Anúncio de armas nucleares recoloca Rússia no centro da política internacional

Putin apresenta novo armamento nuclear da Rússia 'invencível' e que 'inutiliza' escudo antimísseis

Presidente da Rússia surpreendeu ao falar longamente da capacidade armamentista russa e de tensões leste-oeste, num discurso que se esperava ser voltado à eleição presidencial que acontece este mês.

A Rússia tem um novo leque de armas com capacidade nuclear, incluindo um míssil balístico intercontinental que torna os sistemas de defesa "inúteis", anunciou o presidente Vladimir Putin nesta quinta-feira (1º). Esse míssil tem um alcance mais longo do que qualquer outro e pode atingir praticamente qualquer alvo no mundo, enfatizou.

De acordo com Putin, um dos sistemas inclui "mísseis que voam baixo, difíceis de encontrar, com uma rota de voo impresivível que podem ignorar linhas de intercepção são invencíveis diante de todos os sistemas existentes e sistemas futuros de defesa aérea e contra mísseis". 
 
Ele também advertiu que Moscou consideraria qualquer ataque nuclear, de qualquer tamanho, contra ele ou seus aliados, um ataque à Rússia que levaria a uma resposta imediata.

Falando no salão de exposições de Manege, em Moscou, Putin apresentou os objetivos da Rússia para os próximos seis anos, com a ajuda de infográficos e vídeos animados. Ele se concentrou no desenvolvimento da economia, infra-estrutura, saúde e educação na Rússia.

A menos de 3 semanas da eleição presidencial, em que deve garantir novo mandato, a expectativa era de que seu discurso seguisse uma linha de campanha, em vez de fazer o tradicional panorama governamental que acontece todos os anos.

Mas, numa guinada inesperada, o presidente dedicou quase trinta minutos de sua fala de duas horas para discutir - e exibir em uma série de vídeos - as novas capacidades de mísseis nucleares da Rússia. "Ninguém no mundo tem algo igual, por enquanto. É algo fantástico!", afirmou o líder russo. 
 
"Espero que o que foi dito hoje iniba qualquer potencial agressor ou gestos hostis à Rússia, como a implantação de um sistema antimíssil e o desenvolvimento da infra-estrutura da Otan perto de nossas fronteiras. Isso deve ser visto como ineficaz do ponto de vista militar, financeiramente dispendioso e simplesmente inútil. Ninguém nos ouviu antes. Ouçam-nos agora", disse.

Redução da pobreza

Além da fala sobre armas, Putin prometeu nesta quinta melhorar o nível de vida dos russos e reduzir à metade o nível de pobreza "inadmissível" durante o mandato de seis anos que provavelmente receberá nas eleições de 18 de março.

O presidente destacou a importância no investimento em infraestruturas e saúde para evitar que o país fique atrasado, o que no seu entender seria o "principal inimigo".

"Os próximos anos serão decisivos para a vida do país", afirmou o presidente, que considera "essencial o desenvolvimento do bem-estar".

"Temos que resolver uma das tarefas chave da próxima década: garantir um crescimento seguro, a longo prazo uma renda real aos cidadãos e reduzir a taxa de pobreza no mínimo à metade em seis anos", declarou Putin.

O número de pobres no país caiu, segundo Putin, de 42 milhões no ano 2000 a quase 20 milhões atualmente. A tendência de queda desacelerou em seu último mandato (2012-2018) em consequência da recessão econômica.

"O atraso, este é o nosso inimigo", disse Putin, que enfatizou a importância dos avanços tecnológicos para que a Rússia, com um "potencial colossal", não fique de fora da "revolução tecnológica".

Putin está há mais de 18 anos no comando da Rússia, como presidente ou primeiro-ministro. Agora é candidato a um quarto mandato de seis anos nas eleições presidenciais de 18 de março, que provavelmente vencerá ante a falta de uma oposição forte.

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