A Rio+20 será nada mais do que uma afirmação do capitalismo, onde serão apresentadas novas formas de investimento sob a “falsa ideia” de que o capitalismo verde é mais sustentável.
Da Redação, com Agência Brasil
Porto Alegre (RS) – O sociólogo português Boaventura Sousa Santos participou de todos os encontros promovidos pelo Fórum Social Mundial (FSM), desde a sua criação, em 2001. A expectativa para a edição temática deste ano, segundo ele, é que o debate possa ir além da simples ideia de economia verde, abrindo espaço para modelos não capitalistas como a economia solidária.
O Fórum Social Temático 2012 (FST), organizado por grupos de ativistas e por movimentos sociais, insere-se no processo iniciado pelo FSM. A ideia é criar um espaço de debates preparatórios para a Cúpula dos Povos, reunião alternativa à Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), agendada para junho, no Rio de Janeiro.
Para Boaventura, o balanço dos primeiros dez anos de discussão é positivo. “Temos hoje movimentos de mulheres em todo o continente e em todo o mundo, temos a Via Campesina, temos movimentos indígenas mais articulados”, disse. “O Fórum colocou a América Latina no rumo das soluções e não dos problemas”, completou.
O sociólogo alertou, entretanto, que há sinais preocupantes de que muitos avanços conquistados neste período possam estar em risco. “É evidente que esta década não vai ser tão brilhante como a primeira [de realização do Fórum Social]”, ressaltou.
Boaventura avaliou ainda que a Rio+20 será nada mais do que uma afirmação do capitalismo, onde serão apresentadas novas formas de investimento sob a “falsa ideia” de que o capitalismo verde é mais sustentável que o capitalismo em vigor. Ele acredita que o neoliberalismo pode, de alguma maneira, comprometer até mesmo o papel do Brasil enquanto anfitrião da Rio+20.
A EUROPA ESQUECEU DE APRENDER
25/01/2012 13h17 - Atualizado em 25/01/2012 13h17
'A Europa esqueceu de aprender', diz sociólogo português no FST2012.
Boaventura de Sousa Santos participou de conferência em Canoas.
Seminário internacional de cidades de periferia vai até sexta-feira (27).
Cristiane Silva Da RBS TV, em Canoas
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Um dos principais temas do Fórum Social Temático de 2012, o debate sobre sustentabilidade, reuniu em Canoas prefeitos de cidades da periferia na manhã desta quarta-feira (25). Em conferência no evento, o sociólogo português Boaventura de Sousa Santos criticou o que chama de "capitalismo verde" e disse que a Europa não pensa na ecologia.
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"A Europa ditou o que o mundo fazia por cinco séculos. De tanto querer ensinar, esqueceu de aprender. Só se fala em crescimento, mas um crescimento insustentável", disse o sociólogo, durante a abertura do Seminário Internacional de Cidades de Periferia.
O sociólogo também defendeu que as empresas transnacionais façam investimentos em energias renováveis e falou em denúncia a um novo tipo de capitalismo. "As empresas adquiriram um poder enorme sobre os estados para transformar as leis e toda questão climática numa questão comercial, que chamamos de capitalismo verde". O sociólogo português ainda elogiou o Brasil e disse que o país pode ser modelo de economia popular e solidária.
O seminário vai até sexta-feira (27) e tem a participação de prefeitos da Região Metropolitana de Porto Alegre e painelistas da França, da Suíça, de Portugal e da Espanha. Outro participante do debate desta manhã, o francês Jean Paul Le Glou, vice-presidente da Plaine Commune, lamentou a falta de consciência mundial sobre a sustentabilidade. "Não é possível falar de desafios se as pessoas não têm consciência da importância de abordar o tema", frisou.
O Seminário Internacional de Cidades de Periferia está sendo realizado no Salão de Atos do Unilasalle, em Canoas, e no Centro de Eventos da Prefeitura de São Leopoldo. O evento é uma preparação para o 3º Fórum de Autoridades Locais de Periferia (Falp) para Metrópoles Solidárias, que Canoas sedia em junho de 2013.
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