QUEM TEM MEDO DO ISLÃ ?

 Árabes, muçulmanos e islâmicos




Se você está atento às notícias na TV, nos jornais ou na internet, principalmente nos assuntos ligados aos conflitos Árabe-Israelenses ou à Guerra do Iraque, entre muitos outros, com certeza já se deparou com termos como árabe, muçulmano ou islâmico. No entanto, o que esses termos significam? Existem diferenças entre eles? Se sim, quais? É justamente essas questões que vamos tentar resolver aqui.

Vamos começar pelo termo islâmico. Esse termo se refere aos seguidores do Islamismo, que é uma religião monoteísta criada no século VII d.c. por Maomé e que hoje conta com seguidores no mundo todo. Portanto, islâmico é todo seguidor da religião Islâmica, assim como os seguidores do Cristianismo são chamados de cristãos e os adeptos do Judaísmo de judeus.

MAPA DO ISLAMISMO PELO MUNDO

Muçulmano é apenas um sinônimo de islâmico, não havendo nenhuma diferença entre os termos. Portanto, se você ouvir alguém dizer que é muçulmano, isso significa que essa pessoa é islâmica, ou seja, seguidora do Islamismo.
O termo árabe se refere a uma etnia, ou seja, à etnia árabe, que é caracterizada pela língua árabe. Assim, todos os povos que têm a língua árabe como oficial podem ser chamados de árabes. Como exemplo, podemos citar os iraquianos, os egípcios, os marroquinos, os palestinos, os sauditas, entre muitos outros.
 Cidade de Meca na Arábia Saudita
Devemos portanto, ter em mente que islâmico e muçulmano são referentes a uma religião, enquanto árabe é referente a uma etnia. Essa confusão se dá porque a religião islâmica foi criada pelo povo árabe, e entre esse povo o islamismo ganhou muitos adeptos. No entanto, devemos lembrar que nem todo muçulmano (ou islâmico) é árabe. Os turcos, os iranianos e os afegãos são povos muçulmanos, mas não árabes. Isso porque não falam a língua árabe. O país que possui a maior população muçulmana do mundo é a Indonésia, que também não é árabe. Devemos ainda lembrar que na Europa, há diversos povos muçulmanos, como é o caso dos Albaneses, dos Bósnios, dos Chechenos. Além disso, há muitos imigrantes muçulmanos em países como França, Alemanha e Inglaterra.
Agora sabemos que nem todo muçulmano é árabe. No entanto, todo árabe é muçulmano? A resposta para essa pergunta é não. Apesar de a maioria dos povos árabes professarem o islamismo, há o caso do Líbano e da Síria, que apesar de serem países árabes – já que têm o árabe como língua oficial – e terem a maior parte de suas populações seguidoras do Islamismo, os dois países possuem uma expressiva parcela de sua população que é adepta do Cristianismo. Ou seja, nesses países existem muitos árabes que não são muçulmanos, já que não seguem o Islamismo.
Muçulmanos orando em Cabul, Afeganistão


Você já sabe, então, que islâmico e muçulmano são palavras sinônimas, mas que, apesar de estarem associadas ao termo árabe, não têm o mesmo significado. Caso você tenha alguma dúvida se determinado povo é ou não árabe, confira em um Atlas Geográfico a língua que eles falam e você terá a resposta.

Vale lembrar ainda que no Brasil, há o costume de referir-se aos imigrantes árabes em geral como turcos, no entanto, isso é um equívoco, uma vez que, como já dissemos, os turcos são muçulmanos mas não são árabes, uma vez que não falam a língua árabe. Esse equívoco se deu porque quando os primeiros imigrantes vindos da Síria e do Líbano, países árabes, chegaram ao Brasil, esses países estavam sob o domínio do Império Turco-Otomano, e portanto, esses imigrantes entravam no Brasil registrados como turcos, por isso então criou-se o costume de referir-se a todos esses imigrantes como turcos. No entanto, hoje esses países são independentes, e devemos desfazer esse equívoco, lembrando que um libanês não deve ser chamado de turco, por tratar-se de povos distintos.
Alderi Souza de Matos

CRISTÃOS E MUÇULMANOS: UMA LONGA HISTÓRIA DE CONFLITOS

Estamos acostumados a ouvir notícias sobre o relacionamento hostil entre palestinos e judeus em Israel. Vez por outra também tomamos conhecimento de violentos choques entre muçulmanos e adeptos do hinduísmo e de outras religiões na Índia e em outros países asiáticos. Todavia, mais antigo e mais pleno de conseqüências para o mundo tem sido o relacionamento tenso - por vezes abertamente belicoso - entre cristãos e muçulmanos há quase 1400 anos. Os atentados terroristas nos Estados Unidos e outros países, as ações militares norte-americanas no Afeganistão e posteriormente no Iraque, e as iradas manifestações de muçulmanos em muitos países constituem mais um capítulo dessa longa história de conflitos.


1. O advento do islamismo

O Islamismo ou Islã foi fundado pelo mercador árabe Maomé (Muhammad, c.570-632) no início do século sétimo da era cristã. Essa que é a mais recente das grandes religiões mundiais sofreu influências tanto do judaísmo quanto do cristianismo, mas ao mesmo tempo opôs-se firmemente a ambos, alegando ser a revelação final de Deus (Alá). O livro sagrado do islamismo, o Corão (Qur`an), teria sido revelado pelo próprio Deus a Maomé, o último e maior dos profetas. A idéia básica do islamismo está contida no seu nome - islã significa "submissão" plena à vontade de Alá e "muçulmano" é aquele que se submete. Os preceitos centrais dessa religião incluem a recitação diária de uma confissão ("Não existe Deus senão Alá e Maomé é o seu profeta"), bem como a prática da caridade e do jejum, sendo este último especialmente importante durante o dia no mês sagrado de Ramadã. O culto é regulado de maneira estrita. Os fiéis devem orar cinco vezes ao dia, de preferência em uma mesquita ou então sobre um tapete, sempre voltados para Meca, a cidade sagrada do islã, na Arábia Saudita. Nas sextas-feiras, realizam-se cerimônias especiais. A peregrinação a Meca ao menos uma vez na vida também é uma prática altamente valorizada.

Desde o início o islamismo foi uma religião aguerrida e militante, marcada por intenso fervor missionário. Um conceito importante é o de jihad, ou seja, o esforço em prol da expansão do islã por todo o mundo. Esse esforço muitas vezes adquiriu a conotação de guerra santa, como aconteceu de maneira especial no primeiro século após a morte de Maomé, em 632. Movidos por um profundo zelo pela nova fé, os exércitos muçulmanos conquistaram sucessivamente a península da Arábia, a Síria, a Palestina, o Império Persa, o Egito e todo o norte da África. Nesse processo, o cristianismo foi enfraquecido ou aniquilado em muitas regiões nas quais havia sido extremamente próspero nos primeiros séculos. Lugares como Antioquia, Jerusalém, Alexandria e Cartago, onde viveram os Pais da Igreja Orígenes, Cipriano, Tertuliano e Agostinho, foram permanentemente perdidos pelos cristãos. Em 674, os muçulmanos lançaram os seus primeiros ataques contra Constantinopla, a grande capital cristã do Império Bizantino.

No ano 711, os mouros atravessaram o estreito de Gibraltar sob o comando de Tarik (daí Gibraltar, isto é, "a rocha de Tarik") e invadiram a Península Ibérica, ocupando a maior parte do território espanhol. Em seguida, atravessaram os Pirineus e penetraram na França, mas foram finalmente derrotados por um exército cristão comandado por Carlos Martelo, o avô de Carlos Magno, na batalha de Tours, em Poitiers, no ano 732. É verdade que, tanto no Oriente Médio e no norte da África quanto na Península Ibérica, os sarracenos foram relativamente tolerantes com os cristãos e os judeus. Estes geralmente não eram forçados a se converterem ao islamismo, mas tinham de pagar um imposto caso não o fizessem. Em todas essas regiões, muitos acabaram aderindo à nova religião. Em diversas áreas que conquistaram, os seguidores de Maomé criaram grandes centros de civilização, como foi o caso de Bagdá, do Cairo e da Espanha. O Califado de Córdova foi marcado por notável prosperidade, destacando-se pela sua belíssima arquitetura, seus elaborados arabescos, seus avanços nas ciências, literatura e filosofia.

2. As Cruzadas

O avanço islâmico teve profundas repercussões para o cristianismo. Como vimos, a Igreja Oriental ou Bizantina foi seriamente enfraquecida, tendo perdido algumas de suas regiões mais prósperas. A Igreja ocidental ou romana voltou-se mais para o norte da Europa. Com isso, o cristianismo tornou-se mais europeu e menos asiático ou africano. Também foi acelerado o processo de separação entre as Igrejas grega e latina. Outro problema para os cristãos foi a mudança da sua postura com relação à guerra e ao uso da força. Desde o início, os cristãos tinham aprendido de Cristo e dos apóstolos a prática do amor e da tolerância no relacionamento com o próximo. Agora, num mundo cada vez mais hostil à sua fé, eles acabaram abandonando muitos de seus antigos valores e passaram a elaborar toda uma série de justificativas filosóficas e teológicas para legitimar a violência em certas situações. Esse processo havia se iniciado com a aproximação entre a Igreja e o Estado a partir do imperador Constantino, no quarto século, tendo se intensificado nos séculos seguintes. Num primeiro momento, legitimou-se o uso da força contra grupos cristãos dissidentes ou heréticos, como os arianos e os donatistas. Séculos mais tarde, os cristãos haveriam de articular a sua própria versão de guerra santa, dirigindo-a principalmente contra os muçulmanos.

A maior, mais prolongada e mais sangrenta confrontação entre cristãos e islamitas foram as famosas Cruzadas, que se estenderam por quase duzentos anos (1096-1291). Antes disso, a cristandade já havia começado a lutar contra os muçulmanos na Espanha, no que ficou conhecido como a Reconquista, intensificada a partir de 1002 com a extinção do Califado de Córdova. Desenvolveu-se, assim, a partir da Península Ibérica, uma forma de catolicismo agressivo e militante, que haveria de estender-se para outras partes do continente. As cruzadas foram um fenômeno complexo cuja causa inicial foi a impossibilidade de acesso dos peregrinos cristãos aos lugares sagrados do cristianismo na Palestina. Por vários séculos, os árabes haviam permitido, salvo em breves intervalos, as peregrinações cristãs a Jerusalém, e estas haviam crescido continuamente. Todavia, a situação mudou quando os turcos seljúcidas, a partir de 1071, conquistaram boa parte da Ásia Menor e em 1079 a cidade de Jerusalém, fazendo cessar as peregrinações. Com isso surgiu na Europa um clamor pela libertação da Terra Santa das mãos dos "infiéis".

A primeira cruzada foi pregada pelo papa Urbano II, em Clermont, na França, em 1095, sob o lema "Deus vult" (Deus o quer). Depois de uma horrível carnificina contra os habitantes muçulmanos, judeus e cristãos de Jerusalém, os cruzados implantaram naquela cidade e região um reino cristão que não chegou a durar um século (1099-1187). A quarta cruzada foi particularmente desastrosa em seus efeitos, porque se voltou contra a grande e antiga cidade cristã de Constantinopla, que foi brutalmente saqueada em 1204. A oitava cruzada encerrou essa série de campanhas militares que trouxe alguns benefícios, como o maior intercâmbio entre o Oriente e o Ocidente e a introdução de inventos e novas idéias na Europa, mas teve efeitos adversos ainda mais profundos, aumentando o fosso entre as Igrejas latina e grega e gerando enorme ressentimento dos muçulmanos contra o Ocidente cristão, ressentimento esse que persiste até os nossos dias.

3. A Reconquista

É verdade que alguns cristãos daquele período tiveram uma atitude mais construtiva em relação aos islamitas, procurando ir ao seu encontro com o evangelho e não com a espada. Tal foi o caso de alguns dos primeiros membros das novas ordens religiosas surgidas no início do século XIII, os franciscanos e os dominicanos. O mais célebre missionário aos muçulmanos foi o franciscano Raimundo Lull (c.1232-1315), de Palma de Majorca, que fez diversas viagens a Túnis e à Argélia. Todavia, o espírito predominante do período foi o de beligerância não só contra os muçulmanos, mas mesmo contra grupos cristãos dissidentes, como foi o caso dos cátaros ou albigenses, no sul da França, aniquilados por uma cruzada entre 1209 e 1229. Também data dessa época o estabelecimento da temida Inquisição. Na Espanha, a Reconquista tomou ímpeto no século XIII e a partir de 1248 os mouros somente controlaram o Reino de Granada. Nos séculos XII e XIII, nesse contexto de luta contra os mouros, houve o surgimento de Portugal como um reino independente.

O Reino de Granada foi finalmente conquistado pelos reis católicos Fernando e Isabel em 1492, o mesmo ano do descobrimento da América. Após um período inicial de tolerância, foi lançada contra os mouros uma campanha de terror visando forçar a sua conversão e finalmente, em 1502, todos os muçulmanos acima de catorze anos que não aceitaram o batismo foram expulsos, assim como havia acontecido com os judeus dez anos antes. Sob a liderança de Tomás de Torquemada, a Inquisição espanhola, organizada em 1478, voltou-se de maneira especial contra os mouriscos e os marranos (muçulmanos e judeus convertidos ao cristianismo) acusados de conversão insincera.

Ao mesmo tempo em que o islamismo sofria essas pesadas perdas na Península Ibérica, obtinha estrondosos sucessos no Oriente Médio e na Europa oriental. Um novo poder islâmico, os turcos otomanos vindos da Ásia Central, depois de se estabelecerem firmemente na Ásia Menor, invadiram em 1354 a parte européia do Império Bizantino, gradualmente estendendo o seu domínio sobre os Bálcãs, em regiões que estiveram há alguns anos nos noticiários (Sérvia, Bósnia-Herzegovina, Albânia). Em 1453, eles tomaram Constantinopla (hoje Istambul), selando o fim do antigo Império Romano Oriental e impondo novas e pesadas perdas à Igreja Ortodoxa. Nos séculos XVI e XVII, os exércitos turcos haveriam de cercar por duas vezes Viena, a capital da Áustria (1529 e 1683).

4. Os dois últimos séculos

Um período especialmente humilhante para os muçulmanos diante do Ocidente cristão foi o colonialismo dos séculos XIX e XX, em que virtualmente todas as regiões islâmicas do Oriente Médio e do norte da África ficaram sob o domínio de países europeus como a França, a Inglaterra, a Itália e a Espanha. Até o início do século XIX, aquelas regiões tinham sido parte do vasto Império Otomano, com sua capital em Istambul. Com o colonialismo chegaram os missionários, tanto católicos como protestantes, com suas igrejas, escolas e hospitais. Após a Primeira Guerra Mundial, à medida que as novas nações árabes foram alcançando a sua independência, houve o crescimento do sentimento nacionalista e a reafirmação dos valores islâmicos. Ao mesmo tempo, o islamismo há muito havia ultrapassado os limites do mundo árabe, tendo alcançado, além dos persas e dos turcos, muitos outros povos na África e na Ásia, chegando até a Indonésia, hoje a maior de todas as nações muçulmanas, com mais de 100 milhões de habitantes. Em muitas dessas nações, árabes ou não, a presença de populações cristãs tem produzido graves conflitos entre os dois grupos, como tem ocorrido muitas vezes na Indonésia. Um acontecimento pouco divulgado foi o pavoroso genocídio promovido pelos turcos contra os armênios cristãos no início do século XX.

Outro evento que acabou por gerar nova animosidade entre os países muçulmanos e o Ocidente cristão foi a criação do Estado de Israel, em 1948, e a percepção de que o Ocidente, principalmente os Estados Unidos, apóia incondicionalmente o Estado Judeu em sua luta contra os palestinos e outros povos árabes. Dois novos ingredientes nessa luta foram o súbito enriquecimento de algumas nações árabes com a exploração do petróleo e o surgimento do fundamentalismo militante entre os xiitas, uma antiga facção islâmica minoritária ao lado da maioria sunita. A militância islâmica tem gerado várias revoluções e o surgimento de regimes islâmicos, como aconteceu há alguns anos no Irã. Além do apoio dos Estados Unidos a Israel, os fundamentalistas se ressentem da presença de tropas americanas na Arábia Saudita, o berço do islã, e da influência cultural do Ocidente nos seus respectivos países, vista como danosa para a sua fé e seus valores tradicionais.

Neste início do século 21, o islamismo representa o maior desafio para o cristianismo, em diversos sentidos. A invasão do Iraque e a enorme violência fratricida dela resultante têm sido muito negativas para a imagem do cristianismo junto aos muçulmanos. Ao contrário do que foi propalado no início da ocupação, as ações do presidente George W. Bush com o respaldo de muitos cristãos americanos não têm sido benéficas para a causa do evangelho no mundo islâmico. A situação dos cristãos que vivem em países muçulmanos também se agravou muito nos últimos anos. Como um dos "povos do livro" (expressão aplicada aos judeus e cristãos, visto serem mencionados no Corão), os cristãos precisam reconhecer os muitos erros cometidos contra os muçulmanos ao longo da história e renovar a sua determinação de contribuir para o bem-estar político, social e espiritual dos herdeiros de Maomé.

Perguntas para reflexão:
  1. Existe hoje, no Ocidente, uma atitude de crescente simpatia pelo islamismo, seus valores e sua cultura. Como os cristãos devem posicionar-se a esse respeito?
  2. Para um grande número de ocidentais, o interesse de muitos cristãos pela evangelização do mundo islâmico é algo "politicamente incorreto". O que se pode dizer disto?
  3. É legítima a contínua associação feita pelos muçulmanos entre as ações de governos e empresas ocidentais e o cristianismo? É lícito concluir que as ações políticas, militares e econômicas do Ocidente no mundo islâmico são motivadas por preocupações cristãs ou aprovadas pelos cristãos em geral?
  4. Os muçulmanos gozam de plena liberdade e tolerância religiosa no Ocidente, mas negam esses direitos aos cristãos no mundo islâmico. O que isso revela acerca do islamismo?
  5. De que maneiras os cristãos podem apoiar as reivindicações legítimas dos muçulmanos sem deixar de criticar os aspectos condenáveis do islamismo e sem se omitir nas suas responsabilidades missionárias para com o mesmo?
Sugestões bibliográficas:
  • ARMSTRONG, Karen. Em nome de Deus: o fundamentalismo no judaísmo, no cristianismo e no islamismo. São Paulo: Companhia das Letras, 2001.
  • BERTUZZI, Federico A. (Ed.). Rios no deserto: palestras sobre a evangelização de muçulmanos. São Paulo: Sepal, 1993.
  • CANER, Ergun Mehmet, e CANER, Emir Fethi. O islã sem véu: um olhar sobre a vida e a fé muçulmana. São Paulo: Editora Vida, 2004.
  • LO JACONO, Cláudio. Islamismo: história, preceitos, festividades, divisões. São Paulo: Globo, 2002.
  • RASHID, Ahmed. Jihad: a ascensão do islamismo militante na Ásia Central. São Paulo: Cosac e Naify, 2003.


Christophe Couraué historiador e jornalista

Eis aí um pequeno resumo das verdadeiras causas das guerras no mundo entre cristãos e muçulmanos, que prevalecem até aos dias de hoje, como por exemplo, a guerra do Iraque, da Líbia e da Síria, entre outras, onde seus dirigentes acabaram assassinados por contrariarem interesses dessas multinacionais acima citadas.
Como cristão-velho que sou, quero reconhecer,  os erros intencionais de certos falsos líderes cristãos, por não reconhecerem os direitos dos irmãos muçulmanos.
E aos irmãos muçulmanos quero dizer, que a grande maioria dos verdadeiros catóĺicos, também pensa exatamente assim.


PETRÓLEO CAUSA (INCONFESSADA) DE GUERRA 


O ouro negro não aparece como motivo do conflito entre os Estados Unidos e o Iraque, onde fica a segunda maior reserva mundial, alvo de concessões já no início do século XX.
Por Christophe Courau
O rei Ibn Saud, em maio de 1933, concedeu o direito de explorar o petróleo da Arábia Saudita durante 60 anos. Os americanos da Socal, que pagaram ao rei 35 mil peças de ouro, foram os beneficiários. O articulador do acordo foi Saint John Philby, antigo funcionário britânico do Império das Índias, transformado em conselheiro de Ibn Saud. Os ingleses perderam o bonde. Assim, antes de lutar contra os americanos, eles preferiram, um ano e meio mais tarde, associar-se com eles na base de 50/50 na última zona de prospecção: o Kuwait. As buscas, contudo, mostraram-se difíceis. As seis primeiras perfurações deram em nada. A ansiedade cresceu até 1938, quando imensas reservas foram descobertas no Kuwait e na Arábia. Após a Segunda Guerra Mundial, o movimento pela descolonização foi seguido pelo direito das nações de dispor livremente dos seus recursos naturais. Os países do Golfo passaram, portanto, a desejar libertar-se, em algumas décadas, das companhias petrolíferas ocidentais. Em 1948, a superpotência americana obteve o fim do "acordo da Linha Vermelha". Empresas recém-chegadas, como a americana Getty Oil, ofereceram melhores condições à Arábia Saudita, obrigando as companhias petrolíferas, empenhadas em manter suas posições, a conceder em 1950 à Arábia Saudita uma partilha dos retornos petrolíferos na base de 50/50. Essa disponibilidade foi estendida ao Bahrein e, depois, ao Kuwait e ao Iraque. Mas as multinacionais anglo-americanas, as "sete irmãs", conservaram o controle dos preços e dos volumes de produção - e 1950 foi também o ano da primeira tentativa de rebelião. Mossadegh nacionalizou as jazidas iranianas. Os ingleses, feridos, organizaram um bloco militar em favor das exportações. Durante quatro anos os iranianos resistiram. Mas, em 1954, os americanos eliminaram Mossadegh, assumiram o controle do petróleo iraniano e, de passagem, descartaram os ingleses.
Seis anos mais tarde, em 1960, a Arábia Saudita, o Kuwait, o Irã, o Iraque e a Venezuela criaram a Organização dos Países Exportadores de Petróleo. A Opep permitiu que, pela primeira vez, os países do Golfo se unissem contra as "sete irmãs".

Correlação de forças
 

A Opep precisaria de mais dez anos para inverter a correlação de forças entre países produtores e consumidores. Tudo balançou, com efeito, nos anos 1970. Um acidente danificou o oleoduto entre a Arábia Saudita e o Mediterrâneo: 5 mil barris/dia a menos no mercado. Os preços do petróleo subiram, e a Opep se deu conta de que o Ocidente estava à sua mercê. As nacionalizações voltaram à ordem do dia nos países árabes. Em 1972, o Iraque recuperou sua indústria petrolífera. A nacionalização se efetivou em 1975. As companhias ocidentais queriam a todo custo evitar que fossem transformadas em simples compradoras de petróleo e criaram uma nova artimanha jurídica para manter a situação: os "contratos de partilha da produção". Elas passaram então a se associar à produção local do petróleo e a comercializar por sua própria conta uma parte da produção da jazida.

A guerra do Kippur, em 1973, provocou o primeiro choque petrolífero mundial. Os países do Golfo elevaram o preço do barril em 70% e limitaram a produção. Em 1974, o Kuwait e o Qatar assumiram o controle (em até 60%) das companhias que atuavam em seu território. A Arábia Saudita fez o mesmo antes de nacionalizar completamente a Aramco (Arabian-American Oil Company) em 1976. Os produtores, desse modo, transformaram-se nos senhores do jogo. As companhias perderam a capacidade de ditar os preços na boca dos poços. Mas conservaram, e mantêm ainda hoje, a primazia sobre o refinamento, o transporte e a comercialização do óleo.

Em 1940, a região produzia 5% do petróleo mundial. Em 1973, na época do choque petrolífero, atingia 36,9%, impondo-se como interlocutora obrigatória e como aliada indispensável das economias ocidentais. Por menos de 40 anos, o conjunto do petróleo do Oriente Médio ficou sob o controle das grandes potências econômicas.

Trinta anos depois das descobertas, as relações de força haviam se invertido. De novo, nos 30 anos seguintes, as cartas dos campos petrolíferos passaram a correr o risco de ser redistribuídas.

-Tradução de Roberto Espinosa


 
CONCLUSÃO

Como Cristão católico, chego à triste conclusão, que, em todo este passado turbulento entre cristãos e muçulmanos, que ceifou a vida de tantos inocentes ao longo destes mais de 1300 anos, jamais foi alimentado pelo poder da fé, mas tão somente pelo poder dos bens materiais, sempre em poder de uns poucos, como acontece até aos nossos dias! Se o poder da fé fosse realmente o objetivo principal, muçulmanos e cristãos jamais teriam se degladiado ao longo de tantos séculos, pois afinal seu Deus é o mesmo !
A grande verdade é que as riquezas tanto do ocidente como do oriente estão em mãos de uns poucos.  As riquezas da Arábia Saudita, meca religiosa dos mulçumanos, por exemplo, está em mãos de uns poucos. Veja abaixo quem são esses poucos.

JPL


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