Maria (mãe de Jesus)
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Maria |
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A Madonna na Tristeza, por Sassoferrato Século XVII |
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Nascimento | Desconhecido Celebrado no dia 8 de Setembro |
Residência | Nazaré, Galiléia |
Nacionalidade | Israelita, Império Romano |
Etnia | Judia |
Cônjuge | José |
Filho | Jesus |
Pais | Joaquim e Ana (de acordo com o protoevangelho de Tiago) |
Venerada por | Cristãos |
Festa | 1 de Janeiro |
Casa Real | Judá |
Maria (hebraico: מִרְיָם, Miriam; aramaico: Maryām; árabe: مريم, Maryam; grego: Μαρία, María), também conhecida como Maria de Nazaré, Santa Maria, Mãe Maria, Virgem Maria, Nossa Senhora, Santíssima Virgem Maria, Theotokos, Maria, Mãe de Deus e, no Islã, como Maria, Mãe de Isa, foi uma mulher israelita de Nazaré, Galiléia, que viveu no final do século 1 a.C. e início do século 1 d.C., é considerada pelos cristãos como a primeira adepta ao cristianismo. Ela é identificada no Novo Testamento e no Alcorão como a mãe de Jesus através da intervenção divina (Mateus 1:16-25, Lucas 1:26-56, Lucas 2:1-7). Jesus é visto como o messias — o Cristo — em ambas as tradições, dando origem ao nome comum de Jesus Cristo.
Os evangelhos canônicos de Mateus e Lucas descrevem Maria como uma virgem (grego: παρθένος, parthenos). Tradicionalmente, os cristãos acreditam que ela concebeu seu filho milagrosamente pela ação do Espírito Santo. Os muçulmanos acreditam que ela concebeu pelo comando de Deus. Isso ocorreu quando ela estava noiva de José e aguardava o rito do casamento, que tornaria a união formal. Ela se casou com José e o acompanhou a Belém, onde Jesus nasceu.
De acordo com o costume judaico, o noivado teria ocorrido quando ela
tinha cerca de 12 anos, o nascimento de Jesus aconteceu cerca de um ano
depois.
O Novo Testamento começa o seu relato da vida de Maria com a anunciação, quando o anjo Gabriel
apareceu a ela anunciando que Deus a escolheu para ser a mãe de Jesus. A
tradição da Igreja e os escritos apócrifos afirmam que os pais de Maria
eram um casal de idosos, São Joaquim e Santa Ana.
A Bíblia registra o papel de Maria em eventos importantes da vida de Jesus, desde o seu nascimento até a sua ascensão. Escritos apócrifos falam de sua morte e posterior assunção ao céu.
Os cristãos da Igreja Católica, da Igreja Ortodoxa, da Igreja Ortodoxa Oriental, da Igreja Anglicana e da Igreja Luterana acreditam que Maria, como mãe de Jesus, é a Mãe de Deus (Μήτηρ Θεοῦ) e a Theotokos, literalmente Portadora de Deus. Maria foi venerada desde o início do cristianismo. Ao longo dos séculos ela tem sido um dos assuntos favoritos da arte, da música e da literatura cristã.
Há uma diversidade significativa nas crenças e práticas devocionais marianas entre as grandes tradições cristãs. A Igreja Católica tem uma série de dogmas marianos, como a Imaculada Conceição de Maria e Assunção de Maria. Os católicos se referem a ela como Nossa Senhora e a veneram como a Rainha do Céu e Mãe da Igreja, porém, a maioria dos protestantes não compartilham dessas crenças. Muitos protestantes vêem um papel mínimo de Maria dentro do Cristianismo, com base nas poucas referências bíblicas.
Em fontes antigas
No novo testamento
“ | O Novo Testamento relata sua humildade e obediência à mensagem de Deus e faz dela um exemplo para cristãos de todas as idades. Fora das informações fornecidas no Novo Testamento pelos Evangelhos sobre a dama da Galileia, a devoção cristã e a teologia construíram uma imagem de Maria, que cumpre a previsão atribuída a ela no Magnificat: «Doravante todas as gerações me chamarão bem-aventurada.» (Lucas 1:48) | ” |
— "Mary." Web: 29Sep2010 Encyclopædia Britannica Online.,
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O nome "Maria" vem do grego Μαρία, que é uma forma abreviada de Μαριάμ. O nome do Novo Testamento foi baseado em seu nome original em hebraico, מִרְיָם ou Miryam. Ambos, Μαρία e Μαριάμ, aparecem no Novo Testamento.
Maria, a mãe de Jesus, é chamada pelo nome cerca de vinte vezes no Novo Testamento.
Família e infância
Segundo uma tradição católica estima-se que a Virgem teria nascido a 8 de setembro, num sábado, [carece de fontes] data em que a Igreja festeja a sua Natividade. Também é da tradição pertencer à descendência de Davi - neste sentido existem relatos de Inácio de Antioquia, Santo Irineu, São Justino e de Tertuliano - consta ainda dos "apócrifos" Evangelho do nascimento de Maria e do Protoevangelion e é também de uma antiga tradição que remonta ao século II que seu pai seria São Joaquim, descendente de Davi, e que sua mãe seria Sant'Ana, da descendência do Sacerdote Aarão.
Alguns autores afirmam que Maria era filha de Eli, mas a genealogia fornecida por Lucas alista o marido de Maria, São José, como "filho de Eli". A Cyclopædia de M'Clintock e Strong diz:
"É bem conhecido que os judeus, ao elaborarem suas tabelas genealógicas, levavam em conta apenas os varões, rejeitando o nome da filha quando o sangue do avô era transmitido ao neto por uma filha, e contando o marido desta filha em lugar do filho do avô materno. (Números 26:33)."
Possivelmente por este motivo Lucas diz que José era filho de Eli (Lucas 3:23).
Pelo texto Caverna dos Tesouros, atribuído a Efrém da Síria, Ana (Hannâ ou Dînâ) era filha de Pâkôdh e seu marido se chamava Yônâkhîr.. Yônâkhîr e Jacó eram filhos de Matã e Sabhrath. Jacó foi o pai de José, desta forma, José e Maria eram primos. Maria nasceu sessenta anos depois que seu pai, São Joaquim, tomou Santa Ana por esposa.
De acordo com o costume judaico aos três anos, Maria teria sido apresentada no Templo de Jerusalém, é também da tradição que ali teria permanecido até os doze anos no serviço do Senhor, quando então teria morrido seu pai, São Joaquim.
Com a morte do pai teria se transferido para Nazaré, onde São José morava. Três anos depois realizar-se-iam os esponsais. Os padres bolandistas, que dirigiram a publicação da Acta Sanctorum de 1643 a 1794, supõem em seus estudos que São Joaquim era irmão de São José, o que caracterizaria um caso de endogamia, o que era comum entre os judeus.
Palavras de Maria
A Anunciação por Eustache Le Sueur, um exemplo da arte Mariana do século XVII. O anjo Gabriel anuncia a Maria que ela dará a luz a Jesus e lhe oferece lírios brancos. |
Nos Evangelhos Maria faz uso da palavra por sete vezes, três delas dirigidas ao Anjo da Anunciação, o Magnificat
em resposta a Isabel, duas dirigidas ao seu Filho e uma só e última vez
dirigida aos homens (aos servos das bodas de Caná) que a Igreja
Católica conserva com todo o valor de um testamento:
- Na Anunciação:
- Como poderá ser isto, se não conheço varão? (Lucas 1:34).
- "Eis aqui a serva do senhor, faça-se em mim, segundo a Tua palavra (Lucas 1:38)
- Na Visitação (o Magnificat):
- "A minha alma engrandece o Senhor." (Lucas 1:46-55)
- Jesus entre os doutores:
- "Filho, porque fizeste isto conosco? eis que teu pai e eu te procurávamos angustiados." (Lucas 2:48).
- Bodas de Caná:
- "Não têm mais vinho"... (João 2:3).
- "Fazei tudo o que Ele vos disser" (João 2:5).
Palavras dirigidas a Maria
Nos Evangelhos por oito vezes a palavra é dirigida a Maria:
- Na Anunciação:
- A saudação do anjo: Ave, cheia de graça, o Senhor está contigo. (Lucas 1:28).
-
- O anúncio da Encarnação: Eis que conceberás no teu seio e darás à luz um filho a quem porás o nome de Jesus. (Lucas 1:30-33).
- Por obra e graça do Espírito Santo: O Espírito Santo descerá sobre ti e o poder do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra; por isso também o que nascer será chamado Santo, Filho de Deus. (Lucas 1:35-37).
- A Profecia de Simeão:
- Simeão Lhe fala da espada que trespassará o coração: ...e uma espada trespassará a tua própria alma a fim de que se descubram os pensamentos de muitos corações. (Lucas 2:34).
- Na Visitação:
- Isabel ao responder à sua saudação: Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre! (Lucas 1:42-45).
- Jesus entre os doutores:
- O Menino-Deus a responde no templo: Por que me buscáveis? Não sabíeis que devo estar na casa de meu Pai? (Lucas 2:49)
- Nas Bodas de Caná:
- Cristo:Respondeu-lhe Jesus: Mulher, isso compete a nós? Minha hora ainda não chegou. (João 2:4)
- Stabat Mater:
- Por Cristo na Cruz: Jesus, vendo a sua Mãe e, junto d'Ela, o discípulo que amava, disse à sua Mãe: "Mulher, eis aí o teu filho." Depois disse ao discípulo: "Eis aí a tua Mãe." E daquela hora em diante o discípulo a levou para sua casa. (Lucas 19:26-27).
As sete dores de Maria
A historiografia de Maria colhe uma tradição fundada nos evangelhos que venera as suas Sete Dores, são sete momentos da sua vida em que passou por sofrimento humano notável:
- Primeira dor: a profecia de Simeão.
- Segunda dor: a fuga para o Egipto.
- Terceira dor: Jesus perdido no Templo.
- Quarta dor: Maria encontra o seu Filho com a cruz a caminho do Calvário.
- Quinta dor: Jesus morre na Cruz.
- Sexta dor: Jesus é descido da Cruz e entregue a sua Mãe.
- Sétima dor: o corpo de Jesus é sepultado.
Devoção cristã
2ª a 5º Século
A devoção cristã a Maria remonta ao século II e antecede o surgimento
de um sistema específico litúrgico mariano no século V, após o Primeiro Concílio de Éfeso em 431. O próprio conselho foi realizado em uma igreja que havia sido dedicada a Maria cerca de cem anos antes. No Egito, a veneração a Maria tinha começado no século III e o termo Theotokos foi usado por Orígenes, o pai da Igreja de Alexandria.
A mais antiga oração mariana que se conhece (o sub tuum praesidium, ou sob vossa proteção) é do 3º século e seu texto foi redescoberto em 1917 em um papiro no Egito. Após o Édito de Milão
em 313, imagens artísticas de Maria começaram a aparecer em público e
grandes igrejas estavam sendo dedicadas a ela, como por exemplo, a Basílica de Santa Maria Maior, em Roma.
Idade Média
Durante a Idade Média muitas lendas surgiram sobre Maria, sobre seus pais e até mesmo avós.
Após a Reforma
Ao longo dos séculos, a devoção a Maria tem variado entre as
tradições cristãs. Por exemplo, enquanto os protestantes dão pouca
atenção aos hinos e orações marianas, os ortodoxos veneram a mãe de
Jesus e a consideram "mais ilustre do que os Querubins e mais gloriosa que os Serafins."
O teólogo ortodoxo Sergei Bulgakov
escreveu: "O amor e a veneração a Virgem Maria é a alma da devoção
ortodoxa. A fé em Cristo, que não inclui sua mãe, é uma outra fé."
Embora os católicos honrem e venerem Maria, não a vêem como divina e
muito menos a adoram. Os católicos creem que Maria é subordinada a
Cristo, mas ainda assim, ela está acima de todas as outras criaturas. Da mesma forma, o teólogo Sergei Bulgakov
escreveu que, embora a Igreja Ortodoxa acredite em Maria como superiora
a todos os seres criados e incessantemente ore por sua intercessão, ela
não é considerada uma "substituta do único mediador", que é Cristo. Também escreve "Que Maria seja honrada, mas a adoração deve ser dada ao Senhor".
Os católicos utilizam o termo hiperdulia para definir a veneração a Maria, ao invés de latria, que se aplica exclusivamente a Deus e dulia, que se aplica aos outros santos e santas. A definição da hierarquia de culto em três níveis, latria, hiperdulia e dulia, remonta ao Segundo Concílio de Niceia, em 787.
As devoções a representações artísticas de Maria variam entre as
tradições cristãs. Existe uma longa tradição da arte mariana Católica
Romana e nenhuma imagem permeia essa arte como a Virgem com o Menino Jesus. O ícone da virgem é sem dúvida o ícone mais venerado entre os ortodoxos. Tanto católicos romanos quanto ortodoxos veneram as imagens e ícones de Maria, dado que o Segundo Concílio de Niceia,
em 787, permitia essa veneração dos católicos com o entendimento de que
aqueles que veneram a imagem estão venerando na realidade a pessoa que
ela representa, e o Sínodo de Constantinopla em 842, estabeleceu o mesmo para os ortodoxos. Os ortodoxos, no entanto, apenas oram e veneram imagens bidimensionais e não estátuas tridimensionais.
A posição anglicana
em relação a Maria é mais conciliadora do que os protestantes em geral e
em um livro sobre a oração com os ícones de Maria escrito por Rowan Williams, Arcebispo de Cantuária,
ele diz: "Não se trata apenas de não podermos compreender Maria sem
vê-la fazendo referência a Cristo; não podemos entender a Cristo sem dar
atenção a Maria."
Títulos
Títulos para homenagear Maria ou para pedir a sua intercessão por
determinadas causas são usados por algumas tradições cristãs (tais
como a Igreja Ortodoxa e a Igreja Católica) e por outras não (por exemplo, o Protestantismo). Os títulos mais conhecidos são Maria, Mãe de Deus (Theotókos), Santíssima Virgem Maria, Nossa Senhora e Rainha do Céu (Regina Caeli).
Títulos específicos variam entre os pontos de vista ecumênicos, católicos, ortodoxos, anglicanos, luteranos, protestantes, islâmicos e mórmons.
Maria é chamada de Theotokos pela Igreja Ortodoxa, Igreja Ortodoxia Oriental, Igreja Anglicana e Igreja Católica, um título reconhecido no Terceiro Concílio Ecumênico (realizada em Éfeso, para abordar os ensinamentos de Nestório, em 431). Theotokos (e seu equivalente em latim, Deipara e Dei genetrix) significa literalmente "portadora de Deus". A frase equivalente "Mater Dei" (Mãe de Deus) é mais comum na América e na Igreja Católica de Rito Latino. O Concílio declarou que os pais da Igreja "não hesitaram em falar da Santa Virgem como Mãe de Deus".
Alguns títulos possuem base bíblica, como por exemplo, Mãe Rainha,
título dado a Maria por ela ser a mãe de Jesus, que por vezes é chamado
de "Rei dos Reis" devido à sua linhagem que remonta ao rei Davi. A base bíblica para a o termo rainha pode ser vista em Lucas 1:32 e no livro do profeta Isaías 9:6, e Mãe Rainha a partir de 1 Reis 2:19-20 e Jeremias 13:18-19. Outros títulos surgiram a partir de milagres relatados, aparições ou ocasiões especiais, como por exemplo, Nossa Senhora do Bom Conselho, Nossa Senhora dos Navegantes ou Nossa Senhora da Conceição Aparecida.
Os três principais títulos de Maria usados pelos ortodoxos são Theotokos ou Mãe de Deus (em grego Θεοτόκος), Aeiparthenos ou Sempre Virgem (em grego ἀειπαρθὲνος), como confirmado no Quinto Concílio Ecumênico em 553, e Panagia ou toda santa (em grego Παναγία).
Um grande número de títulos são dados a Maria pelos católicos, e estes
títulos têm, por sua vez, dado origem a muitas representações
artísticas, por exemplo o título de Nossa Senhora das Dores, que resultou em obras-primas como Pietà de Michelangelo.
Festas Marianas
As primeiras festas relacionadas a Maria cresceram fora do ciclo de festas que celebravam a natividade de Jesus. Segundo o Evangelho de Lucas (Lucas 2:22-40),
quarenta dias após o nascimento de Jesus, juntamente com a apresentação
de Jesus no templo, Maria foi purificada de acordo com os costumes
judaicos, a Festa da Purificação começou a ser celebrada por volta do século V e se tornou a Festa de Simeão em Bizâncio.
Nos séculos VII e VIII, quatro festas marianas foram criadas na Igreja Oriental. Na Igreja Católica de Rito Latino uma festa dedicada a Maria, pouco antes do Natal, foi comemorada nas Igrejas de Milão e Ravenna,
na Itália, no século VII. As quatro festas marianas da Purificação,
Anunciação, Assunção e Natividade de Maria foram gradativamente e
esporadicamente, introduzidas na Inglaterra no século XI.
Com o tempo, o número e a natureza das festas (e dos títulos associados a Maria)
e as práticas venerativas que as acompanham têm variado muito entre as
diversas tradições cristãs. De um modo geral, são significativamente
mais títulos, festas e práticas venerativas marianas entre os católicos
do que quaisquer outras tradições.
Algumas festas fazem referência a eventos específicos, por exemplo, a
festa de Nossa Senhora da Vitória foi baseada na vitória em 1571 dos Estados Papais na Batalha de Lepanto.
A diferenças nas festas também podem se originar a partir de questões doutrinárias – a Assunção de Maria e a Dormição de Maria são um exemplo, dado que não há um acordo entre todos os cristãos sobre as circunstâncias do fim da mãe de Jesus. Enquanto a Igreja Católica celebra a festa da Assunção em 15 de Agosto, alguns católicos orientais celebram a Dormição da Theotokos em 28 de Agosto, se eles seguirem o calendário juliano. A Igreja Ortodoxa
também celebra a Dormição da Theotokos, uma de suas doze grandes
festas. Os protestantes não celebram estas ou quaisquer outras festas
marianas.
Doutrina cristã
Há uma diversidade entre as doutrinas marianas das igrejas cristãs,
as principais delas podem ser descritas resumidamente da seguinte forma:
- Mãe de Deus: afirma que Maria, por ser a mãe de Jesus é, portanto, a mãe de Deus.
- Nascimento virginal de Jesus: afirma que Maria concebeu Jesus milagrosamente pela ação do Espírito Santo, permanecendo virgem após o parto.
- Dormição: afirma que Maria entrou em sono profundo, antes de sua morte natural.
- Assunção: afirma que Maria foi levada de corpo e alma para o céu.
- Imaculada Conceição: afirma que Maria foi concebida sem pecado original.
- Perpétua Virgindade: afirma que Maria permaneceu virgem durante toda a sua vida.
A aceitação destas doutrinas por cristãos podem ser classificadas como se segue:
Doutrina | Definida em | Aceita por |
---|---|---|
Mãe de Deus | Primeiro Concílio de Éfeso, 431 | Católicos Romanos, Ortodoxos, Anglicanos, Luteranos, Metodistas Mórmons (como Mãe do Filho de Deus) |
Nascimento virginal de Jesus | Primeiro Concílio de Nicéia, 325 | Católicos Romanos, Ortodoxos, Anglicanos, Luteranos Protestantes, Mórmons |
Assunção de Maria | Munificentissimus Deus encíclica do Papa Pio XII, 1950 |
Católicos Romanos, Ortodoxos, alguns Anglicanos e alguns Luteranos |
Imaculada Conceição | Ineffabilis Deus encíclica do Papa Pio IX, 1854 |
Católicos Romanos, alguns Anglicanos e alguns Luteranos |
Perpétua Virgindade | Segundo Concílio de Constantinopla, 533 Artigos de Esmalcalde, 1537 |
Católicos Romanos, Ortodoxos, alguns Anglicanos e alguns Luteranos |
No Credo de Nicéia (constituído no Primeiro Concílio de Niceia, em 325) a Igreja se referia a Jesus Cristo como o próprio Deus. Posteriormente, no Primeiro Concílio de Éfeso, realizado na Igreja de Maria em 431, o dogma Mãe de Deus (Theotokos) foi proclamado. Esta doutrina é aceita por algumas das principais tradições cristãs. A New Catholic Encyclopedia
diz: "Maria é realmente a mãe de Deus, se se satisfizerem duas
condições: que ela é realmente a mãe de Jesus e que Jesus é realmente
Deus." O termo Mãe de Deus já havia sido usado na mais antiga oração a Maria que se conhece, sub tuum praesidium, que data de aproximadamente 250 AC. Segundo São Tomás de Aquino: "A Santíssima Virgem, por ser Mãe de Deus, possui uma dignidade, de certo modo infinita, derivada do bem infinito que é Deus".
O nascimento virginal de Jesus tem sido uma crença universalmente aceita entre os cristãos desde o século II, ela está incluída nos dois credos cristãos mais utilizados, o Credo Niceno-Constantinopolitano e o Credo dos Apóstolos. O Evangelho de Mateus descreve Maria como a virgem que cumpre a profecia de Isaías 7:14.
Os autores dos Evangelhos de Mateus e Lucas consideram a concepção de
Jesus não como resultado de relações sexuais com José ou qualquer outra
pessoa (afirmam que Maria "não teve relações com homem algum" antes do
nascimento de Jesus em Mateus 1:18, 25 e Lucas 1:34), mas sim como obra de Deus, pela ação Espírito Santo.
As doutrinas da Assunção ou Dormição de Maria estão relacionadas com a morte e assunção corpórea da virgem ao céu. Enquanto a Igreja Católica Romana criou o dogma da assunção (ou seja, que a Maria foi para o céu diretamente, sem uma morte física habitual) a Igreja Ortodoxa acredita na Dormição (ou seja, que Maria adormeceu, rodeada pelos Apóstolos, tendo uma morte natural).
Os católicos romanos acreditam na Imaculada Conceição de Maria, proclamada em Ex Cathedra pelo Papa Pio IX
em 1854. Este dogma afirma que ela estava cheia de graça, desde o
momento de sua concepção no ventre de sua mãe, sendo preservada da
mancha do pecado original. A Igreja Católica Romana tem uma festa litúrgica com esse nome, que é comemorada em 8 de Dezembro.
A Igreja Ortodoxa rejeita a Imaculada Conceição, principalmente porque a
sua compreensão do pecado original difere das idéias da Igreja Católica
Romana.
A virgindade perpétua de Maria afirma que Maria foi virgem antes, durante e após o nascimento do filho de Deus feito homem. O termo Sempre Virgem (do grego ἀειπάρθενος) é aplicado neste caso, afirmando que Maria permaneceu virgem durante toda a sua vida, fazendo com que a concepção e nascimento de Jesus, seu filho único, sejam considerados atos milagrosos.
Perspectivas sobre Maria
Perspectivas cristãs
As perspectivas cristãs marianas incluem uma grande variedade de
opiniões. Enquanto alguns cristãos, como os católicos romanos e
ortodoxos orientais, têm bem estabelecido tradições marianas,
protestantes em geral dão pouca atenção para esse tema. A Igreja
Católica Romana, Igreja Ortodoxa, Igreja Ortodoxa Oriental, Igreja
Anglicana e Igreja Luterana veneram a virgem maria, cada um de um modo
diverso.
A veneração pode assumir a forma de oração, pedindo a intercessão
dela juntamente com o seu Filho, Jesus Cristo, e também de composições
de poemas e canções, pinturas e esculturas, títulos em sua homenagem,
revelando uma posição de destaque em relação aos demais santos e santas.
No Catolicismo Romano
Na Igreja Católica, Maria é reconhecida pelo título de bem-aventurada, em reconhecimento a sua assunção
ao céu e a sua capacidade de interceder em favor daqueles que recorrem a
ela por meio de orações e práticas devocionais. Os ensinamentos
católicos deixam claro que Maria não é considerada divina e orações a
ela dirigidas não são respondidas por ela, mas por Deus. Os cinco dogmas católicos em relação a Maria são: Mãe de Deus, Nascimento virginal de Jesus, Perpétua Virgindade de Maria, Imaculada Conceição e Assunção de Maria.
Mais do que em qualquer outro grupo cristão, a Santíssima Virgem
ocupa um lugar destacado entre os católicos, que além de possuírem
doutrinas e ensinamentos teológicos relacionados a Maria, também
celebram as festas em honra aos seus títulos, cantam hinos, rezam uma
variedade de orações e peregrinam a templos marianos. O Catecismo da Igreja Católica diz que "A devoção da Igreja à Santíssima Virgem é intrínseca ao culto cristão".
Os católicos romanos têm realizado atos de consagração a Maria em
diferentes níveis, seja pessoal, social ou regional. Ensinamentos
católicos afirmam que a consagração a Maria não diminui ou substitui o
amor por Deus, muito pelo contrário, o reforça, portanto, todas as
consagrações são de certa forma feitas a Deus.
O crescimento da devoção mariana no século XVI, inspirou santos católicos a escreverem livros como Glórias de Maria (de Afonso de Ligório) e Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem Maria (de Louis-Marie Grignion), que enfatizam a veneração mariana e ensinam que "o caminho para Jesus é por intermédio de Maria". Devoções marianas são, às vezes, ligadas à devoção cristocêntrica, como por exemplo, a Aliança dos Corações de Jesus e Maria.
As principais devoções a Maria incluem as Sete Dores de Maria, o Santo Rosário e o Escapulário, e as principais orações são Ave Maria, Angelus, Salve Rainha, Lembrai-vos e o Magnificat.
Os meses de Maio e Outubro são meses tradicionalmente marianos para os
católicos romanos. Em Outubro, o rosário diário é incentivado e em Maio,
práticas devocionais tem o seu ápice em muitas regiões.
Papas emitiram uma série de encíclicas e cartas apostólicas marianas para incentivar a devoção e veneração a Virgem Maria, como por exemplo, Redentoris Mater de João Paulo II, onde ele começou com a frase "A Mãe do Redentor tem um lugar bem preciso no plano da salvação", enfatizando a participação de Maria no processo de salvação e redenção.
Católicos colocam grande ênfase sobre o papel de Maria como protetora e intercessora, o Catecismo da Igreja Católica se refere a Maria como "Mãe de Deus cuja proteção é fiel em todos os perigos e necessidades".
No século XX, João Paulo II e o cardeal Joseph Ratzinger enfatizaram o foco mariano na Igreja. O futuro Bento XVI,
quando sugeriu um redirecionamento de toda a Igreja ao programa do Papa
João Paulo II, a fim de assegurar uma abordagem autêntica à cristologia
através de um retorno à "verdade sobre Maria"., escreveu:
É necessário voltar-se a Maria se quisermos retornar à verdade sobre Jesus Cristo, a verdade sobre a Igreja e a verdade sobre o homem. |
No Protestantismo
Protestantes em geral rejeitam a veneração e invocação dos santos. Protestantes sustentam que Maria era a mãe de Jesus, porém, era uma mulher comum dedicada a Deus, portanto, não há nenhuma veneração, festas, peregrinações, artes, músicas ou algum tipo de espiritualidade dedicada a Maria nas comunidades protestantes de hoje. No âmbito destas opiniões, crenças e práticas católicas romanas, são por vezes rejeitadas. O teólogo Karl Barth, por exemplo, escreveu que "a heresia da Igreja Católica é a sua Mariologia".
Alguns dos primeiros protestantes veneravam e honravam Maria. Martinho Lutero
escreveu que: "Maria é cheia de graça, proclamada para ser inteiramente
sem pecado. A graça de Deus enche-la com tudo de bom e faz com que ela
desprovida de todo o mal". No entanto, a partir de 1532, Lutero deixou de celebrar a festa da Assunção de Maria e também interrompeu o seu apoio a Imaculada Conceição.
No texto do Magnificat (registrado em Lucas 1:46-55), Maria proclama Minha alma se alegra em Deus meu Salvador.
A necessidade de um salvador pessoal é vista pelos protestantes como a
expressão de que Maria nunca pensou em si mesma como "concebida sem
pecado".
João Calvino disse: "Não se pode negar que Deus, na escolha e destinação de Maria para ser a Mãe do seu Filho, concedeu-lhe a maior honra". No entanto, Calvino rejeitou firmemente a idéia de que alguém, além de Cristo, tenha poder de interceder pelo homem.
Embora Calvino e Ulrico Zuínglio honrem Maria como a Mãe de Deus no século XVI, eles fizeram-no menos do que Martinho Lutero.
Assim, a idéia de respeitar e honrar Maria não foi rejeitada pelos
primeiros protestantes, porém, chegaram a criticar os católicos romanos
pelo modo como veneravam Maria. Após o Concílio de Trento
no século XVI, a veneração mariana tornou-se associada aos católicos e o
interesse protestante em Maria diminuiu. Durante a idade do Iluminismo,
o interesse em Maria dentro de igrejas protestantes quase desapareceu,
embora anglicanos e luteranos continuassem a honrá-la de algum modo.
Protestantes reconhecem que Maria é "bendita entre as mulheres"
(Lucas 1:42), mas eles não concordam que Maria deve ser venerada. Ela é
considerada um excelente exemplo de uma vida dedicada a Deus.
No século XX, os protestantes reagiram em oposição ao dogma católico da Assunção de Maria. O tom conservador do Concílio Vaticano II
começou a reparar as diferenças ecumênicas e protestantes começaram a
demonstrar interesse em temas marianos. Em 1997 e 1998, houve diálogos
ecumênicos entre católicos e protestantes, mas até agora, a maioria dos
protestantes dão pouca atenção a questões marianas, muitas vezes
enxergam esse assunto como um desafio à autoridade das Escrituras.
Alguns livros de orações luteranos e anglicanos contém a oração "Ave Maria" em sua versão pré-Trindentina que não possuia a frase: Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós agora e na hora de nossa morte, que foi adicionada pela Igreja Católica Romana em 1566
No Luteranismo
Apesar de ásperas polêmicas de Martinho Lutero
contra os seus adversários católicos romanos sobre questões relativas à
Maria e aos santos, teólogos parecem concordar que Lutero aderiu ao
decretos marianos dos concílios ecumênicos e dos dogmas da igreja. Ele apegou-se à crença de que Maria era virgem perpétua e Mãe de Deus (Theotokos).
Uma atenção especial é dada a afirmação de que Lutero, cerca de
trezentos anos antes da dogmatização da Imaculada Conceição pelo Papa
Pio IX em 1854, era um firme adepto dessa visão. Outros sustentam que
Lutero, nos últimos anos, mudou sua posição em relação a Imaculada
Conceição, que naquele tempo era indefinido na Igreja (entretando,
mantinha-se a idéia da impecabilidade de Maria ao longo de sua vida). Para Lutero, nos primeiros anos de sua vida, a Assunção de Maria
foi um fato compreendido, embora posteriormente ele tenha deixado de
celebrar essa festa afirmado que a Bíblia não diz nada sobre isso.
"Ao longo de sua carreira como um padre, professor e reformador, Lutero
pregou, ensinou e argumentou sobre a veneração a Maria com uma
verbosidade que variava de piedade infantil a polêmicas sofisticadas.
Suas opiniões estão intimamente ligadas à sua teologia cristocêntrica e
suas conseqüências para a liturgia e a piedade".
Lutero, ao mesmo tempo em que reverenciava Maria, chegou a criticar os
"papistas" por ofuscar a admiração da alta graça de Deus com serviços
religiosos dados a outras criaturas. Ele considerou a prática católica
romana de celebrar o dia dos santos e fazer pedidos de intercessão dirigindo-se a eles e a Maria como idolatria.
Suas considerações finais sobre a devoção e veneração mariana são
preservadas em um sermão em Wittenberg, um mês antes de sua morte:
Portanto, quando pregamos a fé de que não devemos adorar nada além de Deus, Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, como dizemos no Credo: "Creio em Deus Pai todo-poderoso e em Jesus Cristo", então estamos permanecendo no templo de Jerusalém. Mais uma vez, "Este é meu Filho amado, ouvi-lo". "Você vai encontrá-lo numa manjedoura". Ele somente faz isso. Mas a razão diz o oposto: "O que, nós? Devemos adorar somente a Cristo? Na verdade, não deveríamos também homenagear a santa mãe de Cristo? Ela é a mulher que esmagou a cabeça da serpente. Ouve-nos, Maria, porque o teu Filho a ti honra e ele não pode recusar-te nada. Aqui Bernardo foi longe demais em sua Homilies on the Gospel: Missus est Angelus. Deus ordenou que devemos honrar os pais, por isso clamo a Maria. Ela vai interceder por mim com o Filho e o Filho com o Pai, que vai ouvir o Filho. Então você tem a imagem de Deus com raiva e Cristo como juiz; Maria mostra a Cristo seu seio e Cristo mostra suas chagas para o Pai irado (...) Maria é a mãe de Cristo, certamente Cristo irá ouvi-la; Cristo é um juiz severo, por isso clamo a São Jorge ou a São Cristóvão. Não, temos sido por ordem de Deus batizados em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, assim como os judeus eram circuncidados.
No entanto, certas igrejas luteranas, como a Igreja Católica Anglo-Luterana,
continuam a venerar Maria e os santos da mesma forma que os católicos
romanos fazem, sustentando todos os dogmas marianos como parte de sua
fé.
No Metodismo
Na Igreja Metodista Unida, bem como em outras igrejas metodistas,
não há escritos oficiais ou ensinamentos sobre a Virgem Maria, exceto o
que é mencionado na Bíblia e nos credos ecumênicos. Acreditam que
Cristo foi concebido no ventre de Maria por meio do Espírito Santo e que
ela deu à luz como uma virgem. John Wesley, clérigo anglicano
fundador do movimento metodista, acreditava que a Virgem Maria foi uma
virgem perpétua, ou seja, ela nunca teve relações sexuais.
A Igreja sustenta que Maria era virgem antes, durante e imediatamente
após o nascimento de Cristo. Enquanto muitos metodistas rejeitam este
conceito, outros acreditam.
John Wesley, em uma carta a um amigo católico romano, declarou que:
"A Santíssima Virgem Maria, que, assim como depois, quando ela o trouxe, continuou uma pura e imaculada virgem."
O artigo II dos Artigos de Religião da Igreja Metodista afirma que:
O Filho, que é a Palavra do Pai, o Deus verdadeiro e eterno, de uma substância com o Pai, tomou a natureza humana no ventre da Virgem Maria, de modo que duas naturezas inteiras e perfeitas, isto é, a divina e a humana, foram unidas em uma só pessoa, para nunca mais ser dividida, e do qual é Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, que realmente sofreu, foi crucificado, morto e sepultado, para reconciliar seu Pai conosco, para ser um sacrifício, não só pela culpa original, mas também pelos pecados atuais dos homens.
A partir daí, a Virgem Maria é considerada a Theotokos (ou Mãe de Deus) na Igreja Metodista, embora o termo normalmente seja usado pela "Alta Igreja" e por evangélicos católicos.
O artigo II de A Confissão de Fé do Livro da Disciplina" afirma:
Nós acreditamos em Jesus Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, em quem as naturezas divina e humana são perfeitamente e inseparavelmente unidas. Ele é o Verbo eterno feito carne, o Filho unigênito do Pai, nascido da Virgem Maria pelo poder do Espírito Santo. Como servo ele viveu, sofreu e morreu na cruz. Ele foi sepultado, ressuscitou dos mortos e subiu ao céu para estar com o Pai, de onde ele deve retornar. Ele é eterno Salvador e Mediador, que intercede por nós e por ele todas as pessoas serão julgadas.
A partir desta afirmação, metodistas rejeitam as idéias católicas de Maria como corredentora e medianeira da fé. As Igrejas Metodistas não concordam com a veneração
dos santos, de Maria e de relíquias, acreditando que a reverência e
louvor são unicamente para Deus. No entanto, estudando a vida de Maria e
as biografias de santos, é considerado adequado a visão deles como
exemplos de bons cristãos. As Igrejas Metodistas rejeitam as doutrinas da Imaculada Conceição e da Assunção de Maria, afirmando que Cristo foi a única pessoa a viver uma vida sem pecado e subiu de corpo e alma ao céu.
Na Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias
Na primeira edição do Livro de Mórmon (1830), Maria foi referida como "a mãe de Deus, à maneira da carne", frase que foi alterada por Joseph Smith para "mãe do Filho de Deus" em todas as seguintes edições (1837 -).
No Antitrinitarismo
Antitrinitários, como os unitaristas, cristadelfianos e as testemunhas de Jeová consideram Maria como a mãe de Jesus. Eles não consideram Jesus como Deus e não consideram Maria como a Mãe de Deus. Igrejas não trinitárias costumam crer no mortalismo,
orações e práticas devocionais a Maria (a quem eles consideram estar em
"sono profundo" aguardando a ressurreição) não fazem parte de suas
doutrinas. Emanuel Swedenborg
diz que Deus não poderia abordar diretamente os maus espíritos para
resgatar os bons espíritos sem destruí-los (Êxodo 33:20, João 1:18),
assim, Deus engravidou Maria dando a Jesus Cristo o acesso para o mal da
hereditariedade da raça humana, a qual ele poderia se aproximar,
redimir e salvar.
No Islamismo
Maria, a mãe de Jesus, é mencionada como Maryam no Alcorão, onde aparece mais do que em todo o Novo Testamento. Ela desfruta de uma posição singularmente distinta e honrada entre as mulheres no Alcorão. Uma Sura (capítulo) do Alcorão é intitulada "Maryam" (Maria), a única Sura do Alcorão com o nome de uma mulher, em que a história de Maria (Maryam) e Jesus (Isa) é contada segundo a visão islâmica.
Ela é mencionada no Alcorão com o título de Nossa Senhora (syyidatuna), filha de Imran e Hannah.
Ela é a única mulher nomeada diretamente no Alcorão, declarada (junto com Jesus) ser um sinal de Deus para a humanidade (Al-Muminun, 23:50); aquela que guardava a sua castidade; a obediente (At-Tahrim, 66:12); escolhida por sua mãe e dedicada a Deus, enquanto ainda estava no ventre (Al-i-Imran, 3:36); exclusivamente (entre mulheres) aceita em serviço de Deus, entregue aos cuidados de um dos profetas do Islã, Zakariya (Zacarias) (Al-i-Imran, 3:37); em sua infância residiu no Templo de Salomão e tinha acesso exclusivo ao Al-Mihrab (entende-se como o Santo dos Santos) (Al-i-Imran, 3:37).
Maria também é chamada de a escolhida, a purificada (Al-i-Imran, 3:42); a sinceríssima (Al-Ma'ida, 5:75); seu filho foi concebido por meio da ação de Deus (Al-i-Imran, 3:45); e exaltada acima de todas as mulheres da humanidade (Al-i-Imran, 3:42).
O Alcorão relata narrativas detalhadas de Maryam (Maria) em dois lugares, Sura 3 e Sura 19. As crenças de que Maria foi concebida sem pecado e que ela permaneceu virgem após o parto são aceitas pelos muçulmanos.
O relato feito na Sura 19 do Alcorão é quase idêntica ao Evangelho de
Lucas, ambos começam com a visita de um anjo a Zakariya (Zacarias) com a
boa nova do nascimento de Yahya (João Batista), seguido pela anunciação.
Na tradição islâmica, Maria e Jesus eram as únicas crianças que não poderiam ser tocadas por Satanás no momento de seu nascimento, pois Deus impôs um véu entre eles e o anjo caído. Segundo o autor Shabbir Akhtar, a perspectiva islâmica sobre a Imaculada Conceição de Maria é compatível com a doutrina católica de mesmo nome.
O Alcorão diz que Jesus foi o resultado de um nascimento virginal. O
relato mais detalhado da anunciação e nascimento de Jesus é fornecido na
Sura 3 e 19 do Alcorão, onde está escrito que Deus enviou um anjo para
anunciar que ela em breve teria um filho, apesar de ser uma virgem.
Outras perspectivas
No Paganismo Romano
Desde o início do cristianismo, a crença na virgindade de Maria e na
concepção virginal de Jesus (como indicado nos evangelhos, fenômenos
santos e sobrenaturais), foram usadas por detratores, políticos e
religiosos, como tópicos de discussões, debates e escritos,
especificamente destinados a desafiar a divindade de Jesus e, portanto,
os cristãos e o cristianismo.
No século II, o filósofo grego Celsus, defensor do politeísmo, sugeriu
que Jesus era o filho ilegítimo de um soldado romano chamado Panthera,
essa foi uma das primeiras polêmicas anti-cristãs. As opiniões de Celsus chamaram a atenção de Orígenes, padre da Igreja em Alexandria, Egito, que considerou o ponto de vista dele uma história inventada. O quanto Celsus se baseou em fontes judaicas continua a ser um tema de discussão.
No Judaísmo
A questão dos parentes de Jesus no Talmude também afeta a visão de sua mãe. No entanto, o Talmude não menciona Maria pelo nome e é atencioso ao invés de apenas polêmico. A história sobre Panthera também é encontrada no Toledot Yeshu,
as origens literárias não podem ser rastreadas com toda a certeza, mas é
improvável que seja anterior ao século IV, sendo tarde demais para
incluir lembranças autênticas de Jesus. The Blackwell Companion to Jesus
afirma que o Toledot Yeshu não tem fatos históricos e talvez tenha sido
criado como uma ferramenta para afastar as conversões ao cristianismo. O nome Panthera pode ser uma distorção do termo parthenos
(virgem), Raymond E. Brown considera a história uma explicação
fantasiosa do nascimento de Jesus, que inclui pouquíssimas evidências.
Na Arábia do quarto século
De acordo com o heresiologista do século IV, Epifânio, em sua obra intitulada Panarion, a Virgem Maria era adorada como uma deusa mãe na seita árabe conhecida como coliridianismo,
grupo composto principalmente por mulheres, tendo ainda muitas
sacerdotisas que faziam oferendas de pães para a Virgem Maria,
juntamente com outras práticas. O grupo foi condenado como herético pela
Igreja Católica Romana.
Estudo do Jesus histórico
Até hoje estudiosos continuam a discutir a data do nascimento de
Jesus a partir de várias perspectivas, incluindo análise textual,
registros históricos e testemunhas pós-apostólicas. Bart D. Ehrman sugeriu que o método histórico nunca poderá comentar sobre a possibilidade de aspectos sobrenaturais.
A declaração em Mateus 1:25 de que "José não conheceu Maria até que
ela deu à luz um filho" tem sido debatida entre os estudiosos, alguns
sugerindo que Maria não permaneceu virgem durante toda a sua vida. Outros estudiosos afirmam que palavra grega hoes
(ou seja, até) denota um estado até certo ponto, mas não significa que o
estado terminou depois desse ponto, e que Mateus 1:25 não confirma ou
nega a virgindade de Maria após o nascimento de Jesus.
Outros versos bíblicos também foram debatidos, como por exemplo, a
referência em Romanos 1:3 de que Jesus vinha "da descendência de Davi
segundo a carne", supondo-se que São José é o pai de Jesus. No entanto, a maioria dos estudiosos rejeitam essa interpretação, dado que Paulo usou a palavra grega genomenos (ou seja, tornar-se), a "descendência de Davi" provavelmente se refere a linhagem de Maria.
Representação nas artes
A devoção e o culto à Virgem Maria têm sido expresso nas artes em especial na arte sacra e na arte religiosa desde os tempos dos Padres da Igreja até os tempos modernos, ressaltando-se sobre o tema os grandes mestres do Renascentismo e do Barroco. No barroco mineiro as obras do Aleijadinho, tanto os afrescos como as esculturas, são também obras notáveis de representação da Virgem.
Literatura
Muitos autores escreveram sobre Maria e suas virtudes e predicados, dentre eles Dante Alighieri na sua obra A Divina Comédia: És
tão grande, Senhora, e tão poderosa, que quem pretenda alcançar uma
graça sem recorrer a ti, deseja o impossível de voar sem asas. (Paraíso XXXIII, 13-15). Miguel de Cervantes, em "El licenciado Vidriera"; García Lorca, em "Romancero Gitano"; Tagore, em "La luna nueva" e famoso ainda é o "Poema à Virgem" de José de Anchieta, dentre muitas outras obras literárias e poéticas.
Escultura
São inúmeras as esculturas representando Maria. A sua mais famosa representação é a Pietà de Michelangelo que se encontra na Basílica de São Pedro no Vaticano. No Brasil destacam-se, principalmente no período barroco, as obras de Aleijadinho.
Música
A música mais conhecida é Ave Maria de Franz Schubert e de Gounod. Vários outros compositores escreveram música para o texto da "Ave Maria", entre os quais pode-se citar também Giuseppe Verdi, Giacomo Puccini e Bonaventura Somma.
Pintura
É grande a quantidade de pinturas contendo cenas da vida da Virgem Maria, são inúmeras as obras de pintores europeus do barroco e do renascimento que se encontram principalmente nos museus do Louvre em Paris, do Prado em Madri e do Vaticano.
Dentre as inúmeras pinturas de cenas da vida de Maria ou que buscaram retratá-La destacam-se as obras de Antonello da Messina, Bayerischer Meister, Caravaggio, Dante Gabriel Rossetti, Diego Velázquez, Dirck Bouts, Domenico di Bartolo, Domenico Ghirlandaio, El Greco, Fra Angelico, Fra Filippo Lippi, Francisco de Zurbarán, Gabriel Wuger, Geertgen tot Sint Jans, Georges de La Tour, Gertrude Psalter, Giotto di Bondone, Gregorio Fernández, Jacques Daret, Jean Malouel, Leonardo da Vinci, Lorenzo Monaco, Luigi Crosio, Melozzo da Forlì, Michelangelo Buonarroti,Murillo, Parmigianino, Peter Paul Rubens, Pietro Lorenzetti, Pietro Perugino, Pompeo Batoni, Raffaello Sanzio, Rogier van der Weyden, Salvador Dalí, Sandro Botticelli, Teófanes, o Grego e Tiziano Vecellio, dentre vários outros.
Cinema
A figura de Maria de Nazaré tem sido retratada em vários filmes, inclusive em:
- Das Mirakel (1912 film)
- The Miracle (1959)
- Saint Mary (filme iraniano)
- Mary Mother of Christ
- Mary, Mother of Jesus (film)
- Jesus de Nazaré (filme)
- Color of the Cross
- Ben-Hur
- A Maior História de Todos os Tempos
- The Living Christ Series
- The Nativity Story
- The Miracle of Our Lady of Fatima
- A Canção de Bernadette
- A Paixão de Cristo
- The Passion (TV serial)
- O Rei dos Reis
Bibliografia
- AQUINO, São Tomás de. Summa Theologiae.
- DATTLER, Frederico. Sinopse dos quatro Evangelhos. São Paulo: Paulus, 1986. ISBN 85-349-1158-4
- IGLESIAS, Salvador M. O Evangelho de Maria. Tradução de Emérico da Gama. São Paulo: Quadrante, 1991.
- NEWMAN, John Henry. Reflexões sobre a Virgem Santíssima. Tradução de Rodrigo Matsuki. São Paulo: Factash Editora, 2006. ISBN 85-89909-29-8
- MESSORI, Vittorio. Hipóteses sobre Maria: fatos, indícios, enigmas. Tradução Ubenai Fleuri. - Aparecida, São Paulo: Editora Santuário, 2008. ISBN 978-85-369-0119-0
- OROSCO, Antonio. Mirar a María. Madrid: Rialp, 1992.
- OROZCO, Antonio. Mãe de Deus e nossa Mãe. Iniciação à Mariologia. Lisboa: Diel, 1997. ISBN 972-8040-11-3
- SUÁREZ, Frederico. A Virgem Nossa Senhora. Tradução de Maria Pacheco. São Paulo: Quadrante, 2003. ISBN 85-7465-060-9
- WALSH, William Thomas. Nossa Senhora de Fátima. Tradução e revisão histórica de Emérico da Gama. São Paulo: Quadrante, 1996.
- ZINK, Michel. Le jongleur de Notre Dame, contes chrétiens du Moyen Âge. Éditions de Seuil, 1999. ISBN 85-7465-036-6
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