Batalha de Guaxenduba
Batalha de Guaxenduba
Expulsão dos franceses do Maranhão
Data: 19 de Novembro de 1614
Local: Sítio Guaxenduba (atual Icatu, Maranhão, Brasil)
Resultado: Esmagadora vitória portuguesa
Combatentes
Portugal | França |
Comandantes
Alexandre de Moura Jerônimo de Albuquerque Diogo de Campos Moreno |
Daniel de la Touche Monsieur de Pisieux Monsieur de la Fos Benart Monsieur de Canonville |
240 soldados portugueses 30 marinheiros menos de 100 nativos |
200 soldados franceses 2.500 nativos |
Baixas
10 soldados | 115 soldados centenas de indígenas |
A Batalha de Guaxenduba foi um confronto militar ocorrido entre forças portuguesas e francesas onde hoje se localiza a cidade de Icatu,
no estado do Maranhão. A batalha foi um importante passo dado pelos
portugueses para a expulsão definitiva dos franceses do Maranhão, dada
em 4 de novembro de 1615, que permitiu que a Amazônia fosse portuguesa, e, portanto, brasileira
Antecedentes
Em 1555, os franceses tentaram estabelecer uma colônia no Rio de Janeiro, a França Antártica,
que foi extinta em 1560 pelas tropas de Estácio de Sá. Em 1612, com a confiança dos indígenas, os
franceses novamente tentam estabelecer uma colônia no território
pertencente a Portugal: em 8 de setembro, foi fundada a povoação de Saint Louis e iniciada a construção do Forte de São Luís do Maranhão.
Ciente da presença dos franceses ao norte da capitania do Maranhão, Alexandre de Moura envia tropas de Pernambuco. Por volta de agosto de 1614, a expedição portuguesa chega à foz do Rio Munim, onde é construída uma fortificação hexagonal a que é dado o nome de Forte de Santa Maria.
Início do confronto
Na manhã de 19 de novembro de 1614, os soldados portugueses notaram
que, ao lado do forte de Santa Maria, o mar estava repleto de
embarcações a vela e a remo, se aproximando silenciosamente da costa.
Para atacá-los no desembarque, Jerônimo de Albuquerque dirigiu-se à
praia com 80 soldados portugueses, mas, percebendo que o número de
inimigos era muito maior, retrocedeu. Logo, havia centenas de
combatentes na praia e assim foi iniciada uma longa troca de tiros de mosquetes e arcabuzes. Nesse primeiro encontro, foram mortos um soldado português e dois franceses.
Trincheiras
Imediatamente à frente do forte de Santa Maria, estava um pequeno
morro. Sob o comando de Monsieur de la Fos Benart, cerca de 400 tupinambás que lutavam pelo lado francês receberam a ordem de fortificar o máximo que pudessem seu topo: construíram, ao todo, 7 trincheiras,
fortificando todo o espaço entre a maré e o topo do outeiro. Por um
caminho secreto, Jerônimo de Albuquerque subiu o morro com 75 soldados e
80 arqueiros portugueses. Em terra, saltou de uma canoa um trombeta (mensageiro), que levava o brasão de armas reais da França
e uma carta em francês escrita por Daniel de la Touche, a qual dizia
que os portugueses deviam se render em 4 horas ou seriam massacrados.
Astuto, Diogo de Campos
percebeu que a carta não passava de uma tentativa dos franceses de
ganhar tempo e obter informações sobre o estado das tropas portuguesas.
A esta altura, o grupo de soldados e arqueiros que acompanhava
Jerônimo de Albuquerque já estava próximo às trincheiras francesas. Os
índios que as defendiam eram uma grande multidão, e neles, os
portugueses não perdiam um tiro. Daniel de la Touche, Senhor de la
Ravardière, percebia do mar que o exército francês sofria pesadas
baixas: em menos de uma hora, a área ao redor do forte de Santa Maria
estava repleta de mortos franceses e indígenas. Ravardière mandou para
próximo da praia os navios mais velozes para prevenir maiores danos à
sua tropa, mas, sob bombardeio de artilharia de navios portugueses, foi
forçado a desistir.
Desistência francesa
Com todas as canoas ardendo em chamas na praia, os franceses
restantes em terra não tiveram como fugir e tudo o que puderam fazer foi
se recolher na fortificação no topo do outeiro. Entre eles estavam
Monsieur de la Fos Benart e Monsieur de Canonville. Ao final da batalha,
próximo ao outeiro, muitos dos soldados portugueses se punham à frente
dos mosquetes dos inimigos, que ainda resistiam. Turcou, o intérprete
dos franceses na comunicação com os índios, foi baleado pelos
portugueses, e com ele, Monsieur de la Fos Benart, líder dos indígenas
que lutavam com os franceses. Sem orientação, os índios restantes, mais
de 600, começaram a fugir, descendo o outeiro e a eles se misturaram os
soldados franceses, que não possuíam mais pólvora para atirar.
Trégua e expulsão dos franceses
Após a Batalha de Guaxenduba, as tropas francesas restantes no Maranhão estavam recolhidas no Forte de Saint Louis.
Para ganhar tempo, Ravardière propôs uma trégua aos portugueses e sua
proposta foi aceita, ficando estipulado que um oficial português e um
francês fossem à França e um oficial português e um francês fossem a Portugal, para procurar nas cortes desses países uma solução para o conflito.
Com o cessar fogo anunciado, portugueses, franceses e nativos
permaneceram em paz. Em outubro de 1615, chega a Guaxenduba o
capitão-mor de Pernambuco, Alexandre de Moura,
trazendo um reforço de tropas e mantimentos. Por ser de patente
superior, assumiu o comando geral das tropas portuguesas. Sob seu
comando, os portugueses violaram o tratado que haviam feito com os
franceses e intimaram Daniel de la Touche a abandonar o Maranhão em 5
meses. Três meses depois, chegaram da Europa Diogo de Campos e Martim
Soares, trazendo mais tropas portuguesas e ordens terminantes da corte
para os franceses abandonarem definitivamente o Brasil.
Em 1º de novembro de 1615, Alexandre de Moura ordenou que o Forte de
São Luís fosse cercado e desembarcou suas tropas na ponta de São
Francisco, onde foi construído o Forte de São Francisco do Maranhão.
Vendo-se incapaz de permanecer em luta, Ravardière acabou entregando
aos portugueses o Forte de São Luís e rendendo-se. Foi preso por
Alexandre de Moura e permaneceu encarcerado por três anos na Torre de Belém.
Lenda do milagre de Guaxenduba
No livro "História da Companhia de Jesus na Extinta Província do
Maranhão e Pará", de 1759, o padre José de Moraes relata a aparição de Nossa Senhora da Vitória
entre os batalhões portugueses, animando os soldados durante todo o
tempo da batalha e transformando areia em pólvora e seixos, em
projéteis. Nossa Senhora da Vitória é considerada a padroeira de São Luís e a Catedral da Sé da cidade recebe seu nome e uma escritura em latim, que diz: 1629 • SANCTÆ MARIÆ DE VICTORIA DICATUM • 1922.
Referências
- ↑ a b A história de Icatu - Prefeitura municipal de Icatu
- ↑ a b c d e MASCARENHAS, Annibal. Curso de História do Brasil, Livraria do Povo, Rio de Janeiro, 1898. p. 375 - 387. Archive.org
- ↑ MORENO, Diogo de Campos. Memorias para a história da Capitania do Maranhão. 1617. p. 62
- ↑ NEIVA, Saulo. La France et le monde luso-brésilien: échanges et représentations (XVIe – XVIIIe siècles). France: Presses Universitaires Blaise-Pascal, 2005, p. 109
- ↑ Os primeiros telescópios em Portugal Ciência em Portugal
- ↑ Invasões francesas no Rio de Janeiro e Maranhão - Portal São Francisco
MENSAGEM AO POVO IRMÃO DA FRANÇA
Como fundador deste Blog, dirijo-me a toda a comunidade franco-brasileira para desejar-lhes um Feliz Ano Novo e manifestar-lhe meu apreço por sua linda, culta, democrática e hospitaleira pátria de origem, a França, e dizer-lhes, que, a postagem acima nada tem de separatismo, até porque os franceses de hoje em sua maioria também não são mais calvinistas, mas católicos ou espíritas e outras crenças diversas...
E, grande parte dos portugueses devido à emigração para este país ao longo dos anos, também assimilou muito desta cultura, também humanística e universalista.
Portanto,
Viva a França! Viva Portugal! Viva o Brasil!
Viva a Lusofonia!!!
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