FUAS ROUPINHO--HERÓI OU CORSÁRIO?


 

Fuas Roupinho
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Ermida da Memória, Nazaré:
painel de azulejos representando
o milagre a D. Fuas Roupinho.

Fernão Gonçalves Churrichão, o Farroupim, que passou à História como D. Fuas Roupinho, foi um guerreiro nobre português do século XII, um dos mais denodados companheiros de D. Afonso I de Portugal, possivelmente um cavaleiro da Ordem dos Templários, primeiro almirante da esquadra portuguesa, cujos feitos andam envolvidos em lenda, sendo hoje mais conhecido pelo seu papel de milagrado por Nossa Senhora da Nazaré conforme narra a Lenda da Nazaré.

Biografia

É um pouco difícil descrever esta extraordinária figura, pois não há dela qualquer referência dos Cronistas coevos, e os posteriores, à falta de notícias seguras, recorreram à tradição oral para formularem vagas narrações ou descrições pouco fundamentadas. Não se conhece a data do seu nascimento e julga-se que tenha sucumbido no ano de 1184, numa batalha naval com os Mouros. Também conta a lenda que teria sido irmão natural de D. Afonso I Henriques e seu amigo dedicado, como se refere na História Pátria, e que foi, afinal, Aio e Mestre de D. Pedro Afonso, outro filho natural do Conde D. Henrique de Portugal, mas na verdade filho natural de D. Afonso I Henriques. O seu nome está ligado ao processo de Reconquista Cristã da Península Ibérica, sob o comando do primeiro Rei de Portugal, D. Afonso I.
Em 1179 era Alcaide-Mor de Coimbra e encontrava-se no Castelo de Leiria quando teve notícia da presença, na Alcáçova de Porto de Mós, do Rei Mouro de Mérida, Gamir, que costumava repousar nesta terra, por admirar a beleza da região. Saiu com a sua hoste do Castelo de Leiria e atacou as forças Mouras, que foram derrotadas em renhido combate, apesar de usufruirem a vantagem duma considerável superioridade numérica. Depois seguiu, com o Rei Gamir e quase todo o Exército Mouro cativos, para Coimbra, onde foi recebido com aclamações triunfais. D. Afonso I Henriques, em reconhecimento do seu mérito, recompensou-o com a nomeação de Alcaide-Mor de Porto de Mós.
O seu nome também se destaca por ser o primeiro Comandante Naval Português conhecido, e como tal, o responsável pela primeira vitória da Marinha Portuguesa, tendo exercido, também, funções de Corsário. Contava de uma frota de quarenta navios.
Por encargo do Soberano veio a Lisboa, onde, com a ajuda da Vereação, aprontou uma Armada destinada a perseguir as Esquadras Sarracenas que assolavam o litoral. A Armada saiu de Lisboa e, a 29 de Julho de 1180, defrontou-se com a Sarracena, diante do Cabo Espichel. Os marinheiros Portugueses supriram a sua inexperiência neste género de luta, em que se iniciavam, com assombroso heroísmo, contra um inimigo experimentado em guerras marítimas ao longo das costas Africanas. A Esquadra Sarracena foi batida e muitos dos seus navios apresados. A Armada de D. Fuas Roupinho regressou ao Rio Tejo e Lisboa celebrou esta primeira vitória naval com regozijo público. Depois de reparada e aumentada com os navios apresados, a Armada saiu outra vez do Tejo, percorreu toda a costa para o Sul e a do Algarve ainda não conquistado e, como não tivesse encontrado navios inimigos, passou o Estreito de Gibraltar e fundeou nas águas de Ceuta, donde regressou, ao fim de dois dias, com inúmeras embarcações Mouras apresadas.
Em 1182, segundo a tradiçºao, D. Fuas Roupinho descansava em Porto de Mós ou se entregava ao exercício da caça. Neste tempo produziu-se o Milagre da Nazaré quando, a cavalo, perseguia ardorosamente um veado. No ano de 1184 saiu com a sua Armada, pela terceira vez, de Lisboa, em busca das Esquadras Sarracenas. Tal como no cruzeiro anterior, percorreu toda a costa portuguesa e passou o Estreito de Gibraltar, mas um temporal de grande violência atirou a Armada para as águas de Ceuta. Não há notícia segura da verdadeira importância desta Armada, que teve de aceitar batalha com a Esquadra Sarracena, vinda de Sevilha. O Cronista Árabe Ibn Khaldun refere que a Armada Portuguesa foi dispersa pelos Sarracenos, que apresaram 22 navios. Poucos mais deviam ser, pois Cronistas Portugueses atribuem à Armada de D. Fuas Roupinho o efectivo de pouco mais de 20 navios,que defrontaram valorosamente a força Moura, constituída, segundos os Cronistas, por 54 navios. Parece que o glorioso [[Almirante]}] sucumbiu nesta luta, em que grande parte das Guarnições Portuguesas ficaram prisioneiras. Luís Vaz de Camões referiu-se ao herói nos seguintes versos: Um Egas, e um Dom Fuas, que de Homero / A cítara para eles só cobiço..., Os Lusíadas, I-XII.

Camões refere D. Fuas Roupinho, no Canto VIII d'Os Lusíadas:
Vês este que, saindo da cilada,
Dá sobre o Rei que cerca a vila forte?
Já o Rei tem preso e a vila descercada:
Ilustre feito, digno de Mavorte!
Vê-lo cá vai pintado nesta armada,
No mar também aos Mouros dando a morte,
Tomando-lhe as galés, levando a glória
Da primeira marítima vitória.
Os Lusíadas, estrofe 16 do Canto VIII
É, Dom Fuas Roupinho, que na terra
E no mar resplandece juntamente,
Com o fogo que acendeu junto da serra
De Abila, nas galés da Maura gente.
Olha como, em tão justa e santa guerra,
De acabar pelejando está contente:
Das mãos dos Mouros entra a feliz alma,
Triunfando, nos céus, com justa palma.
Os Lusíadas, estrofe 17 do Canto VIII

Bibliografia

  • BOGA, Mendes. D. Fuas Roupinho e o Santuário da Nazaré. Lisboa, 1929.
  • GRANADA, João António Godinho. Nazaré, Nossa Senhora e D. Fuas Roupinho. Batalha, 1998.


Cabo de Espichel - Julho de 1180

Depois da conquista de Lisboa em 1147, levada a cabo com o auxílio de uma armada de cruzados, é natural que o objetivo seguinte de D.Afonso Henriques fosse a conquista de Alcácer do Sal, uma vez que não seria confortável ter tão perto de Lisboa uma importante base naval muçulmana, de onde, a qualquer instante podia partir uma armada a assolar a orla marítima portuguesa. Em 1151 é feita uma primeira tentativa, sem êxito, de assalto a Alcácer do Sal(território português) com o auxílio de uma pequena armada recrutada em Inglaterra. Em 1157 tem lugar uma segunda tentativa, igualmente infrutífera, desta vez com o auxílio de uma armada de cruzados que aportara ao Tejo. No ano seguinte, cercada por terra e por mar pelas forças portuguesas, desta vez sem auxílio estrangeiro, a cidade acaba por render-se, quando um exército de socorro é derrotado à sua vista.
Embora não existam documentos históricos relativos à marinha militar portuguesa nestes anos, é de admitir, que, nos dez anos que decorrem entre a conquista de Lisboa e a de Alcácer do Sal, em que a atividade militar marítima na zona entre os rios Tejo e Sado deve ter sido intensa, o número de galés portuguesas se tenha mantido, pelo menos, na casa das dez unidades. É também muito natural que depois da conquista de Alcácer do Sal as ações de corso dos Muçulmanos na costa portuguesa tenham diminuído.
Subitamente, vinte anos mais tarde, provavelmente na Primavera de 1179, quando nada o fazia prever, entrou no estuário do Tejo a frota de Sevilha, num total de nove galés, sob o comando de Ganim ben Mardanis, que capturou duas galés portuguesas que, estariam de vigia, e assolou os arredores da cidade, regressando a Sevilha com um riquíssimo despojo.
Na sequência deste ataque terá D.Afonso Henriques, encarregado um fidalgo chamado D.Fuas Roupinho de reativar a frota portuguesa e reorganizar a vigilância costeira.
Terá então, este, proposto ao rei uma ação de retaliação contra Sevilha que mereceu a sua aprovação. E, possivelmente no Verão de 1179, largou do Tejo a frota portuguesa, sob o comando de D.Fuas Roupinho, em que, possivelmente, iria embarcado o príncipe D.Sancho, a qual, depois de ter saqueado Saltes, nas proximidades de Huelva, subiu o rio Guadalquivir até Sevilha, onde destruiu várias galés muçulmanas e saqueou o arrebalde da cidade, regressando triunfante a Lisboa. Uma retaliação perfeita em relação á ação realizada meses antes pelos Muçulmanos!




Cabo Espichel - 1180

Não se conformaram estes com a ousadia dos cristãos, e logo no ano seguinte, 1180, ripostaram, enviando de novo a sua frota para a costa portuguesa, ainda sob o comando de Ganim ben Mardanis, ao que parece com ordem de destruir a frota portuguesa e, se possível, capturar D. Fuas Roupinho. Depois de, mais uma vez, ter saqueado o arrebalde de Lisboa, a frota muçulmuna dirige-se para São Martinho do Porto onde desembarca a gente de armas, que, por terra, se dirige a Porto de Mós, o lugar de residência de D.Fuas Roupinho. Porém, nas proximidades desta vila, os muçulmanos são derrotados pelas forças que D.Fuas conseguira apressadamente reunir, tendo sido todos êles, muito provavelmente, mortos ou feitos prisioneiros. Entre estes últimos contava-se Ganim ben Mardanis.
O que nos parece mais provável é que na sequência desta ação, a frota muçulmana se tenha recolhido a Alcácer do Sal, que era então a principal base naval dos Árabes na costa ocidental da península Ibérica, a fim de se refazer, antes de seguir viagem para Sevilha. Por seu turno, ao que parece, D.Fuas Roupinho ter-se-á dirigido para Coimbra a fim de dar conta ao Rei, que aí se encontrava, do desfecho do combate que tivera com os muçulmanos. Sabendo já D.Afonso Henriques das depredações que a frota de Ganim ben Mardanis tinha feito nos arredores de Lisboa e talvez até que a mesma se achava em Alcácer do Sal, ordenou a D.Fuas Roupinho, que reunisse de imediato a frota portuguesa e fosse tentar destruí-la.
É natural que D.Fuas tenha começado por reunir todas as galés que se encontravam nos portos do Norte e com elas se tenha dirigido para Lisboa onde se terá reforçado com as galés e a gente de armas que ali havia. Depois, a 15 ou 20 de Julho, saiu para o mar, talvez com a intenção de se ir colocar sobre a barra do Sado. Porém, ao dobrar o cabo Espichel, tropeçou com a frota muçulmana que, possivelmente por meros acaso, iniciava a viagem de regresso a Sevilha, envolvendo-se com ela numa encarniçada batalha.
O número de galés portuguesas andaria à roda da dezena, talvez dez ou onze (conforme se poderá deduzir dos acontecimentos posteriores), o que daria a D.Fuas uma ligeira superioridade numérica sobre o seu adversário. Por outro lado é natural que as guarnições dos navios muçulmanos estivessem bastante desfalcadas e consideravelmente desmoralizadas, com a derrota sofrida em Porto de Mós. Seja como fôr, a batalha terminou com uma vitória estrondosa dos portugueses, que capturaram todas as galés inimigas e entraram com elas triunfalmente em Lisboa.
Segundo as fontes árabes, D.Afonso Henriques terá então conferido a D.Fuas Roupinho, como prémio pela vitória que alcançara, o título de almirante.
O velho rei ergue a cabeça e olha. Olha e pensa. Pensa e revolta-se. Não se conforma com estar ali quedo e aborrecido, enquanto seu filho Sancho anda correndo aventuras e perigos no Alentejo e no Algarve. E também enquanto o seu fiel D. Fuas Roupinho se bate, de certo como o valente que sempre é, em Porto de Mós, defrontando um inimigo muito superior em número e em forças…
Não, não está certo! D. Afonso Henriques, o já velho monarca que lançara as raízes do novo reino de Portugal, não pode esconder a sua impaciência.
Estamos no ano de 1180. Mais ou menos a meio do ano. Ficara combinado que el-rei não saísse de Coimbra sem que chegassem notícias de Porto de Mós, ou algum mensageiro dos campos do Alentejo e do Algarve, por onde D. Sancho passeava a sua ânsia de conquista. Mas para D. Afonso Henriques essa espera é longa demais. Para entreter a sua impaciência, percorre a largos passos as câmaras da alcáçova de Coimbra, que já caíra em seu poder. Assoma a uma janela e exclama:
- Porém, que posso eu fazer… senão esperar? Que Deus se amerceie do meu bom Fuas Roupinho e que ele volte depressa à minha presença!
O rei de Portugal retoma o seu passeio. Agitado e inquieto. Não é homem para estar parado. Não é homem para aguardar serenamente os acontecimentos.
De súbito, um clamor inesperado corre pelas ruas, espalha-se pela cidade e acaba invadindo o próprio paço.
Os sentidos do velho monarca ficam alerta. Será um novo ataque dos mouros? A resposta não tarda a chegar, com o clamor alegre do povo. Clamor que sobe pela Couraça de Coimbra e que se precipita irresistivelmente ao encontro do velho rei.
E com o clamor vem D. Fuas Roupinho, alcaide de Porto de Mós, trazendo atrás de si um rebanho de mouros, prisioneiros e taciturnos.
-Bravo D. Fuas… Cheguei a recear por vós.
As palavras de el-rei são sinceras, e nelas se mistura a admiração e a amizade! D. Fuas ajoelha respeitosamente aos pés do rei. Depois ergue-se e diz:
- Senhor, a minha carne pode ser já velha, mas a moirama ainda não arranjou lanças capazes de me matar…
D. Afonso Henriques sorri.
- Sois sempre o mesmo, D. Fuas! Nem os anos nem as canseiras conseguem quebrantar vossa alma de lutador.
D. Fuas sorri também, ao responder:
- Aprendi convosco, Senhor! Com tal mestre, pena seria que eu saísse mau discípulo…
Foi a vez de rirem ambos. Sentando-se, e convidando D. Fuas a sentar-se, o rei de Portugal pede a D. Fuas, que lhe conte tudo quanto se passara.
Em breves e simples palavras, D. Fuas Roupinho conta essa grande aventura. Em certo momento, talvez porque ousara infiltrar-se demais no campo inimigo, vira-se cercado por forças muito superiores às suas. Refletira um pouco. Desafiar o inimigo à luz do dia seria imprudência. Valia mais esperar pela noite… Assim, quando a noite chegou, arrastados por D. Fuas os portugueses, poucos embora, num desses lances temerários em que a audácia esmaga o número, caíram de surpresa sobre os mouros, dominando-os por completo…
D. Afonso Henriques escuta-o em silêncio. Mas os olhos d’el-rei exprimem o seu contentamento. D. Fuas Roupinho manda então que ali mesmo amontoem aos pés do rei de Portugal as armas, as bandeiras e os tesouros que a sua bravura e a dos seus homens tinham sabido conquistar.
Depois, manda que tragam também, pálido e desalentado, o próprio rei mouro Gamir, comandante do exército inimigo.
- Senhor meu rei… Aqui tendes igualmente a vossos pés, Gamir, rei infiel de Mérida, o qual ousou desafiar o vosso poder… Agora, ele é apenas vosso prisioneiro.
O rei mouro deu um passo em frente.
- Tu… Tu és esse Iben Erik de que tanto se fala?…
Faz-se mais pálido. A sua voz transforma-se num murmúrio.
- Agora compreendo!… Como um chefe como tu… com cavaleiros como os teus… nada mais poderemos fazer… Que Alá nos proteja!… Vamos perder todas as nossas terras… todos os nossos tesouros!…
E sem forças para mais, Gamir cai redondo no solo, enquanto um grito aflitivo ecoa pela sala.
- Pai!… Meu querido pai!…
Soldados adiantam-se para separar a jovem que se abraçou ao velho rei mouro, chorando convulsivamente. Mas D. Afonso Henriques suspende-os com um gesto. E logo ali ordena que sejam retiradas as correntes que manietam os dois vencidos, e que passem a ser tratados como verdadeiros cristãos, entregues à guarda de D. Fuas Roupinho.
Entretanto, o tempo vai passando, e D. Fuas Roupinho recebe novos encargos do seu rei e senhor. Assim, por incumbência dele, dirige-se a Lisboa, onde apronta uma frota destinada a perseguir as galés sarracenas que infestam o mar. Pela primeira vez na história, os portugueses saem a lutar sobre as ondas do oceano. E embora ainda sem grande experiência, conseguem vencer declaradamente os Mouros, sem dúvida muito mais experimentados em batalhas marítimas, travadas ao longo da costa africana.
Foi esta a primeira vitória naval dos portugueses. Animados pelo próprio triunfo, atrevem-se a ir mais longe. Sempre sob o comando do intrépido D. Fuas Roupinho, primeiro almirante de Portugal, avançam até às águas de Ceuta, depois de terem percorrido triunfalmente toda a costa do sul. E de Ceuta voltam, trazendo apresadas inúmeras embarcações mouras.
A corte portuguesa veste galas para acolher D. Fuas Roupinho e os seus homens. O rei Afonso abraça o almirante vitorioso e diz-lhe:
- Ide para Porto de Mós, D. Fuas. Caçai e folgai a vosso gosto, que bem ganhastes o direito a descansar dos trabalhos da guerra.
Sem mostrar alegria nem tristeza, D. Fuas limita-se a dizer:
- Cumpro sempre as vossas ordens, sejam elas quais forem, senhor!
Reza a tradição que, no dia seguinte, D. Fuas se encaminhou para Porto de Mós. E que ali encontrou a jovem princesa moura chorando a morte de seu pai.
Mal vê o alcaide corre para ele.
- Senhor, senhor, nem sei como agradecer-vos… Mas o senhor meu pai pediu-me que o fizesse, mal vos visse… Fostes tão bom para ele e para mim!
D. Fuas Roupinho não consegue esconder a emoção.
- Graças, princesa. E conformai-vos com paciência. Foi Deus que assim o quis!
Ela ergue para ele os olhos, vermelhos de tanto chorar.
- Deus… Dissestes Deus?…
E logo, num desabafo íntimo, acrescenta:
- Gostaria de conhecer o vosso Deus… E muito em especial a Mãe desse Deus, que dizem ser tão bom e tão generoso…
De novo a emoção passa pelos olhos de D. Fuas Roupinho. As suas mãos acariciam os longos e negros cabelos da jovem princesa moura. E promete:
- Amanhã mesmo te levarei a ver a Sua Imagem… uma imagem que eu venero!
Cumprindo o prometido, manhã cedo, D. Fuas Roupinho leva consigo a jovem princesa moura e vai mostrar-lhe a imagem de Nossa Senhora, entre duas rochas, na Nazaré.
Pela primeira vez na sua vida, a filha do rei Gamir cai de joelhos diante de uma imagem cristã.
É linda a Vossa Senhora… Muito linda!
E D. Fuas Roupinho conta-lhe então, docemente, a história maravilhosa daquela imagem.
Um monge grego fugira com ela para Belém de Judá, dando-a a S. Jerónimo. Este, por sua vez, mandara-a a Santo Agostinho. E Santo Agostinho entregara-a ao Mosteiro de Cauliniana, a uns doze quilómetros de Mérida. Aí puseram à imagem o nome de Nossa Senhora da Nazaré, por ela ter vindo da própria terra natal da Virgem Maria.
Quando os mouros derrotaram os cristãos, obrigando o rei Rodrigo a fugir para Mérida, Rodrigo levou consigo a preciosa imagem. Mas nem mesmo assim se sentiu absolutamente seguro. E resolveu fugir de novo, agora na companhia do abade Frei Romano, possuidor de uma preciosa caixa de relíquias que pertencera a Santo Agostinho.
Após uma aventura dramática, quase mortos, os dois homens chegaram ao sítio da Pederneira, na costa do Atlântico. Então, resolveram separar-se.
Rodrigo ficou no monte que se chama de São Bartolomeu e Frei Romano foi viver para o monte fronteiro.
Combinaram, porém, corresponder-se por meio de fogueiras, que acendiam à noite.
Mas, certa noite, a fogueira de Frei Romano não se acendeu. Não mais se acenderia! Rodrigo acudiu inquieto, e foi encontrá-lo morto. Apavorado, escondeu a imagem e a caixa de relíquias numa lapa, e abalou dali, correndo como um doido.
Segundo conta ainda a tradição, veio a morrer perto de Viseu, num sítio denominado Fetal…
Concluindo a sua história, D. Fuas Roupinho acrescenta, olhando a imagem:
- Só há bem pouco tempo alguns pastores a descobriram, e eu logo me tornei um dos seus maiores devotos. Venero-a com todas as forças da minha alma…
A jovem princesa parece alheada e distante. Olhos fitos na imagem, repete como em oração:
- É linda, a Senhora!… É linda, a Senhora!…
D. Fuas afaga-lhe a cabeça e diz-lhe meigamente:
- Olha, minha filha… Podes ficar aqui a adorá-la o tempo que quiseres. Eu vou caçar. Depois, voltarei a buscar-te.
E é então que se passa algo de extraordinário.
D. Fuas Roupinho monta a galope pelo campo, quando vê de repente passar junto de si um vulto negro e estranho… É um veado! – pensa ele… – Um veado, com certeza!
Sente-se feliz. Não poderia começar melhor a sua caçada. Para mais, um veado como nunca vira em toda a sua vida. Esporeia mais o cavalo. Não pode perder presa de tanto valor… Como num desafio, o veado torna a passar junto dele. Uma vez. Duas vezes. D. Fuas Roupinho sente irromper todo o seu brio. Pois um herói como ele, um homem habituado aos combates mais árduos, vai perder uma tão formidável peça de caça? Nunca! Há-de apanhar o veado, custe o que custar. Esporeia o cavalo até fazer sangue e aproxima-se da presa. Já falta pouco. Está quase a alcançá-lo… De lança em riste, já canta vitória…
Mas, de repente, vê a terra desaparecer sob as patas do cavalo… Está à beira dum precipício, a pique sobre o mar!.. Um brado aflitivo sai-lhe da garganta, enquanto o cavalo se empina, relinchando desesperadamente, e o veado se some no espaço, desfazendo-se como fumo:
-Virgem Santíssima, valei-me! Valei-me minha Nossa Senhora da Nazaré!
Por um instante (parece uma eternidade) cavalo e cavaleiro lutam sobre o abismo. Mas a Virgem ouvira decerto o apelo angustiado de D. Fuas Roupinho. E ele salva-se. Por milagre. Por autêntico milagre!
Nas rochas, ficam marcadas as patas traseiras do cavalo, sinais que ainda hoje ali se podem ver.
D. Fuas corre ao local onde deixara a jovem princesa junto da imagem de Nossa Senhora. Encolhida a um canto, trémula, o rosto banhado em lágrimas, ela mostra-se aliviada ao vê-lo regressar.
- Oh, senhor, tive tanto medo!… Ainda bem que voltastes!… Passou por aqui um animal medonho… Parecia o Génio do Mal!
- Bem sei… Bem o vi…
E sem mais palavras de momento, o cavaleiro desmonta e ajoelha, rezando fervorosamente, a agradecer à Virgem o auxílio que lhe prestara. De que lhe serviria, afinal, ser um herói como era, se não tivesse a seu lado a protegê-lo a presença milagrosa de Nossa Senhora da Nazaré? Esse, sim, era o maior de todos os prodígios!
E enquanto se ergue, respirando fundo, como se a afastar os últimos temores, D. Fuas Roupinho confessa serenamente:
- Sim, jovem princesa… O monstro que passou por aqui, transformado em veado, era o próprio Demónio… Estive prestes a morrer, tentado por ele, mas Nossa Senhora salvou-me!
E, com súbito entusiasmo, acrescenta:
- Hei-de levar esta imagem para o local do milagre, para o sítio onde tudo aconteceu… Lá ficará, pelos séculos fora, como símbolo do misericordioso poder da Virgem!
E logo dali sai a cumprir a promessa. À ordens de D. Fuas Roupinho – e, segundo se diz, ajudando-os por suas própria mãos – pedreiros de Leiria e de Porto de Mós constroem a Capela da Virgem num sítio chamado da Memória, em memória de tão extraordinário milagre que salvara o almirante português de morte certa e brutal.
E a imagem de Nossa Senhora da Nazaré lá continua a invocar a lenda, atraindo todos os anos milhares e milhares de fiéis, por ocasião das afamadas e tradicionais festas da vila.

Lendas de Portugal

Gentil Marques, Rui Castro

Comentário extra: E o separatismo anti-lusófono ainda chama Fuas Roupinho de corsário e pirata!!! A análise fica com os amigos internautas...
Bibliografia:

Quintella, Ignacio da Costa, Annaes da Marinha Portugueza, Academia Real das Sciencias, Lisboa, 1839, Tomo I, p. 11
Morais, Tancredo de, História da Marinha Portuguesa, Clube Militar Naval, Lisboa, 1940, p.135
Pereira, António Rodrigues, História da Marinha Portuguesa, Escola Naval, Lisboa, 1983, Parte I, p. 105
Picard, Christoph, L'océan Atlantique musulman, Unesco,Paris, 1997, pp.181, 182, 351, 353, 355 (Informação do Comandante Gomes Pedrosa)
Albertina da Siva Barbosa, Homens, Doutrinas e Organização, Academia de Marinha, Lisboa, 1998, p.252
Nota: Texto corrigido e aumentado com vista à 2ª edição do Volume I de Batalhas e Combates da Marinha Portuguesa.

Porto de Mós

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Coordenadas: 39º36'06"N 8º49'03"O

Bandeira de Porto de Mós


Gentílico: Portomosense; Porto-mosense
Área: 264,88 km²
População: 24 263 hab. (2011)
Densidade populacional: 91,6 hab./km²
N.º de freguesias: 13
Fundação do município:
(ou foral) 1305
Região: (NUTS II) Centro
Sub-região: (NUTS III) Pinhal Litoral
Distrito: Leiria
Antiga província: Estremadura
Orago: São Pedro
Feriado municipal: 29 de Junho
Código postal: 2480
Endereço dos Paços do Concelho: www.municipio-portodemos.com
Sítio oficial: http://www.municipio-portodemos.pt
Endereço de correio eletrónico: geral@municipio-portodemos.pt


Porto de Mós é uma vila portuguesa pertencente ao distrito de Leiria, região Centro e sub-região do Pinhal Litoral, com cerca de 6. 200 habitantes.

É sede de um município com 264,88 km² de área e 26. 842 habitantes (2006), subdividido em 13 freguesias. O município é limitado a norte, pelos municípios de Leiria e da Batalha, a leste por Alcanena, a sul por Santarém e Rio Maior e a oeste por Alcobaça.

Rua do Cid, em Porto de Mós
Segundo a lenda da Nazaré, o cavaleiro D. Fuas Roupinho, miraculado por Nossa Senhora da Nazaré, em 1182, foi alcaide de Porto de Mós. Segundo outras fontes, venceu um grande exército muçulmano que cercava o castelo, recorrendo ao estratagema de se esconder previamente na serra com parte dos seus homens. Derrotou o inimigo com um ataque surpresa ao seu acampamento, durante a noite.
A vila recebeu foral de Dom Dinis em 1305.


Praia de Porto de Mós em Lagos
População do concelho de Porto de Mós (1801 – 2004)
1801 1849 1900 1930 1960 1981 1991 2001 2004
10742 9801 12554 16296 21220 21700 23343 24271 24775

Património

* Castelo de Porto de Mós
* Igreja de S. Pedro
* Igreja de S. João
* Capela de Sto António

Freguesias do concelho de Porto de Mós

* Alcaria
* Alqueidão da Serra
* Alvados
* Arrimal
* Calvaria de Cima
* Juncal
* Mendiga
* Mira de Aire
* Pedreiras
* São Bento
* São João Baptista (Porto de Mós)
* São Pedro (Porto de Mós)
* Serro Ventoso

Castelo de Porto
de Mós
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.



Castelo de Porto de Mós,
Portugal: detalhe de um coruchéu.

Castelo de Porto de Mós: detalhe de uma janela.


Castelo de Porto de Mós: detalhe de uma abóboda.


O Castelo de Porto de Mós, também referido como Castelo de D. Fuas Roupinho, localiza-se na freguesia de São Pedro, na vila de Porto de Mós, no distrito de Leiria, em Portugal.

Erguido sobre um outeiro, em posição dominante sobre a povoação, o seu nome está ligado ao de D. Fuas Roupinho, imortalizado nos versos de Luís de Camões e na lenda da Nazaré.


Matéria em construção...

VALENÇA DO MINHO




Cidade de Valença
Valença do Minho é uma cidade localizada no extremo norte de Portugal, tendo o rio Minho como fronteira natural com a cidade espanhola de Tui. Valença é famosa por ser a porta de saída de Portugal para aqueles que fazem o caminho português em direção a Santiago de Compostela.
É uma pequena cidade do distrito de Viana do Castelo com uma população de menos de 15000 habitantes, sendo elevada a cidade em junho de 2009. É o único distrito-cidade de Viana do Castelo.

O que visitar em Valença do Minho

Ponte internacional do Guadiana









Liga Portugal à Espanha

Fortaleza com C. Comercial no interior
Maior atrativo turístico da cidade de Valença do Minho, a fortaleza é uma das principais fortificações européias de âmbito militar, com cerca de 5 km de perímetro amuralhado, localizada no topo de 2 outeiros e às margens do rio Minho na divisa com a Espanha.






Vista do Rio Minho desde a Fortaleza
De arquitetura militar gótica e barroca, a fortaleza começou a ser erguida no começo do século XIII com o objetivo de defesa do povoado.

No século XVII, Valença tornou-se alvo dos ataques espanhóis devido à Guerra da Restauração da Independência Portuguesa. Frente a esse cenário, foi ordenada a reforma do complexo fortificado, o que implicou na expansão das muralhas para contemplar o crescimento da vila, além da construção de novos fossos, revelins, baluartes, etc.
Forte com Canhão preservado
Mesmo em reformas, a fortaleza resistiu ao primeiro ataque espanhol realizado em 1643 no início da Guerra de Restauração, mas caiu no domínio espanhol em 1654 para ser retomada pouco tempo depois por tropas portuguesas. Com a reconquista da cidade, a reforma da Fortaleza foi reiniciada para finalmente ser concluída no início do século XVIII.

No entanto, a Fortaleza voltou a sofrer sucessivos ataques durante o século XIX. O primeiro desses ataques foi a invasão das tropas napoleônicas devido à Guerra Peninsular, que culminou com a explosão da Porta do Sol. Posteriormente a Fortaleza voltou a ser palco de disputa em conseqüência da Guerra Civil Portuguesa entre absolutistas e liberais.

Somente na segunda metade do século XIX é que a cidade de Valença do Minho conseguiu ter paz novamente.

A Fortaleza passou por várias reformas durante o século XX e, apesar de ter sofrido diversos ataques ao longo dos anos, a fortificação continua intacta e aberta para a visitação do público.

Porta do Meio-Porta da Coroada
A Fortaleza de Valença do Minho pode ganhar ainda mais notoriedade ao redor do mundo, caso o município obtenha êxito na sua tentativa junto a UNESCO em tornar a Fortaleza num Patrimônio de Interesse Cultural da Humanidade. A candidatura está prevista para ser realizada ao final de 2010 e estará inserida na área de Fortificações Abaluartadas de Fronteira.

Centro Histórico
O Centro Histórico de Valença do Minho se encontra no interior da Fortaleza, que servia para proteger a cidade antiga. Esse centro possui um estilo semelhante ao encontrado em outras cidades da Galícia como a predominância da pedras nas construções e as ruas estreitas, mas também possui características típicas de cidades portuguesas como a presença de casas revestidas com azulejo e a arquitetura de algumas igrejas.








Praça no Centro Histórico de Valença














De origem medieval, a Igreja de Santo Estevão (foto abaixo à direita) chegou a ser sede da Colegiada de Valença e do Bispado de Ceuta. Ela passou por grandes reformas durante o final do século XVIII, sofrendo uma alteração em seu estilo arquitetônico que passou do românico para o neoclássico.

Rua típica do Centro Histórico de Valença Igreja de Santo Estevão

Outro marco religioso importante para Valença do Minho é a Capela do Bom Jesus, com sua arquitetura de estilo barroco e neoclássico, e a Estátua de São Teotônio, que se encontra em frente a capela (foto abaixo à esquerda). São Teotônio foi o primeiro português canonizado pela Igreja Católica e é o padroeiro da cidade de Valença do Minho, onde nasceu no ano de 1082.


Capela da Misericórdia
Outro local de demonstração da fé católica portuguesa é a Capela da Misericórdia (foto à esq.) Com uma fachada bem mais simples que a Capela do Bom Jesus. A Capela da Misericórdia também possui arquitetura barroca e neoclássica e sua construção data do século XVI.












Prefeitura de Valença e Casa Azul
Além das construções religiosas presentes no Centro Histórico, Valença do Minho oferece outros belos exemplos de arquitetura para ser apreciado pelos turistas que visitem a cidade. Bons exemplos são a Prefeitura (foto à esquerda) e a Casa Azul, que é o clássico edifício português com suas paredes totalmente revestidas por azulejos portugueses.






Casa Azul


















Feira


Valença do Minho é bastante conhecida na região norte de Portugal e na Galícia pelo forte comércio existente no local.

O Centro Histórico da cidade é repleto de lojas que comercializam roupas, toalhas, artigos para casa, entre outras coisas.




Lojas no Centro Histórico de Valença


Além do comércio existente na região dentro da Fortaleza de Valença, todas as quartas se realiza uma feira itinerante numa área aberta, externa à Fortaleza, próximo à Avenida Sá Carneiro, onde é possível ficar o dia todo fazendo compras. Nesses dias, Valença costuma receber uma enxurrada de pessoas, principalmente galegos, que aproveitam os preços mais baratos encontrados em Portugal para renovarem seus guarda-roupas, montarem um enxoval novo ou simplesmente para passear um dia pela região.

Lojas nas proximidades da Praça da República

Essa presença forte de galegos na área faz com que o turista tenha a sensação de estar na Espanha pois muitos panfletos estão escritos no idioma espanhol e até os vendedores te abordam falando em espanhol.

Quando fui à cidade, estive tanto na feira itinerante quanto no comércio dentro da Fortaleza e a sensação que tive foi que os produtos vendidos nos dois lugares são bem semelhantes e a diferença de preço, se houver, não é tão alta. Na minha opinião, a menos que o intuito da sua visita seja fazer compras, como acontece com os residentes da Galícia, você ficará satisfeito com a visita ao comércio existente no interior da Fortaleza e não será "roubado" por ter feito compras nessas lojas.

Como chegar em Valença do Minho?

Trem

Valença do Minho conta com uma estação de trem cujas principais ligações são:

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Linha internacional Vigo-Porto

Duas saídas diárias em ambos os sentidos

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Linha regional

Diversos horários ligando Valença a destinos próximos como Viana do Castelo

Para maiores detalhes, acesse o site da companhia ferroviária de Portugal.

Ônibus(Auto carro)

Chegar a Valença do Minho através de ônibus é uma outra alternativa para quem deseja conhecer a cidade. Existem 2 maneiras distintas para se fazer isso:

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Portugal como origem

Utilizar os serviços da Rede Expressos que faz ligações para diversas cidades portuguesas

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Galícia/Espanha como origem

A melhor forma será chegar até a cidade de Tui (empresa ATSA faz a rota Tui-Vigo) para então atravessar a ponte que liga as 2 cidades fronteiriças.

Quer mais informações?

A prefeitura de Valença do Minho possui um site com uma seção dedicada ao turismo, que deve ajudar àqueles que desejam obter informações sobre locais onde comer, dormir, etc. Além disso, a página disponibiliza um folheto turístico da cidade, que, apesar de não ser muito informativo, serve como mais uma referência para o turista que deseja conhecer o município.

Matéria ainda em início de construção...

VALENÇA DO RIO DE JANEIRO

VALENÇA DO RIO DE JANEIRO





Valença (Rio de Janeiro)
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Catedral de N. S. da Glória














Vista do centro












Brasão de Valença











Aniversário: 29 de setembro

Fundação: 1823
Gentílico: valenciano
Prefeito: Vicente Guedes (PSC)
(2009–2012)

Localização no Brasil
22° 14' 45" S 43° 42' 00" O22° 14' 45" S 43° 42' 00" O
Unidade federativa: Rio de Janeiro
Mesorregião: Sul Fluminense IBGE/2008
Microrregião: Barra do Piraí IBGE/2008
Municípios limítrofes: Barra do Piraí, Barra Mansa, Passa-Vinte (MG), Quatis, Rio das Flores, Rio Preto (MG), Santa Bárbara do Monte Verde (MG), Santa Rita de Jacutinga (MG) e Vassouras
Distância até à capital Rio de Janeiro: 148 km
Características geográficas:
Área: 1304,769 km²
População: 71.894 hab. Censo IBGE/2010
Densidade: 55,1 hab./km²
Altitude: 560 m
Clima: Tropical de Altitude CwaLocalização no Brasil
Fuso horário: UTC−3
Indicadores:
IDH: 0,776 (32º) – médio PNUD/2000
PIB: R$ 637 693,813 mil IBGE/2008
PIB per capita: R$ 8 503,38 IBGE/2008

Jardim de Baixo

Valença é um município brasileiro localizado no Sul do Estado do Rio de Janeiro. Está a uma altitude de 560 metros. Sua população estimada em 2008 era de 74.993 habitantes.

Geografia

Possui uma área de 1308,1 km² (a segunda maior do estado do Rio de Janeiro), estando situada no Vale do Paraíba Fluminense.

Valença possui 5 distritos: Conservatória ("Cidade das Serestas"), Barão de Juparanã ("Cidade dos Barões"), Parapeúna, Santa Isabel do Rio Preto e Pentagna.


Câmara de vereadores


Atualmente sua economia está voltada especialmente para a agropecuária e para o pólo universitário existente na sede municipal.

História

A região do vale do Paraíba do Sul no Rio de Janeiro era totalmente coberta por florestas virgens no final do século XVIII.
O território da atual, sede do município de Valença, era habitado na época pelos índios Coroados, que dominavam toda a zona compreendida entre os rios Paraíba do Sul e Preto. O nome Coroados é uma denominação geral dos portugueses para todas as tribos que usavam cocares em forma de coroa. Rugendas, escreveu que, os Coroados da região eram resultantes do cruzamento dos Coropós com os temíveis Goitacás de Campos, fato discutível, embora, segundo Debret, Coroados e Coropós fossem muitas vezes confundidos pela semelhança.

Rua dos mineiros antiga (em cima)
Rua dos mineiros atual (em baixo)


















Os Coroados eram divididos em Araris e Puris (ou Paris ou Purus), sendo estes últimos em menor número. Ainda havia na região outras tribos como os Tampruns e Sazaricons, igualmente chamados Coroados.
O esgotamento do ouro nas Minas Gerais causou um forte fluxo migratório de mineiros para ocupação das terras virgens existentes no vale do rio Paraíba do Sul. Entretanto, as tribos de índios viviam nômades na região e geravam insegurança
entre os proprietários das sesmarias que eram
doadas em suas terras. Os índios Coroados eram especialmente temidos pela ferocidade que exibiam em batalhas entre si e contra os portugueses.

O vice-rei do Brasil D. Luís de Vasconcelos e Souza ordenou em 1789 que fosse iniciada a catequese dos índios da região. Em 1800, o vice-rei incumbiu o fazendeiro José Rodrigues da Cruz, proprietário das fazendas Ubá e Pau Grande (atualmente na região de Vassouras), de "proceder à civilização" dos índios Coroados. O então capitão de ordenanças Inácio de Souza Werneck foi incumbido de "domesticar e aldear", isto é, de reunir os índios Coroados nas matas e conduzi-los para as aldeias onde deveriam se fixar. Assim foram liberadas terras que foram divididas em sesmarias e doadas ao primeiros colonizadores da região.

O vice-rei Dom Fernando José de Portugal nomeou em 1803 o padre Manoel Gomes Leal para o cargo de capelão, tendo-lhe o bispo Dom José Joaquim Justiniano conferido a jurisdição necessária para construir e benzer uma capela e um cemitério. Uma modesta capela dedicada a Nossa Senhora da Glória foi construída no principal aldeamento dos índios Coroados, o qual deu origem à atual cidade de Valença. Hoje é uma majestosa catedral onde se realiza anualmente em agosto uma das maiores festas religiosas do Brasil em louvor de N. S. da Glória. A aldeia de Valença foi habitada pelos Puris; a aldeia de Santo Antônio do Rio Bonito, que originou o atual distrito de Conservatória dos Índios, foi habitada pelos Araris.

O aldeamento dos índios da região continuou, procurando-se concentrar os aglomerados indígenas com outros índios que também perambulavam pela região.

A aldeia de índios foi elevada a freguesia de Nossa Senhora da Glória de Valença por Carta Régia de 19 de agosto de 1807. O nome foi dado em homenagem ao vice-rei Dom Fernando José de Portugal, descendente dos nobres da cidade espanhola de Valência.

Todos os historiadores elogiam a atuação de pessoas como José Rodrigues da Cruz, Inácio de Souza Werneck, padre Manoel Gomes Leal, Miguel Rodrigues da Silva, entre outros, no aldeamento e na proteção dos indígenas. Entretanto, apesar de ter ocorrido de forma quase que pacífica, o aldeamento dizimou os indígenas da região. O contato com os colonizadores favoreceu a propagação de doenças contra as quais os índios não tinham imunidade. Foi especialmente danosa uma epidemia de varíola que se propagou nesta época por várias aldeias. Além disto, os colonizadores que chegavam entravam em confrontos constantes com os índios sem respeitar qualquer direito que estes tinham às suas terras. As sesmarias que foram pedidas ao vice-rei para estabelecimento dos índios sedentários nunca foram concedidas, exceto uma localizada na parte do sertão conhecida como Santo Antonio do Rio Bonito e depois como Conservatória dos Índios.
Assim como ocorreu com todas as aldeias da província do Rio de Janeiro, no final restou apenas a população branca, que logo aumentou, atraída pela fertilidade do solo. Os poucos índios que sobraram, mudaram-se para outras localidades como Pomba, São Vicente Ferrer e Carangola na província de Minas Gerais.

Índios cruzando o rio Paraíba do Sul











Índios em uma fazenda
(Rugendas, c. 1835)















Índios Puris em cerimônia de dança
(Lalaisse, c. 1835)












Aldeia de índios no Rio de Janeiro

(Debret, c. 1835)

O capitão de ordenanças Inácio de Sousa Vernek construiu várias estradas na região de Valença durante esta fase de colonização. A estrada Werneck, então chamada de Caminho da Aldeia, que foi a primeira estrada para o sertão de Valença, ia desde a cidade de Iguaçu até o norte da capitania do Rio de Janeiro, na liha divisória com Minas Gerais demarcada pelo rio Preto. As estradas construídas por Inácio de Sousa Vernek ligavam a aldeia de Nossa Senhora da Glória de Valença e a aldeia de Santo Antônio do Rio Bonito (atual distrito de Conservatória) com a Estrada Real para Minas Gerais e os caminhos auxiliares para as freguesias de Sacra Família do Tinguá (atual distrito do município de Engenheiro Paulo de Frontin), Azevedo e Pilar do Iguaçu, de onde seguiam para a vila de Iguaçu. Um atalho permitia seguir rumo a Itaguaí. A estrada de Polícia permitiu aos viajantes que vinham de Minas Gerais cruzar o rio Paraíba do Sul nas proximidades de Desengano (atual distrito de Juparanã, em Valença) pela então povoação de Vassouras até Sacra Família do Tinguá.

Na Quaresma de 1814, a freguesia de Nossa Senhora da Glória de Valença contava com 119 fogos (casas), com 688 indivíduos adultos, sendo o total das pessoas superior a 700, sem contar os índios aldeados. Em 1820, havia em Valença mais de 1.000 luso-brasileiros e cerca de 1.400 indígenas espalhados nas diversas aldeias da região. No fim do séculoXIX, chegaram a Valença muitas famílias italianas, dando grande aceleração ao desenvolvimento desta cidade...

Mapa autógrafo de Inácio de Sousa Verneck mostrando os caminhos e rios do sertão de Valença em 1808

A freguesia foi elevada a vila de Nossa Senhora da Glória de Valença a 17 de outubro de 1823, abrangendo território desmembrado dos termos da cidade do Rio de Janeiro e das antigas vilas de São João Marcos do Príncipe e Resende, ocorrendo a sua instalação a 12 de novembro de 1826. A cultura do café espalha-se rapidamente pela região. A produção cafeeira da província do Rio de Janeiro atingiu 5.122 contos em 1828 e superou a produção de açúcar que foi de 3.446 contos. Como comparação, a província de São Paulo, que incluía então o Paraná, produziu apenas 250 contos de café em 1825 e somente em 1886 é que irá produzir mais café do que açúcar.

Entre 1856 e 1859, a província do Rio de Janeiro produziu 63.804.764 arrobas de café, enquanto as províncias de São Paulo e Minas Gerais juntas produziram apenas um quarto deste total. Com o grande crescimento econômico devido à cafeicultura, a vila foi elevada a cidade em 29 de setembro de 1857. Por volta de 1859, a cidade tinha cerca de 5.000 habitantes na sua sede e em todo o município tinha 40.000 habitantes entre homens livres e escravos. A necessidade de mão-de-obra para as plantações de café fez com o município tivesse uma das maiores populações negras da então província do Rio de Janeiro, senão do Brasil. Em 1888 ainda trabalhavam na lavoura de café cerca de 25.000 escravos.

A ferrovia "União Valenciana" chegou à cidade em 1871. O comércio atacadista prosperou na cidade incentivado pela facilidade de transporte e pelo desenvolvimento econômico devido à lavoura cafeeira.

A super-exploração e mau uso causaram o empobrecimento do solo e a a produção de café caiu em toda região. Entre 1879 a 1884, a província do Rio de Janeiro ainda produziu 55,91% do total de café exportado pelo Brasil; porém, em 1894 a produção despencou para apenas 20% do total. O município, assim como todo o vale do rio Paraíba do Sul, entrou então em decadência econômica.

Entretanto, Valença foi menos afetada do que as outras cidades da região devido à ferrovia que passava pela cidade, o que propiciou a criação de indústrias por alguns empresários locais. As indústrias têxteis começaram a surgir por volta de 1909 fundadas pelos empresários José Siqueira Silva da Fonseca, Benjamin Ferreira Guimarães e Vito Pentagna.

Antiga Estação Ferroviária de Valença
A Economia local também foi estimulada em 1910 quando a Estrada de Ferro Central do Brasil encampou as operações da antiga estrada de ferro "União Valenciana". A Estrada de Ferro Central do Brasil instalou oficinas e um Depósito na cidade. Houve investimentos locais com a construção da variante de Esteves, do trecho ferroviário entre Marquês de Valença e Taboas e de Rio Preto a Santa Rita de Jacutinga. Com isto, a população aumentou e o comércio local prosperou.

Ao mesmo tempo, as fazendas locais erradicaram os cafezais envelhecidos e passaram a dedicar-se à agro-pecuária. A produção leiteira prosperou na região.

Em 31 de dezembro de 1943, o topônimo Valença foi modificado para Marquês de Valença conforme Decreto-lei Estadual n.º 1056.

Rodoviária de Valença (antiga ferroviária acima)

Turismo


É uma cidade com um imenso potencial voltado para a área de ecoturismo, tendo como principal ponto deste, a Serra da Concórdia, que encontra-se a sudoeste da cidade e está situada entre os vales dos rios Preto e Rio Paraíba do Sul. É a única região que possui duas Unidades de Conservação públicas acrescendo de uma privada. Ainda nesta região encontram-se os, Parque Natural Municipal do Açude da Concórdia e Estadual da Serra da Concórdia, o Santuário de Vida Silvestre da Serra da Concórdia e a Serra dos Mascates. Há também o Ronco D'Água, um balneário com cachoeira natural. Possui uma festa tradicional nomeada de Festa da Nossa Senhora da Glória, no mês de agosto, para homenagear a padroeira da cidade.

Além do contato com a natureza, é também uma cidade histórica cheia de cultura com várias das Fazendas do Ciclo do Café, podendo serem visitadas, a casa de Léa Pentagna, a Catedral de Nossa Senhora da Glória, a Praça Visconde do Rio Preto (apelidada de Jardim de Cima), a Praça XV de Novembro (Jardim de Baixo), o Museu da Arte Sacra da Catedral, o Museu Capitão Pitaluga (militar), o Museu da Antiga Santa Casa de Misericórdia, o Prédio da Câmara Municipal de Valença, o Teatro Rosinha de Valença, a Igreja Nossa Senhora do Rosário, o Memorial Afro, o Mirante do Cruzeiro, o Museu Ferroviário, a Feira de Artesanato (Jardim de Cima, nos finais de semana). Estes sendo no Centro de Valença, ainda possui diversas atrações e atrativos turísticos nos arredores e no conhecido distrito de Conservatória, a capital da seresta.

Cultura

O Quilombo e as origens do samba

O Quilombo São José é uma comunidade centenária onde moram cerca de 200 negros de uma mesma família ancestral, que, durante a escravidão, trouxe de Angola para as fazendas de café da região Sudeste do Brasil-Colônia para o Brasil a dança do Jongo.

O jongo é uma dança de roda considerada uma das origens do samba e é reconhecida pelo Governo Federal como Patrimônio Histórico Nacional.

O Quilombo São José é o berço do jongo, no Município de Valença, Rio de Janeiro, terra da lendária jongueira e sambista Clementina de Jesus.

Essa família pertence unida há 150 anos na mesma terra e mantêm ricas tradições como o jongo, a umbanda, o calango e o terço de São Gonçalo, a medicina natural, rezas e benzeduras, a agricultura familiar entre outras. A comunidade até hoje é composta inclusive por diversos idosos com mais de 90 anos e até alguns anos atrás não possuía luz elétrica. A floresta, as casas de barro com telhados de palha, o candeeiro, o ferro à brasa e o fogão de lenha ainda fazem parte do cotidiano.

No dia 2 de fevereiro de 2009, o presidente do INCRA ( Ministério do Desenvolvimento Agrário - MDA) assinou a portaria de titulação das terras Quilombo São José e encaminhou o processo para a assinatura final do Presidente Lula, última etapa para a desapropriação dessas terras, que até hoje não pertencem à comunidade, num processo que já dura dez anos.

A Folia de Reis: um forte elemento da cultura local

Uma outra manifestação cultural muito comum em Valença é a Folia de Reis, realizada anualmente onde se comemora o nascimento de Cristo Jesus.

A Folia de Reis foi introduzida no Brasil-Colônia pelos portugueses no século XIX. É um espetáculo popular das festas de Natal e Reis, cuja ribalta é a praça pública, a rua, podendo também ser apresentado em residências.



A Folia de Reis constitui um dos mais originais folguedos folclóricos. É uma folia conhecida também em Minas Gerais, Goiás, São Paulo, Paraná, Rio de Janeiro, Espírito Santo. No interior, é uma dança do período natalino em comemoração aos nascimento do Menino Jesus e em homenagem aos Reis Magos: Gaspar, Melchior e Baltasar, que levaram ouro, incenso e mirra, que representam as três dimensões de Cristo (realeza, divindade e humanidade).

Existem em Valença inúmeros grupos de Folia de Reis, que se apresentam todos os anos e se reúnem na Catedral de N.S. da Glória no Encontro de Foliões.

A Folia de Reis é composta por quatro a seis mascarados, que brincam e entretêm a festa. Eles também devem proteger o Menino Jesus e confundir os soldados de Herodes. Uma orquestra de violas, banjos, violões, zabumba, Triangulos, pandeiros, maracás e sanfonas pulsam na regularidade de um organismo. Seus acordes servem de orientação às vozes e ordenam a evolução do espetáculo. O tempo da toada é circular, um convite ao desprendimento mundano e a busca de uma aliança com o divino. A paleta acorda o cavaquinho para ressoar um som que deve agradar o ouvido dos santos. A história narrada por intermédio de cantos são contadas por um solista e um coro responde a ele em uníssono por repetidas vezes.

Conservatória-
Capital da Seresta
A seresta: muita música e tradição
A seresta é muito comum em Conservatória, distrito do município e até mesmo na sede municipal.

A história conta que, no período de 1860 a 1880, com o desenvolvimento de Conservatória, devido às grandes lavouras de café e ao escoamento das produções de Minas Gerais, a influência da côrte trouxe para a Vila alguns professores de música, principalmente de piano e violino, instrumentos que a alta sociedade desfrutava àquela época. Daí, sabe-se que professores de música: Venâncio da Rocha Lima Soares, Carlos Janin, Geth Jansen e Andréas Schmidt ficaram famosos, principalmente este último, que era virtuoso no violino. Os artistas da côrte vinham periodicamente a Conservatória fazer saraus, quando alegravam as famílias dos nobres que habitavam estas paragens. Esses artistas, em noites enluaradas se reuniam na Praça da Matriz, ao lado do chafariz, do poste de luz a querosene e dos bancos da praça e faziam uma verdadeira serenata aos fazendeiros, barões e suas famílias e o povo se postava à distância assistindo e aplaudindo.


Antiga Maria Fumaça
Um dos símbolos da história do lugar, que está logo na entrada na cidade: a antiga Maria Fumaça, da Rede Mineira de Viação, que puxava os vagões de passageiros e também o trem com a produção de café, hoje estacionada em frente à antiga Estação Ferroviária de Conservatória, atual rodoviária. A linha ferroviária e a estação, inauguradas por D. Pedro II em 21 de novembro de 1883, foram extintas após a instalação da indústria automobilística no Brasil e da política de construção de rodovias para privilegiar o transporte rodoviário de cargas, nos anos 60. Por aquela ferrovia, o vilarejo se interligava com o Rio e Minas, partindo de Barra do Piraí e chegando até Baependi, após Santa Rita do Jacutinga, em Minas Gerais. A primeira locomotiva de Conservatória, a de número 1, veio de Filadélfia, EUA, no ano de 1910, numa viagem de 30 dias de navio. Essa que está exposta é a de número 206, que já está aqui há 20 anos.

Foi na década de 50, com a partida do notável seresteiro Emérito Silva
("Merito"), que Joubert e José Borges assumiram, gradualmente, a liderança da serenata. José Borges formou-se advogado e Joubert em professor de matemática. Trabalharam nas cidades do Rio de Janeiro e São Paulo. Nessa época as serenatas aconteciam apenas no período das férias escolares e nos feriados prolongados, porém, diariamente.


Foi por volta da década de 60, na residência de José Borges, na rua Oswaldo Fonseca, que os amantes da boa música começaram a se reunir antes das serenatas e isso formou um hábito e as lembranças e fotos antigas começaram a ser colocadas em suas paredes, tornando-se o ponto de encontro dos seresteiros. O povo começou a chamar esse local de "Museu da Seresta" que surgiu por acaso, não foi planejado, aconteceu. Nessa velha casa de apenas
uma porta e duas janelas, bem altas, construção antiga com seus beirais enormes, telhas coloniais, é que se encontra todo um mundo de saudades e de recordações com um completo documentário sobre as serenatas de Conservatória. Velhos discos, fotografias, recortes de jornais, livros, pinturas de vários artistas sobre Conservatória, troféus, mensagens de carinho, formando um acervo riquíssimo sobre músicas de serenatas. E a serenata foi se tornando cada vez mais conhecida. As notícias nos jornais sobre o romantismo existente em Conservatória aumentava sem parar. Novos seresteiros continuaram a despontar.

Na década de 70 surgiu o projeto das plaquinhas de metal colocadas nas esquinas, constando além do nome da música, o nome do compositor. O intuito era imortalizá-lo. Era o início do projeto "em cada esquina uma canção", (frase esta criada para sentir a opinião da população local com relação às plaquinhas), idealizado pelos irmãos Freitas. Os moradores se interessaram e quiseram uma plaquinha com o nome de sua música preferida fixada em suas residências. E cada vez mais, num crescente constante, Conservatória passou a respirar música, amor e poesia, tornando-se a "Vila das ruas Sonoras" e, o projeto inicial "em cada esquina uma canção", transformou-se para "em toda casa uma canção".
Igreja de Sto. Antônio em Conservatória
O substancial número de turistas todos os finais de semana provocou modificações na serenata, que evoluiu do canto à janela da amada, no silêncio da madrugada, até a emocionante confraternização musical que acontece atualmente, pelas ruas do centro urbano, nas noites de sextas e sábados e, mais recentemente, nas manhãs de domingo.

Fiéis à tradição, os "cantadores" e "violeiros" apresentam-se sem qualquer ajuda de equipamento eletrônico, contando exclusivamente com a participação dos visitantes, seja para acompanhar na cantoria, ou para fazer silêncio, de forma que todos possam ouvir. Ao visitar Conservatória, descobre-se a diferença entre seresta e serenata: a primeira refere-se ao canto em ambiente fechado, a segunda, ao canto sob o sereno, à luz das estrelas e do luar. É a serenata que diferencia Conservatória de qualquer outro lugar do país. No entanto, divulgações equivocadas, referem-se a Conservatória como "Cidade das Serestas" quando o mais correto seria "Cidade das Serestas e Serenatas", ou simplesmente "Capital da Serenata", no dizer do jornalista Gianni Carta, em publicação na Inglaterra.
É bom frisar, que Conservatória é um distrito de Valença, distando desta aproximadamente 35km.

A Cultura jovem

Como já foi mostrado, Valença tem uma rica cultura musical devido às muitas heranças por ela recebida. A seresta, o jongo, o chorinho, o samba fazem parte da cultura da cidade por parte de sua história como uma grande cidade cafeeira. Entretanto, existem outros rítimos alternativos de influência estrangeira. Existem vários grupos musicais em crescimento nos mais diversos estilos, dando destaque ao rock e ao pagode.

Existem também em Valença, algumas casas noturnas e bares onde os jovens se reúnem para aproveitar o fim de semana. Devemos dar destaque aos eventos como o "Festival de Inverno de Valença", que, promovido pela Rede Jovem Valenciana, visa reunir arte como artesanatos, dança e etc, com música, em especial, serestas, bossa nova, MPB e samba. Além do projeto "Café, Cachaça e Chorinho", que também é realizado em outras cidades do Vale do Café, como por exemplo em Barra do Piraí, Vassouras, etc., etc.

Educação

Fundação Dom André Arcoverde (FAA) / CESVA - Centro de Ensino Superior de Valença

A Fundação Educacional Dom André Arcoverde foi iniciada a partir do projeto do vereador Prof. Miguel Augusto Pellegrini no dia 29 de março de 1965. Seu nome presta uma homenagem ao bispo da diocese de Valença, nos anos de 1925 a 1936, Dom André Arcoverde, que foi um dos primeiros educadores da cidade. A Fundação Educacional Dom André Arcoverde, cuja sigla é FAA, foi criada em Assembleia Geral no dia 3 de julho de 1966, como pessoa jurídica de direito privado, sendo uma entidade educativa de natureza filantrópica, com sede e foro na cidade de Valença. A FAA é a mantenedora do Centro de Ensino Superior de Valença (CESVA) que reúne várias faculdades e um colégio.

Dentre os cursos superiores por ela mantidos, os que se destacam são os cursos de direito, medicina, medicina veterinária, história, filosofia, economia, odontologia, enfermagem e outros mais.

Colégio Valenciano São José de Aplicação

O Colégio São José, assim como o CESVA, é mantido pela FAA sendo autorizado a funcionar no dia 6 de junho de 1968. No colégio funcionam o Ensino Médio, nos horários da manhã e da tarde e Educação Profissional - Curso Técnico de Enfermagem durante a noite.

Instituto de Educação Deputado Luiz Pinto

É uma tradicional instituição de ensino da cidade, funciona desde o ano de 1964. Desde sua fundação é oferecido o Curso Normal, hoje denominado Magistério ou Curso de Formação de Professores. Até o ano de 2007 a escola mantinha as séries iniciais do Ensino Fundamental e Educação Infantil em seu prédio anexo, entretanto, essas foram municipalizadas deixando apenas as séries do Ensino Fundamental, Ensino Médio e Magistério e o prédio anexo conhecido Prédio Rosa, por ser da cor rosa, foi ameaçado de passar para a prefeitura.
A municipalização das séries iniciais causou muita polêmica e diversas manifestações por parte de professores e alunos.

Colégio Sagrado Coração de Jesus

É um dos mais antigos e tradicionais colégios de Valença. É uma instituição religiosa administrada pela Congregação das Pequenas Irmãs da Divina Providência fundada pela Beata Madre Teresa Grilo Michel, na Itália. É também, uma instituição muito antiga, pois tem 80 anos de idade e na atualidade o colégio oferece as modalidades do Maternal até ao Ensino Médio.

Artesanato Nossa Senhora Aparecida

É mais um tradicional colégio da cidade, iniciando os seu trabalhos com aulas de artes, tendo logo depois o Ensino Fundamental. Foi, assim como o Colégio Sagrado Coração de Jesus, fundado por Irmãs, que construíram um amplo prédio em um terreno doado pela Família Jannuzzi.

No início da década de 1980, o colégio deixou de ser Noviciado, mas continuou sendo Casa de Formação, acolhendo Aspirantes e Postulantes. Nesse período entrou em atividade a Educação Infantil e a Classe de Alfabetização. No ano de 1984, iniciou-se uma obra de atendimento às crianças e adolescentes carentes da cidade e arredores.

Desde 1993, o colégio recebeu a autorização de ministrar o Ensino Fundamental de 1ª a 4ª séries, sendo que a partir de 1999 encaminhou-se a implantação de 5ª a 8ª série, que hoje se torna disponível.

Associação Balbina Fonseca / Escola Municipal Balbina Fonseca

A Associação Balbina Fonseca mantém, em conjunto com a Prefeitura Municipal, a Escola Municipal Balbina Fonseca. Foi fundada no dia 1º de março de 1939 pelo Comendador José Siqueira Silva da Fonseca, em homenagem a sua esposa Balbina Fonseca. Atualmente funciona apenas o Ensino Fundamental no colégio. Possui um grande ginásio poliesportivo, que leva o nome do presidente do Tribunal de Contas do Estado do Rio, José Gomes Graciosa e agora possui também um teatro super equipado, que leva o nome de Paulo Demarchi Gomes; e junto a todo o projeto educacional, a Banda de Tambores da ABF veio com o intuito de trazer lazer e diversão, a quem deseja participar, e muito mais.

Colégio Estadual Theodorico Fonseca

O Colégio Theodorico Fonseca é uma das obras arquitetônicas históricas mais antigas da cidade. A princípio não era uma escola, mas sim, a casa de um rico francês chamado Seule que vendeu o imóvel ao seu vizinho Manoel Jacinto Soares Vivas. Vivas vendeu o imóvel para o barão de Rio Preto, que era um dos maiores cafeicutores da região de Valença. O colégio em si só foi tomar forma quando a baronesa do Rio Preto vendeu o palacete para quitar algumas dívidas. Após isso, o palacete se tornou Clube Recrativo de Valença, no ano de 1893 sendo vendido e alugado por algumas pessoas.

Em 1902, o Sr. José Facieira compra o palacete e funda o Colégio Cruzeiro do Sul. No ano de 1905, o patrimônio foi transferido a D. Maria Rita de Melo Faceira por falecimento de seu marido.

Em 1908, a viúva vende ao Comendador Antonio Jannuzzi, que posteriormente foi doado à Igreja Presbiteriana de Valença. Jannuzzi, que era presbiteriano, transformou o palacete em Atheneu Valenciano Presbiteriano.

No ano de 1925 a Igreja Presbiteriana vende o imóvel para o Coronel Manoel Joaquim Cardoso, que o incorporou à sua firma transformando o então Ateneu Presbiteriano na Pensão de Dona Carola.

Em 1938, o imóvel é adquirido pela Associação Protetora da Criança (Associação Balbina Fonseca) de José Fonseca que realiza grandes reformas internas no casarão. Ele o transforma mais uma vez em colégio, popularmente chamado de abrigo ou Lar José Fonseca.

Com o fechamento do abrigo, o casarão passa a ser ocupado pelo Colégio Estadual Theodorico Fonseca, situação que se encontra atualmente. Em 2000, o Governo do Estado do Rio de Janeiro desapropria o imóvel, permanecendo assim com a mesma função. Hoje o Theodorico Fonseca oferece apenas as séries secundárias do Ensino Fundamental (5ª a 8ª séries), no horário da manhã, Ensino Médio no horário da tarde e Ensino Médio e Técnico à noite.

Colégio Estadual Benjamim Guimarães

O Colégio Benjamim Guimarães teve início no ano de 1921 com este nome. Entretanto, assim como o Theodorico Fonseca,o colégio passou por várias fases. O Benjamim Guimarães foi fundado em 1900, quando o Governo criou o Grupo Escolar Alonso Adjunto, porém um lamentável incêndio destruiu por completo o colégio na noite de 29 de junho de 1901. Em 1919, por iniciativa do Presidente do Estado, Raul de Moraes Veiga, é reconstruído no mesmo local o Grupo Escolar Casimiro de Abreu. Pelo decreto de nº 208 de 30/08, o Grupo Escolar passa a se chamar Cel. Benjamim Guimarães.

Atualmente o colégio dispõe de Educação Infantil, Ensino Fundamental, Ensino Médio e Ensino Médio Profissionalizante.

Outras Instituições

Existem outros cursinhos, supletivos, colégios importantes como o Colégio Estadual José Fonseca, o Colégio Estadual Dr. Oswaldo Terra , o Colégio Estadual Coronel Benjamin Guimarães, o Centro de Ensino Supletivo, o Pólo Agrícola, o Colégio LAF e tantos outros.

Valencianos ilustres

Alguns valencianos famosos:

* Dulcina de Moraes, uma das maiores atrizes do teatro brasileiro e fundadora da Fundação Brasileira de Teatro.
* Clementina de Jesus, cantora e um dos grandes nomes do samba.














* Sérgio Chapelin, um dos mais importantes jornalistas da Rede Globo.
* Edney Silvestre, jornalista e escritor brasileiro conhecido por ser correspondente internacional da Rede Globo de Televisão.
* Rosinha de Valença, uma importante violonista e compositora da MPB.












* Solange Paiva Vieira, economista brasileira e diretora-presidente da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC).
* Michael Jackson, (apelido de Mariléia dos Santos), ex-jogadora da Seleção Brasileira de Futebol Feminino.
* Agnelo França, compositor, pianista, regente e professor de Villa-Lobos, Radamés Gnattali e outros dos mais importantes músicos brasileiros de todos os tempos.
* Zair Cançado, radialista brasileiro que ajudou na fundação da Rádio Nacional de Brasília e da TV Nacional e membro do Conselho Administrativo da Associação Brasileira de Imprensa
* Benevenuto dos Santos Neto, prefeito do município de Volta Redonda nos anos de 1982 e 1986.
* Elmano Cardim, jornalista e membro da Academia Brasileira de Letras(ABL).
* Álvaro Rocha, interventor do Rio de Janeiro no ano de 1947.
* Azevedo Pimentel, importante jornalista e higienista brasileiro.
* José Graciosa, prefeito de Valença nos anos 80 e presidente do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro nos anos de 2001 a 2006.
* Raul Fernandes, governador do Rio de Janeiro nos anos de 1922 e 1923 e Ministro das Relações Exteriores dos governos Dutra e Café Filho.
* Leoni Iório, historiador, poeta, jornalista, farmacêutico e professor. Autor do livro "Valença de Ontem e de Hoje" - 1953

Distância das capitais

Valença - Rio de Janeiro: 162 km

Valença - São Paulo : 392 km

Valença - Belo Horizonte: 365 km

Valença - Vitória: 517 km


Referências

1. ↑ a b Divisão Territorial do Brasil. Divisão Territorial do Brasil e Limites Territoriais. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) (1 de julho de 2008). Página visitada em 11 de outubro de 2008.
2. ↑ IBGE (10 out. 2002). Área territorial oficial. Resolução da Presidência do IBGE de n° 5 (R.PR-5/02). Página visitada em 5 dez. 2010.
3. ↑ Censo Populacional 2010. Censo Populacional 2010. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) (29 de novembro de 2010). Página visitada em 11 de dezembro de 2010.
4. ↑ Ranking decrescente do IDH-M dos municípios do Brasil. Atlas do Desenvolvimento Humano. Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) (2000). Página visitada em 11 de outubro de 2008.
5. ↑ a b Produto Interno Bruto dos Municípios 2004-2008. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Página visitada em 11 dez. 2010.
6. ↑ a b c d e f g h i j História de Valença. Visitado em 1 de outubro de 2008.
7. ↑ a b c d e f g IORIO, Leoni. "Valença de Ontem e Hoje - 1789-1952 – Subsídios para a História do Município de Marquês de Valença" – 1ª. edição. Juiz de Fora/MG:Companhia Dias Cardoso, 1953.
8. ↑ a b CASTRO, Maria Werneck de. "No Tempo dos Barões". Rio de Janeiro: Bem-te-vi Produções Literárias, 2006. pp.78-80
9. ↑ a b BRAGANÇA Júnior, Álvaro Alfredo. "O Topônimo Conservatória à Luz da Corrente 'Wörter und Sachen'" (Visitada em 2 de outubro de 2008)
10. ↑ [1]
11. ↑ [2]
12. ↑ www.overmundo.com.br/…/ii-festival-de-inverno-de-valenca
13. ↑ www.cafecachacaechorinho.com
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