Porto Velho
O primeiro colonizador português a chegar à região foi o explorador Antonio Tavares, que, ainda no século 18, cruzou os rios Mamoré, Madeira e Amazonas. Na época, espanhóis, franceses e portugueses disputavam a região e o controle de seus rios. Para demarcar o domínio português foi construída uma fortificação, denominada Real Forte do Príncipe da Beira. Corria o ano de 1776.
Raramente Porto Velho é lembrada como destino turístico, mas com certeza quem se dispuser a explorar aquela parte do território brasileiro, ficará surpreso com o que irá encontrar. No coração do que foi durante séculos uma das regiões mais pobres e isoladas do país, hoje ergue-se uma cidade imponente, a terceira maior da região norte, e que serve de ponto de partida para diversos roteiros alternativos. O estado de Rondônia, junto a outros estados brasileiros, forma a região Amazônica, que mais do que nunca apresenta-se hoje como endereço quase irresistível para os praticantes do ecoturismo. Pontilhada de grandes prédios, próxima à virgens florestas e cercada por caudalosos rios, Porto Velho é uma garantia de novas emoções.
A capital do Estado de Rondônia tem cerca de trezentos mil habitantes. A cidade tem as características básicas de centros urbanos planejados, como ruas organizadas perpendicularmente entre entrecortadas por largas avenidas. Mas, quem pensar que é fácil percorrê-la a pé, logo irá descobrir que está enganado, pois esta é uma cidade grande, dividida em diversos bairros. Entre as mais lembradas atrações da cidade estão o Museu da Estrada de Ferro, Estação Ferroviária Madeira-Mamoré e os três reservatórios de água conhecidos como Três Marias.
Ao lado, uma das avenidas centrais de Porto Velho. Porto Velho conta com hotéis de alto padrão, como o Aquarius Selva, oferecendo todo conforto aos visitantes.
Por mais de um século o isolamento em relação ao resto do país impediu o desenvolvimento da região. Como não foi descoberto ouro nem outros minerais valiosos os portugueses, e mais tarde os próprios brasileiros, não se interessaram muito nesta parte do país, e Rondônia sobreviveu basicamente graças ao extrativismo vegetal, até o surgimento do "Ciclo da Borracha".
Antes do surgimento da borracha sintética, a borracha extraída nos seringais era tão valiosa, que ganhou o apelido de "Ouro Branco". A região Amazônica era um dos poucos lugares do mundo onde as seringueiras eram encontradas, portanto extrair e transportar esta borracha para o resto do mundo era essencial para a economia brasileira, e o melhor meio para isto seria com a construção de uma ferrovia que desse acesso aos portos.
Escadarias de acesso ao Palácio Getúlio Vargas, sede do governo do estado de Rondônia. O prédio está situado bem no centro da cidade, em frente a uma praça generosamente arborizada, e que, graças ao forte calor que costuma fazer na região, costuma reunir pessoas a procura de uma sombra amiga para descansar ou simplesmente bater um papo após o almoço. Nos últimos anos, a cidade tem apresentado um grande crescimento em direção aos bairros afastados do centro, como o de Esplanada. É lá onde hoje erguem-se os modernos prédios administrativos estaduais e federais, bem como luxuosas residências.
A Catedral Sagrado Coração de Jesus é uma das principais referencias arquitetônicas e religiosas da cidade. A pouca distância dela estão as movimentadas ruas do centro, com um comércio quase sempre frenético. Para conhecer a cidade a pé é recomendável não esquecer de beber muita água e um bom protetor solar. O calor de Porto Velho é intenso e está presente quase o tempo todo. Boas alternativas para quem quiser se refrescar um pouco é ir nadar na Lagoa Belmont, Praia dos Periquitos ou Praia da Areia Branca, estas duas últimas às margens do rio Madeira. Quanto à culinária local, não deixe de experimentar alguns quitutes, como tacacá, pato no tucupi, tucunaré frito e as frutas típicas tucumã, jambo ou cajá.
Interessado na exportação da borracha, o governo brasileiro faz acordos com empresas estrangeiras para a construção de uma ferrovia de 380 km, atravessando a selva amazônica. Surge então a Madeira Mamoré Railway ou Estrada de Ferro Madeira Mamoré - EFMM. Ela permitiria o transporte da borracha extraída dos seringais para navios que, através dos rio Madeira e Amazonas, iriam exportá-la para Europa e Estados Unidos.
Durante os anos de construção da Estrada de Ferro Madeira Mamoré, trabalhadores de todos os cantos do Brasil e até do mundo vieram para Porto Velho. No entanto, os perigos da selva foram minimizados pelos projetistas e em pouco tempo, doenças como febre amarela e malária matavam milhares de trabalhadores, dando à ferrovia o triste apelido de "Ferrovia da Morte".
Muitos turistas que vem a Porto Velho gostam de esticar o passeio para conhecer também o lugar conhecido como Jerusalém da Amazônia. Situada somente a 20 km do centro de Porto Velho, ela constitui a segunda maior cidade cenográfica do país. Embora menos conhecida que sua irmã de Recife, a Jerusalém da Amazônia atrai todos os anos milhares de turistas para assistir as comemorações da Semana Santa. Observe, no entanto, que aqui a encenação ocorre geralmente na segunda semana de maio.
Outro ponto turístico situado próximo a Porto Velho é o Real Forte Príncipe da Beira, construído às margens do rio Guaporé, próximo a fronteira com a Bolívia. Trata-se do mais importante e antigo patrimônio histórico do estado de Rondônia, e com certeza um dos mais significativos de toda região norte. Construído pelos colonizadores portugueses com a finalidade de proteger a fronteira oeste do Brasil. Ele na verdade nunca chegou a desempenhar funções militares, e terminou sendo utilizado principalmente como presídio para os desterrados pela coroa portuguesa. Hoje, suas muralhas com mais de dez metros de altura, intercaladas por torres de guarda, parecem estranhamente deslocadas em plena Amazônia, mas mesmo assim atraem centenas turistas em busca de aventura.
Paradoxalmente, foi a "Ferrovia da Morte" quem trouxe Porto Velho à vida, pois sem a EFMM, a cidade não teria nascido nem sobrevivido.
Em 1912 foi dada por concluída a obra da Estrada de Ferro Madeira - Mamoré e quase todos os trabalhadores partiram. Permaneceram no local cerca de 900 pessoas, habitando barracões remanescentes das obras. Este núcleo populacional seria a origem da cidade de Porto Velho, fundada em 1912.
Típicas embarcações como estas, formam o principal meio de transporte entre Porto Velho e tantas outras pequenas localidades situadas ao longo das margens dos rios que cortam a região. Daqui saem até mesmo embarcações com destinos mais distantes, como Manaus. Numa terra com poucas estradas e dezenas de rios, o transporte fluvial permanece, ainda hoje, como a principal alternativa para milhares de pessoas. Cada passageiro deve levar sua rede, onde passa a noite, mas algumas destas embarcações oferecem aposentos privativos e com mais conforto. Observe, no topo da embarcação a antena parabólica, símbolo da penetração que a televisão tem em praticamente todos os recantos do país.
Um dos points de Porto Velho está situado às margens do rio Madeira, onde dezenas de restaurantes e bares, num ambientes informal e descontraído, oferecem pratos típicos a preços muito convidativos. Como é fácil de supor para uma cidade à beira de rio, os peixes são a pedida certa do cardápio local, assim Dourados, Capararis, Surubins, Piramutabas, Tambaquis e Tucunarés são sempre opções deliciosas. Ao sair, atravesse a rua e não deixe de visitar o prédio do Mercado Central, que oferece desde curiosidades e pratos típicos até artigos do dia a dia e peças do artesanato local.
O nome da cidade tem origem no antigo ancoradouro existente às margens do rio Madeira, que havia sido utilizado durante a Guerra do Paraguai. Conhecido como "Porto Velho dos Militares" este ancoradouro seria o embrião da futura cidade de Porto Velho e estava situado a pouca distância do antigo Real Forte da Beira, construído pelos portugueses.
Com o surgimento da borracha na Malásia a preços mais competitivos,os seringais amazônicos foram abandonados e a economia da região entrou em estagnação. Somente na década de 40, com a chegada da guerra e grande demanda mundial por borracha, surge um novo ciclo de crescimento.
No início do século passado, centenas de desbravadores vieram para a região que hoje corresponde ao estado de Rondônia, com o objetivo de construir uma grande estrada de ferro, a Madeira Mamoré, que teria como objetivo servir como principal via de transporte para o escoamento da grande produção de borracha. Os trabalhos foram iniciados em 1907 e duraram cinco anos, mesmo assim a obra nunca chegou a ser concluída, devido às doenças tropicais que atingiam os trabalhadores. Porto Velho surgiu em outubro de 1914, ao término desta fase, e atualmente, entre suas atrações, está o Museu Ferroviário da Estrada de Ferro Madeira Mamoré (EFMM), onde podem ser apreciadas algumas das antigas locomotivas que desbravavam a selva, cem anos atrás.
Após a desativação da Estrada de Ferro Madeira Mamoré um de seus imensos galpões foi transformado em Museu. Lá estão diversas peças contando um pouco do período em que tantos desbravadores e aventureiros desafiaram a selva na tentativa de construir uma grande ferrovia. Entre as peças do museu destaca-se a primeira locomotiva trazida para a Amazônia, a Coronel Churchill, vinda diretamente da Inglaterra. Lá também estão diversos equipamentos ferroviários, móveis e fotografias da época.
A primeira tentativa de construção de uma ferrovia em Rondônia aconteceu em 1872, mas na verdade somente após a assinatura do Tratado de Petrópolis, em 1903, quando foi definida a fronteira entre Brasil e Bolívia, foram iniciados os trabalhos de construção da ferrovia EFMM. Seu objetivo era permitir o transporte da borracha – na época considerada o Ouro Branco – dos seringais para os grandes centros consumidores e de exportação, ou seja, Porto Velho. No entanto, as dificuldades para construir uma ferrovia em plena selva amazônica foram muito maiores que o previsto, e milhares de homens morreram durante as obras, como conseqüência de malária e febre amarela. Na verdade a ferrovia nunca chegou a uma operação plena, como o projetado, e após o término do ciclo da borracha na região Amazônia ela tornou-se inviável comercialmente e foi desativada. Somente nos anos 80, a EFMM, voltaria a funcionar, mesmo assim somente para fins turísticos, ao longo de apenas sete de seus 366 km originais. Ao lado, outra foto do Museu da EFMM.
Em 1943 é criado o "Território de Guaporé", entre os estado de Mato Grosso e Amazonas. Somente em 1956, seu nome é alterado para "Território de Rondônia". O nome é em homenagem a "Candido Mariano da Silva Rondon", militar, desbravador e grande responsável por conquistas territoriais da região oeste do país e pelo apaziguamento das ferozes tribos indígenas ao sul da floresta amazônica.
A descoberta de cassiterita e ouro na região trouxe desenvolvimento para Porto Velho. Contribui a elevação do status de Rondônia - em 1981 - passando de Território a Estado, e a política de promover a ocupação da região amazônica. Com isto a população de Porto Velho passou em pouco tempo de 90 mil para 300 mil habitantes, e possibilitou um grande avanço, principalmente a partir dos anos 80.
Um dos melhores passeios que podem ser feitos por quem está em Porto Velho é dirigir-se até o cais turístico da cidade e embarcar numa das embarcações turísticas que percorrem o rio Madeira. O roteiro básico costuma seguir até a Cachoeira de Santo Antônio e, em meio a muito verde e muita água, é impossível deixar de ficar impressionado com a exuberância da natureza desta região, seus rios e selvas.
Clique aqui para conhecer o clube de futebol Moto Esporte Clube de Rondônia...
1 comentários:
Que bom saber um pouco desta cidade tão desconhecida e longe (geograficamente) de mim, que moro em Santa Maria, no Rio Grande do Sul. Deu vontade de conhecer a cidade. Muita vontade! Uma máquina fotográfica em Porto Velho deve fazer arte!
abraços
Bibiano Girard
www.revistaovies.com
Postar um comentário