Origem do Sobrenome Pacheco

 Saiba qual a origem do sobrenome da sua família

Família Pacheco

Confira abaixo algumas informações, curiosidades e brasão de uma família bastante conhecida aqui no Brasil. Esta tem a sua popularidade entre os cidadãos brasileiros e tem também uma origem bem interessante.
O sobrenome Pacheco, assim como tantos outros, não surgiu no Brasil, por uma simples razão de que o Brasil foi colonizado e habitado primeiramente por estrangeiros. Dessa forma, os sobrenomes vêm de outros países e acabam ganhando popularidade uma vez que os imigrantes fizeram do Brasil sua nova morada.
 
Origem da família Pacheco  
 
Este, ao que parece, se trata de um sobrenome de origem toponímica, ou seja, geográfica, por vir de uma cidade existente em Portugual, que é Pacheca.
Em documentos do século 15 foi documentado como Pacheico. Os Pacheco procedem de Fernão Jeremias, fidalgo principal do tempo do Conde D. Henrique. O primeiro que assim se chamou neste reino foi Fernão Rodrigues Pacheco, que defendeu o castelo de Celorico ao Conde de Bolonha, pôr El-rei D.Sancho II. Existe uma filóloga portuguesa que grafa seu nome com x trata-se de Elza Paxeco.

Curiosidades

A palavra Pacheco vem do latim e significa “aquele que provém da Espanha”. Essa também pode ser uma provável origem para este sobrenome, mas nada foi confirmado.Variantes do sobrenome Pacheco

Dentre as variantes de Pacheco já foi encontrado Pacheico e Paxeco, embora o mais usado e mais original seja realmente o que estamos tratando. É possível encontrar variantes desse sobrenome, mas elas são realmente raras.

Brasão da Família Pacheco
 
Das informações encontradas sobre o brasão da família Pacheco podemos destacar que ele é composto de ouro, com duas caldeiras de preto, uma sobre a outra. Cada caldeira já citada é carregada de três faixas de veirado de ouro e de vermelho, com as asas veiradas dos mesmos esmaltes, serpentiferas de quatro peças de preto, duas para dentro e duas para fora.
É possível encontrar também informações sobre outros modelos de brasão, mas ao que se sabe, este parece ser o mais conhecido, o mais “oficial” da família Pacheco. A diferença nos brasões se dá pelo fato do mesmo poder possuir diferentes origens.


Quinta da Pacheca entre os 10 melhores projetos de enoturismo do mundo

 


A Quinta da Pacheca é uma das mais antigas da região, tendo sido propriedade da família Pacheco Pereira desde o início do século 18, quando a viúva decidiu iniciar a produção de vinhos e modificou o sobrenome para destacar que o negócio era (bem) administrado por uma mulher.

No início do século 20 a propriedade foi vendida a outra família que iniciou diversos melhoramentos no local, como a construção da residência principal, hoje transformada no hotel.

No início deste século, passou para as mãos de outra família Pereira (sem relação com a primeira), que construiu os simpáticos quartos em forma de barril de carvalho, sem dúvida a forma mais charmosa de se hospedar na propriedade.

Decisão da Anvisa frustra intenções de compra da Sputnik V por estados e municípios

COVID-19 no mundo
Casos confirmados:
147.969.068
Pacientes recuperados:
85.664.676
Mortes:
3.123.483


 
Por Marco Antonio Pereira
Brasil afronta COVID-19 no fim de abril de 2021

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) negou nesta segunda-feira (26) o pedido de autorização excepcional para a importação da vacina russa Sputnik V contra a COVID-19.

​​A análise dos diretores do órgão regulador justificou o posicionamento alegando falta de dados e risco de doenças por falha em fabricação do imunizante russo.

A Sputnik Brasil ouviu nesta terça-feira (27) a opinião do prefeito da cidade de Niterói, Axel Grael (PDT), sobre a decisão da Anvisa. As cidades de Niterói e Maricá, ambas do estado do Rio de Janeiro, fazem parte de um consórcio nacional que se mobilizou para a negociação de compra da Sputnik V.

Estados formaram consórcio para compra da Sputnik V

Ao todo, 14 estados tinham pedido autorização para comprar e distribuir a vacina russa: Acre, Alagoas, Amapá, Bahia, Ceará, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Rondônia, Sergipe e Tocantins, junto com as cidades fluminenses citadas.

Em nota, Grael declarou: "A decisão [da Anvisa] nos frustrou muito, mas acreditamos na ciência. Esperamos que as dúvidas sejam esclarecidas, os questionamentos sejam respondidos e que Niterói possa receber a Sputnik V".

​Perguntado sobre o que representaria para Niterói poder usar a vacina na imunização da população da cidade, o prefeito disse que isso significaria "a possibilidade de Imunização mais rápida de toda a nossa população, salvar vidas e poder recuperar a economia mais rapidamente", e que continuaria "avançando em sintonia com o consórcio".

A Secretaria Municipal de Saúde do município informou também através de nota enviada à Sputnik Brasil que não houve pagamento antecipado para a compra da vacina Sputnik V. De acordo com a legislação federal, a importação emergencial só seria possível com autorização da Anvisa.

O órgão diz continuar trabalhando para acelerar a imunização em Niterói, que possui taxa de vacinação superior a 25% de sua população, estimada em 515.317 habitantes segundo o IBGE.

O comunicado da secretaria diz que a Prefeitura de Niterói "assinou contrato para adquirir 800 mil doses da Sputnik V com o objetivo de imunizar todos os niteroienses que ainda não foram vacinados e que o órgão confia no trabalho da Anvisa, acredita que o processo será solucionado e em breve a vacina será aprovada".

Nesta segunda-feira (26), o governador do Ceará, Camilo Santana (PT), já tinha afirmado através das redes sociais que ia continuar tentando importar a vacina russa contra a COVID-19.

Atuação de lobbies podem mudar posicionamento da Anvisa?

William Daldegan de Freitas, professor de relações internacionais da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), em conversa com a Sputnik Brasil, analisou que uma mudança de posicionamento técnico da Anvisa somente seria possível através da pressão de lobbies internos, como da farmacêutica União Química, que seria a produtora local da Sputnik V.

Enfermeira prepara dose da vacina russa Sputnik V em um centro esportivo, em Skopje, Macedônia do Norte, em 5 de abril de 2021.
© REUTERS / OGNEN TEOFILOVSKI
Enfermeira prepara dose da vacina russa Sputnik V em um centro esportivo, em Skopje, Macedônia do Norte, em 5 de abril de 2021
"Eu acho que esses lobbies poderiam pressionar, se houvesse ambiente, por possíveis alterações na visão da Anvisa, do próprio Ministério da Saúde, uma pressão com base no Legislativo e em outras estruturas do governo para uma possível flexibilização", declarou Freitas.

Mas, segundo ele, dentro desse perfil técnico da Anvisa parece não haver qualquer ambiente para uma mudança, pois isto geraria instabilidade política, pois todos os holofotes estão voltados para ela. "Os lobbies vão tentar se movimentar, seja por pressão externa por parte do Fundo Russo [de Investimentos Diretos], seja pelo próprio lobby da União Química, que tem feito uma pressão muito grande junto ao Congresso", continuou o especialista.

Denis Logunov, vice-diretor de pesquisa científica do Centro Nacional de Pesquisa de Epidemiologia e Microbiologia Gamaleya, fabricante do imunizante, destacou na segunda-feira (26) que a Federação da Rússia realiza o controle de série de tudo que é produzido pelo Centro Gamaleya e por outros fabricantes.

Nenhum controle tem informação de que a vacina possui adenovírus replicante, e a Anvisa não solicitou protocolos de controle de qualidade consolidados, segundo Logunov.

AS GRANDES MENTIRAS DOS SÉCULOS XVIII E XIX

 Quando comemoramos a data de nossa independência, o sete de setembro e o 21 de abril martírio de Tiradentes, não nos apercebemos que estamos cometendo um ato de lusofobia. 

Em 1822, século XIX, a Inglaterra já em plena "Revolução Industrial" tinha interesse em que seus produtos industrializados tivessem facilidade de acesso ao mercado latino americano antes dominado por portugueses e espanhóis, logo a sua principal estratégia era preparar um separatismo que atingisse o crescente descontentamento entre os nativos e os colonos provocado pelo constante aumento dos impostos. Donos da mídia, os ingleses criaram um falso sentimento libertário entre estes, que resultou no aparecimento de vários líderes, a maioria saída dos próprios descendentes de colonos, como foi o caso de Tiradentes no Brasil, Simão Bolívar na Venezuela, S. Martin e Ó Hoggins no Chile, José Francisco de S. Martim na Argentina, Micaela Bastidas no Perú, etc., que assim como Tiradentes, foram todos usados para defender os interesses comerciais ingleses da época, criando um sentimento de inferioridade nos luso/espano descendentes que dura até hoje, quando em verdade essa inferioridade não existe, conforme está sendo provado agora com outros povos, que também já sofreram essa pressão psicológica e material e agora estão se libertando e até ultrapassando os defensores dessas teorias racistas. 

Não estou aqui defendendo o capital mercantilista de Espanha e Portugal e condenando a luta daqueles heróis pela libertação da América através do capital liberal, porque nenhum dos dois capitais resolveu até hoje o problema da fome e da violência. Estou apenas dizendo que a sociedade sonhada por Tiradentes e Simão Bolívar e outros era uma sociedade mentirosa.

Os mesmos illuminatis daqueles séculos XVIII e XIX, são os mesmos illuminatis do século XXI, que, agora sim, estão colhendo o que plantaram, porque os povos que enganaram até hoje, os espano-luso-americanos, apoiados pelas duas novas potências emergentes Rússia e China, podem finalmente encontrar a sua verdadeira libertação e tornarem-se amigos para sempre, sem essa de lusofobia, pois Tiradentes como seu sobrenome já diz também era um lusófono. O ideal seria comemorarmos  o 21 e o 22 de abril num só dia, pois Cabral também é oficialmente um herói nacional.

 JPL

Tiradentes

 Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.


Joaquim José da Silva Xavier (Tiradentes)
Tiradentes, em pintura de Oscar Pereira da Silva.
Nome completo Joaquim José da Silva Xavier
Conhecido(a) por mártir da Inconfidência Mineira
Nascimento 12 de novembro de 1746
Fazenda do Pombal, Minas Gerais, Estado do Brasil, Reino de Portugal
Morte 21 de abril de 1792 (45 anos)
Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Estado do Brasil, Reino de Portugal
Nacionalidade brasileiro, colônia de Portugal
Ocupação dentista
militar
ativista político
Ideias notáveis independência do Brasil Colônia do Império Português
Serviço militar
Patente alferes
Unidades cavalaria

Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes (Fazenda do Pombal, batizado em 12 de novembro de 1746 — Rio de Janeiro, 21 de abril de 1792), foi um dentista, tropeiro, minerador, comerciante, militar e ativista político brasileiro, que atuou nas capitanias de Minas Gerais e Rio de Janeiro.

Patrono cívico do Brasil, além de patrono das Polícias Militares e Polícias Civis dos estados brasileiros, Tiradentes é nacionalmente conhecido por ser o personagem símbolo da conspiração denominada Inconfidência Mineira, movimento revolucionário cujo objetivo era a independência total do poder colonial português e a criação de uma república brasileira. Quando a trama dos separatistas foi descoberta pelas autoridades, Tiradentes foi preso, julgado e enforcado publicamente.

Por conta disso, desde o advento da República no Brasil (1889), Tiradentes é considerado herói nacional: o mártir foi criado pelos republicanos com a intenção de ressignificar a identidade brasileira.O dia de sua execução, 21 de abril, é feriado nacional. A cidade mineira de Tiradentes, antiga Vila de São José do Rio das Mortes, foi renomeada em sua homenagem. Seu nome está inscrito no Livro dos Heróis da Pátria desde 21 de abril de 1992.

 

 

Anvisa anuncia autorização para ensaio clínico de nova vacina chinesa contra a COVID-19

COVID-19 no mundo
Casos confirmados:
141.485.253
Pacientes recuperados:
80.854.728
Brasil
Situação da COVID-19 em meados de abril no Brasil

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou, na última sexta-feira (16), testes clínicos de fase 3 a serem realizados no Brasil da vacina financiada pela empresa Sichuan Clover Biopharmaceuticals, sediada na China.

Batizado de SCB-2019, o imunizante é pensado para a injeção de duas doses com intervalo de 22 dias entre as aplicações. Esta é a sexta vacina contra o novo coronavírus que será testada no Brasil.

O imunizante será aplicado em voluntários brasileiros no Rio Grande do Sul, Rio Grande do Norte e Rio de Janeiro. Os participantes deverão ter 18 anos ou mais.

"Para esta autorização, a Anvisa analisou os dados das etapas anteriores de desenvolvimento dos produtos, incluindo estudos não clínicos in vitro e em animais, bem como dados preliminares de estudos clínicos em andamento. Os resultados obtidos até o momento demonstraram um perfil de segurança aceitável das vacinas candidatas", escreveu a Anvisa, em nota publicada nesta segunda-feira (19).

Em todo o mundo, a vacina da Sichuan Clover Biopharmaceuticals será testada em até 30 mil voluntários distribuídos entre países da América Latina, África do Sul e Europa.

​Segundo a Anvisa, desde o reconhecimento de calamidade pública no Brasil em virtude da pandemia do novo coronavírus, a agência "tem adotado estratégias para dar celeridade às análises e às decisões sobre qualquer demanda que tenha como objetivo o enfrentamento da COVID-19".

"Uma dessas estratégias foi a criação de um comitê de avaliação de estudos clínicos, registros e mudanças pós-registros de medicamentos para prevenção ou tratamento da doença. O grupo também atua em ações para reduzir o risco de desabastecimento de medicamentos com impacto para a saúde pública devido à pandemia", disse o órgão.

PORTUGAL LEVANTA A SUSPENSÃO DOS VOOS DO BRASIL E REINO UNIDO QUE VIGORAVA DESDE FINAL DE JANEIRO

Placas no aeroporto de Lisboa, em Portugal — Foto: Rafael Marchante/Reuters

Placas no aeroporto de Lisboa, em Portugal — Foto: Rafael Marchante/Reuters

Portugal decidiu levantar a suspensão de voos com o Reino Unido e o Brasil que vigorava desde o final de janeiro, mas apenas para "viagens essenciais", anunciou o Ministério do Interior em comunicado nesta sexta-feira (16).

Depois de ser atingido por uma violenta onda da epidemia de coronavírus no início do ano, Portugal vai entrar na segunda-feira na terceira fase de um plano de desconfinamento gradual, confirmou na quinta à noite o primeiro-ministro, António Costa.

VÍDEO: Em Portugal, medidas duras de isolamento reduzem taxa de lotação de UTIs

VÍDEO: Em Portugal, medidas duras de isolamento reduzem taxa de lotação de UTIs

De acordo com o comunicado do governo português, as novas medidas já entram em vigor nesta sexta-feira.

Os passageiros dos voos originários do Brasil ou dos países com uma taxa de incidência de Covid-19 igual ou superior a 500 casos por 100 mil habitantes têm de cumprir uma quarentena de 14 dias.

Portugal suspendeu no fim de janeiro os voos com Brasil e Reino Unido por temores vinculados às variantes do coronavírus detectadas nestes dois países, consideradas mais contagiosas.

Portugal, confinado desde meados de janeiro, registrou forte queda de novos contágios, depois de alcançar 16.500 novos casos em 28 de janeiro. Isto permitiu ao governo português implementar um plano de flexibilização gradual do confinamento a partir de 15 de março.

Em abril, o número de mortes caiu para menos de dez por dia, de acordo com a Universidade Johns Hopkins.

No país, foram ministradas 22,4 doses para cada 100 pessoas, de acordo com o "Financial Times".

PEDRO ÁLVARES CABRAL E O DESCOBRIMENTO DO BRASIL

Pedro Álvares Cabral aos 32 ou 33 anos de idade em uma pintura do início do século XX. Não há registros de retratos de Cabral contemporâneos à sua época.

 

Pedro Álvares Cabral(Belmonte, 1467 ou 1468 – Santarém, c. 1520) foi um fidalgo, comandante militar, navegador e explorador português, creditado como o descobridor do Brasil. Realizou significativa exploração da costa nordeste da América do Sul, reivindicando-a para Portugal. Embora os detalhes da vida de Cabral sejam esparsos, sabe-se que veio de uma família nobre colocada na província interior e recebeu uma boa educação formal. 

Foi nomeado para chefiar uma expedição à Índia em 1500, seguindo a rota recém-inaugurada por Vasco da Gama, contornando a África. O objetivo deste empreendimento era retornar com especiarias valiosas e estabelecer relações comerciais na Índia — contornando o monopólio sobre o comércio de especiarias, então nas mãos de comerciantes árabes, turcos e italianos. Aí sua frota, de 13 navios, afastou-se bastante da costa africana, talvez intencionalmente, desembarcando no que ele inicialmente achou tratar-se de uma grande ilha à qual deu o nome de Vera Cruz (Verdadeira Cruz) e a que Pêro Vaz de Caminha faz referência. Explorou o litoral e percebeu que a grande massa de terra era provavelmente um continente, despachando em seguida um navio para notificar o rei Manuel I da descoberta das terras. Como o novo território se encontrava dentro do hemisfério português de acordo com o Tratado de Tordesilhas, reivindicou-o para a Coroa Portuguesa. Havia desembarcado na América do Sul, e as terras que havia reivindicado para o Reino de Portugal mais tarde constituiriam o Brasil. A frota reabasteceu-se e continuou rumo ao leste, com a finalidade de retomar a viagem rumo à Índia. 

Nessa mesma expedição uma tempestade no Atlântico Sul provocou a perda de sete navios; as seis embarcações restantes encontraram-se eventualmente no Canal de Moçambique antes de prosseguirem para Calecute, na Índia. Cabral inicialmente obteve sucesso na negociação dos direitos de comercialização das especiarias, mas os comerciantes árabes consideraram o negócio português como uma ameaça ao monopólio deles e provocaram um ataque de muçulmanos e hindus ao entreposto português. Os portugueses sofreram várias baixas e suas instalações foram destruídas. Cabral vingou-se do ataque saqueando e queimando a frota árabe e, em seguida, bombardeou a cidade em represália à incapacidade de seu governante em explicar o ocorrido. De Calecute a expedição rumou para Cochim, outra cidade-estado indiana, onde Cabral fez amizade com seu governante e carregou seus navios com especiarias cobiçadas antes de retornar para a Europa. Apesar da perda de vidas humanas e de navios, a viagem de Cabral foi considerada um sucesso após o seu regresso a Portugal. Os lucros extraordinários resultantes da venda das especiarias reforçaram as finanças da Coroa Portuguesa e ajudaram a lançar as bases de um Império Português, que se estenderia das Américas ao Extremo Oriente. 

Cabral foi mais tarde preterido quando uma nova frota foi reunida para estabelecer uma presença mais robusta na Índia, possivelmente como resultado de uma desavença com Manuel I. Tendo perdido a preferência do rei, aposentou-se da vida pública, havendo poucos registros sobre a parte final de sua vida. Suas realizações caíram no esquecimento por mais de 300 anos. Algumas décadas depois da independência do Brasil de Portugal, no século XIX, a reputação de Cabral começou a ser reabilitada pelo Imperador Pedro II do Brasil. Desde então, os historiadores têm discutido se Cabral foi o descobridor do Brasil e se a descoberta foi acidental ou intencional. A primeira dúvida foi resolvida pela observação de que os poucos encontros superficiais feitos por exploradores antes dele mal foram notados e em nada contribuíram para o desenvolvimento e a história futuros da terra que se tornaria o Brasil, única nação das Américas onde a língua oficial é o português. Quanto à segunda questão, nenhum consenso definitivo foi formado e a hipótese de descoberta intencional carece de provas sólidas. Não obstante, embora seu prestígio tenha sido ofuscado pela fama de outros exploradores da época, Cabral é hoje considerado uma das personalidades mais importantes da Era dos Descobrimentos. 

BIOGRAFIA

Primeiros Anos

Nascido em Belmonte e criado como membro da nobreza portuguesa,Cabral foi enviado à corte do rei D. Afonso V em 1479, quando tinha cerca de 12 anos. Educou-se em humanidades e foi treinado para lutar e pegar em armas.Tinha cerca de 17 anos de idade em 30 junho de 1484, quando foi nomeado moço fidalgo (um título de menor importância normalmente concedido a jovens nobres) pelo rei D. João II.

 Os registros de suas ações antes de 1500 são extremamente incompletos, mas Cabral pode ter excursionado pelo norte da África, tal como haviam feito seus antepassados e era comumente feito por outros jovens nobres de sua época.O rei D. Manuel I, que tinha ascendido ao trono dois anos antes, concedeu-lhe um subsídio anual no valor de 30 mil reais em 12 de abril de 1497.Na mesma época, recebeu o título de fidalgo do Conselho do Rei e foi nomeado Cavaleiro da Ordem de Cristo. Não há nenhuma imagem ou descrição física detalhada de Cabral contemporâneas à sua época. Sabe-se que era forte e igualava seu pai em altura (1,90 metros). O caráter de Cabral tem sido descrito como culto, cortês,prudente,generoso, tolerante com os inimigos,humilde,mas também vaidoso e muito preocupado com o respeito que sentia que sua nobreza e posição exigiam. 

 Descobrimento do Brasil

 Em 15 de fevereiro de 1500, Cabral foi nomeado capitão-mor de uma expedição à Índia. Era costume da época a Coroa Portuguesa nomear nobres para comandar expedições navais e militares, independentemente da experiência ou competência profissional deles.Este foi o caso dos capitães dos navios comandados por Cabral — a maioria era nobre como ele.Esta prática era arriscada, uma vez que a autoridade poderia cair nas mãos de pessoas altamente incompetentes e incapacitadas como poderia também cair nas mãos de líderes talentosos como Afonso de Albuquerque ou João de Castro. Rota seguida por Cabral de Portugal para a Índia em 1500 (em vermelho) e a rota de retorno (em azul) 

Poucos detalhes a respeito dos critérios utilizados pelo governo português para escolher Cabral como chefe da expedição à Índia sobreviveram ao tempo. No decreto real que o nomeou capitão-mor, as razões dadas são "méritos e serviços". Nada mais se sabe sobre estas qualificações. De acordo com o historiador William Greenlee, o rei D. Manuel I "sem dúvida o conhecia bem na corte". Isso, junto com "o papel da família Cabral, a lealdade inquestionável deles à Coroa, a aparência pessoal de Cabral e a capacidade que ele tinha demonstrado na corte e no conselho foram fatores importantes". Também a seu favor pode ter estado a influência de dois de seus irmãos, que faziam parte do conselho do rei.Dado o nível de intriga política presente na corte, Cabral pode ter sido parte de uma facção que favoreceu sua nomeação.O historiador Malyn Newitt subscreve a ideia de algum tipo de manobra oculta, dizendo que a escolha de Cabral "foi uma tentativa deliberada de equilibrar os interesses de facções rivais das famílias nobres, pois parece que ele não possuía qualquer outra qualidade para a recomendação e nenhuma experiência em comandar grandes expedições". Nau de Pedro Álvares Cabral conforme retratada no Livro das Armadas, atualmente na Academia das Ciências de Lisboa. 

Cabral tornou-se o chefe militar da expedição, enquanto navegadores mais experientes foram destacados para a expedição para ajudá-lo em assuntos navais.Os mais importantes deles foram Bartolomeu Dias, Diogo Dias e Nicolau Coelho.Tais navegadores comandariam, junto com os outros capitães, 13 navios e 1 500 homens.Desse contingente, 700 eram soldados, embora a maioria fosse composta por plebeus comuns que não tinham nenhum treinamento ou experiência em combate anterior. A frota tinha duas divisões. A primeira era composta por nove naus e duas caravelas e dirigiu-se rumo a Calecute, na Índia, com o objetivo de estabelecer relações comerciais e uma feitoria. A segunda divisão, constituída por uma nau e uma caravela, zarpou do porto de Sofala, no atual Moçambique.Como recompensa por liderar a frota, Cabral tinha direito a 10 mil cruzados (antiga moeda portuguesa equivalente a aproximadamente 35 kg de ouro) e a comprar 30 toneladas de pimenta, às suas próprias custas, para transportar de volta à Europa. A pimenta poderia então ser revendida à Coroa Portuguesa, livre de impostos.Ele também foi autorizado a importar 10 caixas de qualquer outro tipo de especiaria, livre de impostos.Embora a viagem fosse extremamente perigosa, Cabral tinha a perspectiva de se tornar um homem muito rico caso retornasse com segurança para Portugal com o carregamento. As especiarias eram raras na Europa de então e intensamente solicitadas.

Uma frota anterior tinha sido a primeira a chegar à Índia contornando a África. Essa expedição foi liderada por Vasco da Gama e regressou a Portugal em 1499.Durante décadas Portugal buscara uma rota alternativa para o Oriente que excluísse o Mar Mediterrâneo, então sob controle das repúblicas marítimas italianas e do Império Otomano. O expansionismo de Portugal levaria, primeiramente a uma rota para a Índia e, posteriormente, à colonização um pouco por todo o mundo. O desejo de difundir o cristianismo católico em terras pagãs foi outro fator que motivou a exploração. Havia também uma longa tradição de guerrear contra os muçulmanos, derivada da luta contra os mouros durante a construção da nação portuguesa. A luta expandiu-se primeiramente para o norte da África e, eventualmente, para o subcontinente indiano. Uma ambição adicional que motivava os exploradores era a busca do mítico Preste João — um poderoso rei cristão com o qual se poderia forjar uma aliança contra o Islã. Por fim, a Coroa Portuguesa procurava obter um quinhão no lucrativo comércio de escravos e de ouro no oeste Africano e no comércio das especiarias oriundas da Índia. 
 
Partida e chegada a uma nova terra 
 
A frota, sob o comando de Cabral, então com 32–33 anos de idade, partiu de Lisboa em 9 de março de 1500 ao meio-dia. No dia anterior, a tripulação tinha recebido uma despedida pública que incluíra uma missa e comemorações com a presença do rei, da corte e de uma enorme multidão.Na manhã de 14 de março, a frota passou por Grã Canária, a maior das Ilhas Canárias.Em seguida, partiu rumo a Cabo Verde, uma colônia portuguesa situada na costa oeste da África, que foi alcançada em 22 de março.No dia seguinte, uma nau com 150 homens, comandada por Vasco de Ataíde, desapareceu sem deixar vestígios.A frota cruzou a Linha do Equador em 9 de abril e navegou rumo a oeste afastando-se o mais possível do continente africano, utilizando uma técnica de navegação conhecida como a volta do mar.Os marujos avistaram algas-marinhas no dia 21 de abril, o que os levou a acreditar que estavam próximos da costa. Provou-se estarem certos na tarde do dia seguinte, quarta-feira, 22 de abril de 1500, quando a frota ancorou perto do que Cabral batizou de Monte Pascoal (uma vez que aquela era a semana da Páscoa). O monte localiza-se no que hoje é a costa nordestina do Brasil. 
Os portugueses detectaram a presença de habitantes na costa, e os capitães de todos os navios reuniram-se a bordo do navio de Cabral no dia 23 de abril.Cabral mandou Nicolau Coelho, capitão que havia viajado com Vasco da Gama à Índia, para desembarcar e estabelecer contato. Ele pisou na terra e trocou presentes com os indígenas. Após Coelho voltar, Cabral ordenou que a frota rumasse ao norte, onde, após 65 km de viagem, ancorou em 24 de abril no local que o capitão-mor chamou de Porto Seguro.O lugar era um porto natural, e Afonso Lopes (piloto do navio principal) trouxe dois índios a bordo para conversarem com Cabral. 
 
Assim como no primeiro contato, o encontro foi amistoso e Cabral ofereceu presentes aos nativos.Os habitantes eram caçadores-coletores da idade da pedra, a quem os europeus atribuiriam o rótulo genérico de "índios". Os homens coletavam alimento por meio da caça e da pesca, enquanto as mulheres se dedicavam à agricultura em pequena escala. Eles se dividiam em inúmeras tribos rivais. A tribo que Cabral encontrou foi a tupiniquim. Alguns deles eram nômades e outros sedentários — tendo conhecimento do fogo, mas não dos metais. Algumas poucas tribos praticavam o canibalismo.Em 26 de abril (domingo de Páscoa), conforme cada vez mais nativos curiosos apareciam, Cabral ordenou aos seus homens a construção de um altar em terra, onde uma missa católica foi celebrada por Henrique de Coimbra — a primeira a sê-lo no solo do que mais tarde viria a ser o Brasil. Foi oferecido vinho aos índios, que não gostaram da bebida. Os portugueses mal sabiam que estavam lidando com um povo que ostentava vasto conhecimento de bebidas alcoólicas fermentadas, obtendo-as de raízes, tubérculos, cascas, sementes e frutos, perfazendo mais de oitenta tipos. Os dias seguintes foram gastos armazenando água, alimentos, madeira e outros suprimentos. Os portugueses também construíram uma enorme cruz de madeira — talvez com sete metros de altura. Cabral constatou que a nova terra estava a leste da linha de demarcação entre Portugal e Espanha que tinha sido estabelecida no Tratado de Tordesilhas. O território estava, portanto, dentro do hemisfério atribuído a Portugal. Para solenizar a reivindicação de Portugal sobre aquelas terras, ergueu-se a cruz de madeira e uma segunda missa foi celebrada em 1 de maio.Em honra à cruz, Cabral nomeou a terra recém-descoberta de Ilha de Vera Cruz.No dia seguinte, um navio de suprimentos sob o comando de Gaspar de Lemos ou André Gonçalves (há um conflito entre as fontes sobre quem foi enviado),retornou para Portugal para informar o rei da descoberta, por meio da carta escrita por Pero Vaz de Caminha. 
 
Viagem à Índia 
 
Tragédia ao largo do sul da África
 
A frota retomou sua viagem em 2 ou 3 de maio de 1500, navegando ao longo da costa leste da América do Sul. Ao fazê-lo, Cabral convenceu-se de que tinha encontrado um continente inteiro, ao invés de uma ilha.Por volta do dia 5 de maio, a esquadra virou para leste em direção à África. Em 23 ou 24 de maio, os navios encontraram uma tempestade na zona de alta pressão do Atlântico Sul, resultando na perda de quatro navios. O local exato do desastre é desconhecido — as especulações variam desde perto do Cabo da Boa Esperança, no extremo sul do continente africano até um local "à vista da costa sul-americana".Três naus e a caravela comandada por Bartolomeu Dias — o primeiro europeu a dobrar o Cabo da Boa Esperança em 1488 — naufragaram, perdendo-se 380 homens. Os navios restantes, prejudicados pelo mau tempo e com seus aparelhos danificados, separaram-se. Um dos navios que se havia separado, comandado por Diogo Dias, vagou sozinho adiante, enquanto os outros seis lograram reagrupar-se. Reuniram-se em duas formações de três navios cada, e o grupo de Cabral navegou rumo ao leste, passando pelo Cabo da Boa Esperança. Determinada a sua posição e avistando terra, viraram para o norte e desembarcaram em algum lugar no arquipélago das Ilhas Primeiras e Segundas, ao largo da África oriental e ao norte de Sofala.A frota principal permaneceu perto de Sofala por dez dias enquanto era reparada.A expedição, em seguida, rumou ao norte, chegando a Quíloa em 26 de maio, onde Cabral fez uma tentativa fracassada de negociar um tratado comercial com o rei local. De Quíloa, a frota partiu para Melinde, onde desembarcou em 2 de agosto. Cabral reuniu-se com o rei local, com quem estabeleceu relações de amizade e trocou presentes. Também em Melinde foram recrutados pilotos para a última etapa da viagem à Índia. Antes do destino final, desembarcaram em Angediva, uma ilha onde os navios a caminho de Calecute se abasteciam. Ali, os navios foram puxados para a praia, calafetados e pintados. Foram feitos os últimos preparativos para o encontro com o governante de Calecute.
 
 Massacre em Calecute 
 
A frota partiu de Angediva e chegou a Calecute em 13 de setembro.Cabral obteve êxito nas negociações com o samorim (título dado ao governante de Calecute) e obteve autorização para instalar uma feitoria e um armazém na cidade-estado.Na esperança de melhorar ainda mais as relações, Cabral despachou seus homens em várias missões militares a pedido do Samorim. No entanto, em 16 ou 17 de dezembro, a feitoria sofreu um ataque de surpresa por cerca de 300 (de acordo com outros relatos, talvez até milhares) árabes muçulmanos e indianos hindus. Apesar da defesa desesperada dos besteiros, mais de 50 portugueses foram mortos.Os defensores restantes se retiraram para os navios, alguns a nado. Pensando que o ataque fora resultado de incitação não autorizada de comerciantes árabes invejosos, Cabral esperou 24 horas para obter uma explicação do governante de Calecute, mas nenhum pedido de desculpas foi apresentado. Os portugueses ficaram indignados com o ataque à feitoria e com a morte de seus companheiros e atacaram 10 navios mercantes dos árabes ancorados no porto. Mataram cerca de 600 tripulantes e confiscaram o carregamento antes de incendiar os navios.Cabral também ordenou que seus navios bombardeassem Calecute por um dia inteiro em represália à violação do acordo. O massacre foi atribuído, em parte, à animosidade portuguesa em relação aos muçulmanos, resultante de séculos de conflitos com os mouros na Península Ibérica e no norte da África. Além disso, os portugueses estavam determinados a dominar o comércio de especiarias e não tinham a intenção de permitir que a concorrência florescesse. Os árabes também não tinham interesse em permitir que os portugueses quebrassem seu monopólio sobre as especiarias. Os portugueses haviam começado por insistir em que lhes fosse dado tratamento preferencial em todos os aspectos do comércio. A carta de D. Manuel I entregue por Cabral ao governante de Calecute — traduzida pelos intérpretes árabes deste — pedia a exclusão dos comerciantes árabes. Os comerciantes muçulmanos, acreditando que estavam prestes a perder suas oportunidades comerciais e sua forma de subsistência, teriam tentado colocar o governante hindu contra os portugueses. Portugueses e árabes eram muito desconfiados uns dos outros, em cada ação. Para o historiador William Greenlee, os portugueses perceberam que "eram poucos em número e que aqueles que viriam à Índia nas frotas futuras também estariam sempre em desvantagem numérica; então esta traição deveria ser punida de forma tão decisiva que os portugueses fossem temidos e respeitados no futuro. Era a sua artilharia superior que lhes permitiria realizar esse objetivo". Assim sendo, os portugueses estabeleceram um precedente para o comportamento dos exploradores europeus na Ásia durante os séculos seguintes. 
 
Retorno a Portugal
 
Avisos nos relatos da viagem de Vasco da Gama à Índia levaram o rei D. Manuel I a informar Cabral a respeito de outro porto, ao sul de Calecute, onde também se poderiam estabelecer relações comerciais. A cidade em questão era Cochim, onde a frota desembarcou em 24 de dezembro. Cochim era nominalmente um território vassalo de Calecute, assim como também era dominado por outras cidades-estados indianas. O governante de Cochim estava ansioso para conseguir a independência da cidade, e os portugueses estavam dispostos a explorar a desunião indiana — como os britânicos também fariam 300 anos mais tarde. A tática acabaria por assegurar a hegemonia portuguesa sobre a região. Cabral forjou uma aliança com o governante de Cochim, e com líderes de outras cidades-estados, sendo capaz de estabelecer uma feitoria. Por fim, carregada de especiarias preciosas, a frota foi para Cananor, a fim de comerciar uma vez mais antes de partir em sua viagem de retorno a Portugal em 16 de janeiro de 1501. A expedição dirigiu-se para a costa leste da África. Um dos navios encalhou em um banco de areia e começou a afundar. Como não havia espaço nos demais navios, a carga foi abandonada e Cabral ordenou que a nau fosse incendiada.Em seguida, a frota prosseguiu em direção à Ilha de Moçambique (a nordeste de Sofala), a fim de se prover de mantimentos para que os navios estivessem prontos para a agitada passagem em torno do Cabo da Boa Esperança.Uma caravela foi enviada para Sofala — outro dos objetivos da expedição. Uma segunda caravela, considerada o navio mais veloz da frota e capitaneada por Nicolau Coelho, foi enviada à frente das demais para dar ao rei o aviso prévio sobre o sucesso da viagem. Um terceiro navio, comandado por Pedro de Ataíde, separou-se da frota após partir de Moçambique. Em 22 de maio, a frota — agora reduzida a apenas dois navios — passou pelo Cabo da Boa Esperança.Chegaram em Bezeguiche (atual cidade de Dakar, localizada perto de Cabo Verde), em 2 de junho. Ali, encontraram não só a caravela de Nicolau Coelho como também a nau comandada por Diogo Dias — que se encontrava perdida por mais de um ano após o desastre no Atlântico Sul. A nau havia passado por várias aventuras e estava em péssimas condições, sendo que apenas sete homens doentes e mal-nutridos estavam a bordo — um dos quais estava tão fraco que morreu de felicidade ao ver seus companheiros novamente.Outra frota portuguesa também foi encontrada ancorada em Bezeguiche. Após D. Manuel I ter sido informado da descoberta do Brasil, enviou uma frota menor para explorá-lo. Um de seus navegadores era Américo Vespúcio (explorador italiano cujo nome designaria a América), que contou a Cabral detalhes de sua exploração, confirmando-lhe que havia de fato desembarcado num continente inteiro e não apenas numa ilha. A caravela de Nicolau Coelho partiu primeiro de Bezeguiche e chegou a Portugal em 23 de junho de 1501. O navio de Cabral ficou para trás, à espera do navio desaparecido de Pedro de Ataíde e da caravela que havia sido enviada para Sofala. Ambos os navios acabaram por aparecer e Cabral chegou a Portugal em 21 de julho de 1501, com os outros navios chegando durante os dias seguintes. Ao todo, dois navios voltaram vazios, cinco estavam completamente carregados e seis foram perdidos. No entanto, as cargas transportadas pela frota geraram lucros de até 800% para a Coroa Portuguesa. Após as especiarias serem vendidas, as receitas cobriram os custos de equipamento da frota e dos navios que foram perdidos, gerando um lucro que por si só excedia a soma total desses custos."Sem desanimar pelas perdas sem precedentes que havia sofrido, quando chegou à costa do leste africano, Cabral seguiu adiante com a realização da tarefa que lhe tinha sido atribuída e foi capaz de inspirar os oficiais e homens sobreviventes com coragem igual", afirma o historiador James McClymont."Poucas viagens para o Brasil e Índia foram tão bem executadas como a de Cabral", afirmou o historiador Bailey Diffie,para quem a viagem estabeleceu um caminho entre a abertura imediata "de um império marítimo português da África ao Extremo Oriente", e mais tarde a um "império terrestre no Brasil".
 
 Últimos anos
 
Túmulo de Pedro Álvares Cabral  em Santarém
Após o retorno de Cabral, D. Manuel I começou a planejar outra frota para fazer a viagem à Índia e para vingar as perdas portuguesas em Calecute. Cabral foi escolhido para comandar essa "Frota da Vingança", como era chamada. Durante oito meses Cabral fez todos os preparativos para a viagem, mas por razões que permanecem incertas, foi afastado do comando. 
 
Aparentemente, havia sido proposto dar a um outro navegador, Vicente Sodré, o comando independente sobre uma parte da frota – e Cabral se opôs fortemente contra isso.Não se sabe se foi demitido ou se pediu para ser liberado do cargo, de qualquer maneira, quando a frota partiu em março de 1502, seu comandante era Vasco da Gama, um sobrinho materno de Vicente Sodré, e não Cabral. Sabe-se, no entanto, que surgiu hostilidade entre as facções que apoiavam Vasco da Gama e Cabral. Em algum momento, Cabral deixou a corte permanentemente. O rei ficou muito irritado com a briga, a tal ponto que simplesmente mencionar o assunto em sua presença poderia resultar no banimento da corte, como ocorreu com um dos apoiantes de Vasco da Gama. Apesar da perda dos favores do rei,Cabral conseguiu um vantajoso casamento em 1503 com D. Isabel de Castro, uma nobre mulher rica e descendente do rei D. Fernando I Sua mãe era irmã de Afonso de Albuquerque, um dos maiores líderes militares de Portugal durante a Era dos Descobrimentos.O casal teve pelo menos quatro filhos: dois meninos (Fernão Álvares Cabral e António Cabral) e duas meninas (Catarina de Castro e Guiomar de Castro). Também teriam tido outras duas filhas, chamadas Isabel e Leonor, de acordo com outras fontes, que dizem também que Guiomar, Isabel e Leonor foram admitidas em ordens religiosas. O primogênito Fernão teria sido o único dos filhos de Cabral a lhe dar herdeiros, uma vez que António morreu em 1521 sem se casar. Afonso de Albuquerque tentou interceder a favor de Cabral e, em 2 de dezembro de 1514, pediu para D. Manuel I perdoá-lo e permitir seu retorno à corte, mas não obteve êxito. Sofrendo de febre recorrente e um tremor (possivelmente resultado de malária) desde sua viagem, Cabral se retirou para Santarém em 1509. Passou seus últimos anos por lá.Somente informações esparsas estão disponíveis sobre suas atividades durante aquele tempo. Segundo uma carta régia datada de 17 de dezembro de 1509, Cabral tornou-se parte envolvida numa disputa por uma transação de terras envolvendo parte da propriedade que lhe pertencia. Outra carta do mesmo ano informa que ele iria receber certos privilégios por um serviço militar não divulgado.Em 1518, ou talvez antes, foi elevado de fidalgo a cavaleiro no Conselho do Rei, tendo direito a um subsídio mensal de 2 437 reais. Isto se somava à pensão anual concedida a ele em 1497, que ainda estava sendo paga. Cabral morreu de causas não especificadas, provavelmente em 1520,e foi enterrado no interior da Capela de São João Evangelista na Igreja do Antigo Convento da Graça de Santarém. 

 
O primeiro assentamento permanente português na terra que viria a se tornar o Brasil foi São Vicente, estabelecido em 1532 por Martim Afonso de Sousa. Conforme os anos se passaram, os portugueses foram lentamente expandindo as fronteiras de sua colônia para o oeste, conquistando as terras tanto de ameríndios quanto de espanhóis. O Brasil havia assegurado grande parte de suas fronteiras atuais por volta de 1750, sendo considerado por Portugal como a parte mais importante de seu vasto império marítimo. Em 7 de setembro de 1822, o herdeiro de D. João VI, o Príncipe Pedro, garantiu a independência do Brasil de Portugal e tornou-se seu primeiro imperador. As descobertas de Cabral, e até mesmo o local onde foi enterrado, ficaram esquecidos por quase 300 anos desde sua expedição.Esta situação começou a mudar no início da década de 1840, quando o Imperador D. Pedro II, sucessor e filho de Pedro I, patrocinou pesquisas e publicações sobre a vida e a expedição de Cabral através do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. Isso fazia parte do ambicioso plano do Imperador para incentivar e reforçar um sentimento de nacionalismo na diversificada sociedade brasileira — dando aos cidadãos uma identidade e história comuns como residentes do único país de língua portuguesa das Américas.O início do ressurgimento do interesse em Cabral havia resultado da descoberta de seu túmulo pelo historiador brasileiro Francisco Adolfo de Varnhagen (mais tarde nomeado Visconde de Porto Seguro) em 1839.O estado completamente negligenciado em que o túmulo de Cabral foi encontrado quase provocou uma crise diplomática entre Brasil e Portugal — este último era então governado pela irmã mais velha de D. Pedro II, D. Maria II. Parte dos restos mortais de Cabral se encontra em exposição na Antiga Sé, no Rio de Janeiro. Em 1871, o imperador brasileiro — então em visita oficial à Europa — visitou o túmulo de Cabral e propôs uma exumação para fins científicos, a qual foi realizada em 1882. Numa segunda exumação, em 1896, foi autorizada a remoção de uma urna contendo terra e fragmentos de ossos. Apesar de seus restos mortais ainda estarem em Portugal, a urna foi eventualmente trazida à Antiga Sé do Rio de Janeiro em 30 de dezembro de 1903. Desde então, Cabral tornou-se um herói nacional do Brasil. Em Portugal, porém, os autores afirmam que seu prestígio é ofuscado pela fama de Vasco da Gama.Para o historiador William Greenlee, a viagem de Cabral é importante "não só devido à sua posição na história da geografia, mas por causa de sua influência na história e economia da época". Embora este autor reconheça que poucas viagens "tiveram maior importância para a posteridade", diz também que "poucas foram menos apreciadas em seu tempo". No entanto, o historiador James McClymont afirmou que "a posição de Cabral na história das conquistas e descobertas portuguesas é inexpugnável apesar da supremacia de homens maiores ou mais afortunados". Segundo ele, Cabral "será sempre lembrado na história como o principal, se não o primeiro, descobridor do Brasil".
 
 Hipótese da descoberta intencional 
 
Uma controvérsia que ocupa os estudiosos há mais de um século é se a descoberta de Cabral foi por acaso ou intencional. Neste último caso, isso significaria que os portugueses tinham pelo menos algum indício de que existia uma terra a oeste. A questão foi levantada pela primeira vez pelo imperador Pedro II em 1854 durante uma sessão do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro quando indagou aos pesquisadores se a descoberta poderia ter sido intencional.
 Até a conferência de 1854, a presunção generalizada era de que a descoberta tinha sido um acidente. Obras iniciais sobre o assunto defendiam esta visão, tais como História do   Brasil Descobrimento e Conquista da Índia (publicado em 1541) de Fernão Lopes de Castanheda, Décadas da Ásia (1552) de João de Barros, Crônicas do Felicíssimo Rei D. Manuel (1558) de Damião de Góis, Lendas da Índia (1561) de Gaspar Correia, História do Brasil (1627) de frei Vicente do Salvador e História da América Portuguesa (1730) de Sebastião da Rocha Pita. A primeira obra a defender a ideia de descoberta intencional foi publicada em 1854 por Joaquim Noberto de Sousa e Silva, depois que D. Pedro II iniciou o debate. Desde então, vários estudiosos apoiaram a ideia, tais como Francisco Adolfo de Varnhagen, Capistrano de Abreu, Pedro Calmon,Fábio Pestana Ramos e Mário Barata. Para o historiador Hélio Vianna, "embora haja sinais da intencionalidade" da descoberta de Cabral, "baseados principalmente no conhecimento ou nas suspeitas anteriores da existência de terras à beira do Atlântico Sul", não existem provas irrefutáveis que a comprovem.Esta opinião também é compartilhada pelo historiador Thomas Skidmore.O debate sobre se a descoberta foi deliberada ou não é considerado "irrelevante" pelo historiador Charles R. Boxer. Para o historiador Anthony Smith, as alegações conflitantes "provavelmente nunca serão resolvidas".
 
Precursores
 

O Mapa de Juan de la Cosa, datado de 1500
Este mapa, menciona a descoberta do cabo de Santo Agostinho (Pernambuco) por Vicente Yáñez Pinzón, ocorrida em 26 de janeiro de 1500. A leste do cabo aparece desconectada do continente a Ilha de Vera Cruz (Ysla descubierta por portugal). Há evidências concretas de que dois espanhóis, Vicente Yáñez Pinzón e Diego de Lepe, viajaram ao longo da costa norte do Brasil entre janeiro e março de 1500. Pinzón foi do cabo de Santo Agostinho até a foz do rio Amazonas. Ali, encontrou uma outra expedição espanhola, liderada por Lepe, que chegaria ao rio Oiapoque em março.A razão pela qual Cabral é considerado o descobridor do Brasil, ao invés de Pinzón, deve-se ao fato de que a viagem do navegador espanhol foi breve e não teve, segundo os historiadores luso-brasileiros, qualquer impacto duradouro. Francisco Adolfo de Varnhagen, Capistrano de Abreu,Mário Barata e Hélio Vianna concordam que as expedições espanholas não influenciaram em nada o desenvolvimento do que viria a ser a única nação de língua portuguesa das Américas — com história, cultura e sociedade únicas, diferenciando-a das sociedades hispano-americanas que dominam o resto do continente. Embora seja notório que os portugueses não sabiam da existência do Brasil antes da chegada de Pedro Álvares Cabral — uma vez que a esquadra cabralina pensou ter descoberto uma ilha —, existe uma teoria embasada em uma interpretação do livro Esmeraldo de Situ Orbis (1505) que aponta Duarte Pacheco Pereira como o possível descobridor do Brasil, por ter ele supostamente comandado uma expedição secreta que teria percorrido a costa brasileira e o mar do Caribe em fins do século XV. A viagem objetivaria identificar os territórios que pertenciam a Portugal ou a Castela de acordo com o Tratado de Tordesilhas, de 1494 — Pacheco Pereira participou das negociações do tratado.A possível existência de uma política de sigilo dos monarcas portugueses foi escrita na primeira metade do século XX pelo historiador Damião Peres, porém não se sustenta, uma vez que era prática comum, na ausência de um tratado, reclamar a soberania de uma terra publicitando a sua descoberta.
 
Homenagens 

Ficheiro:Pedro Álvares Cabral - Padrão dos Descobrimentos.png

Efígie de Pedro Álvares Cabral no Padrão dosDescobrimentos, em Lisboa, Portugal.
 


Cabral é um dos heróis nacionais brasileiros, sendo homenageado anualmente no dia 22 de abril. No entanto, a data não é um feriado nacional. Em 22 de abril de 2000, uma série de eventos promovidos pelo governo brasileiro marcaram as comemorações dos 500 anos do descobrimento do Brasil, o que gerou fortes protestos dos povos indígenas, além do pedido de demissão do então presidente da Fundação Nacional do 
índio Carlos Frederico Marés de Souza Filho.
 
Av. Álvares Cabral em Belo Horizonte  
Em 1900, como parte das comemorações dos 400 anos do descobrimento do Brasil, foi inaugurado no largo da Glória, no Rio de Janeiro, um monumento de Rodolfo Bernardelli em homenagem a Cabral.
Outras cidades brasileiras também homenagearam o explorador dando seu nome a vias públicas — a mais notável delas é a Avenida Álvares Cabral em Belo Horizonte. Existem também várias escolas públicas e outros estabelecimentos privados que carregam o nome de Pedro Álvares Cabral. 
Em Lisboa, foi erguido um monumento em homenagem a Cabral na avenida que recebeu o nome do explorador na freguesia de Santa Isabel. A estátua, inaugurada em 1940, é uma réplica da estátua de Bernardelli e foi um presente do governo Vargas ao povo português.Também inaugurado em 1940 (e reconstruído em 1960), o Padrão dos Descobrimentos em Belém, Lisboa, representa Pedro Álvares Cabral entre as figuras notáveis da Era dos Descobrimentos. Do mesmo modo, sua terra natal homenageou-o com uma estátua, assim como a cidade onde se encontra sepultado. 
Esta estátua inaugurada em 1940 em Lisboa foi um presente de Getúlio Vargas ao povo irmão de Portugal.
 

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Brasileiros em Portugal sugerem mudanças no Estatuto do Estudante Internacional: o que será votado?

Sputnik Brasil

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Sociedade

O Parlamento de Portugal vota, nesta quinta-feira (8), um projeto de lei que propõe mudanças no Estatuto do Estudante Internacional reivindicadas principalmente por universitários brasileiros. As alterações dizem respeito aos valores das mensalidades e a serviços de ação social das universidades. 

No projeto de lei nº 610/XIV/2.a, proposto pelos deputados do Bloco de Esquerda, as propinas (mensalidades) pagas pelos estudantes internacionais nas instituições de ensino superior públicas devem ser fixadas pelo governo, através de decreto-lei, levando em consideração os valores aplicados aos estudantes portugueses e não podendo ser superiores ao valor da propina máxima histórica praticada sobre os nacionais. 

O texto em vigor do Estatuto do Estudante Internacional estabelece que as mensalidades são fixadas pelo seu órgão legal e estatutariamente competente, têm em consideração o custo real da formação e os valores fixados em outras instituições de ensino superior nacionais e estrangeiras, não podendo ser inferiores à propina máxima fixada pela lei para o ciclo de estudos em causa. 

Isso faz com que em universidades, como a de Coimbra, o valor anual a ser pago por estudantes internacionais (à exceção os da União Europeia) chegue, em alguns cursos, a € 7 mil (R$ 46.620), cinco vezes mais do que os portugueses pagam.  

Professores caminham pelo campus da Universidade de Coimbra.
© AP Photo / Paulo Duarte
Professores caminham pelo campus da Universidade de Coimbra.

De acordo com a fundamentação do projeto de lei do BE, a visão de que os estrangeiros fossem encarados como uma nova fonte de financiamento para as universidades permitiu e legitimou que eles fossem tratados como uma espécie de mercadoria. 

"Seja na Universidade de Coimbra, seja em outras instituições, existe um tratamento que roça uma natureza discriminatória e mercantil. É esse o principal aspecto que tem enquadrado a atuação das instituições de ensino superior no caso dos estudantes internacionais", afirma o deputado Luís Monteiro, do Bloco de Esquerda, à Sputnik Brasil.

Ele é um dos parlamentares que assinam o projeto de lei e responsável por sua defesa na Comissão de Educação, Ciência, Juventude e Desporto. Monteiro explica que se o projeto for aprovado na generalidade, nesta quinta, desce à comissão para ser discutido na especialidade. 

"Após esse processo, volta ao plenário para se proceder à votação final global. Caso seja aprovado, dias após essa votação, é analisado pelo presidente da República e publicado em Diário da República", detalha.

O projeto propõe que as mudanças entrem em vigor já no ano letivo 2021/2022. Outra alteração importante é a de que os estudantes estrangeiros passem a ser beneficiados diretamente pelos mecanismos de ação social, particularmente, acesso a serviços de saúde, alimentação e alojamento, apoio a atividades culturais e desportivas e outros apoios educativos.

Coletivo Estudantes Internacionais surge em meio à pandemia

Essas também são reivindicações recorrentes do Coletivo Estudantes Internacionais, liderado por dez brasileiros das universidades de Aveiro, do Porto, do Algarve, do Minho, de Évora e do Instituto Politécnico de Coimbra, representando todas as regiões de Portugal nos três ciclos de ensino superior (graduação, mestrado e doutorado). 

A mineira Isadora Loredo, aluna da licenciatura em Engenharia Informática na Universidade de Aveiro, conta à Sputnik Brasil que o coletivo surgiu do inconformismo de um grupo de estudantes na instituição que se viu negligenciado nos alojamentos universitários no auge da primeira onda da pandemia de COVID-19. Segundo ela, a negligência estava relacionada ao fato de os estudantes ali alojados naquele momento serem, majoritariamente, estrangeiros. 

"A universidade não só não nos forneceu materiais de desinfecção e máscaras nos alojamentos, como começou a mandar e-mails de ameaça de despejo para os alunos que estavam inadimplentes com as mensalidades, além de negar acesso aos apoios sociais, como vale alimentação, àqueles que passavam por grandes dificuldades financeiras", exemplifica Isadora. 
A mineira Isadora Loredo, integrante do Coletivo Estudantes Internacionais
© Foto / Divulgação
A mineira Isadora Loredo, integrante do Coletivo Estudantes Internacionais

O coletivo criou uma conta no Instagram de forma a dar visibilidade às dificuldades que os estudantes estrangeiros estavam passando, o que os conectou com outros imigrantes em várias universidades públicas de Portugal que enfrentavam os mesmos problemas. Mas eles não ficaram restritos aos jovens e às redes sociais

Bem articulada, Isadora explica que o coletivo tem trabalhado para dar visibilidade a suas pautas por meio do diálogo com atores políticos dos diversos espectros, entre eles, do Bloco de Esquerda (BE), Partido Socialista (PS), Partido das Pessoas, dos Animais e da Natureza (PAN), assim como parlamentares não inscritos (sem partido), com o objetivo de sensibilizar esses grupos e buscar soluções.

"Nosso coletivo participou ativamente de discussões com atores políticos, o que culminou neste projeto de lei que vem ampliando o debate sobre a mercantilização das universidades públicas portuguesas e sobre o tratamento dado aos estudantes internacionais, principalmente brasileiros, nesta lógica mercadológica", pontua.

Ela participou de uma audiência na Comissão Parlamentar de Educação, Ciência, Juventude e Desporto, na terça-feira (6), para expor pautas do coletivo como: exclusão dos estudantes internacionais como beneficiários diretos dos serviços de ação social; mensalidades mais caras para estrangeiros, com aumento dos valores durante a pandemia; e burocracias para acesso ao Número de Identificação Fiscal (NIF, correspondente ao CPF brasileiro), que dificultam a abertura de contas bancárias pelos imigrantes.

"Achamos que a audição foi muito boa, pois conseguimos levar muitos relatos no pouco tempo que tínhamos. Da parte dos deputados que fizeram intervenção (BE, PS e PSD), acreditamos que o projeto de lei possa ser aprovado na sua generalidade", relata à Sputnik Brasil.

Questionado pela Sputnik Brasil sobre a imensa burocracia, que, além de dificultar que estudantes internacionais tirem o NIF, também limita as possibilidades de trabalho, uma vez que, até pouco tempo, empresas requeriam a autorização prévia do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), o deputado Luís Monteiro diz que a desburocratização é uma das propostas.

"O nosso projeto aponta um caminho para isso. É necessária uma maior articulação entre o SEF, as IES e as Finanças", reconhece o parlamentar.
O deputado Luís Monteiro, do Bloco de Esquerda
© Foto / Reprodução
O deputado Luís Monteiro, do Bloco de Esquerda

Proposta de combate à xenofobia nas universidades ainda é tímida 

O projeto, contudo, é tímido no que diz respeito ao combate à xenofobia e ao preconceito linguístico nas salas de aula, outra bandeira do Coletivo Estudantes Internacionais. Como Sputnik Brasil já mostrou, universitários brasileiros são vítimas de discriminação, como no caso em que um professor da Faculdade de Economia do Porto foi suspenso por dizer que "mulheres brasileiras são uma mercadoria".

Nesse aspecto, o texto proposto pelo Bloco de Esquerda estabelece que as universidades, com a colaboração das entidades relevantes, devem tomar iniciativas destinadas a promover a integração acadêmica e social dos estudantes admitidos, organizando as ações que se revelem adequadas, "nomeadamente nos domínios da língua e da cultura". Segundo o projeto, tais iniciativas devem constar do Plano de Atividades das Instituições de Ensino Superior. Mas não há previsão de punições para o descumprimento.

Outro Projeto de Lei, de nº 736/XIV/2.a, proposto pela deputada não inscrita Cristina Rodrigues para alterar o Estatuto do Estudante Internacional, também foi incluído na pauta da Assembleia da República desta quinta (8). O texto refere que, no primeiro semestre do ano letivo 2019/2020, os universitários estrangeiros representavam 15% do total, somando mais de 58 mil alunos, dos quais 21 mil eram provenientes do Brasil.

A parlamentar ressalta no documento que, com a crise econômica provocada pela COVID-19, para muitos estudantes, oriundos por exemplo dos países da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), está se tornando insustentável manter os custos de vida em Portugal.

Isadora diz que, devido ao aumento das mensalidades mesmo durante a pandemia, muitos estudantes estrangeiros tiveram que abandonar seus cursos. Questionada se já foi vítima de xenofobia na universidade, ela diz que não de forma evidente, mas com uma ressalva.

"Já tive apoio de ação social negado, nem sequer me deixaram aplicar para o apoio, por ser estrangeira. Um apoio social que na época eu não sabia que tinha direito, mas hoje, conhecendo o Estatuto, sei que tenho. Morava na residência universitária na época do primeiro lockdown, e fomos extremamente negligenciados, diferentemente do que acontecia nos restantes dos prédios da universidade", compara.

Nesta semana, o Coletivo Estudantes Internacionais, o Núcleo de Estudantes Brasileiros da Associação Acadêmica da Universidade do Algarve e o Núcleo de Estudantes Internacionais da Universidade do Porto criaram uma petição pública on-line com reivindicações pelos direitos dos universitários estrangeiros em Portugal.