PÁSCOA NO BRASIL E PORTUGAL


Páscoa no Brasil




8 de abril de 2012 - Domingo de Páscoa

Depois do Carnaval e dos 40 dias da Quaresma, chega o calendário litúrgico, a Páscoa. Entre o Domingo de Ramos e o Domingo da Ressureição de Cristo, o Cristianismo celebra a semana mais importante do ano: a Semana Santa, que comemora a Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus.

No Brasil, um país de grande tradição católica, herança recebida dos irmãos portugueses, a Sexta-feira Santa (morte) e o Domingo de Páscoa (ressurreição) são as datas mais festejadas, com grande conteúdo simbólico. Procissões, missas, rituais, peças de teatro e muitas manifestações rendem homenagem à data, tanto nas grandes cidades, como nos povoados mais remotos.

Procissão do SENHOR morto em São Paulo


A Páscoa, além de uma data religiosa, é também um dia lúdico e importante na formação religiosa das crianças. O costume no Brasil é de presentear ovos de chocolate ou ovos pintados à mão, recheados com doces. Na verdade, esses ovos são trazidos pela coelhinha da Páscoa. O coelho é um animal com capacidade de gerar grandes ninhadas, o que simboliza a vocação da Igreja em produzir novos discípulos. Mas para os pequenos, a imagem está relacionada com diversão. Os ovos são deixados em "ninhos" ou cestos, e a busca desse "tesouro" é uma verdadeira festa.

Além da troca de ovos de Páscoa, as famílias se reúnem no domingo para celebrar um almoço, com direito a pratos especiais, mensagens de Páscoa e inclusive, músicas de Páscoa e tal como em Portugal exibir suas novas roupas e calçados.



Calendário de feriados:

Páscoa 2012: 08 de abril
Páscoa 2013: 31 de março
Páscoa 2014: 20 de abril
Páscoa 2015: 05 de abril
Páscoa 2016: 27 de março
Páscoa 2017: 16 de abril
Páscoa 2018: 1º de abril

O coelho é um animal com capacidade de gerar grandes ninhadas, o que simboliza a vocação da Igreja em produzir novos discípulos. Mas para as crianças, a imagem está relacionada com diversão. Os ovos são deixados em "ninhos" ou cestos, e a busca desse "tesouro" é uma verdadeira festa.

Além da troca de ovos de Páscoa, as famílias se reúnem no domingo para celebrar um almoço, com direito a pratos especiais, mensagens de Páscoa e inclusive, músicas de Páscoa.

Qual é a origem e significado da Páscoa? Como surgiu a idéia do coelho e ovos de chocolate? E por que na sexta-feira dizem que não se deve comer carne mas sim peixe?

A Páscoa pode cair em qualquer domingo entre 22 de março e 25 de abril. Tem sido modernamente celebrada com ovos e coelhos de chocolate com muita alegria. O moderno ovo de páscoa apareceu por volta de 1828, quando a indústria de chocolate começou a desenvolver-se. Ovos gigantescos, super decorados, era a moda das décadas de 1920 e 1930. Porém, o maior ovo e o mais pesado que a história regista, ficou pronto no dia 9 de abril de 1992. É da Cidade de Vitória na Austrália. Tinha 7 metros e dez centímetros de altura e pesava 4 toneladas e 760 quilos. Mas, o que é que tem a ver ovos e coelhos com a morte e ressurreição de Cristo?

A origem dos ovos e coelhos é antiga e cheia de lendas. Segundo alguns autores, os anglo-saxões teriam sido os primeiros a usar o coelho como símbolo da Páscoa. Outras fontes porém, o relacionam ao culto da fertilidade, celebrado pelos babilônicos e depois transportado para o Egito. A partir do século VIII, foi introduzido nas festividades da Páscoa um deus teuto-saxão, isto é, originário dos germanos e ingleses. Era um deus para representar a fertilidade e a luz. À figura do coelho juntou-se o ovo que é símbolo da própria vida. Embora aparentemente morto, o ovo contém uma vida que surge repentinamente; e este é o sentido para a Páscoa, após a morte, vem a ressurreição e a vida. A Igreja Católica, no século XVIII, adotou oficialmente o ovo como símbolo da ressurreição de Cristo. Assim foi santificado um uso originalmente pagão, e pilhas de ovos coloridos começaram a ser benzidos antes de sua distribuição aos fiéis.
Em 1215 na Alsácia, França, surgiu a lenda de que um dos coelhinhos da floresta foi o animal escolhido para levar um ninho cheio de ovos ao principezinho que estava doente. E ainda hoje se tem o hábito de presentear os amigos com ovos, na Páscoa. Não mais ovos de galinha, mas de chocolate. A idéia principal, ressurreição, renovação da vida foi perdida de vista, mas os chocolates não, eles continuam sendo supostamente trazidos por um coelhinho...
O Peixe, foi o símbolo adotado pelos primeiros cristãos. Em grego, a palavra peixe era um símbolo da confissão da fé, e significava: "Jesus Cristo, filho de Deus e Salvador." O costume de se comer peixe na sexta-feira santa, está associado ao fato de Jesus ter repartido este alimento entre o povo faminto. Assim a tradição de não se comer carne com sangue derramado por Cristo em nosso favor.

Mas vejamos agora, qual é a verdadeira origem da Páscoa?

Não tem nada a ver com ovos nem coelhos. Sua origem remonta aos tempos do Velho Testamento, por ocasião do êxodo do povo de Israel da Terra do Egito. A Bíblia relata o acontecimento no capítulo 12 do livro do Êxodo. Faraó, o rei do Egito, não queria deixar o povo de Israel sair, então muitas pragas vieram sobre ele e seu povo. A décima praga porém, foi fatal : a matança dos primogênitos - o filho mais velho seria morto. Segundo as instruções Divinas, cada família hebréia, no dia 14 de Nisã, deveria sacrificar um cordeiro e espargir o seu sangue nos umbrais das portas de sua casa. Este era o sinal, para que o mensageiro de Deus, não atingisse esta casa com a décima praga. A carne do cordeiro, deveria ser comida juntamente com pão não fermentado e ervas amargas, preparando o povo para a saída do Egito. Segundo a narrativa Bíblica, à meia-noite todos os primogênitos egípcios, inclusive o primogênito do Faraó foram mortos. Então Faraó, permitiu que o povo de Israel fosse embora, com medo de que todos os egípcios fossem mortos.

Em comemoração a este livramento extraordinário, cada família hebréia deveria observar anualmente a festa da Páscoa, palavra hebraica que significa "passagem" "passar por cima". Esta festa, deveria lembrar não só a libertação da escravidão egípcia, mas também a libertação da escravidão do pecado, pois o sangue do cordeiro, apontava para o sacrifício de Cristo, o Cordeiro que tira o pecado do mundo.
Esta também é a base das comemorações evangélicas...

A chamada páscoa cristã, foi estabelecida no Concílio de Nicéia, no ano de 325 de nossa era. Ao adotar a Páscoa como uma de suas festas, a Igreja Católica, inspirou-se primeiramente em motivos judaicos: a passagem pelo mar Vermelho, a viagem pelo deserto rumo a terra prometida, retirando a peregrinação ao Céu, o maná que exemplifica a Eucaristia, e muitos outros ritos, que aos poucos vão desaparecendo.

A maior parte das igrejas evangélicas porém, comemora a morte e a ressurreição de Cristo através da Cerimônia da Santa Ceia. Na antiga Páscoa judaica, as famílias removiam de suas casas, todo o fermento e todo o pecado, antes da festa dos pães asmos. Da mesma forma, devem os cristãos confessar os seus pecados e deles arrepender-se, tirando o orgulho, a vaidade, inveja, rivalidades, ressentimentos, com a cerimônia do lava-pés, assim como Jesus fez com os discípulos. Jesus instituiu uma cerimônia memorial, a ceia, em substituição à comemoração festiva da páscoa. I Coríntios 11:24 a 26 relata o seguinte:
Jesus tomou o pão, "e tendo dado graças o partiu e disse: Isto é o meu corpo que á dado por vós; fazei isto em memória de mim. Por semelhante modo, depois de haver ceiado, tomou o cálice, dizendo: Este cálice é a nova aliança no Meu sangue, fazei isto todas as vezes que o beberdes, em memória de mim. Porque todas as vezes que comerdes este pão e beberdes o vinho deste cálice, anunciais a morte do senhor, até que ele venha."

Vários símbolos nesta ceia merecem nossa atenção. O ato de partir o pão, indicava os sofrimentos pelos quais Cristo havia de passar em nosso favor. Alguns pensam, que a expressão "isso é o meu corpo" signifique o pão e o vinho se transformassem realmente no corpo e no sangue de Cristo. Lembremo-nos portanto, que muitas vezes Cristo se referiu a si próprio, dizendo, "Eu Sou a porta" (João 10:7), "Eu sou o caminho" (João 14:6) e outros exemplos mais que a Bíblia apresenta. Isto esclarece, que o pão e o vinho não fermentado, são símbolos e representam o sacrifício de Cristo. Ao cristão participar da cerimônia da ceia, ele está proclamando ao mundo sua fé no sacrifício expiatório de Cristo e em sua segunda vinda. Jesus declarou: "Não beberei deste fruto da videira, até aquele dia em que o hei de beber convosco no reino de Meu Pai." ( Mateus 26:29)

Portanto, a cerimônia da Santa-Ceia, que Jesus instituiu, que veio a substituir a cerimônia da Páscoa, traz muitos significados:

1 - O Lava-Pés, significa a humilhação de Cristo. Mostra a necessidade de purificar a nossa vida. Não é a purificação dos pés, mas de todo o ser, todo o nosso coração. Reconciliação com Deus, com o nosso próximo e conosco mesmo - união - não somos mais do que ninguém. O maior é aquele que serve...

2 - A Ceia significa a libertação do Pecado através do sacrifício de Cristo. Significa também estar em comunhão com ele. E sobretudo, é um antegozo dos salvos, pois Jesus disse: "Não beberei deste fruto da videira, até aquele dia em que o hei de beber convosco no reino do meu Pai. (Mateus 26:29)

Conclusão:

Advertindo a cada cristão, que tome cuidado com os costumes pagãos, que tentam sempre driblar os princípios bíblicos. Não é de hoje, que se nota como os princípios bíblicos são alterados por costumes e filosofias humanas. Adoração a ídolos, a mudança do sábado para o domingo, o coelho e o chocolate, são apenas alguns exemplos das astúcias do inimigo. A Bíblia, e a Bíblia somente, deve ser a única regra de nossa fé, para nos orientar, esclarecer e mostrar qual o caminho certo que nos leva a Deus e que nos apresenta os fundamentos de nossa esperança maior, que é viver com Cristo e os remidos, num novo céu e numa nova terra. Devemos tomar cuidado com as crendices, tradições, fábulas, e mudanças humanas disfarçadas. Minha sugestão é examinar com oração, cuidado e com tempo as Sagradas Escrituras, para saber o que hoje é crendice ou tradição, estando atento, para saber o que realmente Deus espera de cada um de nós.

Jesus foi claro "Fazei isto em memória de mim." Ele exemplificou tudo o que deve ser feito. E se queremos ser salvos, precisamos seguir o que Jesus ensina e não outras tradições ou ensinamentos. Mateus 15:9 adverte: "Em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos dos homens."

Nisã ou Nisan ou Nissan (antes chamado de Abibe ou Abib) é o primeiro mês do calendário judaico, e corresponde a março-abril do calendário gregoriano. Foi no 14º dia desse mês que Jesus comemorou a Páscoa judaica com os seus discípulos (Levítico 23:5-15, Êxodo 9:31 e 13:4) e em seguida instituiu a celebração de sua morte em prol da humanidade pecadora. Para determinar o quatorze de nisã é preciso ter noção de alguns conceitos astronômicos.

De acordo com o calendário lunar usado no primeiro século, os dias mudavam após o por do sol. Algo similar ao que ocorre hoje após a meia-noite. Isto significa, por exemplo, que Jesus celebrou sua morte numa quinta-feira após o por do sol - o que, naquela época, já era considerado um novo dia (sexta-feira). Portanto, embora Jesus celebrou sua morte numa noite anterior, podemos dizer que foi no mesmo dia em que ele ofereceu sua vida como sacrifício de resgate em favor da humanidade, ou seja, na sexta-feira, dia 14 do mês de Nisã.

A PÁSCOA EM PORTUGAL




Como não poderia ser diferente dado os parâmetros religiosos e culturais semelhantes entre os dois países, a Páscoa comemorada em Portugal, tem quase completa semelhança com aquela comemorada no Brasil.

Páscoa em Portugal




É nesta altura em que se limpam muito bem as casas, se pintam (ou caiam, nas zonas em que isso é habitual) e se arranjam(arrumam), pois irá passar o Compasso (a Visita Pascal), que é uma ida do padre, do sacristão e dos coroinhas a cada casa para abençoar (e benzer) aquele lar e os que ali vivem. É comum nesse dia, as pessoas vestirem-se a rigor!

* Tudo isto ligado à Ressurreição de Cristo e à celebração da Vida.

* Para além de todas as celebrações e significados da Páscoa, em Portugal é também uma festa especial dos padrinhos (e madrinhas).

* Tradicionalmente, para além das amêndoas (porque parecem ovos pequeninos) e dos ovos (símbolo da vida), existe o pão-de-ló e os folares, que se oferecem às crianças (especialmente pelos padrinhos).

* Estes doces também estão em cada casa para receber o Compasso.
É um sinal de hospitalidade para o padre e os seus acompanhantes (que, para não ficarem embuchados, têm também à disposição um copinho de licor ou um cálice de vinho do Porto).

* Os folares, como sabem, têm um ou mais ovos dentro - e lá voltamos aos símbolos da Páscoa.

* Antes da Páscoa, na Quaresma, o tempo é de jejum - evita-se comer carne e a ementa das sextas-feiras deve ser peixe (bem, na verdade, não deve é ser carne) por respeito, pois foi na sexta-feira que Jesus foi crucificado e morreu.

* Mas como no Domingo de Páscoa se celebra a festa da Ressurreição (voltar à vida, ressuscitar), volta a comer-se carne: cabrito ou borrego, como se fazia nos tempos antigos. E os doces, claro, que incluem todos os tradicionais e os folares, como dissemos.

* Só mais uma coisa.

Também acontece em muitas localidades celebrar-se a Semana Santa (a semana em que Jesus foi preso, julgado e condenado) com procissões de velas, à noite, ou representações teatrais (populares).

A CERIMÔNIA DO COMPASSO

O compasso na Páscoa

No Domingo de Páscoa, e em alguns locais nos dias seguintes, o sacerdote acompanhado por mais algumas pessoas, transporta o crucifixo e leva à casa dos paroquianos a "boa nova" e a "bênção pascal". As pessoas da família, amigos e vizinhos reúnem-se e se ajoelham na sala principal, onde o padre lhes dá a cruz a beijar. Esta é a principal simbologia do Compasso. Caída em desuso em muitas localidades, noutras tende a ser recuperada, este ritual revestia-se antigamente de um maior cerimonial.
As ruas e as entradas das casas apresentavam-se enfeitadas com verdura e e cobertas com tapetes de flores e plantas aromáticas (alecrim, rosmaninho, hortelã silvestre). Escolhia-se a melhor mesa da sala, que se cobria com uma toalha de renda ou bordada, quase sempre com motivos religiosos. Em diversas aldeias da Beira Alta, a toalha do folar, ou a toalha da Páscoa era de renda, acrescentada consecutivamente quando a família ia aumentando, tecida por mãos femininas.
Sobre a mesa era colocado um crucifixo, ladeado por castiçais e jarras com flores, juntamente com as ofertas de caráter alimentar destinadas ao prior (padre): bolos, frutos, queijos, pão-de-ló.
Numa outra mesa, enfeitada com ovos tingidos ou decorados, "preparada para um pequeno brinde", encontrava-se o "folar do padre", que consistia num donativo em dinheiro colocado numa salva de prata, numa taça ou num prato. Em tempos mais recuados, esta dádiva era constituída por uma moeda, geralmente de prata, cravada numa laranja ou maçã.
A finalizar o rito do Compasso, é servido aos portadores da cruz um vinho do Porto, acompanhado de doces e biscoitos.
No Minho, semanas antes da Páscoa, era costume semearem-se as "searinhas" de trigo, cevada, aveia ou centeio, em pratinhos que, nas casas senhoriais, eram guardados, conforme o preceito, dentro das prateleiras para germinar.
Na altura da visita pascal, as "searinhas" colocavam-se como elemento cerimonial, sobre as grandes cómodas, altas, com oratórios, que nesses tempos representavam uma peça de mobiliário corrente nas salas das casas mais abastadas. Este costume das "searinhas" é também conhecido pela sua tradição noutras celebrações religiosas ou festivas, como no São João ou no Natal.
Em algumas localidades mantém-se o costume de os paroquianos serem avisados, pelo toque dos sinos, de que o pároco vem a caminho, mal o Compasso (visita do padre, sacristão e coroinhas às casas) sai da igreja.
Era tradição em alguns locais do país, no Domingo de Páscoa pela manhã, ouvirem-se cânticos idênticos em todas as casas, quando os sinos repicavam festivamente a anunciar a Ressurreição de Cristo.
Em alguns lugares é atualmente costume o padre mandar entregar em casa dos paroquianos, dias antes da visita pascal, uma carta com algumas palavras, expressando os votos de "Páscoa feliz", retribuindo depois quem a recebe com o usual folar do padre.
O folar é ainda o presente que os padrinhos oferecem aos afilhados quando estes o vão receber. A palavra "folar" deixou de ter o significado de outrora. Primeiro conhecido como um bolo cerimonial da quadra pascal, entra em desuso, quando os afilhados passam para a maioridade ou se casam.
Associado à doçaria tradicional desta época, surgem também os ovos de Páscoa. Símbolo da fertilidade e da abundância, representam também uma homenagem à nidificação, que acontece nesta altura do ano, quando as aves terminam a construção dos ninhos, chocam os ovos ou alimentam os filhos. Simboliza assim o princípio da vida, mas ganha também outra leitura: a casca - representa a Terra, a parte interior - o ar, a clara - a água e a gema - o fogo que representam os elementos fundamentais da vida humana. Num sentido religioso, sugere Cristo, que venceu a morte, saindo do túmulo.
No séc. XVIII surgiu a moda, em França, na Alemanha e na Suíça de colorir os ovos e decorá-los com desenhos ou palavras, fato que continua presente até aos dias de hoje. Devido à influência vinda de outros países, começou a ser usual esconder-se ovos pintados em casa ou em jardins, para que as crianças os possam encontrar.
As amêndoas são um presente alimentar muito popular e característico da doçaria nesta altura. Na zona de Viana do Castelo era tradição as raparigas oferecerem aos rapazes ovos, em troca de um presente de amêndoas. O Alentejo conheceu também esta tradição, onde os rapazes ofereciam às namoradas um cartucho de amêndoas na Semana Santa.



Vida, Paixão e Glorificação do Cordeiro de Deus”

Os carrascos despem Jesus para a crucificação e oferecem-Lhe vinagre.

Dirigiram-se então quatro carrascos à masmorra subterrânea, situada a setenta passos ao norte; Jesus rezava todo o tempo a Deus, pedindo força e paciência e oferecendo-se mais uma vez em sacrifício expiatório, pelos pecados dos inimigos. Os carrascos arrancaram-nO para fora e, empurrando, batendo e insultando-O, levaram-nO para o suplício. O povo olhava e insultava; os soldados, frios e altivos, mantinham a ordem, dando-se ares de importância; os carrascos, cheios de raiva sanguinária, arrastaram Jesus brutalmente para o largo do suplício.
Estavam no lugar do suplício dezoito carrascos; os seis que O tinham açoitado, quatro que O conduziram, dois que suspenderam a extremidade da cruz pelas cordas e seis que O deviam crucificar. Parte deles estavam ocupados com Jesus, outros com os ladrões, trabalhando e bebendo alternadamente. Eram homens baixos, robustos, sujos e meio nus, de feições estranhas, cabelo eriçado, barba rala: homens abomináveis e bestiais. Serviam a judeus e romanos por dinheiro.
O aspecto de tudo isso era mais terrível ainda, porque eu via o mal, em figuras visíveis para mim e invisíveis para os outros. Via grandes e hediondas figuras de demônios, agindo entre todos esses homens cruéis; era como se auxiliassem em tudo, aconselhando, passando as ferramentas; havia inúmeras aparições de figuras pequenas e medonhas, de sapos, serpentes e dragões de muitas garras, vi todas as espécies de insetos venenosos voarem em redor e escurecerem o ar.
Entravam na boca e no coração dos assistentes ou pousavam-lhes nos ombros; eram homens cujos corações estavam cheios de pensamentos de ódio e maldade ou que proferiam palavras de maldição e escárnio. Acima do Senhor, porém, vi várias vezes, durante a crucificação, aparecerem grandes figuras angélicas, que choravam e aparições luminosas, nas quais distingui apenas pequenos rostos. Vi aparecer tais Anjos de compaixão e consolo também sobre a Santíssima Virgem e todos os bons, confortando e animando-os.
Os carrascos tiraram então o manto do Senhor, que lhe tinham antes enrolado em redor do peito; tiraram-Lhe o cinturão, com as cordas e o próprio cinto. Despiram-nO da longa veste de lã branca, passando-a pela cabeça, pois estava aberta no peito, ligada com correias. Depois lhe tiraram a longa faixa estreita, que caia do pescoço sobre os ombros e como não Lhe podiam tirar a túnica sem costuras, por causa da coroa de espinhos, arrancaram-Lhe a coroa da cabeça, reabrindo assim todas as feridas; arregaçando depois a túnica, puxaram-lha, com vis gracejos, pela cabeça ferida e sangrenta.
Lá estava o Filho do Homem, coberto de sangue, de contusões, de feridas fechadas ou outras ainda sangrentas, de pisaduras e manchas escuras. Estava apenas vestido ainda do curto escapulário de lã sobre o peito e costas e da faixa que cingia os rins. O escapulário de lã aderira às feridas secas e estava colado com sangue na nova ferida profunda, que o peso da cruz Lhe fizera no ombro e que Lhe causava um sofrimento indizível. Os carrascos arrancaram-lhe o escapulário impiedosamente do peito e assim ficou Jesus em sangrenta nudez, horrivelmente dilacerado e inchado, coberto de chagas. No ombro e nas costas se Lhe viam os ossos, através das feridas e a lã branca do escapulário ainda estava colada em algumas feridas e no sangue ressecado do peito.
Arrancaram-Lhe então a última faixa de pano da cintura e eis que ficou de todo nu e curvou-se, cheio de confusão e vergonha; e como estava a ponto de cair, sob as mãos dos carrascos, sentaram-nO sobre uma pedra, pondo-Lhe novamente a coroa de espinhos sobre a cabeça e ofereceram-Lhe a beber do outro vaso, que continha vinagre com fel; mas Jesus desviou a cabeça em silêncio.
Quando, porém, os carrascos O pegaram pelos braços, com que cobria a nudez e O levantaram, para estendê-Lo sobre a cruz, ouviram-se gritos de indignação e descontentamento e os lamentos dos amigos por essa vergonha e ignomínia.

A Mãe Santíssima suplicou a Deus com ardor; já estava a ponto de tirar o véu da cabeça e, abrindo caminho por entre os carrascos, oferecê-lo ao Divino Filho. Mas Deus ouvira-lhe a oração; pois nesse momento um homem, vindo da porta e correndo todo o caminho com as vestes arregaçadas, atravessou o povo e precipitou-se ofegante entre os carrascos e entregou um pano a Jesus que, agradecendo-lhe, o aceitou e cobriu a nudez, cingindo-O à moda dos orientais, passando a parte mais comprida por entre as pernas e ligando-a com a outra em redor da cintura.
Esse benfeitor do Divino Redentor, enviado para atender à súplica da SS. Virgem, tinha na sua impetuosidade algo de imperioso; ameaçou os carrascos com o punho e disse apenas: “Tomem cuidado de não impedir este homem de cobrir-se”. Não falou com ninguém mais e retirou-se tão rapidamente como tinha vindo. Era Jonadab, sobrinho de São José, da região de Belém, filho daquele irmão a quem José, depois do nascimento de Jesus, empenhara o jumento.
Sentia na alma uma viva indignação contra o ato ignominioso de Cam, que rira da nudez de Noé, embriagado pelo vinho e sentiu-se impelido a correr, como um novo Sem, para cobrir a nudez do lagareiro. Os crucificadores eram os Camitas e Jesus pisava as uvas no lagar, para o vinho novo, quando Jonadab veio cobri-Lo. Essa ação foi o cumprimento de uma figura simbólica do Antigo Testamento e foi mais tarde recompensada, como vi e hei de contar.

Jesus é pregado na cruz

Jesus, imagem viva da dor, foi estendido pelos carrascos sobre a cruz; Ele próprio se sentou sobre ela e eles brutalmente O deitaram de costas. Colocaram-Lhe a mão direita sobre o orifício do prego, no braço direito da cruz e aí lhe amarraram o braço. Um deles se ajoelhou sobre o santo peito, enquanto outro lhe segurava a mão, que se estava contraindo e um terceiro colocou o cravo grosso e comprido, com a ponta limada, sobre essa mão cheia de bênção e cravou-o nela, com violentas pancadas de um martelo de ferro. Doces, e claros gemidos ouviram-se da boca do Senhor; o sangue sagrado salpicou os braços dos carrascos; rasgaram-Lhe os tendões da mão, os quais foram arrastados, com o prego triangular, para dentro do estreito orifício. Contei as marteladas, mas esqueci, na minha dor, esse número. A Santíssima Virgem gemia baixinho e parecia estar sem sentidos exteriormente; Madalena estava desnorteada.
As verrumas(brocas) eram grandes peças de ferro, da forma de um T; não havia nelas nada de madeira. Também os pesados martelos eram, como os cabos, de ferro e todos de uma peça inteiriça; tinham quase a forma dos martelos de pau que os marceneiros usam entre nós, trabalhando com formão.

Os cravos, cujo aspecto fizera tremer Jesus, eram de tal tamanho que, seguros pelo punho, excediam em baixo e em cima cerca de uma polegada. Tinham cabeça chata, da largura de uma moeda de cobre, com uma elevação cônica no meio. Tinham três gumes; na parte superior tinham a grossura de um polegar e na parte inferior a de um dedo pequeno; a ponta fora aguçada com uma lima; cravados na cruz, vi-lhes a ponta sair um pouco do outro lado dos braços da cruz.
Depois de terem pregado a mão direita de Nosso Senhor, viram os crucificadores que a mão esquerda, que tinham também amarrado ao braço da cruz, não chegava até o orifício do cravo, que tinham perfurado a duas polegadas distante das pontas dos dedos. Por isso ataram uma corda ao braço esquerdo do Salvador e, apoiando os pés sobre a cruz, puxaram a toda força, até que a mão chegou ao orifício do cravo. Jesus dava gemidos tocantes, pois deslocaram-Lhe inteiramente os braços das articulações; os ombros, violentamente distendidos, formavam grandes cavidades axilares, nos cotovelos se viam as junturas dos ossos.

O peito levantou-se-Lhe e as pernas encolheram-se sobre o corpo. Os carrascos ajoelharam-se sobre os braços e o peito, amarraram-lhe fortemente os braços e cravaram-Lhe então cruelmente o segundo prego na mão esquerda; jorrou alto o sangue e ouviram-se os agudos gemidos de Jesus, por entre as pancadas do pesado martelo. Os braços do Senhor estavam tão distendidos, que formavam uma linha reta e não cobriam mais os braços da cruz, que subiam em linha oblíqua; ficava um espaço livre entre esses e as axilas do Divino Mártir.
Todo o corpo de nosso Salvador tinha-se contraído para o alto da cruz, pela violenta extensão dos braços e os joelhos tinham-se-Lhe dobrados. Os carrascos lançaram-se então sobre esses e, por meio de cordas, amarraram-nos ao tronco da cruz; mas pela posição errada dos orifícios dos cravos, os pés ficavam longe da peça de madeira que os devia suportar. Então começaram os carrascos a praguejar e insultar. Alguns julgavam que se deviam furar outros orifícios para os pregos das mãos; pois mudar o suporte dos pés era difícil.
Outros fizeram horrível troça de Jesus: “Ele não quer estender-se, disseram, mas nós Lhe ajudaremos”. Atando cordas à perna direita, puxaram-na com horrível violência, até o pé tocar no suporte e amarraram-na à cruz. Foi uma deslocação tão horrível, que se ouvia estalar o peito de Jesus, que gemia alto: “Ó meu Deus! Meu Deus!” Tinham-Lhe amarrado também o peito e os braços, para os pregos não rasgarem as mãos; o ventre encolheu-se-Lhe inteiramente, as costelas pareciam a ponto de destacar-se do esterno. Foi uma tortura horrorosa.
Amarraram depois o pé esquerdo com a mesma brutal violência, colocando-o sobre o pé direito e como os pés não repousavam com bastante firmeza sobre o suporte, para serem pregados juntos, perfuraram primeiro o peito do pé esquerdo com um prego mais fino e de cabeça mais chata do que os cravos, como se fura a sovela. Feito isso, tomaram o cravo mais comprido que o das mãos, o mais horrível de todos e, passando-o brutalmente pelo furo feito no pé esquerdo, atravessaram-lhe a marteladas o direito, cujos ossos estalavam, até o cravo entrar no orifício do suporte e, através desse, no tronco da cruz. Olhando de lado a cruz, vi como o prego atravessou os dois pés.
Essa tortura era a mais dolorosa de todas, por causa da distensão de todo o corpo. Contei 36 golpes de martelo, no meio dos gemidos claros e penetrantes do pobre Salvador; as vozes em redor, que proferiam insultos e maldições, pareciam-me sombrias e sinistras.

Os gemidos que a dor arrancava de Jesus, misturavam-se com contínua oração; recitava trechos dos salmos e dos profetas, cujas predições nessa hora cumpria; em todo o caminho da cruz, até à morte, não cessava de rezar assim e de cumprir as profecias. Ouvi e rezei com Ele todas essas passagens e às vezes me lembro delas, quando rezo os salmos; mas fiquei tão acabrunhada com o martírio de meu Esposo celeste, que não sei mais juntá-las. – Durante esse horrível suplício, vi Anjos a chorar aparecerem acima de Jesus.
O comandante da guarda romana fizera pregar no alto da cruz a tábua, com o título que Pilatos escrevera. Os fariseus estavam indignados porque os romanos se riam alto do título “Rei dos judeus”. Por isso voltaram alguns fariseus à cidade, depois de ter tomado medida para uma outra inscrição, para pedir a Pilatos novamente outro título.
Pela posição do sol era cerca de doze horas e um quarto, quando Jesus foi crucificado. No momento em que elevaram a cruz, ouviu-se do Templo o soar de muitas trombetas: Era a hora em que imolavam o cordeiro pascal.

Elevação da cruz

Depois de terem pregado Nosso Senhor à cruz, ataram cordas na parte superior da mesma, por meio de argolas, lançaram as cordas sobre o cavalete antes erigido no lado oposto e puxaram a cruz pelas cordas, de modo que a parte superior se lhe ergueu; alguns se dirigiram com paus munidos de ganchos, que fincaram no tronco e fizeram o pé da cruz entrar na cova. Quando o madeiro chegou à posição vertical, entrou na escavação com todo o peso e tocou no fundo com um terrível choque.
A cruz tremeu do abalo e Jesus soltou um grito de dor; pelo peso vertical desceu-lhe o corpo, as feridas alargaram-se-Lhe, o sangue corria mais abundantemente.

Repórter de Cristo - Leia mais: http://reporterdecristo.com/crucificacao-e-morte-de-nosso-senhor-jesus-cristo-parte-10/ #ixzz1opepjmgI

A CURA DE VERÔNICA ANTES DA CRUCIFICAÇÃO

A paixão de Cristo é um acontecimento que mudou nossas vidas e dela existem 4 versões na Bíblia, nos 4 evangelhos. Além dessas versões existem outros particulares, que julgamos ser verdadeiros, mas não nos foram transmitidos pelos evangelhos, porém pela tradição, especialmente os apócrifos. Nesse contexto podemos inserir nas várias caídas de Jesus, enquanto carregava a cruz, os nomes dos dois ladrões crucificados com Jesus, Dimas e Jesmas e a Verônica, a mulher que se infiltra no meio dos soldados e enxuga, com uma toalha, o rosto de Jesus. A tradição diz que na toalha ficou imprimida o rosto de Cristo.

O nome de Verônica aparece pela primeira vez no apócrifo “Atos de Pilatos”, capítulo 7, e diz que é a mulher chamada Bernike, em grego, Verônica em latim, que implorou que Jesus lhe curasse. Enquanto Jesus passava conseguiu tocar-lhe o manto e foi curada (Lucas 8,43-48).

O fato da Verônica durante a paixão de Jesus não existe no Evangelho, mas faz parte, por exemplo, do ritual da Via-Sacra, celebração comum entre os católicos e os membros da Igreja Anglicana; é a sexta estação. Em Jerusalém existe inclusive uma capela que recorda este acontecimento. A via sacra, que nasceu com o franciscanismo, na Idade Média, reconstrói e comemora a via dolorosa de Cristo no caminho do Gólgota. O pano considerado como aquele usado por Verônica foi conservado em Roma até 1600. A sua existência é testemunhada também por Dante, na Divina Comédia (Paraíso XXXI, 103-108). Hoje alguns crêem que o véu se encontre em Monoppello, Itália ). Na Igreja Católica, Verônica é considerada uma santa, a patrona da França e a protetora das lavadeiras.

Certamente não existem argumentações necessárias para dizer que Verônica foi um personagem histórico que enxugou o rosto de Jesus durante o seu caminho até a crucificação. Portando não é necessário defender a sua historicidade. Porém, a mensagem que essa tradição comunica é muito bonita e importante. Primeiro de tudo o próprio nome “Verônica” traz uma mensagem: “verdadeiro ícone”, ou seja, mostra o verdadeiro rosto de Cristo. Além disso, partindo de Lucas 23,27-28 (um grande número de mulheres, batendo o peito, seguiam Jesus, durante o caminho para o calvário), é importante considerar o papel das mulheres durante a Paixão: existe um contraste entre a agressividade dos homens e a solidariedade das mulheres.

Matéria em construção...

0 comentários:

Postar um comentário