainda de pé. No campo religioso, são importantes a Igreja das Dores, a mais antiga de Porto Alegre, declarada Patrimônio Nacional pelo IPHAN, e a Igreja da Conceição, a única igreja em estilo colonial que se conservou íntegra em seu estado primitivo. Ainda do século XIX são notáveis o Theatro São Pedro, o mais antigo teatro da cidade, e o conjunto dos pavilhões históricos do Hospital Psiquiátrico São Pedro, que segundo os técnicos do IPHAE é a maior área edificada de interesse social que o século XIX legou à Província, com uma estrutura de perfil neoclássico.
Da "fase áurea", quando predominou o ecletismo, se destacam, entre muitos outros, o Palácio Piratini, residência oficial do Governador do Estado; o Paço Municipal, um dos primeiros exemplos arquitetônicos a exibir a influência do Positivismo na sua decoração de fachada; e o grande conjunto de edifícios construídos pela parceria estabelecida entre o arquiteto Theodor Wiederspahn, o engenheiro-construtor Rudolf Ahrons e o decorador João Vicente Friedrichs, que deixaram obras como o edifício da antiga Cervejaria Bopp, o prédio dos antigos Correios e Telegraphos, a Faculdade de Medicina da UFRGS e o edifício da antiga Delegacia Fiscal. O campus central da UFRGS também é digno de nota pelos seus prédios imponentes, alguns deles projeto de Manoel Itaqui, um dos introdutores da Art Nouveau na cidade.
Da geração seguinte, seguindo em linhas gerais a estética Art Déco, são obras importantes o Clube do Comércio e o Palácio do Comércio. Finalmente, entre as construções modernistas são de lembrar o Palácio Farroupilha, sede da Assembléia Legislativa, o Palácio da Justiça e o Centro Administrativo do Estado. Nos últimos decênios se verificou o declínio da escola modernista e sua substituição pelos valores do Pós-Modernismo, fazendo a releitura de estilos históricos pré-modernistas e criando um novo senso de ecletismo, liberdade e democracia formal. Os exemplos mais paradigmáticos dessa tendência são os shopping centers que nos últimos anos têm pontuado a paisagem, mas cujo gosto e pertinência para a paisagem urbana local às vezes são postos sob suspeita.
Palácio Farroupilha
Com a criação em 1981 da Equipe do Patrimônio Histórico e Cultural iniciou-se um processo de estudo e resgate dos bens culturais de propriedade do Município de especial interesse histórico, social e arquitetônico, sistematizando os tombamentos municipais, que haviam se iniciado poucos anos antes, em 1979. Na mesma época foram instalados o escritório regional do IPHAN e a Coordenadoria do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado, antecessora do IPHAE, instituições que vêm realizando na cidade vários tombamentos e ações de preservação em nível federal e estadual.    Até 2010 o município já tombou 67 bens históricos e 21 foram tombados em nível estadual pelo IPHAE. Destacam-se entre as ações de preservação na capital o Programa Monumenta, do Ministério da Cultura, que delimitou no Centro Histórico uma área de 24,5 hectares de interesse patrimonial, com 170 imóveis a serem preservados, e o Projeto Viva o Centro, da Prefeitura, buscando a reabilitação do Centro Histórico de forma a valorizar o seu patrimônio cultural e ambiental.
A cidade possui muitos museus em várias categorias, e entre os mais destacados estão o Museu de Arte do Rio Grande do Sul, o Museu Júlio de Castilhos, o Museu Joaquim Felizardo, a Pinacoteca Barão de Santo Ângelo, o Memorial do Rio Grande do Sul, o Museu de Comunicação Social Hipólito José da Costa e a Fundação Iberê Camargo. É importante ainda o Arquivo Público do Estado. Desde 1990 Porto Alegre sedia a seção regional do Sistema Brasileiro de Museus, desenvolvendo importante trabalho de intercâmbio e divulgação cultural, além de oferecer cursos, seminários e palestras.

Esportes

Estádio Beira-Rio, uma das sedes da Copa do Mundo FIFA de 2014
A cidade se destaca em diversos esportes. O futebol é popular entre os porto-alegrenses, que se orgulham de terem lançado nomes importantes do futebol brasileiro, como Falcão, Renato Portaluppi, Ronaldinho Gaúcho, Dunga e Pato, por exemplo, e de contar com dois campeões mundiais de clubes, o Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense e o Sport Club Internacional. Os dois protagonizam uma das mais clássicas rivalidades do futebol mundial, disputada no chamado Clássico Gre-Nal. A qualidade de seus grandes estádios, a Arena do Grêmio e o Beira-Rio, respectivamente, foi reconhecida internacionalmente e possibilitou que a cidade fosse escolhida como uma das sedes da Copa do Mundo de 2014. Geralmente o Campeonato Gaúcho de Futebol é vencido por um desses dois times.
Na ginástica olímpica, Daiane dos Santos se tornou uma estrela internacional, com 110 medalhas e 18 troféus. No judô, João Derly se tornou bicampeão mundial. Também são famosos Tiago Camilo, eleito o melhor judoca do mundo em 2007, e Mayra Aguiar, medalha de prata no Mundial de Judô de Tóquio em 2010. Anualmente ocorre a Maratona Internacional de Porto Alegre, com um dos percursos mais bonitos do país. Nos esportes aquáticos a vela tem um papel também importante, com clubes tradicionais como o Veleiros do Sul e o Clube dos Jangadeiros, onde se formaram medalhistas em várias competições, incluindo olímpicas, como Fernanda Oliveira, Isabel Swan e Alexandre Paradeda. Na natação, têm obtido bons resultados Michelle Lenhardt, Betina Lorscheitter e Samuel de Bona. Outros clubes tradicionais da cidade que contam com equipamentos esportivos, equipes oficiais e escolas de esporte são a Associação Leopoldina Juvenil, o Grêmio Náutico União e a Sociedade de Ginástica Porto Alegre (SOGIPA).

Vida noturna e culinária

Fachada do Opinião
 As diversas casas noturnas de Porto Alegre atendem aos mais diversos públicos, dos mais conservadores aos mais vanguardistas e irreverentes, possuindo uma grande quantidade de bares, pubs, cafés, casas de espetáculo e danceterias. São bem conhecidos o Bar do Beto, o Chalé da Praça XV (bar e restaurante), o Opinião (shows) e a microcervejaria DadoPub. Seus restaurantes também são diversificados e numerosos, contando-se mais de 3 500 onde se podem saborear pratos locais e de todas as partes do mundo, com preços em geral acessíveis. O Gambrinus, instalado no Mercado Público de Porto Alegre, é o mais antigo restaurante da cidade, com mais de 120 anos de funcionamento, onde o Bacalhau à Gomes de Sá é o prato mais solicitado. Na culinária local, porém, a maior atração é o churrasco, prato tradicional da cozinha campeira, com diversos cortes de carne assada sobre brasas e servida com fartura. O CTG 35, o primeiro CTG a ser fundado, ainda funciona e tem uma famosa churrascaria, a Roda de Carreta, com dezesseis tipos de carne, além de oferecer o carreteiro de charque como um destaque à parte e sobremesas caseiras, como a ambrosia e o sagu. Nos domingos acontecem também apresentações ao vivo de dança e músicas típicas gaúchas.

Feriados

Os feriados municipais fixos são 2 de fevereiro, dia de Nossa Senhora dos Navegantes, e 2 de novembro, dia de Finados. Os feriados móveis são a Sexta-feira Santa e Corpus Christi. Também é observado o feriado estadual de 20 de setembro, celebrando a Revolução Farroupilha. Os pontos facultativos municipais fixos são 8 de outubro, dia do funcionário público, 24 de dezembro, véspera de Natal, a partir das 12 horas, e 31 de dezembro, véspera de Ano Novo, a partir das 12 horas. Pontos facultativos móveis são a segunda e terça-feira de Carnaval e a Quarta-feira de Cinzas, pela manhã, reiniciando às 12h, e a Quinta-feira Santa, a partir das 12 horas.

O centro da cidade junto ao Guaíba, vendo-se em laranja a linha de armazéns históricos do Cais Mauá e à direita a alta chaminé da Usina do Gasômetro, ambos ícones arquitetônicos de Porto Alegre
 

HISTÓRIA

Primeiros tempos

Os primeiros habitantes do Rio Grande do Sul foram os índios. Durante vários anos, colonizadores portugueses e espanhóis brigaram pelas terras do Rio Grande. Em 1725, o tropeiro Jerônimo de Ornellas Menezes e Vasconcelos, madeirense residente em São Paulo, escolheu a Lagoa de Viamão, lugar cortado por inúmeros arroios e córregos, para ponto de repouso de suas tropas que se dirigiam à Feira de Sorocaba. A partir daí, fez das margens da lagoa uma espécie de entreposto da caravana. Dez anos depois, trouxe familiares e capatazes para trabalhar nas plantações de trigo em sua propriedade, dando início à colonização da futura Porto Alegre.

Porto Alegre e seus nomes

O primeiro nome dado à região atualmente ocupada por Porto Alegre foi o de Porto de Viamão, ainda no século XVIII. Nessa época, ainda não havia um núcleo urbano, e os estancieiros da região usavam o Guaíba como meio de comunicação com Rio Grande e Rio Pardo. A região, conhecida como Campos de Viamão, ainda era um Distrito de Laguna (na atual Santa Catarina). O porto, por decorrência, era o Porto de Viamão.

Em 1740, entretanto, o porto passaria a ter outro nome. A área onde está atualmente, Porto Alegre, foi concedida como sesmaria a Jerônimo de Ornellas Meneses de Vasconcelos, português nascido na Ilha da Madeira. E o porto passou a ser conhecido como porto do Dornelles. Segundo o Historiador Walter Spalding, o porto propriamente dito ficava na foz de um riacho, onde atualmente fica a Ponte de Pedra do Largo dos Açorianos.

Esse nome, entretanto, teria vida curta. Em 1752 começaram a chegar, ao Rio Grande do Sul, os primeiros casais vindos das Ilhas dos Açores. O Governo Português pretendia, ao incentivar a imigração desses casais, resolver dois problemas, o Primeiro era o das Ilhas dos Açores – que estava super povoada. O Segundo era o da ocupação do Solo na extremidade sul do território Brasileiro, uma zona considerada vital por se tratar do ponto de encontro entre os domínios portugueses e espanhóis na América do Sul.

Inicialmente foram acomodados na Região do porto do Dornelles 60 casais. E esse núcleo de população, que deu origem a Porto Alegre, passou a servir como uma espécie de ponto de apoio para os novos casais imigrantes que chegavam, e que seguiam para outras partes do Rio Grande. E, claro, em função dos casais, o Porto que era do Dornelles virou porto dos Casais.

O pequeno povoado ia se desenvolvendo bem. Mas, em 1763, uma guerra traria sua grande chance de crescimento. Os espanhóis invadiram a Vila de Rio Grande, então capital do Estado, e a sede da Capital foi transferida para Viamão, perto do porto dos Casais.

Em 26 de março de 1772, um edital eclesiástico divide a Freguesia de Nossa Senhora da Conceição de Viamão em duas. O antigo Porto dos Casais se transforma na Freguesia de São Francisco dos Casais. Quase um ano depois em 18 de janeiro de 1773, um novo edital rebatiza a pequena povoação, que passa a se chamar Nossa Senhora Madre de Deus de Porto Alegre. Em 1809 passa a se chamar Vila de Nossa Madre de Deus de Porto Alegre, e em 1822 Cidade de Porto Alegre.

Fundação da cidade

A fundação propriamente dita da cidade remonta ao ano de 1742, quando os portugueses resolveram firmar seu domínio nessas terras, enviando levas de colonizadores e estabelecendo um pequeno povoado de imigrantes açorianos nas margens do Rio Guaíba. O povoado recebeu diversas denominações ao longo de sua história: Porto Dorneles, Porto São Francisco dos Casais, Nossa Senhora Madre de Deus de Porto Alegre e, finalmente, Porto Alegre. Surge a capital Porto Alegre permaneceu com o status de vila-capital até a independência do Brasil. Em 14 de novembro de 1822, Dom Pedro I deu à vila o título de cidade, por meio de carta imperial. Em 1841, Porto Alegre receberia um título nobiliárquico - Cidade Leal e Valorosa - presente ainda hoje no brasão oficial da capital gaúcha. Revolução Farroupilha Também chamada de Guerras dos Farrapos, o conflito durou dez anos e visava proclamar uma república independente no Sul do país. Começou no dia 20 de setembro de 1835 e foi chefiada pelo deputado provincial e coronel de milícias Bento Gonçalves. Na época, os gaúchos não aceitavam a condição de subordinação em que o Rio Grande era colocado pelo governo central. A falta de estradas, pontes, escolas e os altos impostos cobrados também foram motivos para o estouro da revolução. Consciente das dificuldades que o conflito vinha causando e preocupado com uma possível guerra com a Argentina, o governo brasileiro estabelece um acordo com os revoltosos, garantindo que nenhum deles seria punido. A revolução representou uma década de estagnação econômica para o Rio Grande, mas também garantiu alto grau de respeitabilidade política da região no país. Imigração Durante o século 19, incentivos governamentais atraíram imigrantes de várias partes do mundo, principalmente alemães, italianos, portugueses, espanhóis, poloneses, japoneses e açorianos.

Porto Alegre atual

A capital gaúcha é a quinta cidade mais populosa do do Brasil e importante pólo de exportação para os países membros do Mercosul. A economia de Porto Alegre em primeiro lugar é baseada na prestação de serviços, em segundo vem o setor industrial, e por último o setor agropecuário. A produção de frutas e hortigranjeiros também é expressiva, pois a cidade possui a maior zona rural entre as capitais brasileiras. Porto Alegre ostenta os títulos de Capital de melhor qualidade de vida do Brasil, Capital mais arborizada e é a Capital brasileira do Mercosul.



Turismo

Porto Alegre pode orgulhar-se de seu alto padrão de serviços que está apoiado no avanço tecnológico de modernos equipamentos de informática e na especialização de seus recursos humanos. Um novo Aeroporto Internacional, terminal ferroviário, terminal rodoviário nacional e internacional, rodovias que a interligam com os demais estados e com os principais países vizinhos colocam a capital gaúcha em posição privilegiada na rota do Mercosul. Cerca de 6 mil leitos em 33 hotéis classificados convidam a estadia confortável e agradável, seja dos turistas de eventos, seja aos turistas de férias. Mas apesar de todo seu desenvolvimento e eficiência, a capital gaúcha mantém-se uma cidade humana com um espírito coletivo de cidadania, onde os visitantes são bem recebidos e convidados a desfrutar de tudo o que ela oferece. Com seus contrastes, Porto Alegre é uma cidade cosmopolita, mas com charme de província, oferecendo uma gama de opções culturais, de serviços, gastronômicas, de compras, aliadas à beleza de sua arquitetura inspirada em padrões europeus e ao alto índice de qualidade de vida.

Gastronomia

Conhecida como a cidade de maior influência européia do Brasil, Porto Alegre conta com um potencial gastronômico internacional dos mais atraentes. Pratos típicos do mundo inteiro unem-se à culinária típica gaúcha, com suas carnes suculentas, na oferta variada que agradará ao mais exigente paladar. Para garantir por completo o prazer de comer, os restaurantes oferecem, ainda, localização, conforto e serviços dos mais qualificados, o que já se transformou em marca da capital gaúcha. Lanches rápidos, pizzas, doces e cafés, dos mais variados tipos, compõe, ainda, o roteiro gastronômico oferecido pelas grandes cadeias internacionais aqui localizadas, ou pelas tradicionais casas de chá e cafeterias da cidade. Entre os costumes tradicionais do Gaúcho, os mais marcantes são o churrasco e o chimarrão.O chimarrão não tem hora e nem local para ser saboreado, pela cidade é comum ver as pessoas com a cuia e a garrafa térmica principalmente nos parques e praças, mas também é comum nos shoppings, no centro da cidade e em locais de passeio como o brique da redenção e a usina. O pôr-do-sol no Guaíba, um espetáculo que é privilégio de Porto Alegre. O churrasco é uma comida de festa ou de fim-de-semana, quando reúne a família e os amigos, em casa ou em algum parque - já que quase todos os parques da cidade possuem churrasqueiras, ou se preferir é só escolher uma das muitas churrascarias espalhadas pela cidade e se deliciar.

Hotéis

Porto Alegre tem uma boa rede hoteleira, preparada para receber turistas de todas partes do mundo.