FADO DO RETORNO



Amor, é muito cedo
E tarde uma palavra
A noite uma lembrança
Que não escurece nada


Voltaste, já voltaste
Já entras como sempre
Abrandas os teus passos
E páras no tapete


Então que uma luz arda
E assim o fogo aqueça
Os dedos bem unidos
Movidos pela pressa


Amor, é muito cedo
E tarde uma palavra
A noite uma lembrança
Que não escurece nada


Voltaste, já voltei
Também cheia de pressa
De dar-te, na parede
O beijo que me peças


Então que a sombra agite
E assim a imagem faça
Os rostos de nós dois
Tocados pela graça.


Amor, é muito cedo
E tarde uma palavra
A noite uma lembrança
Que não escurece nada


Amor, o que será
Mais certo que o futuro
Se nele é para habitar
A escolha do mais puro


Já fuma o nosso fumo
Já sobra a nossa manta
Já veio o nosso sono
Fechar-nos a garganta


Então que os cílios olhem
E assim a casa seja
A árvore do Outono
Coberta de cereja.

Lídia Jorge


BIOGRAFIA

Data de Nascimento: 1946-->Lídia Jorge nasceu em Boliqueime, Algarve, em 1946. Licenciou-se em Filologia Românica pela Universidade de Lisboa, tendo sido professora do Ensino Secundário. Foi nessa condição que passou alguns anos decisivos em Angola e Moçambique, durante o último período da Guerra Colonial. A publicação do seu primeiro romance, O Dia dos Prodígios (1980) constituiu um acontecimento num período em que se inaugurava uma nova fase da Literatura Portuguesa. Seguiram-se os romances O Cais das Merendas (1982) e Notícia da Cidade Silvestre (1984), ambos distinguidos com o Prémio Literário Cidade de Lisboa. Mas foi com A Costa dos Murmúrios (1988), livro que reflecte a experiência colonial passada em África, que a autora confirmou o seu destacado lugar no panorama das Letras portuguesas. Entre outros romances, conta-se O Vale da Paixão (1998) galardoado com o Prémio Dom Dinis da Fundação da Casa de Mateus, o Prémio Bordallo de Literatura da Casa da Imprensa, o Prémio Máxima de Literatura, o Prémio de Ficção do P.E.N. Clube, e em 2000, o Prémio Jean Monet de Literatura Europeia, Escritor Europeu do Ano. Passados quatro anos, Lídia Jorge publicou O Vento Assobiando nas Gruas (2002), romance que mereceu o Grande Prémio da Associação Portuguesa de Escritores e o Prémio Correntes d’Escritas.


A autora publicou ainda duas antologias de contos, Marido e Outros Contos (1997) e O Belo Adormecido (2003), para além das publicações separadas de A Instrumentalina (1992) e O Conto do Nadador (1992). A peça de teatro A Maçon foi levada à cena no Teatro Nacional Dona Maria II, em 1997. O romance A Costa dos Murmúrios foi recentemente adaptado ao Cinema por Margarida Cardoso. Os romances de Lídia Jorge encontram-se traduzidos em diversas línguas. Em 2006, a autora foi distinguida na Alemanha, com a primeira edição do Albatroz, Prémio Internacional de Literatura da Fundação Günter Grass, atribuído pelo conjunto da sua obra. Combateremos a Sombra, apresentado no dia 22 de Março, na Casa Fernando Pessoa, em Lisboa, é o seu mais recente romance, e o Grande Prémio SPA-Millennium a sua mais recente distinção.
Em Portugal todos os seus livros têm a chancela das Publicações Dom Quixote

O ESPIRITISMO



Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

O espiritismo é um conjunto de doutrinas espiritualistas que acreditam na possibilidade de comunicação com os espíritos através de médiuns. O termo também se refere ao culto religioso que pratica esta doutrina.

O termo pode se referir a:

Doutrina espírita: o espiritismo como codificado pelo francês Allan Kardec;
Espiritualismo: uma doutrina filosófica que admite a existência de Deus, de forças universais e da Alma, com a visão de que existem milhares de coisas abstratas.

Usos do termo

Espiritismo codificado por Allan Kardec

Hippolyte Léon Denizard Rivail (Allan Kardec).

O espiritismo codificado por Allan Kardec, conhecido também como Doutrina Espírita ou Kardecismo é a tradição espírita que tem origem nos trabalhos do pedagogo francês Hippolyte Léon Denizard Rivail, que adotou o pseudônimo de Allan Kardec.

O termo "kardecista" é repudiado por parte dos adeptos da doutrina que reservam a palavra "espiritismo" apenas para a doutrina tal qual codificada por Kardec, afirmando não haver diferentes vertentes dentro do espiritismo, e denominam correntes diversas de "espiritualistas". Estes adeptos entendem que o espiritismo, como corpo doutrinário, é um só, o que tornaria redundante o uso do termo "espiritismo kardecista". Assim, ao seguirem os ensinamentos codificados por Allan Kardec nas obras básicas (ainda que com uma tolerância maior ou menor a conceitos que não são estritamente doutrinários, como a apometria), denominam-se simplesmente "espíritas", sem o complemento "kardecista". A própria obra desaprova o emprego de outras expressões como "kardecista", definindo que os ensinamentos codificados, em sua essência, não se ligam à figura única de um homem, como ocorre com o cristianismo ou o budismo, mas a uma coletividade de espíritos que se manifestaram através de diversos médiuns naquele momento histórico, e que se esperava continuassem a comunicar, fazendo com que aquele próprio corpo doutrinário se mantivesse em constante processo evolutivo, o que não se teria verificado, ja que as obras básicas teriam permanecido inalteradas desde então. Outra parcela dos adeptos, no entanto, considera o uso do termo "kardecismo" apropriado. O uso deste termo é corroborado por fontes lexicográficas como o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, o Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, o Michaelis Moderno Dicionário da Língua Portuguesa e o Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa.

José Lacerda de Azevedo, médico espírita brasileiro, compreendia o kardecismo como uma "prática ou tentativa de vivência da Doutrina Espírita" criado por brasileiros "permeada de religiosidade, com tendência a se transformar em crença ou seita".

As expressões nasceram da necessidade de alguns em distinguir o "espiritismo" (como originalmente definido por Kardec) dos cultos afro-brasileiros, como a Umbanda. Estes últimos, discriminados e perseguidos em vários momentos da história recente do Brasil, passaram a se auto-intitular espíritas (em determinado momento com o apoio da Federação Espírita Brasileira), num anseio por legitimar e consolidar este movimento religioso, devido à proximidade existente entre certos conceitos e práticas destas doutrinas. Seguidores mais ortodoxos de Kardec, entretanto, não gostaram de ver a sua prática associada aos cultos afro-brasileiros, surgindo assim o termo "espírita kardecista" para distingui-los dos que passaram a ser denominados como "espíritas umbandistas".

Historicamente, na França e no Brasil, existiram e ainda há conflitos entre "kardecistas" e "roustainguistas", consoante a admissão ou não dos postulados da obra "Os Quatro Evangelhos", coordenada por Jean-Baptiste Roustaing, nomeadamente acerca da natureza do corpo de Jesus. Para os chamados "roustainguistas" Jesus teve um "corpo fluídico", de origem material diferente da nossa matéria, já o os ditos "kardecistas" acreditam que Jesus possuia um corpo de origem material, como de qualquer ser humano.

Cultos afro-brasileiros

No Brasil, o termo "espiritismo" é historicamente utilizado como designação por algumas casas e associações das religiões afro-brasileiras, e seus membros e frequentadores definem-se como "espíritas". Como exemplo, citam-se a antiga Federação Espírita de Umbanda e as atuais Congregação Espírita Umbandista do Brasil, no estado do Rio de Janeiro e a Federação Espírita Brasileira, no estado do Espírito Santo.

No Brasil Império, a Constituição de 1824 estabelecia expressamente que a religião oficial do Estado era o Catolicismo. No último quartel do século XIX, com a difusão das idéias e práticas espíritas no país, registraram-se choques não apenas na imprensa, mas também a nível jurídico-policial, nomeadamente em 1881, quando uma comissão de personalidades ligadas à Federação Espírita Brasileira reuniu-se com o Chefe de Polícia da Corte e, subsequentemente, com o próprio Imperador D. Pedro II, e após a Proclamação da República Brasileira, agora em função do Código Penal de 1890, quando Bezerra de Menezes oficiou ao então presidente da República, marechal Deodoro da Fonseca, em defesa dos direitos e da liberdade dos espíritas. Outros momentos de tensão registrar-se-iam durante o Estado Novo nomeadamente em 1937 e em 1941, o que levou a que a prática dos cultos afro-brasileiros conhecesse uma espécie de sincretismo sob a designação "espiritismo", como em época colonial o fizera com o Catolicismo.

Adeptos do Candomblé.

A própria Federação Espírita Brasileira chegou a admitir que os umbandistas eram espíritas, ao declarar:

"Baseados em Kardec, é-nos lícito dizer: todo aquele que crê nas manifestações dos espíritos é espírita; ora, o umbandista nelas crê, logo, o umbandista é espírita."

Na prática, sinteticamente, as semelhanças entre a prática Umbanda e a Doutrina Espírita são: a comunicação entre os vivos e os mortos, admitindo ambas, por conseguinte, a sobrevivência à morte do chamado "espírito"; a evolução do espírito através de vidas sucessivas (reencarnação); o resgate, podendo ser pela dor e sofrimento, das faltas cometidas em anteriores existências; a prática da caridade.

Por outro lado, as principais diferenças são a admissão pela Umbanda: de cerimônias litúrgicas como o batizado e o matrimônio; a presença de imagens em seus cultos; o emprego de plantas em seus cultos; a música dos pontos cantados para as entidades.

De todas as religiões afro-brasileiras, a mais próxima da Doutrina Espírita é um segmento (linha) da Umbanda denominado de "Umbanda branca", que guarda pouca ligação com o Candomblé, o Xambá, o Xangô do Recife, o Tambor de Mina ou o Batuque.

No tocante específicamente ao Candomblé, crê-se na sobrevivência da alma após a morte física (os Eguns), e na existência de espíritos ancestrais que, caso divinizados (os Orixás, cultuados coletivamente), não se materializam; caso não divinizados (os Egungun), materializam em vestes próprias para estarem em contato com os seus descendentes (os vivos), cantando, falando, dando conselhos e auxilindo espiritualmente a sua comunidade. Observe-se que o conceito de "materialização" no Candomblé, é diferente do de "incorporação" na Umbanda ou na Doutrina Espírita. Em princípio os Orixás só se apresentam nas festas e obrigações para dançar e serem homenageados. Não dão consulta ao público assistente, mas podem eventualmente falar com membros da família ou da casa para deixar algum recado para o filho. O normal é os Orixás se expressarem através do jogo de Ifá (oráculo).

No Candomblé, a função dos rituais durante as cerimónias de iniciação é a de afastar todo e qualquer espírito ou influência, recorrendo-se ao Ifá para monitorar a sua presença. A cerimónia só ocorre quando este confirma a ausência de Eguns no ambiente de recolhimento. Os espíritos são cultuados, nas casas de Candomblé, em uma casa em separado, sendo homenageados diariamente uma vez que, como Exú, são considerados protetores da comunidade.

Matéria em Construção...

O JUDAÍSMO



Judaísmo (em hebraico יהדות, transl. Yahadút) é o nome dado à religião do povo judeu, a mais antiga das três principais religiões monoteístas (as outras duas são o cristianismo e o islamismo).

Surgido da religião mosaica, o judaísmo, apesar de suas ramificações, defende um conjunto de doutrinas que o distingue de outras religiões: a crença monoteísta em YHWH (às vezes chamado Adonai ("Meu Senhor"), ou ainda HaShem ("O Nome") - ver Nomes de Deus no Judaísmo) como criador e Deus e a eleição de Israel como povo escolhido para receber a revelação da Torá que seriam os mandamentos deste Deus. Dentro da visão judaica do mundo, Deus é um criador ativo no universo e que influencia a sociedade humana, na qual o judeu é aquele que pertence a uma linhagem com um pacto eterno com este Deus.

Há diversas tradições e doutrinas dentro do judaísmo, criadas e desenvolvidas conforme o tempo e os eventos históricos sobre a comunidade judaica, os quais são seguidos em maior ou em menor grau pelas diversas ramificações judaicas conforme sua interpretação do judaísmo. Entre as mais conhecidas encontra-se o uso de objetos religiosos como o quipá, costumes alimentares e culturais como cashrut, brit milá e peiot ou o uso do hebraico como língua litúrgica.

Ao contrário do que possa parecer, um judeu não precisa seguir necessariamente o judaísmo ainda que o judaísmo só possa ser necessariamente praticado por judeus. Hoje o judaísmo é praticado por cerca de treze milhões de pessoas em todo o mundo (2007). Da mesma forma, o judaísmo não é uma religião de conversão, efetivamente respeita a pluralidade religiosa, desde que tal não venha a ferir os mandamentos do judaísmo. Alguns ramos do judaísmo defendem que no período messiânico todos os povos reconhecerão YHWH como único Deus e submeter-se-ão à Torá.

Etimologia

O termo "judaísmo" veio ao português pelo termo grego Ιουδαϊσμός (transl. Iudaïsmós), que, por sua vez, designava algo ou alguém relacionado ao topônimo Judá - em grego Ιούδα (transl. Iúda), e em hebraico יהודה (transl. Yehudá).

Origem e história do judaísmo

A Grande Sinagoga (Velká synagoga) Plzeň, República Checa

A história do judaísmo é a história de como se desenvolveu a religião principal da comunidade judaica, que, ainda que não seja unificada, contém princípios básicos que a distingue de outras religiões. De acordo com a visão religiosa o judaísmo é uma religião ordenada pelo Criador através de um pacto eterno com o patriarca Abraão e sua descendência. Já os estudiosos creem que o judaísmo seja fruto da fusão e evolução de mitologias e costumes tribais da região do Levante, unificadas posteriormente, mediante a consciência de um nacionalismo judaico.

Ainda que seja intimamente relacionada à história do povo judeu, a história do judaísmo se distingue por enfatizar somente a evolução da religião e como esta influenciou o povo judeu e o mundo.

Ramificações do Judaísmo

O Muro Ocidental em Jerusalém em Israel, é o que resta do Segundo Templo.

Nos dois últimos séculos, a comunidade judaica dividiu-se numa série de denominações; cada uma delas tem uma diferente visão sobre que princípios deve um judeu seguir e como deve um judeu viver a sua vida. Apesar das diferenças, existe uma certa unidade nas várias denominações.

O judaísmo rabínico, surgido do movimento dos fariseus após a destruição do Segundo Templo, e que aceita a tradição oral além da Torá escrita, é o único que hoje em dia é reconhecido como judaísmo, e é comumente dividido nos seguintes movimentos:

Judaísmo ortodoxo - considera que a Torá foi escrita por Deus que a ditou a Moisés, sendo as suas leis imutáveis. Os judeus ortodoxos consideram o Shulkhan Arukh (compilação das leis do Talmude do século XVI, pelo rabino Yosef Karo) como a codificação definitiva da lei judaica. O judaísmo ortodoxo exprime-se informalmente através de dois grupos, o judaísmo moderno ortodoxo e o judaísmo haredi. Esta última forma é mais conhecida como "judaísmo ultraortodoxo", mas o termo é considerado ofensivo pelos seus adeptos. O judaísmo chassídico é um subgrupo do judaísmo haredi.

Judaísmo conservador - fora dos Estados Unidos é conhecido por judaísmo Masorti. Desenvolveu-se na Europa e nos Estados Unidos no século XIX, em resultado das mudanças introduzidas pelo Iluminismo e a Emancipação dos Judeus. Caracteriza-se por um compromisso em seguir as leis e práticas do judaísmo tradicional, como o Shabat e o cashrut, uma atitude positiva em relação à cultura moderna e uma aceitação dos métodos rabínicos tradicionais de estudo das escrituras, bem como o recurso a modernas práticas de crítica textual. Considera que o judaísmo não é uma fé estática, mas uma religião que se adapta a novas condições. Para o judaísmo conservador, a Torá foi escrita por profetas inspirados por Deus, mas considera não se tratar de um documento da sua autoria.

Judaísmo reformista - formou-se na Alemanha em resposta ao Iluminismo. Rejeita a visão de que a lei judaica deva ser seguida pelo indivíduo de forma obrigatória, afirmando a soberania individual sobre o que observar. De início este movimento rejeitou práticas como a circuncisão, dando ênfase aos ensinamentos éticos dos profetas; as orações eram realizadas na língua vernácula. Hoje em dia, algumas congregações reformistas voltaram a usar o hebraico como língua das orações; a brit milá é obrigatória e a cashrut, estimulada.

Judaísmo reconstrucionista: formou-se entre as décadas de 20 e 40 do século XX por Mordecai Kaplan, um rabino inicialmente conservador, que mais tarde deu ênfase à reinterpretação do judaísmo em termos contemporâneos. À semelhança do judaísmo reformista não considera que a lei judaica deva ser suprema, mas ao mesmo tempo considera que as práticas individuais devem ser tomadas no contexto do consenso comunal.

Para além destes grupos existem os judeus não praticantes, ou laicos, judeus que não acreditam em Deus mas ainda assim mantêm culturalmente costumes judaicos; e o judaísmo humanístico, que valoriza mais a cultura e história judaica.

Doutrinas do judaísmo

Surgiram variadas formulações das crenças judaicas, a maioria das quais com muito em comum entre si, mas divergentes em vários aspectos. Uma comparação entre várias dessas formulações mostra um elevado grau de tolerância pelas diferentes perspectivas teológicas. O que se segue é um sumário das crenças judaicas. Uma discussão mais detalhada destas crenças, acompanhada por uma discussão sobre as suas origens, pode ser encontrada no artigo sobre os princípios de fé judaicos.

Monoteísmo

O princípio básico do judaísmo é a unicidade absoluta de YHWH como Deus e criador, onipotente, onisciente, onipresente, que influencia todo o universo, mas que não pode ser limitado de forma alguma (o que carateriza em idolatria, o pecado mais mortal de acordo com a Torá). A afirmação da crença no monoteísmo manifesta-se na profissão de fé judaica conhecida como Shemá. Assim qualquer tentativa de politeísmo é fortemente rechaçada pelo judaísmo, assim como é proibido seguir ou oferecer prece à outro que não seja YHWH.

Conforme o relacionamento de YHWH com Israel, o judaísmo enfatiza certos aspectos da divindade chamando-o por títulos diferenciados (ver Nomes de Deus no Judaísmo).

O judaísmo posterior ao exílio, no entanto, assumiu a existência de uma corte espiritual na qual Deus seria uma espécie de rei, o qual controlaria seres para execução de sua vontade (anjos). Esta visão era aceita pelos fariseus e passada para o posterior judaísmo rabínico, mas no entanto desprezada pelos saduceus.

A Revelação

O judaísmo defende uma relação especial entre Deus e o povo judeu, manifesta através de uma revelação contínua de geração a geração. O judaísmo crê que a Torá é a revelação eterna dada por Deus aos judeus. Os judeus rabinitas e caraítas também aceitam, que, homens através da história judaica foram inspirados pela profecia, sendo que muitas das quais estão explícitas nos Neviim e nos Kethuvim. O conjunto destas três partes formam as Escrituras Hebraicas conhecidas como Tanakh.

A profecia dentro do judaísmo não tem o caráter exclusivamente adivinhatório como assume em outras religiões, mas manifestava-se na mensagem da Divindade para com seu povo e o mundo, que poderia assumir o sentido de advertência, julgamento ou revelação quanto à Vontade da Divindade. Esta profecia tem um lugar especial desde o princípio do mosaísmo, seguindo pelas diversas escolas de profetas posteriores (que serviam como conselheiros dos reis) e tendo seu auge com a época dos dois reinos. Oficialmente se reconhece que a época dos profetas encerra-se na época do exílio babilônico e do retorno a Judá. No entanto o judaísmo reconheceu diversos profetas durante a época do Segundo Templo, e durante o posterior período rabínico.

Metafísica


Conceitos de vida e morte

O entendimento dos conceitos de corpo, alma e espírito no judaísmo varia conforme as épocas e as diversas seitas judaicas. O Tanach não faz uma distinção teológica destes, usando o termo que geralmente é traduzido como alma (néfesh) para se referir à vida e o termo geralmente traduzido como espírito (ruakh) para se referir a fôlego. Deste modo, as interpretações dos diversos grupos são muitas vezes conflitantes, e muitos estudiosos preferem não discorrer sobre o tema.

Ressurreição e a vida além-morte
O Tanach, excetuando alguns pontos poéticos e controversos, jamais faz referência a uma vida além da morte, nem a um céu ou inferno, pelo que os saduceus posteriormente rejeitavam estas doutrinas. Porém após o exílio em Babilônia, os judeus assimilaram as doutrinas da imortalidade da alma, da ressurreição e do juízo final, e constituíam em importante ensino por parte dos fariseus.

Nas atuais correntes do judaísmo, as afirmações sobre o que acontece após a morte são postulados e não afirmações, e varia-se a interpretação dada ao que ocorre na morte e se existe ou não ressurreição. A maioria das correntes crê em uma ressurreição no mundo vindouro (Olam Habá), incluindo os caraítas, enquanto outra parcela do judaísmo crê na reencarnação, e o sentido do que seja ressurreição ou reencarnação varia de acordo com a ramificação.

Cabalá

Cabalá é o nome dado ao conhecimento místico esotérico de algumas correntes do judaísmo, que defende interpretação do universo, de Deus e das escrituras através de suas naturezas divinas.

Quem é considerado judeu

Judeus rezando no Yom Kipur, de Maurycy Gottlieb.

A lei judaica considera judeu todo aquele que nasceu de mãe judia ou se converteu de acordo com essa mesma lei, segundo o judaísmo rabínico. Algumas ramificações como o Reformismo e o Reconstrucionismo aceitam também a linhagem patrilinear, desde que o filho tenha sido criado e educado em meio judaico.

Um judeu que deixe de praticar o judaísmo e se transforme num judeu não-praticante continua a ser considerado judeu. Um judeu que não aceite os princípios de fé judaicos e se torne agnóstico ou ateu também continua a ser considerado judeu.

No entanto, se um judeu se converte a uma outra religião, ou ainda, que se afirme "judeu messiânico" (ramificação protestante que defende Jesus como o messias para os judeus) perde o lugar como membro da comunidade judaica tradicional e transforma-se num apóstata. Segundo a tradição, a sua família e amigos tomam luto por ele, pois para um judeu abandonar a religião é como se morresse (nem sempre isto ocorre, mas a pessoa é tida como alguém não pertencente à comunidade). Esta pessoa, caso pretenda retornar ao judaísmo, não precisa se converter, de acordo com a maior parte das autoridades em lei judaica, mas abjurar das antigas práticas relativas às outras fés.

As pessoas que desejam se converter ao judaísmo devem aderir aos princípios e tradições judaicas. Os homens têm de passar pelo ritual do brit milá (circuncisão). Qualquer converso tem de passar ainda pelo ritual da mikvá ou banho ritual. Os judeus ortodoxos reconhecem apenas conversões feitas por seus tribunais rabínicos, seja em Israel ou em outros locais. As comunidades reformistas e liberais também exigem a adesão aos princípios e tradições judaicos, o brit milá e a mikvá, de acordo com os critérios estipulados em cada movimento.

Enquanto as conversões autorizadas por tribunais rabínicos ortodoxos são aceitas como válidas por todas as correntes do judaísmo, aquelas feitas de acordo com as correntes Reformista ou Conservadora são aceitas apenas no Estado de Israel e nas comunidades judaicas não-ortodoxas no mundo inteiro (mais de 80% dos judeus do planeta), mas rejeitadas pelo movimento ortodoxo.

Ciclo de vida judaico

Material usado em uma cerimônia de brit milá, exibido no museu da cidade de Göttingen

* Brit milá - As boas-vindas dos bebés do sexo masculino à aliança através do ritual da circuncisão.
* Zeved habat - As boas-vindas dos bebés do sexo feminino na tradição sefardita.
* B'nai Mitzvá - A celebração da chegada de uma criança à maioridade, e por se tornar responsável, daí em diante, por seguir uma vida judaica e por seguir a halakhá.
* Casamento judaico
* Shiv'á - O judaísmo tem práticas de luto em várias etapas. À primeira etapa (observada durante uma semana) chama-se shiv'á, à segunda (observada durante um mês) chama-se sheloshim e, para aqueles que perderam um dos progenitores, existe uma terceira etapa, a avelut yod bet chódesh, que é observada durante um ano.

Vida comunitária

Vida comunitária judaica é o nome dado à organização das diferentes comunidades judaicas no mundo. Há variações de locais e costumes mas geralmente as comunidades contam com um sistema de regras comunais e religiosas, um conselho para julgamento e um centro comunal com local para estudo. No entanto, a família é considerada o principal elemento da vida comunitária judaica, o que ao lado do mandamento de Crescei e multiplicai leva ao desestímulo de práticas ascéticas como o celibato apesar da existência através da história de algumas seitas judaicas, que promovessem esta renúncia.

Sinagoga

Interior da Sinagoga portuguesa de Amsterdão

A sinagoga é o local das reuniões religiosas da comunidade judaica, hábito adquirido após a conquista de Judá pela Babilônia e a destruição do Templo de Jerusalém. Com a inexistência de um local de culto, cada comunidade desenvolveu seu local de reuniões, que após a construção do Segundo Templo tornou-se os centros de vida comunitária das comunidades da Diáspora. Na estrutura da sinagoga destaca-se o rabino, líder espiritual dentro da comunidade judaica e o chazan (cantor litúrgico).

Cherem

O Chérem é a mais alta censura eclesiástica na comunidade judaica. É a exclusão total da pessoa da comunidade judaica. Excepto em casos raros, que tiveram lugar entre os judeus ultra-ortodoxos, o cherem deixou de se praticar depois do Iluminismo, quando as comunidades judaicas locais perderam a autonomia de que dispunham anteriormente e os judeus foram integrados nas nações gentias em que viviam.

Cultura judaica

Cultura judaica lida com os diversos aspectos culturais das comunidades judaicas, oriundos da prática do judaísmo, de sua integração aos diversos povos e culturas no mundo, assim como assimilação dos costumes destes. Entre os principais aspectos da cultura judaica podemos enfatizar os idiomas, as vestimentas e a alimentação (Cashrut).

Vestimentas


Kipá ,símbolo distintivo usado principalmente pelos judeus rabínicos como Temor a D-us

O judaísmo possui algumas tradições religiosas e culturais em relação à vestimentas, dentre as quais podemos destacar:

* Kipá
* Tefilin
* Tzitzit


Calendário judaico


Baseados na Torá a maior parte das ramificações judaicas segue o calendário lunar. O calendário judaico rabínico é contado desde 3761 a.C. O Ano Novo judaico, chamado Rosh Hashaná (em hebraico ראש השנה, literalmente "cabeça do ano") é o nome dado ao ano-novo no judaísmo)., acontece no primeiro ou no segundo dia do mês hebreu de Tishrei, que pode cair em setembro ou outubro. Os anos comuns, com doze meses, podem ter 353, 354 e 355 dias, enquanto os bissextos, de treze meses, 383, 384 ou 385 dias. o calendario judaico começa a ser contado em 7 de outubro de 3760 a.C.que para os judeus foi a data da criação do mundo o que quer dizer que estamos vivendo no ano de 5769 (para 2009).

Diversas festividades são baseados neste calendário: pode-se dar ênfase às festividades de Rosh Hashaná, Pessach, Shavuót, Yom Kipur e Sucót. As diversas comunidades também seguem datas festivas ou de jejum e oração conforme suas tradições. Com a criação do Estado de Israel diversas datas comemorativas de cunho nacional foram incorporadas às festividades da maioria das comunidades judaicas.

Língua hebraica

O hebraico (também chamado לשון הקודש Lashon haKodesh ("A Língua Sagrada") ) é o principal idioma utilizado no judaísmo utilizado como língua litúrgica durante séculos. Foi revivido como um idioma de uso corrente no século XIX e utilizado atualmente como idioma oficial no Estado de Israel. No entanto diversas comunidades judaicas utilizam outros idiomas cuja origem em sua maioria surgem da mistura do hebraico com idiomas locais (ver Línguas judaicas).

Crença messiânica e escatologia judaica

Escatologia judaica refere-se às diferentes interpretações judaicas dadas aos temas relacionados ao futuro: ainda que se acreditarmos na Torá este tema não seja tão desenvolvido no judaísmo primitivo após o retorno do Exílio em Babilônia desenvolveu-se baseado no profetismo e no nacionalismo judaico conceitos que iriam formar a base da escatologia judaica. Entre estes temas principais podemos nomear os conceitos sobre o Messias e o Olam Habá (mundo vindouro) no qual todas as nações submeter-se-iam a YHWH e a Torá e na qual Israel ocuparia um lugar de proeminência.

Messias

Dentro do judaísmo, a doutrina do Messias é um assunto que pode variar de ramificação para ramificação. Historicamente diversos personagens foram chamados de Messias, do hebraico ungido, que não assume o mesmo sentido habitual do cristianismo como um "ser salvador e digno de adoração" . Até mesmo o conceito do Messias não aparece na Torá, e por isto mesmo recebe interpretações diferentes de acordo com cada ramificação.

A maior parte dos judeus crê no Messias como um homem judeu, filho de um homem e de uma mulher, (em algumas ramificações é considerado que viria da tribo de Yehudá e da descendência do rei David, uma herança do sentimento nacionalista que regulou a vida judaica pós-exílio) que reinará sobre Israel, reconstruirá a nação fazendo com que todos os judeus retornem à Terra Santa e unirá os povos em uma era de paz e prosperidade sob o domínio de YHWH.

Algumas ramificações judaicas (reformistas) creem no entanto, que a era messiânica não envolva necessariamente uma pessoa, mas sim que se trate de um período de paz, prosperidade e justiça na humanidade. Dão por isso particular importância ao conceito de "tikkun olam", "reparar o mundo", ou seja, a prática de uma série de atos que conduzem a um mundo socialmente mais justo.

Literatura do judaísmo
Sefer Torá.

Os diversos eventos da história judaica levaram a uma valorização do estudo e da alfabetização dos membros da comunidade judaica. Na Diáspora a busca de conexão com o judaísmo e a busca de não-assimilação com os costumes gentílicos levaram a uma ênfase na necessidade da educação e alfabetização desde a infância, pelo que na maior parte das comunidades judaicas o analfabetismo é praticamente inexistente. Este pensamento levou à criação de uma vasta literatura principalmente de uso religioso.

Dentro do judaísmo, a escritura mais importante é a Torá, que seria o livro contendo o conjunto de histórias da origem do mundo, do homem e do povo de Israel, assim como os mandamentos de obediência a Deus. Para a maior parte das ramificações judaicas, acrescenta-se a história de Israel e as palavras dos profetas israelitas até a construção do Segundo Templo, com sua literatura relacionada, que compiladas na época do retorno de Babilônia, constituíram o que conhecemos como Tanakh, conhecido pelos não-judeus como Antigo Testamento.

Os judeus rabinitas creem que Moisés recebeu além da Torá escrita, uma tradição oral que serviria como um complemento da primeira, e que seria passada de geração à geração desde Moisés, e que viria a ser compilada no século IV d.C. como o Talmude. Os judeus caraítas recusam estes textos .

Cada ramificação tem seus próprios textos e livros.

Literatura rabínica

o O Mishná com comentários.
o Os Talmudes de Jerusalém e Babilónico e respectivos comentários.
o O Toseftá.
o O Midrash de Halakhá e de Aggadá.
o Códigos de Lei e Costume Judaicos.

+ A Mishné Torá com comentários.
+ O Tur com comentários.
+ O Shulkhan Arukh com comentários.

o Responsa.

* Pensamento e ética judaicas.
o Filosofia judaica.
o Ética judaica e Movimento mussar.
o Cabalá.
o Judaísmo Chasídico / Hassidismo.

* Poesia judaica clássica (Piyyut).
* Liturgia judaica, incluindo o Siddur.

Judaísmo e o mundo

Mapa dos 50 países com maior número de judeus.










Judeus e não-judeus: as leis de Noé


O judaísmo não é atualmente uma religião proselitista, ainda que no passado já tenha efetuado missões deste tipo. Mais precisamente apenas o patriarca Avraham o fazia, após se tornou uma prática proibida. Atualmente o judaísmo aceita a pluralidade religiosa, e prega a obrigação dos cumprimentos da Torá apenas ao povo judeu. No entanto defende que certos mandamentos (chamados de Leis de Noé, devido à terem sido entregues por Deus a Noé depois do Dilúvio), devem ser seguidas por toda a vida.

Judaísmo e Cristianismo

Apesar do Cristianismo defender uma origem judaica, o judaísmo considera o cristianismo uma religião pagã. Apesar da existência de judeus convertidos ao Cristianismo e outras religiões, não existe nenhuma forma de judaísmo que aceite as doutrinas do Cristianismo como a divindade de Jesus ou a crença em seu caráter messiânico. Algumas ramificações tentaram ver Jesus como um profeta ou um rabino famoso, mas hoje esta visão também é descartada pela maioria dos judeus.

Existem diversos artigos sobre a relação entre o judaísmo e o cristianismo. Esses artigos incluem:

* Comparando e contrastando o judaísmo e o cristianismo.
* Tradição judaico-cristã.
* Cristianismo e anti-semitismo.

Desde o Holocausto, deram-se muitos passos no sentido da reconciliação entre alguns grupos cristãos e o povo judeu. O artigo sobre a reconciliação entre judeus e cristãos estuda este assunto.

Tentativas por parte de grupos religiosos cristãos (principalmente de origem evangélica) de conversão ao judaísmo são desprezadas e condenadas pelos grupos religiosos judaicos.

Judaísmo e islamismo

O islamismo toma diversas de suas doutrinas do judaísmo, sendo que as duas religiões mantêm seu intercâmbio religioso desde a época de Maomé, com períodos de tolerância e intolerância de ambas as partes. É especialmente significativo o período conhecido como Idade de Ouro da cultura judaica, entre 900 a 1200 na Espanha muçulmana. Também deve enfatizar-se o atual conflito entre parte da população muçulmana e os judeus devido à questão do controle de Jerusalém e outros pontos políticos, históricos e culturais.

O islão reconhece os judeus como um dos povos do Livro, apesar de acreditarem que os judeus sigam uma Torá corrompida. Já o judaísmo não crê em Maomé como profeta e não aceitam diversos mandamentos do islão.

...E ASSIM NASCEU MACAU



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澳門
Macau

中華人民共和國澳門特別行政區
Região Administrativa Especial de Macau da República Popular da China (RAEM)
Bandeira da RAEM
Brasão de armas da RAEM
Bandeira Brasão de armas

Gentílico: de Macau 

Localização de Macau
Capital Não tem 
Língua oficial Português e Chinês
Governo Reg. Admin. Especial
 - Chefe do Executivo Fernando Chui Sai-on
 - Presidente do Tribunal de Última Instância Sam Hou Fai
 - Presidente da Assembleia Legislativa Lau Cheok Va
Acontecimentos importantes
 - Início da ocupação portuguesa de Macau 1557
 - Ocupação perpétua portuguesa reconhecida pela China 1887
 - Ocupação perpétua renunciada por Portugal 1967
 - Transferência de soberania. Estabelecimento da RAEM. 20 de Dezembro de 1999
Área
 - Total 28,6 km² 
 - Água (%) 0
População
 - Estimativa de 2007 538 000 hab. 
 - Censo 2001 435 235 hab. 
 - Densidade Aproximadamente 18 811 hab./km² 
PIB (base PPC) Estimativa de 2007
 - Total US$ 19,1 mil milhões USD
 - Per capita US$ 36 357 USD
Indicadores sociais
 - IDH (2004) 0,909 (28.º) – muito elevado
 - Esper. de vida 80,7 anos (9.º)
 - Mort. infantil 7,0/mil nasc. (42.º)
Moeda Pataca (MOP)
Fuso horário MST (UTC+8)
Cód. Internet .mo
Cód. telef. +853
Website governamental www.macau.gov.mo

Mapa de Macau










Macau (em chinês: 澳門; pinyin: Àomén; em cantonês: Oumun) é uma Região Administrativa Especial da República Popular da China desde os primeiros momentos da madrugada do dia 20 de Dezembro de 1999. Antes desta data, Macau foi colonizada e administrada por Portugal durante mais de 400 anos e é considerada o primeiro entreposto, bem como a última colónia europeia na China.

Esta administração teve começo em meados do século XVI, quando Macau foi colonizada e ocupada gradualmente pelos portugueses. Estes últimos rapidamente trouxeram prosperidade a este pequeno pedaço de terra, tornando-a numa grande cidade e importante intermediário no comércio entre a China, a Europa e o Japão, fazendo com que ela atingisse o seu auge nos finais do século XVI e nos inícios do século XVII. Só em 1887 é que a China reconheceu oficialmente a soberania e a ocupação perpétua portuguesa sobre Macau, através do "Tratado de Amizade e Comércio Sino-Português". Em 1967, como consequência do Motim 1-2-3 levantado pelos residentes chineses pró-comunistas de Macau no dia 3 de Dezembro de 1966, Portugal renunciou à sua ocupação perpétua sobre Macau. Em 1987, após intensas negociações entre Portugal e a República Popular da China, os dois países concordaram que Macau iria passar de novo à soberania chinesa no dia 20 de Dezembro de 1999. Atualmente, Macau está a experimentar um grande e acelerado crescimento económico, baseado no acentuado desenvolvimento do setor do jogo e do turismo, as duas atividades económicas vitais desta região administrativa especial chinesa.

É constituída pela Península de Macau e por duas ilhas Taipa e Coloane. O ístmo que liga Macau ao continente é feito com um aterro de terra seca e chama-se istmo de Cotai. Tendo uma superfície total de 28,6 km², Macau situa-se na costa meridional da República Popular da China, a oeste da foz do Rio das Pérolas e a 60 km de Hong Kong, que se encontra aproximadamente a este de Macau. Faz fronteira a norte e a oeste com a Zona Económica Especial de Zhuhai, logo é adjacente à província de Guangdong.

Macau efetua muitos aterros para "obter" mais espaços de construção à foz do Rio das Pérolas. Tem cerca de 538 mil habitantes, sendo a esmagadora maioria de etnia chinesa.

Desde 20 de Dezembro de 1999, o nome oficial de Macau é "Região Administrativa Especial de Macau da República Popular da China" (RAEM). Após o estabelecimento da RAEM, Macau atua sob os princípios do Governo Popular Central Chinês da RPC, que determina: - "Administração de Macau pela Gente de Macau" e "Alto Grau de Autonomia", gozando por isso de um estatuto especial, semelhante ao de Hong-Kong, e possuindo consequentemente um elevado grau de autonomia, limitando-se apenas no que se refere às suas relações exteriores e à defesa. Foi também garantido pela RPC a preservação do seu sistema económico-financeiro e das suas especificidades durante pelo menos 50 anos, isto é, pelo menos até 2049.

Etimologia

O seu nome chinês (Ou Mun), que, à letra, significa "Porta da Baía", parece ter origem no fato de a Península de Macau ser habitada, antes da chegada dos portugueses, por várias povoações de pescadores e alguns camponeses chineses vindos das províncias de Fujian e Cantão. O seu nome português (Macau) parece ter origem num dos primeiros locais de desembarque dos navegadores portugueses, a Baía de A-Má (em cantonês, "A-Ma Gao"), nome esse que se deve à existência nessa baía de um templo em homenagem à deusa A-Má. A-Ma Gao se tornaria, Amacao, Macao e, por fim, Macau.

História

Antes do século XVI

Através de estudos arqueológicos, há fortes indícios que comprovam que os chineses se estabeleceram na Península de Macau entre quatro e dois mil anos antes de Cristo e em Coloane há cinco mil anos.

Durante a Dinastia Ming, muitos pescadores oriundos de Cantão e de Fujian estabeleceram-se em Macau e foram eles que construíram o famoso Templo de A-Má. Edificaram também várias povoações, sendo uma das mais importantes localizada em Mong-Há. Pensa-se que o templo mais antigo de Macau, o Templo de Kun Iam, se localizava precisamente nesta região do Norte da Península de Macau.

Séculos XVI a XVIII

Mapa onde mostra Macau e a sua posição
nas rotas comerciais portuguesas e espanholas,
no seu período mais próspero
(finais do século XVI e princípios do século XVII).

Os portugueses estabeleceram-se ilegal e provisoriamente em Macau entre 1553 e 1554, sob o pretexto de secar a sua carga. Em 1557, as autoridades chinesas deram finalmente autorização para os portugueses se estabelecerem permanentemente em Macau, concedendo-lhes um considerável grau de autogovernação. Em troca, os portugueses foram obrigados a pagar aluguer anual (cerca de 500 taéis de prata) e certos impostos a estas autoridades, que defendiam que Macau continuava a ser parte integrante do Império Chinês. As autoridades chinesas, desde sempre portadoras de algum medo e desprezo pelos estrangeiros, passaram a supervisionar atentamente os portugueses de Macau e a exercer, até meados do século XIX, uma grande influência na administração deste estabelecimento comercial.

Ruínas de São Paulo, George Chinnery
(1774–1852). A catedral foi construída em 1602
e destruída por um incêndio em 1835.
Somente a fachada sul chegou aos dias de hoje.

Desde então, Macau desenvolveu-se como um entreposto e intermediário para o comércio triangular entre a China, o Japão e a Europa, numa época em que as autoridades da China proibiram o comércio direto com o Japão por mais de cem anos. Este comércio lucrativo trouxe enorme prosperidade para Macau, tornando-a numa grande cidade comercial e ajudando-a a atingir o seu auge durante os finais do século XVI e os inícios do século XVII.

Para além de ser um entreposto comercial, Macau desempenhou também um papel ativo e fulcral na disseminação do Catolicismo, ao tornar-se num importante ponto de formação e de partida de missionários católicos para os diferentes países do Extremo Oriente, principalmente para a China. Por este motivo, o Papa Gregório XIII criou, em 1576, a Diocese de Macau, com sede obviamente em Macau. Estes missionários desempenharam também um papel importante no intercâmbio cultural, científico e artístico entre a China e o Ocidente, e no desenvolvimento da cultura e da educação de Macau.

Em 1583, foi criada o Leal Senado, a sede e o símbolo do poder e do governo local, pelos moradores portugueses, mais precisamente pelos comerciantes, de Macau. Este organismo político, considerado como a primeira câmara municipal de Macau, foi fundada com o objectivo de proteger o comércio controlado por Macau, de estabelecer ordem e segurança para esta cidade e de resolver os problemas quotidianos. Apesar de, a partir de 1623, Macau passar a ter um Governador português, o Leal Senado, até à primeira metade do século XIX, continuou a manter uma grande autonomia e a exercer um papel fundamental na administração da cidade.

Devido à sua prosperidade, Macau foi várias vezes atacada pelos holandeses ao longo da primeira metade do século XVII. O ataque mais importante teve início em 22 de Junho de 1622, quando cerca de 800 soldados holandeses desembarcaram, numa tentativa de conquistar a cidade. Após dois dias de combate, em 24 de Junho, os invasores foram derrotados, sofrendo elevadas baixas (cerca de 350 mortes) e conseguindo abater apenas algumas dezenas de portugueses. Para Macau, desprevenida, esta vitória foi considerada um milagre.

Em 1638-1639, o comércio português com o Japão foi interrompido, devido às políticas de isolamento levados a cabo pelo então xogum japonês, Tokugawa Iemitsu. Este acontecimento afetou seriamente a economia de Macau, que entrou rapidamente em declínio.

Século XIX



No contexto da Guerra Peninsular, em Setembro de 1808 foi ocupada por tropas da força expedicionária sob o comando do contra-almirante William O'Brien Drury, comandante-chefe das Forças Navais Britânicas nos mares da Ásia, a pretexto de proteção contra a ameaça francesa. Esse efetivo foi reembarcado no final desse mesmo ano, por força da concentração de cerca de 80.000 homens do exército chinês diante das portas da cidade.

Desde meados do século XVII, Macau, mesmo perdendo muitos mercados de comércio ao longo dos tempos (a começar pelo encerramento do comércio com o Japão) e vivendo com alguma frequência na pobreza e miséria, conseguiu ainda reter a sua importância económica e estratégica enquanto porto europeu na China. Mas, esta importância foi seriamente reduzida na Primeira Guerra de Ópio em 1841 quando Hong Kong se tornou no porto ocidental mais importante na China.

Em 1844, através de um decreto real, Macau foi ingressado finalmente na estrutura administrativa ultramarina portuguesa. Porém, este ato não foi reconhecido pela China. Este documento real redefiniu ainda e mais uma vez que o Governador era o principal órgão político-administrativo de Macau e não o Leal Senado, que já tinha perdido a sua importância e influência política em 1834.

Ficheiro:1870Macao.jpg
Foto de Macau em 1870.

Em 1845, Portugal declarou a cidade um porto franco. O Governador João Ferreira do Amaral (1846-1849) ordenou o fim do pagamento do aluguer anual e dos impostos chineses, a expulsão dos mandarins de Macau e a abolição, em 1849, da alfândega chinesa (o Ho-pu)..

Durante o século XIX, os portugueses ocuparam a parte Norte da Península de Macau (naquela altura ocupada pelos chineses), as ilhas da Taipa (em 1851) e de Coloane (em 1864). Eles começaram também a expandir a sua influência às ilhas vizinhas de Lapa, Dom João e Montanha.

Em 1887, Portugal diligenciou junto do debilitado e fraco Governo Chinês a assinatura do Tratado de Amizade e Comércio Sino-Português, o qual reconhecia e legitimava a ocupação perpétua de Macau e das suas dependências pelos portugueses.

Século XX

O Governo de Macau, querendo criar a sua própria moeda oficial, autorizou, em 1901, o Banco Nacional Ultramarino (BNU) a emitir notas com a denominação de patacas. As primeiras notas impressas começaram a entrar em circulação em 1906 e 1907.

Portugal não participou formalmente da Segunda Guerra Mundial (1939-1945); portanto, Macau tornou-se um dos únicos locais do Sudeste Asiático a permanecer neutro frente ao conflito mundial. Por esta razão, um grande número de refugiados chineses, fugindo à ocupação japonesa, foram abrigar-se provisoriamente em Macau, fazendo duplicar a sua população durante aquele período. Esta afluência de refugiados causou muitos problemas, principalmente os relativos à sobrepopulação e à falta de bens alimentares.

Brasão de Armas de Macau
sob domínio português.

O Japão respeitou a neutralidade de Portugal e por isso também a de Macau. Mas, mesmo não ocupando Macau, os temidos japoneses exerceram uma enorme influência no Governo de Macau, ameaçando-o muitas vezes. Como por exemplo, em 1941, as ilhas de Lapa, Dom João e Montanha, ocupadas oficialmente pelos portugueses em 1938, foram abandonadas devido a uma ameaça emitida pelo Exército Japonês. Consequentemente, os japoneses ocuparam-nas, mas com o terminar da Segunda Guerra Mundial, em 1945, elas foram restituídas à China, devido à incapacidade dos portugueses em reocupá-las.

Em 1949, deu-se a fundação da República Popular da China (RPC), de caráter comunista e anticolonialista. Esta nova república declarou o "Tratado de Amizade e Comércio Sino-Português" como um dos muitos tratados desiguais impostos pelas potências europeias à China e por isso foi declarado inválido. Mas, o novo regime não esteve ainda disposto a tratar desta questão histórica dos tratados desiguais, por isso o statu quo de Macau foi provisoriamente mantido.

No dia 3 de Dezembro de 1966 ocorreu em Macau um célebre motim popular levantado por chineses pró-comunistas descontentes e fortemente influenciados pela Revolução Cultural de Mao Tse-tung. Este acontecimento é vulgarmente chamado de Motim 1-2-3. Neste dia de protestos, houve 11 mortos e cerca de 200 feridos e foi necessário a mobilização de soldados para controlar a situação. O motim gerou terror e uma grande tensão em Macau, sendo o assunto encerrado apenas em 29 de Janeiro de 1967, com um humilhante pedido de desculpas do Governo de Macau à comunidade chinesa local. Este motim fez também com que Portugal renunciasse a sua ocupação perpétua sobre Macau e reconhecesse o poder e o controlo de fato dos chineses sobre Macau, marcando o princípio do fim do período colonial desta cidade.

Cerimónia da Transferência de Soberania de Macau para a República Popular da China, que decorreu no início da madrugada de 20 de Dezembro de 1999. Nesta foto, a Bandeira da República Portuguesa e do Leal Senado foram recolhidas (na direita da fotografia) enquanto que a Bandeira da República Popular da China e da Região Administrativa Especial de Macau foram hasteadas (na esquerda da foto).


Com o regime democrático instaurado em Portugal pela Revolução dos Cravos, em 1974, Portugal iniciou conversações com os movimentos de libertação das colónias portuguesas. Essas negociações conduziram ao Acordo do Alvor. Nasciam assim, em 1975, os novos países africanos de língua oficial portuguesa (PALOP): Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe. A China rejeitou a transferência imediata da soberania de Macau, tendo apelado para o estabelecimento de negociações que permitissem uma transferência harmoniosa.

Com o decorrer das negociações, o estatuto de Macau redefiniu-se para território chinês sob administração portuguesa e a transferência de soberania de Macau para a República Popular da China foi agendada para a data de 20 de Dezembro de 1999, através da Declaração Conjunta Sino-Portuguesa sobre a Questão de Macau. Este documento bilateral e internacional, assinado no dia 13 de Abril de 1987, estabelecia ainda uma série de compromissos e garantias feitas entre Portugal e a China que permitiam a Macau um considerável grau de autonomia e a conservação das suas especificidades, incluindo o seu modo de vida e o seu sistema económico de caráter capitalista, até 2049.

Século XXI

Após a transferência, o novo Governo da Região Administrativa Especial de Macau, encabeçada e dirigida por Edmund Ho Hau-wah, combateu ferozmente e com êxito contra o crime organizado pelas tríades, com o precioso apoio do Governo Central da República Popular da China. Macau foi remilitarizada, através da colocação de uma guarnição de tropas chinesas. Estas tropas, além de servir para afirmar a soberania chinesa, foram encaradas como uma mais-valia, um apoio ao combate à criminalidade.

Em 2001-2002, deu-se uma liberalização parcial do setor do jogo, devido ao fim do prazo da concessão do monopólio deste setor económico de tão grande importância à companhia de casinos de Stanley Ho. Esta liberalização, aliado ao relaxamento das restrições de viagem aos residentes da China Continental pelo Governo Central e consequentemente ao desenvolvimento do turismo de Macau, causou um grande e acelerado crescimento económico jamais visto em Macau.

Bandeira da Região Administrativa
Especial de Macau, o novo estatuto
que Macau teve após a transferência de soberania.

Mas, por detrás deste crescimento, criaram-se graves e alarmantes problemas sociais, como por exemplo o problema da inflação galopante, da mão-de-obra ilegal ou do excesso da importação (legal) de mão-de-obra barata e o alargamento do fosso entre os ricos e os pobres (em 2006, o coeficiente de Gini de Macau subiu para 0,48, sendo por isso a sua desigualdade da distribuição de renda mais acentuada do que, como por exemplo, na Singapura, na Coreia do Sul ou até na China Continental).

Estes problemas, juntamente com a denúncia em 2006 de escandalosos casos de corrupção envolvendo o então Secretário das Obras Públicas Ao Man Long e a falta de transparência do Governo da RAEM, fizeram com que ocorressem em Macau vários protestos, principalmente em 2007. Os protestos mais recentes foram a 1 de Maio de 2007 (Dia do Trabalhador) e a 20 de Dezembro de 2007, quando Macau celebrou os oito anos de aniversário do estabelecimento da RAEM. Neste último protesto, cerca de 1500 a 3500 pessoas saíram às ruas para lutarem por um sistema político mais democrático e com maior transparência, exigindo ao Governo a implementação total do sufrágio universal direto nas eleições para a Assembleia Legislativa de Macau e para o Chefe do Executivo de Macau. Lutavam também por uma maior independência das receitas do jogo e a introdução de medidas para a diminuição do fosso entre ricos e pobres.

Geografia

Macau localiza-se a 22° 10' Norte (latitude) e 113° 33' Leste (longitude), mas as coordenadas 113º 55' Leste e 21º 11' Norte (a localização exata do Farol da Guia) também são aceites como sendo as coordenadas geográficas oficiais da localização da RAEM.

Esta região administrativa especial está situada na costa meridional da República Popular da China, a oeste da foz do Rio das Pérolas, na ligação entre o Interior da China e o Mar do Sul da China, a sul do Trópico de Câncer, a 145 quilómetros de Cantão (que se situa aproximadamente a norte de Macau) e a 60 quilómetros de Hong Kong, que se encontra no outro vértice da foz do Rio das Pérolas (isto é, situa-se aproximadamente a este de Macau). Macau faz fronteira com a Zona Económica Especial de Zhuhai a norte e a oeste, logo é adjacente à província de Guangdong. Outras principais cidades próximas de Macau incluem a Zona Económica Especial de Shenzhen.

Localização de Macau no Delta do Rio
das Pérolas (Pearl River) e em relação
a Hong Kong e a Cantão (que se situa
na prefeitura de Guangzhou e na província de Guangdong).

A Região Administrativa Especial de Macau é constituída pela Península de Macau, pelas ilhas da Taipa e de Coloane e pelo istmo de Cotai. A área total é de 28,6 km², sendo a península de 9,3 km². É na Península de Macau que se concentra a principal actividade, sendo lá que se encontram os principais organismos político-administrativos, a maior parte da indústria, os principais serviços e equipamento cultural.

Possui um relevo não muito acidentado, mas também possui elevações: Alto de Coloane (170,6 m), a Colina da Guia, Colina de Mong Há, Colina da Penha e Colina da Ilha Verde.

A área total de Macau continua a aumentar visto que o Governo da RAEM está continuamente a fazer mais aterros, "reclamando" terrenos à foz do Rio das Pérolas, para "ganhar" mais espaços de construção.

Clima

Climaticamente, Macau está na área das monções e o seu clima é considerado subtropical húmido, sendo considerado temperado e chuvoso no Verão, a estação de ano mais longa de Macau. Nesta estação de ano, isto é, entre Maio e Outubro, são frequentes as chuvas intensas, as trovoadas e os tufões (as tempestades tropicais), bem como os elevados valores da precipitação e da temperatura. Quando está hasteado o sinal nº 8 do Código local de Tempestades Tropicais, são interrompidas as ligações marítimas e aéreas com o exterior. A última vez que tal ocorreu foi a 19 de Abril de 2008, na passagem do tufão Neoguri (cão-guaxinim, em coreano) a ciclone tropical e sua aproximação de Macau.

A época mais agradável do ano é o Outono, que começa em Outubro, altura em que o Interior da China começa a arrefecer. Nesta época, o clima é quase sempre ameno e o céu limpo. No mês de Dezembro as massas de ar frio vindas do Interior da China (norte de Macau) atingem Macau, arrefecendo a sua temperatura.

Vista da Colina Penha em Macau.

Em Janeiro e Fevereiro (meses do Inverno), Macau é atingida por mais vagas de ventos frios e secos do Norte da Sibéria vindos do Centro e do Sul da China, arrefecendo ainda mais a sua temperatura, podendo esta descer abaixo dos 10°C. É geralmente nesta época invernal, que se registam os valores mais baixos do ano para a temperatura, a humidade relativa e a precipitação.

Nos meses de Março e Abril (período da Primavera), o vento sopra de Leste para Sudoeste, fazendo assim aumentar a temperatura e a humidade. Nesta época do ano, são relativamente frequentes os dias húmidos com chuviscos e com pouca visibilidade.

As variações atmosféricas de Macau, que são relativamente grandes entre o Verão e o Inverno, são principalmente causadas pelas monções. Em 2006, os valores absolutos da temperatura máxima (no Verão) e mínima (no Inverno) do ar foram de 36,0 °C e de 6,5 °C, respectivamente, sendo a temperatura média anual aproximadamente de 22 °C. A média da humidade relativa foi de 79,0% e o vento soprou predominantemente do Norte.

Demografia

Desenvolvimento populacional
em Macau
(Est. desde 2003)
Ano População (aprox.) % ±
2003 446.700 1,40
2004 462.600 3,57
2005 484.300 4,68
2006 513.400 6,02
2007 538.000 4,7

Em 2007, a população de Macau contava com cerca de 538 mil habitantes e é a cidade com maior densidade populacional (18.811 habitantes por km²) do mundo.

Em 2006, cerca de 93,9% da população era de nacionalidade chinesa, sendo a maioria dos restantes (6,1%) de nacionalidade portuguesa (1,7%) e de nacionalidade filipina (2%). Relativamente à origem da população residente, em 2006, cerca de 94,3% tem uma ascendência somente chinesa e 5,7% de outras ascendências. Nesta última categoria, incluem-se os residentes com uma ascendência chinesa e portuguesa (0,8%); com uma ascendência chinesa, portuguesa e outra (0,1%); com uma ascendência portuguesa (0,6%); e com uma ascendência portuguesa e outra (0,1%).

Atualmente, o crescimento populacional, nomeadamente da população ativa (que contava em Novembro de 2007 com mais de 320 mil pessoas) ou mão-de-obra, registado em Macau é sustentado principalmente pela imigração de pessoas oriundas da China Continental, das Filipinas e de outras partes do mundo, visto que a sua taxa de natalidade é uma das mais baixas do mundo, tendo sido somente registado em 2007 uma taxa de 8,57 ‰. Mas, por outro lado, Macau é um dos lugares com maior esperança de vida à nascença (em média, com cerca de 82,27 anos de idade, em 2007) e com o menor índice de mortalidade infantil (com aproximadamente 4,33 mortes por 1000 nascimentos). Mais concretamente, em 2007, nasceram em Macau cerca de 4500 crianças e morreram cerca de 1500 pessoas.

Muitas placas e estabelecimentos
fazem uso de nomes em Chinês e Português.

Em Novembro de 2007, registaram-se em Macau cerca de 85 mil trabalhadores não residentes (TNR), sendo este elevado número devido ao rápido crescimento económico, que consequentemente originou o aparecimento em massa de postos de emprego, que por sua vez contribuiu para a falta de trabalhadores locais e, em geral, também de mão-de-obra, quer qualificada quer não qualificada. A maioria da população ativa trabalha no setor dos jogos, do turismo e da hotelaria. Somente 2,9% da população ativa é desempregada.

As línguas oficiais são o português e o cantonês. O último é dominado, em 2006, por cerca de 91,9% da população e falado correntemente por cerca de 85,7% da população, tornando-o a língua, ou mais precisamente o dialeto chinês, mais falado de Macau. O português é só dominado por cerca de 2,4% da população e falado correntemente por cerca de 0,6% da população.

Os portugueses, ex-administradores de Macau, sempre foram uma minoria étnica nesta região. Mas, mesmo assim, eles deixaram em Macau uma das suas mais importantes e duradouras heranças, os macaenses ou "filhos da terra", que são pessoas que têm uma ascendência (antepassados) portuguesa e chinesa (e também outras de origem asiática, como por exemplo, malaia, indiana, cingalesa) que nasceram e/ou moram ou moraram em Macau. Uma minoria deles ainda sabem falar o patuá macaense, um crioulo de base portuguesa em via de extinção.

Religião

Porta principal do Templo de A-Má,
um famoso templo chinês.

Macau, como um ponto de encontro e de intercâmbio entre o Ocidente e o Oriente, é dotada de uma grande diversidade de religiões, como o Budismo, o Confucionismo, o Taoísmo, o Catolicismo, o Protestantismo, o Islamismo e a Fé Bahá'í, que se coexistem harmoniosamente.

Porém a esmagadora maioria da população de Macau é adepta ao Budismo. Mas, muitos deles, considerando esta religião como uma concepção genérica, incorporam nela vários elementos e valores do confucionismo, do taoísmo, da mitologia chinesa e de outros costumes, crenças e práticas tradicionais chinesas, sendo uma destas práticas os cultos ancestrais. Todo este conjunto religioso sincretizado e adoptado pelos chineses é chamado vulgarmente por religiões populares chinesas ou crenças populares chinesas ou ainda por crenças tradicionais chinesas.
Ruínas de São Paulo, a fachada do que era
originalmente da Catedral de São Paulo,
construída em 1602.
Existe também em Macau uma comunidade considerável de cristãos, sendo a sua maioria membros da Igreja Católica, que está hierarquicamente organizada e estruturada em Macau na Diocese de Macau. Esta diocese foi criada em 1576 e está atualmente na dependência imediata da Santa Sé, abrangendo somente o território da RAEM. Atualmente, Macau conta com cerca de 18 mil a 27,5 mil católicos. Desde 2003, o Bispo desta diocese é D. José Lai Hung-seng, um natural de Macau.

Além da presença da Igreja Católica, existe também em Macau uma comunidade de protestantes, que contava, em 2006, com cerca de 6 mil protestantes e com cerca de 70 templos. A chegada do Protestantismo a Macau remonta ao século XIX, com a chegada, em 1807, do missionário protestante Robert Morrison.

Os residentes de Macau são dotados de uma considerável tolerância religiosa. De acordo com o artigo 34.º da Lei Básica da Região Administrativa Especial de Macau, "os residentes de Macau gozam da liberdade de crença religiosa e da liberdade de pregar, de promover atividades religiosas em público e de nelas participar". E, de acordo com o seu artigo 128.º, "o Governo da RAEM não interfere nos assuntos internos das organizações religiosas…" e "…não impõe restrições às atividades religiosas que não contrariem as leis da Região Administrativa Especial de Macau". Em Macau, todas as confissões religiosas são iguais perante a lei e, de acordo com a Lei n.º 5/98/M, as relações entre o seu Governo e as confissões religiosas assentam-se "nos princípios da separação e da neutralidade".

Criminalidade e segurança pública

Durante várias décadas, a criminalidade violenta era um risco sério para o turismo, pois a cidade não conseguia controlar o crime organizado.

Os grupos de crime organizado, designados localmente de "Tríades" ou "Seitas", são transformações de organizações político-revolucionárias, que existiam desde a altura da Dinastia Qing. Com o tempo, essas mesmas organizações foram perdendo a sua identidade e hoje em dia são mais conhecidas como sociedades secretas ou, em chinês, "Hák Sé Wui". Entre eles, os mais conhecidos são os "14 Kilates" (Sap Sei Kei) e a "Gasosa" (Soi Fong).

A sua fonte de receitas são: comissões para não destabilizarem a atividade dos casinos, lojas ou outras atividades comerciais, empréstimos a altíssimas comissões principalmente a jogadores dos cassinos, "proteção" aos comerciantes que lhes pagam, droga e lavagem de dinheiro.

Na década de 1990 deram-se bastantes assassinatos por ajuste de contas entre tríades, que não atingiram ou interferiram na vida da população normal e inocente.

Em Maio de 1998, Wan Kuok-koi, o famoso e temido líder da poderosa tríade "14 Kilates", foi detido. Em Outubro de 1999, começou o seu histórico julgamento e em Novembro, um mês antes da transferência de soberania, foi condenado a 15 anos de prisão e ao confisco de todas as suas possessões ilegais.

Após a transferência de soberania, o novo Governo da Região Administrativa Especial de Macau, apoiado pelo Governo Central da República Popular da China, combateu com êxito o crime organizado. Uma guarnição do Exército de Libertação Popular foi colocada em Macau e foi encarada como uma mais-valia, um apoio ao combate à criminalidade. O número de crimes reduziu-se de forma considerável, principalmente a criminalidade violenta que desceu 70% no ano 2000 e outros 45% no ano 2001. Macau tornou-se muito mais seguro e isto trouxe de novo confiança aos turistas. Esta evolução foi também propiciada pela reanimação da economia de Macau. Apesar da diminuição do número de crimes organizados, isto não quer dizer necessariamente que as poderosas e temidas tríades deixaram de existir e de ter influência na sociedade.

Mas, em 2006, a criminalidade, principalmente a não-organizada, voltou a aumentar de novo, registando-se mais crimes contra a vida em sociedade, embora menos crimes violentos.

Política e Administração

Palácio do Governador.

Antes de 1999, o Governador de Macau trabalhava lá dentro e era o centro político mais importante do Território. Depois de 1999, continuou a ser a sede oficial da RAEM, mas o Chefe do Executivo já não trabalha lá dentro e consequentemente a sua importância diminuiu bastante. Atualmente serve somente como um local de recepção de diplomatas e figuras importantes.

O atual estatuto de Macau (Região Administrativa Especial) está definido na Declaração Conjunta Sino-Portuguesa sobre a Questão de Macau e na Lei Básica da Região Administrativa Especial de Macau. A Declaração Conjunta e a Lei Básica especificam que Macau goza de uma elevada autonomia e que o seu sistema económico-financeiro, social, fiscal, de segurança e de controlo da imigração e das fronteiras, bem como a maneira de viver, os direitos e as liberdades dos seus cidadãos (como por exemplo as liberdades de expressão, de imprensa, de edição, de livre saída e regresso de Macau, de associação, de reunião, de desfile e de manifestação, de religião, de organização e participação em greves e em associações, etc.) e, em suma, as suas especificidades, irão manter-se preservadas e inalteráveis, pelo menos, até 2049, 50 anos após a transferência de soberania. Como um exemplo da sua autonomia, esta região administrativa especial pode, por si própria, estabelecer relações, celebrações e acordos com países e regiões ou organizações internacionais com a designação de "Macau, China". Com esta designação, Macau pode também participar, por si própria, nas organizações e conferências internacionais não limitadas aos Estados e em eventos desportivos, como por exemplo..

Segundo os princípios de "um país, dois sistemas", de "Administração de Macau pela Gente de Macau" e de "Alto Grau de Autonomia", Macau possuiu uma grande autonomia em todos os aspectos e assuntos relacionados com a RAEM, excetuando em assuntos relacionados com a defesa e os negócios estrangeiros (política externa) sendo que, nesta última esfera Macau goza ainda assim de alguma autonomia. Esta pequena região mantém a sua própria moeda (pataca), o seu próprio sistema de controlo de imigração e de fronteiras e a sua própria polícia.

O poder é exercido por oficiais e administradores naturais de Macau, e não por pessoas e oficiais de República Popular da China. O poder está dividido, tal como na maioria dos sistemas políticos, em 3 partes distintas: o executivo, o legislativo e o judicial. Relativamente ao poder judicial, Macau goza do poder de julgamento em última instância, de acordo com as disposições da Lei Básica.

Chefe do Executivo e o seu Governo

Edmund Ho Hau-wah.

O cargo do Chefe do Executivo de Macau é sempre ocupado por um cidadão chinês residente proeminente de Macau. Ele é o Chefe do Governo da RAEM, que é o órgão executivo de Macau e composto por 5 Secretarias e 2 Comissariados. Ele é aconselhado pelo Conselho Executivo, composto por 7 a 11 conselheiros. O primeiro Chefe do Executivo foi Edmund Ho Hau-wah. Desde 2009, este cargo passou a ser ocupado por Fernando Chui Sai On.

Este cargo político de grande importância é eleito por sufrágio indireto, mais concretamente selecionado por uma "Comissão Eleitoral" composta por 300 membros nomeados por associações ou organizações representativas dos interesses dos vários setores da sociedade de Macau devidamente registadas e regularmente recenseadas, pelos deputados à Assembleia Legislativa de Macau, pelos deputados de Macau à Assembleia Popular Nacional e pelos representantes dos membros de Macau no Comité Nacional da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês. Após a seleção, o Chefe do Executivo ainda tem que ser aceite e oficialmente nomeado pelo Governo Popular Central da RPC.

Assembleia Legislativa

Assembleia Legislativa de Macau.

O órgão legislativo da RAEM é a Assembleia Legislativa (AL), composta por 29 membros eleitos ou nomeados de diferentes formas: doze são eleitos por sufrágio direto; dez são eleitos por sufrágio indireto; e sete são nomeados pelo Chefe do Executivo. A AL é responsável de fazer as leis e tem o poder, nos termos legais, de acusar, questionar e apresentar uma moção de censura contra o Chefe do Executivo, ou comunicar a moção diretamente ao Governo Popular Central da RP da China para que este decida. Ela também tem o poder de emendar o método de eleição do Chefe do Executivo e da própria AL em 2009.

Eleições legislativas

Em cada quatro anos, realizam-se em Macau as eleições legislativas. O sufrágio direto está reservado a todos os cidadãos de Macau com residência permanente e com uma idade superior a 18 anos. O sufrágio indireto é apenas reservado para as organizações ou associações locais representativas dos interesses dos vários setores da sociedade que adquiriram personalidade jurídica há, pelo menos, sete anos, e que foram oficialmente registadas e regularmente recenseadas.

As eleições legislativas de 2005, a segunda vez a realizar este tipo de eleições na RAEM (a primeira vez foi no ano de 2001), foram muito participativas, com 128 830 cidadãos de Macau (cerca de 58% do total de eleitores inscritos) a votarem. As Eleições legislativas em Macau em 2009 também foram igualmente muito participativas, com 149 006 cidadãos (59.91% do total dos eleitores inscritos) a votarem.

Sistema jurídico e judicial

Segundo a Lei Básica da RAEM, a Região possui um elevado grau de autonomia na gestão dos seus assuntos. O sistema judicial de Macau é autónomo e independente quer do Governo local quer do Governo Popular Central da República Popular da China, e goza inclusivamente o poder de julgamento em última instância.

Os órgãos judiciários da RAEM são o Ministério Público; os Tribunais de Primeira Instância, que são subdivididos em Tribunal Judicial de Base e em Tribunal Administrativo; o Tribunal de Segunda Instância; e o Tribunal de Última Instância.

O sistema jurídico de Macau é baseado essencialmente no modelo do direito português, e dessa forma faz parte da família dos sistemas jurídicos de raiz continental (romano-germânico). De 1987 a 1999, este sistema jurídico foi completamente modernizado tendo em vista a transferência de soberania de Macau para a República Popular da China. Assim, foram aprovados uma série de novas leis e códigos, incluindo o Código Penal (1995), o Código Civil (1999), o Código Comercial (1999), o Código de Processo Penal (1996) e o Código de Processo Civil (1999). Após a transição, continuaram-se a efetuar grandes reformas no sistema jurídico, como por exemplo o uso da língua chinesa nos tribunais e nas legislações.

Apesar de, desde do estabelecimento da RAEM, este sistema sofrer várias alterações, aperfeiçoamentos e adaptações para corresponder à Lei Básica da RAEM e ao novo estatuto de Macau como região administrativa especial, ele continua a ser essencialmente mantido durante pelo menos 50 anos, a contar desde da transferência de soberania (1999), em harmonia com o princípio de um país, dois sistemas. Por esta razão, toda a legislação existente antes de 1999 foi mantida, exceto uma pequena parte que contrariava a Lei Básica.

Do ponto de vista constitucional, o sistema jurídico de Macau caracteriza-se pela existência de um texto com força constitucional na ordem jurídica interna da RAEM, a Lei Básica da Região Administrativa Especial de Macau, promulgada pela Assembleia Popular Nacional da República Popular da China no ano de 1993. Em regra, as leis nacionais da República Popular da China não têm aplicação na RAEM, excepto aquelas que são expressamente indicadas no Anexo III da Lei Básica. Atualmente, elas são 11 e tratam de assuntos não compreendidos no âmbito da autonomia da RAEM, tais como a defesa nacional e as relações externas.

O setor do jogo, sendo uma atividade económica fundamental para Macau, é objeto de regulamentação bastante desenvolvida, tendo por isso um bom e desenvolvido direito do jogo. Em Macau não há pena de morte nem prisão perpétua, visto que elas não estão previstas no Código Penal de Macau.

Cidades-irmãs de Macau

Segue-se uma lista das cidades-irmãs de Macau:

* Portugal Lisboa (Portugal)
* Portugal Porto (Portugal)
* Portugal Coimbra (Portugal)
* Brasil São Paulo (Brasil)
* Suécia Linköping (Suécia)
* Cabo Verde Praia, (Cabo Verde)
* Angola Luanda, (Angola) - Convenção de Amizade com esta cidade
* Bélgica Bruxelas (Bélgica) - Convenção de Amizade com esta cidade
* Vietname Danang (Vietname) - Convenção de Amizade com esta cidade

Macau estabeleceu laços a vários níveis (cultural, económico, político, etc.) com estas cidades-irmãs.

Divisão administrativa

Mapa das divisões administrativas de Macau.
Durante o período de administração portuguesa, Macau esteve dividido em 2 municípios ou concelhos (Concelho de Macau e o Concelho das Ilhas) e em sete freguesias. Estes concelhos eram administrados por uma câmara municipal e supervisionados por uma assembleia municipal.

Após a transferência de soberania, o novo Governo da RAEM aboliu os municípios e os seus órgãos municipais, criando provisoriamente o Município de Macau Provisório, o Município das Ilhas Provisório, a Câmara Municipal de Macau Provisória, a Câmara Municipal das Ilhas Provisória, a Assembleia Municipal de Macau Provisória e a Assembleia Municipal das Ilhas Provisória.

Em Dezembro de 2001, estes municípios e órgãos provisórios foram abolidos, dando definitivamente lugar ao Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM), que está subordinado à Secretaria da Administração e Justiça. As freguesias de Macau foram mantidas e passaram a ser reconhecidas pelo Governo como umas meras divisões regionais e simbólicas de Macau, não dispondo de quaisquer poderes administrativos. Elas são sete:

* Freguesia da Sé;
* Freguesia de Nossa Senhora de Fátima;
* Freguesia de Nossa Senhora do Carmo (Taipa);
* Freguesia de Santo António;
* Freguesia de São Lázaro;
* Freguesia de São Lourenço;
* Freguesia de São Francisco Xavier (Coloane).

Economia

Vista da Torre de Macau à noite,
uma torre de comunicação e entretenimento
que tem vários restaurantes, teatros,
shoppings e uma variedade de atividades de aventura.

Macau é uma pequena economia de mercado, extremamente aberta e liberal, com livre circulação de capitais, resultante da sua longa história como porto franco. A moeda oficial usada em Macau é a pataca e encontra-se indexada ao dólar de Hong Kong. Macau faz parte da Organização Mundial do Comércio.

A economia de Macau é em grande parte baseada no setor terciário, nomeadamente no jogo de fortuna e azar e no turismo. Outras atividades importantes são a indústria têxtil e a produção de fogo-de-artifício, brinquedos, produtos eletrónicos e flores artificiais, as transações bancárias e a construção civil.

O PIB de Macau, em 2007, era de 19,1 mil milhões de dólares americanos. O PIB per capita, no ano de 2007, era de 36.357 dólares americanos. Em 2006, a economia do território assistiu a uma inflação de 5,2% e em 2007 a uma inflação de 5,57%. Porém, um economista destacado de Macau defendeu que os valores reais da inflação estão muito acima dos 5,57%, possivelmente ultrapassando até o valor de 7,5%.

O Governo da RAEM sempre conseguiu equilibrar as suas finanças, por isso, em 2006, os seus saldos acumulados ascenderam a mais de 50 mil milhões de patacas.

Casinos estão por toda parte
em Macau. Na foto, o Grand Lisboa.

Mas, este equilíbrio fiscal é atualmente muito dependente dos impostos recolhidos no setor do jogo, que sofreu uma liberalização parcial, que só foi possível quando o prazo da concessão do monopólio da companhia de casinos de Stanley Ho (a STDM) no sector do jogo expirou no dia 31 de Dezembro de 2001.

Na RAEM, a atividade neste setor vital para a economia de Macau assenta em concessões de direito administrativo, sendo que, atualmente e após a liberalização, existem três concessionárias e três subconcessionárias de jogos de fortuna e azar. Devido ao seu grande número de casinos, Macau é chamada de Las Vegas do Oriente.

Em 2005 as somas envolvidas no jogo em Macau equivaleram pela primeira vez às de Las Vegas (cada uma cerca de 5,6 mil milhões de dólares americanos), tornando Macau no principal centro mundial da indústria do jogo. Em 2007, as receitas brutas do setor do Jogo de Macau foram contabilizadas aproximadamente nos 83,8 mil milhões de patacas, isto é, cerca de 10,5 mil milhões de dólares americanos.

Em 2007, Macau possuía uma balança comercial negativa (importações mais do que exportações) de aproximadamente -2,805 mil milhões de dólares americanos.

Em 2007, houve mais de 27 milhões de turistas que escolheram Macau como destino de viagem, sendo que 55,08% eram oriundos da China Continental. Este crescimento deve-se principalmente à diminuição de restrições de viagem pelo Governo Central Chinês. Após a diminuição gradual destas restrições, os chineses passaram a poder obter vistos individuais de viagem, podendo viajar livremente para outros países e regiões, principalmente para Macau e Hong Kong, ajudando a desenvolver grandemente o setor do turismo de Macau.

No mês de Outubro de 2010, as receitas brutas provenientes da área do Jogo atingiram um valor recorde de 19 mil milhões de patacas (cerca de 2,375 mil milhões de USD ou 1,706 mil milhões de Euros). Este valor relativo apenas ao mês de Outubro supera as 13 mil milhões de patacas referentes ao ano todo de 1999, último ano em que Macau esteve sob administração portuguesa.


Infraestrutura

Saúde

Hospital Kiang Wu.

Segundo as estatísticas governamentais, em 2007, Macau contava com 1226 médicos (em média cerca de 2,3 médicos por cada 1000 habitantes), 1335 enfermeiros (em média cerca de 2,5 enfermeiros por cada 1000 habitantes) e 1014 camas hospitalares disponíveis ao internamento (em média cerca de 1,9 camas por cada 1000 habitantes). Enquanto que a média para o número de médicos e enfermeiros per capita está acima da média global (apesar de ainda estar longe da média europeia), a média do número de camas de internamento per capita está muito abaixo da média global, que é cerca de 3 camas por cada 1000 habitantes.

Em 2005, o Governo da RAEM gastou 1,56 mil milhões de patacas, tendo registado um aumento de 20% em relação ao ano anterior. Mas, mesmo com todo este investimento, o sistema de saúde pública de Macau, para além da falta de camas de internamento hospitalar, defronta ainda vários problemas, como por exemplo a lentidão ou morosidade de atendimento dos doentes e ainda a falta de pessoal especializado em certos serviços e áreas específicas da Medicina.

O Governo tutela e oferece à população vários tipos de serviços de saúde, destacando-se os cuidados de saúde primários e básicos, que são atualmente disponibilizados por 7 centros de saúde e 2 estações de saúde pública espalhados pela RAEM, e os cuidados de saúde diferenciados e especializados, que são principalmente disponibilizados pelo Centro Hospitalar Conde de São Januário. Este centro hospitalar, fundado em 1874, é atualmente o único hospital público desta região e, em 2005, era composta por 230 médicos, 532 enfermeiros e 544 camas, sendo 476 pertencentes ao Serviço de Internamento.

Além do Governo, existem também muitas entidades privadas, como por exemplo o Hospital Kiang Wu, o Dispensário dos Operários, a Clínica da Associação de Beneficência Tung Sin Tong e tantas outras clínicas privadas, que prestam serviços de saúde. Várias destas entidades recebem apoio financeiro de associações locais e do Governo, como por exemplo o Hospital Kiang Wu. Este hospital privado foi fundado pelos chineses em 1871 e, em 2005, era composta por 237 médicos, 356 enfermeiros, 195 técnicos e 445 trabalhadores com outras funções. O Hospital Kiang Wu dispõe também de um Centro Médico na Taipa, construído em Outubro de 2005, para servir principalmente os moradores da Taipa.

Em Macau e no ano de 2005, as principais causas de morte foram as doenças do sistema circulatório (32,1%), os tumores (28,2%) e as doenças do sistema respiratório (16,5%).

Assistência social

Em 2005, as despesas do Governo da RAEM nos serviços sociais foram mais de 401 milhões de patacas, tendo registado um aumento de 38,88% em relação ao ano anterior. No mesmo ano, o Governo da RAEM, pretendendo dar uma ajuda especial às famílias monoparentais, aos deficientes e aos doentes crónicos, canalizou mais de 20 milhões de patacas para ajudá-los e, com a intenção de ajudar os residentes com mais de 65 anos de idade, criou um Subsídio para Idosos, que concede anualmente 1200 patacas a este grupo etário. Este subsídio anual, mesmo criticado por muitas pessoas de Macau por conceder anualmente pouco dinheiro aos idosos, custou ao Governo cerca de 40 milhões de patacas só no ano de 2005.

Fundo de Segurança Social

O Governo de Macau, em 1989, criou um regime contributivo de segurança social para proteger os trabalhadores. Este regime ficou sob a responsabilidade do Fundo de Segurança Social (FSS), estabelecido no dia 23 de Março de 1990. Esta Instituição, que está sob a alçada do Secretário para a Economia e Finanças, possui autonomia administrativa e financeira, sendo as suas receitas principais os lucros provenientes de investimentos privados e principalmente as contribuições dos empregadores, dos trabalhadores, do Governo (1% das suas receitas correntes) e do setor do jogo (uma determinada percentagem das suas receitas brutas).

O Fundo de Segurança Social concede aos trabalhadores contribuintes vários tipos de prestações, tais como a pensão de velhice, a pensão de invalidez, a pensão social, o subsídio de desemprego, o subsídio de doença, o subsídio de nascimento, o subsídio de casamento, o subsídio de funeral e créditos emergentes das relações de trabalho. Em 2005, conforme os diversos tipos de prestações, a FSS pagou cerca de 229 milhões de patacas.

De acordo com a lei, todos os empregadores têm a responsabilidade de inscrever e pagar as suas devidas contribuições, a fim de seus trabalhadores poderem gozar os benefícios oferecidos pela FSS. Os trabalhadores com pagamento voluntário de contribuições e os trabalhadores por conta própria têm um regime de contribuição diferente.

Em 2005, mais de 158 mil trabalhadores contribuintes eram empregados por conta de outrem (incluindo os trabalhadores eventuais e da Administração Pública), mais de 12 mil eram trabalhadores de pagamento voluntário de contribuições e mais de 10 mil eram trabalhadores por conta própria.

Transportes

Terminal Marítimo do Porto Exterior
é o único heliporto e o mais movimentado
porto de embarque e desembarque de
passageiros, operando lá carreiras regulares
de e para Hong Kong e Shenzhen.

A RAEM é coberta eficazmente por uma rede rodoviária, cuja extensão total atingiu os 368,2 quilómetros, no ano de 2004. Esta região chinesa tem também um sistema de transportes públicos relativamente eficiente, cobrindo grande parte da RAEM, apesar de ainda ter vários problemas relativamente graves e urgentes a serem resolvidos, como por exemplo a elevada saturação do sistema e a falta preocupante de condutores de autocarros, que, consequentemente, originou a diminuição do número de autocarros a circularem nesta região. Os dois meios predominantes de transporte público são os autocarros (ônibus) e os táxis.

Atualmente, os Transportes Urbanos de Macau S.A.R.L. (Transmac) e a Sociedade de Transportes Colectivos de Macau (STCM) são as duas únicas companhias que são autorizadas a explorar os serviços de autocarros na RAEM. Relativamente aos táxis, no final de 2005, existe somente cerca de 760 veículos deste tipo a circularem em Macau.

No final de 2005, havia em Macau mais de 78 mil ciclomotores e motociclos e mais de 68 mil automóveis ligeiros particulares em circulação e foram registadas mais de 17 mil novas viaturas (apresentando um aumento de 15% em relação a 2004). Relativamente ao estacionamento de viaturas, que é um grande problema que necessita ser resolvido. Existem, somente em Macau, no ano de 2005, 14 parques de estacionamento concessionados para o uso público, que têm uma capacidade total para 5928 veículos ligeiros, 250 mini-autocarros (micro-ônibus), 240 autocarros (ônibus) ou veículos pesados e 609 motociclos, e ainda cerca de 2931 parquímetros. Tudo isto contribui para o agravamento dos problemas relativamente urgentes relacionados com o trânsito em Macau.

Aeroporto Internacional de Macau.

A península encontra-se ligada à ilha da Taipa por três pontes (Ponte da Amizade, Ponte Governador Nobre de Carvalho e Ponte Sai Van). A ilha da Taipa e a ilha de Coloane encontram-se ligadas entre si pela "Estrada do Istmo", construída sobre o istmo de Cotai. Cotai encontra-se por sua vez ligada à ilha chinesa de Hengqin por uma ponte rodoviária (Ponte Flor de Lótus) e futuramente receberá uma ligação ferroviária.

Para estabelecer ligações com o exterior, a RAEM possui um aeroporto internacional, um heliporto e vários portos, que servem ou para o embarque e desembarque de passageiros (destacando-se o Terminal Marítimo do Porto Exterior, também chamado de Terminal Marítimo e Heliporto de Macau) ou para a carga e descarga de mercadorias e também de combustíveis. O transporte marítimo e de helicóptero contribuem de um modo importante para o estabelecimento de ligações frequentes com Hong Kong, Shenzhen, Zhuhai e outras cidades costeiras da Região do Delta do Rio das Pérolas. Macau também possui o projeto de construir o seu metropolitano, e assim aumentar a eficiência do seu transporte coletivo.

Educação

Universidade de Macau, localizado na Taipa.

Em 2006, a taxa de alfabetização da população residente com idade igual ou superior a 15 anos era somente de 93,5%, registando porém uma subida de cerca de 2,2% relativamente a 2001. Mas, este número deve-se ao fato de a taxa de alfabetização da população com idade superior ou igual a 65 anos se situar somente nos 60,1%. Relativamente à população com idades entre os 15 aos 19 anos, a sua taxa de alfabetização era de 99,7%, um número muito mais animador.

Mas, mesmo assim, os níveis de escolaridade da população de Macau são baixos em relação às outras regiões e países desenvolvidos e mais ricos. Em 2006, só cerca de 16,4% da população ativa concluiu o ensino superior, um fato bastante preocupante, dado que Macau, que está a experimentar atualmente um acelerado crescimento económico, necessita de muita mão-de-obra qualificada e especializada.

Em Macau, a escolaridade obrigatória é aplicada de uma forma obrigatória e universal a todos os menores entre os 5 e os 15 anos de idade. A escolaridade gratuita, que é mais abrangente, engloba o ensino infantil ou pré-escolar (de 3 anos e cujo acesso é permitido quando a criança complete 3 anos), o ensino primário (de 6 anos e cujo acesso é permitido quando a criança complete 6 anos), o ensino secundário geral (de 3 anos) e o ensino secundário complementar (de 3 anos).

Macau não tem um sistema de ensino próprio e universal, sendo por isso usado pelas escolas o sistema educativo britânico, chinês ou português. As línguas chinesa (o cantonense e o mandarim) e inglesa são dadas praticamente em todas as escolas locais. A língua portuguesa é deixada em segundo plano, muito mais depois do ano de transferência de soberania de Macau (1999), com excepção óbvia da Escola Portuguesa de Macau, que é atualmente a única escola de Macau a oferecer currículos semelhantes aos de Portugal e um ensino em língua portuguesa aos alunos do 1º ano ao 12º ano de escolaridade. Outras línguas estrangeiras, como o francês, também existem como opções.

No ano letivo de 2005/2006, existiam em Macau 86 escolas (13 são públicas ou oficiais, 60 são particulares de escolaridade gratuita e 13 são particulares de escolaridade não gratuita) que ministravam o ensino não superior, contando com mais de 92 mil alunos e de 4490 docentes.

E também no ano lectivo de 2004/2005, existiam em Macau 10 instituições de ensino superior, sendo 4 públicas e 6 particulares. Estas instituições, sendo a mais antiga a Universidade de Macau, contavam com cerca de 26 mil alunos matriculados e 1521 docentes e ofereciam juntos um total de 252 cursos de diploma, bacharelato, licenciatura, pós-graduação, mestrado e doutoramento..

Comunicações

Ao contrário de Hong Kong, a rede local de comunicações de Macau não se tornou numa rede em grande escala e ferozmente competitiva. Por esta razão, esta rede sofre uma forte competição de outras redes regionais próximas da RAEM, nomeadamente a de Hong Kong e a da China Continental, cujas redes são, na maioria dos casos, de maior qualidade do que a rede local. Por isso, muitos residentes de Macau escolhem também, muitas vezes em detrimento ou em complementariedade com a rede local, as dezenas de jornais e revistas publicadas e os vários canais e programas de rádio e da televisão emitidos em Hong Kong e na China Continental.

A Lei Básica e a Lei de Imprensa da RAEM protege e garante as liberdades de expressão, de edição e de imprensa a todas as pessoas de Macau, e o Governo da RAEM garante a total autonomia e liberdade dos meios de comunicação, principalmente os de comunicação social, de informar o público e o papel destes meios na vigilância às ações governamentais.

Televisão e Rádio

Relativamente à televisão (TV) e ao rádio, existe em Macau:

* uma estação de televisão: a Teledifusão de Macau, S.A. (TDM), que foi fundada em 1982 e que atualmente é o único meio responsável pela prestação do serviço público de radiodifusão sonora e televisiva nas línguas chinesa e portuguesa;
* duas estações de rádio: a Rádio Macau, que pertence à TDM, e a Rádio VilaVerde Lda, que é uma empresa privada;
* uma empresa responsável pela distribuição de serviços de televisão por cabo: a TV Cabo Macau, S.A.;
* três empresas que fornecem serviços de radiodifusão televisiva por satélite: a Cosmos Televisão por Satélite, a Companhia de Televisão por Satélite China (Grupo) S.A. e a Companhia de Televisão por Satélite MASTV, Limitada.

Imprensa

A Imprensa só apareceu em Macau durante o século XIX, mas foi a partir dos anos 1930 do século XX que os jornais de Macau começaram a desenvolver-se passo a passo.

Atualmente, publicam-se diariamente, com uma tiragem total superior a 100 mil exemplares, oito jornais (diários) de língua chinesa, sendo o mais antigo o "Tai Chung Pou" (fundado em Julho de 1933) e o mais novo o "San Wa Ou" (fundado em Dezembro de 1989). O maior jornal de Macau é o "Ou Mun Iat Pou", fundado em 15 de Agosto de 1958, e este exerce uma grande influência na Cidade, representando a maior parte da tiragem total diária. É possuído por uma empresa privada que mantém fortes laços e amizades com o Partido Comunista Chinês. O "Va Kio Pou", fundado em 20 de Novembro de 1937, é o segundo maior jornal chinês de Macau.

Entre os seis semanários de língua chinesa ainda existentes, o mais antigo é o "Assuntos Correntes", fundado em 1972. Todos eles, com exceção do "Semanário Desportivo de Macau", que divulga notícias relacionados com o Desporto, tratam de assuntos de interesse geral da população local.

Há cada vez mais pessoas que criticam a imprensa chinesa, por esta ser maioritariamente pró-China e pró-Governo e por esta muitas vezes praticar a chamada autocensura, ao evitar, sem ameaça direta de outrem, certos temas sensíveis, por temer represálias da China.

Atualmente, e relativamente à imprensa em língua portuguesa, existem em Macau 3 diários, 1 semanário e um suplemento em língua portuguesa lançado pelo diário chinês "Tai Chung Pou" no dia 10 de Setembro de 2007. Com exceçăo do semanário católico "O CLARIM", que foi fundado em 1948, grande parte dos jornais de língua portuguesa que atualmente ainda continuam a estar presentes em Macau foram fundados na década de 1980 do século XX.

Quanto à imprensa em língua inglesa, existem atualmente 2 diários publicados, sendo o primeiro, o "The Macau Post Daily", posto a circular em Agosto de 2004, e o segundo, o "Macau Daily Times", fundado em 2007.

Também publicam vários tipos de revistas em Macau, destacando-se, como por exemplo, a Revista MACAU.

Telefone

Estima-se que, em 2005, mais de 532 mil pessoas utilizavam os serviços de telecomunicações móveis oferecidos pelas três empresas atualmente a operar em Macau (a Hutchison - Telefone (Macau), Limitada; a SmarTone - Comunicações Móveis (Macau); e a Companhia de Telecomunicações de Macau), sendo por isso a taxa de popularização dos telefones móveis na fasquia dos 110%.

Atualmente, as redes de telecomunicações fixas e os serviços de telecomunicações com o exterior continuam a ser do exclusivo da Companhia de Telecomunicações de Macau (CTM), havendo em Macau mais de 174 mil linhas telefónicas fixas, em 2005. Outrora, a CTM, que foi fundado em 1981, detinha o monopólio de todo o setor das telecomunicações, privilégio este que acabou no ano 2000. Com o fim do monopólio, ela teve que competir, a partir de 2001, com dois novos operadores (a Hutchison - Telefone (Macau), Limitada; e a SmarTone - Comunicações Móveis (Macau)) no setor das telecomunicações móveis. Em 2002, estas 3 operadoras obtiveram a licença definitiva emitida pelo Governo da RAEM, com um prazo de oito anos.

O atual código telefónico de Macau é "853".

Internet

Em 1995, os serviços de Internet foram lançados em Macau e em 2000, o Serviço Internet de Banda Larga, lançado pela CTM, entrou finalmente em serviço. Em 2001, o Governo da RAEM começou a emitir licenças de serviços de Internet para vários operadores, tendo concedido até 2005 licenças definitivas a 17 companhias. Em 2002, o regulamento administrativo sobre a prestação destes serviços foi finalmente publicado.

Em 2005, mais de 88 mil pessoas eram utentes da Internet, ou seja, cerca de 18% da população total de Macau, sendo que cerca de 68 mil eram utilizadores registados da Banda Larga. O atual código de Internet de Macau é " .mo"..

Cultura

Macau é muitas vezes caracterizado como um ponto de encontro, de coexistência harmoniosa e de intercâmbio multicultural (principalmente entre a cultura chinesa e ocidental), e consequentemente, um sítio onde se convergem muitos valores, crenças religiosas, costumes, hábitos, tradições e estilos arquitetónicos. Esta característica única e própria de Macau constitui uma das suas especificidades mais importantes.

Os macaenses, uma das maiores heranças deixadas pela multissecular administração portuguesa de Macau, têm a sua própria cultura e maneira de viver, distinta quer da dos portugueses quer da dos chineses, bem como o seu próprio crioulo, o patuá macaense, que está atualmente em vias de extinção. Este crioulo é baseado no português e fortemente influenciado pelo cantonês, pelo malaio e por muitas outras línguas. Tudo isto é fruto do longo e histórico convívio, coexistência e intercâmbio entre as culturas ocidental e oriental.

Centro Cultural de Macau.

Este encontro harmonioso multicultural é revelado também, como por exemplo, no calendário dos feriados e das festividades de Macau, destacando-se como por exemplo o Ano Novo Lunar Chinês, o Dia do Buda, o Natal e a Páscoa.

O Governo da RAEM organiza muitos espectáculos, concertos e atividades e eventos recreativos e culturais, destacando-se o Concurso de Jovens Músicos de Macau (realizado no Verão), a Exposição de Artes Visuais, o Festival Internacional de Música (realizado em Outubro) e o Festival de Artes de Macau (realizado em Março).

Macau possui uma rede de bibliotecas públicas, pondo em disposição ao público mais de 541 mil volumes e 24 mil objetos multimédia; um arquivo histórico (o Arquivo Histórico de Macau), que tem como objectivo principal recolher, tratar, preservar e difundir documentos com valor histórico; muitos museus, destacando-se o Museu de Macau e o Museu Marítimo; e um centro cultural (o Centro Cultural de Macau), que tem aproximadamente uma área de 45 mil metros quadrados.

Culinária

A culinária de Macau também é uma mistura de culturas. Algumas das delícias da gastronomia da China, principalmente do Sul da China, são a sopa de barbatana de tubarão, a sopa de fitas e o famoso dim sum (点心, diǎnxīn em Mandarim), que é uma mistura riquíssima de pequenos pratos diferentes, servidos principalmente nos restaurantes onde existe o "Yam Tchá" (traduzido literalmente em português: beber chá).

Quando se fala sobre a culinária de Macau, é de destacar a culinária dos macaenses, considerada única no Mundo, que nasceu quando as esposas orientais dos portugueses tentavam fazer comidas portuguesas com os ingredientes locais (principalmente os de origem chinesa), mas também com vários ingredientes oriundos de lugares (como por exemplo Malaca, Índia e Moçambique) visitados pelos portugueses na altura dos Descobrimentos. Evidentemente, as tradições culinárias destas esposas influíram nestas comidas, originando a culinária macaense, considerada por muitos como uma genuína gastronomia de fusão. Lacassá de talharins e porco afumado, "Min Chi" (carne picada), "Tacho" (ensopado de carne e legumes), arroz gordo, cabidela de pato, camarões grandes recheados, inhame chau-chau com lap-yôck, galinha assada, caldo de raiz de lótus e caril de galinha são algumas das comidas macaenses populares.

Património Mundial da Humanidade

Ruínas de São Paulo.

A proteção, valorização e preservação do património histórico, arquitetónico e cultural de Macau é uma prioridade importante do Governo da RAEM, sendo este património uma atração turística de grande importância para Macau.

Dezenas de edifícios e lugares históricos, como por exemplo as famosas Ruínas de São Paulo e o Templo de A-Má, foram inclusivamente reconhecidos como fazendo parte da História mundial, visto que ilustram bem um dos primeiros e mais duradouros encontros entre a China e o Mundo ocidental. Por esta razão, foram incluidos na lista dos Patrimónios Mundiais da Humanidade da UNESCO, no dia 15 de Julho de 2005. A partir daquele momento, este conjunto arquitetónico histórico passou a chamar-se de Centro Histórico de Macau.

Desporto

Complexo Olímpico de Macau,
antigamente chamado por Estádio
de Macau. Localiza-se na Taipa.

O Governo da RAEM, para promover o desporto para todos e divulgar junto da população as vantagens do exercício físico na saúde, organiza muitas atividades e eventos, como por exemplo o Dia de Desporto em Família, o Dia do Desporto para Todos, o Festival Desportivo das Entidades Públicas, o Festival Desportivo das Mulheres de Macau e o Dia Internacional do Desafio.

Macau possui muitos campos, pavilhões, centros e instalações desportivas de grande qualidade, destacando-se o Complexo Olímpico de Macau, a Piscina Olímpica de Macau e o Complexo Desportivo de Macau, sendo quase sempre abertas para o uso público.

Esta região administrativa especial possui também uma rede de trilhos (localizado nas ilhas da Taipa e Coloane), piscinas e praias públicas e um número significativo de parques e jardins (atendendo à reduzida área de Macau), oferecendo à população um lugar para praticarem exercícios matutinos ou para frequentarem por puro lazer.

O futebol é o desporto mais praticado no território e o que tem mais amantes. Dado a existência de poucos campos de dimensões oficiais para futebol entre 22 jogadores (duas equipes) para atender às necessidades do grande número de praticantes locais de futebol, existe em Macau o futebol jogado a 7, ao qual se denominou de "Bolinha", praticado em campos de menor dimensão como o existente no Colégio D. Bosco.

Piscina Olímpica de Macau, localizado na Taipa.

Clubes de futebol de pequena dimensão, como a "Enfermagem", constituído com atletas chineses, macaenses e portugueses, são um exemplo da união inter-racial que o Desporto sempre proporcionou e do espírito de tolerância entre as diversas comunidades de Macau. A modalidade de futebol de salão (futsal) é também uma das mais praticadas pela juventude de Macau.

O hóquei em campo e a pelota basca foram outros desportos que tiveram a sua dimensão em Macau, mas que com o tempo se perderam a sua glória e praticamente desapareceram. O hóquei em patins, muito por influência da comunidade portuguesa, ainda prevalece em Macau como uma boa alternativa de desporto para muitos jovens, além de ténis de mesa, badminton, basquetebol e voleibol.

As modalidades relacionadas com artes marciais como o Kung Fu, Karaté, Judo e Taekwondo são muito populares e têm muitos adeptos. A maioria da população mais idosa, principalmente chinesa, opta por praticar Tai Chi, como desporto de manutenção.

Macau organiza muitos eventos e competições desportivas locais. A nível regional e internacional, Macau organiza anualmente o Grande Prémio de Macau e organizou em 2005 os 4º Jogos da Ásia Oriental, em 2006 os 1º Jogos da Lusofonia e em 2007 os 2º Jogos Asiáticos em Recinto Coberto.

Grande Prémio de Macau

Curva do Hotel Lisboa, um dos locais
do percurso do Grande Prémio
onde mais acidentes são registados.
Uma das atrações de Macau é o Grande Prémio de Macau, uma série de espetaculares corridas de automóveis e motociclos, desde a corrida dos carros clássicos, passando pelos Super-Cars até à Fórmula 3 (a mais esperada).

Todos os meses de Novembro, e desde o ano de 1954, os melhores pilotos do mundo são convidados a participar num dos circuitos mais emocionantes e perigosos do Mundo. Trata-se de um circuito que percorre o meio da cidade, intercalando longas retas (Porto Exterior) com as sinuosas curvas do monte da Guia. A curva do Hotel Lisboa é o local onde mais acidentes são registados.

Os pilotos mais famosos que passaram neste circuito foram: Ayrton Senna, Michael Schumacher, Mika Hakkinen, Rubens Barrichello, David Coulthard e Ralf Schumacher. Muitos deles usaram o circuito de Macau como trampolim para a Fórmula 1. O piloto chinês Michael Kwan, na prova de Super Cars, é um dos que mais vezes venceram em Macau, tendo inclusive participado numa das corridas com um recém-fabricado Ferrari F50.

Contudo, a dificuldade do circuito e a inexistência de escapatórias têm provocado algumas mortes desde a criação das competições principalmente em motociclos.

Durante os dois dias de treino e principalmente durante os dois dias de competição, um número significativo de residentes de Macau e de turistas assistem a estas corridas espectaculares.

Em 2003, celebrou-se o 50ª edição do Grande Prémio, com muitas celebrações e festas, incluindo uma demonstração de Fórmula 1.

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