Africanos enriqueceram a cozinha brasileira
Heidi Strecker
Baiana fritando acarajés |
Para terminar, não se pode deixar de mencionar um dos pratos favoritos do país: a feijoada,
que também teria se originado nas senzalas. Enquanto as melhores carnes
iam para a mesa dos senhores, os escravos ficavam com as sobras: pés e
orelhas de porco, lingüiça, carne-seca etc., eram misturados com feijão
preto ou mulatinho e cozidos num grande caldeirão. Há quem discorde,
atribuindo os pratos brasileiros a base de feijão à influência europeia.
Não há nada mais gostoso que a comida do Brasil! Pode parecer exagero, mas a alimentação brasileira tem uma riqueza incrível, pois sua origem é uma mistura das tradições indígenas, européias e africanas.
Os índios se alimentavam da mandioca, das frutas, dos peixes e das
carnes de caça. Com a chegada dos colonizadores portugueses, o pão, o
queijo, o arroz, os doces e os vinhos foram se incorporando à nossa
alimentação.
Mas uma das contribuições mais importantes aos nossos hábitos alimentares, durante todo o período de colonização, foi aquela que veio da África, trazida pelos escravos.
Se os comerciantes de escravos traziam os ingredientes (especiarias),
os escravos traziam na memória os usos e os gostos de sua terra. Era aí
que estava o segredo.
Os escravos não tinham uma alimentação farta. Comiam os restos que os
seus senhores lhes destinavam. Os ingredientes nobres, o preparo
requintado e as maneiras européias à mesa aconteciam na casa grande.
Enquanto isso, a cozinha negra se desenvolvia na senzala, em tachos de
ferro.
Azeite de dendê
Alguns escravos conseguiam criar algum animal ou cultivar uma pequena
horta. Talvez por isso, o tempero e o uso de uma grande variedade de
pimentas deu um sabor especial aos seus pratos. O azeite de dendê
também foi um dos ingredientes mais importantes da culinária negra. O
dendezeiro é uma palmeira de origem africana, e de sua polpa se extrai o
azeite que dá a cor, o sabor e o aroma de tantas receitas deliciosas
como o caruru, o vatapá e o acarajé.
O uso de pimentas, que já era antigo nas terras da América, se espalhou
pelo Brasil no século 18. Uma outra tradição, a de vender comida nas
ruas, em grandes tabuleiros, se estabeleceu na mesma época na cidade de
Salvador, na Bahia. Esses tabuleiros traziam de tudo. Um cronista
daquele tempo relatou ter visto, num mesmo tabuleiro, mais de vinte
qualidades diferentes de comidas salgadas e doces. Entre essas iguarias
estava, além do acarajé, do vatapá e do abará, angu, mingau, pamonha e
canjica.
O acarajé se tornou tão importante que foi transformado em patrimônio
nacional. É uma referência tão importante para nossa cultura, que é
reconhecido e protegido pelo patrimônio histórico. Ele é especialmente
típico da cidade de Salvador, na Bahia, que é considerada a capital da
cozinha afro-brasileira.
O fator religioso
Um outro fator que ajudou a difundir a comida de origem negra foi a religião africana - o candomblé.
O candomblé tem uma relação muito especial com a comida. Os devotos
servem para os santos comida que pertencem à tradição africana. Como as
comunidades negras se espalharam pelo Brasil, a culinária que veio da
África se espalhou por todo o país.
Hoje em dia, os pratos e os temperos da cozinha negra fazem parte da
nossa alimentação. São saboreados no dia-a-dia e também nas festas
populares. Os caldos, extraídos dos alimentos assados, misturados com
farinha de mandioca (o pirão) ou com farinha de milho (o angu), são uma
herança dos africanos. Podemos lembrar que da África também vieram
ingredientes tão importantes como o coco e o café.
Feijoada
De qualquer forma, a feijoada é autenticamente nacional. Segundo registra o folclorista Câmara Cascudo,
as receitas são incontáveis e, com elas, variam tanto as carnes quanto
as verduras usadas. A feijoada chegou a servir de inspiração para
escritores como Pedro Nava, em um de seus livros de memórias, e para o
compositor Chico Buarque de Holanda, que tem uma canção intitulada "Feijoada Completa".
Receitinha: Caruru
Fonte: tabuleirochic
Ingredientes:
1 cebola grande ralada
5 colheres (sopa) de azeite de oliva
1,5 kg de quiabo
3 colheres (sopa) de limão
1/4 de xícara de (chá) de castanhas de caju assadas e moídas
¼ de xícara de (chá) de amendoins torrados e moídos
250 g de camarões secos tratados
1 xícara de chá de azeite de dendê
Sal a gosto.
Modo de Fazer:
Refogue
a cebola no azeite, junte os quiabos cortados bem miudinhos.
O suco do
limão entra aos poucos que é para cortar a baba do quiabo.
Misture de
vez em quando, para não pegar no fundo da panela.
Deixe cozinhar por
alguns minutos.
Acrescente as castanhas, os amendoins e os camarões
limpos previamente batidos no liquidificador.
Tempere com o sal, junte
mais ou menos 1,5 litros de água ou caldo de peixe, deixando cozinhar
durante 30 minutos, mexendo sempre até que as sementes do quiabo estejam
arroxeadas.
Agregue o azeite de dendê, e cozinhe por mais 5 minutos.
Retifique o sal.
Decore com alguns camarões defumados inteiros limpos.
1 comentários:
Muito bom parabéns
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