...E ASSIM NASCEU NAZARÉ





Nazaré (Portugal)
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Coordenadas: 39° 36' 3" N, 9° 4' 21" W

Brasão de Nazaré











Bandeira de Nazaré











Gentílico Nazareno: Nazarense
Área: 80,49 km²
População: 15 068 hab. (2011)
Densidade populacional: 187,2 hab./km²
N.º de freguesias: 3
Presidente da Câmara Municipal: Não disponível
Fundação do município (ou foral): 1514 (foral de Pederneira)
Região (NUTS II): Centro
Sub-região (NUTS III): Oeste
Distrito: Leiria
Antiga província: Estremadura
Orago: Nossa Senhora das Areias
Feriado municipal: 8 de Setembro
Código postal: 2450
Endereço dos Paços do Concelho [Av. Vieira Guimarães, nº 54]
Sítio oficial: www.cm-nazare.pt

Passeio marginal da Nazaré

A Nazaré é uma vila portuguesa, sede do concelho homónimo, no distrito de Leiria, região Centro e sub-região do Oeste, com cerca de 10 100 habitantes.

O atual espaço urbano da vila aglutina três antigos povoados, Pederneira, Sítio da Nazaré e Praia da Nazaré e novos bairros da segunda metade do século XX, como a Urbisol ou o Rio Novo, surgidos em consequência da expansão natural dos três núcleos primitivos.

A vila é sede de um pequeno município com 80,49 km² de área e 15 060 habitantes (2001), subdividido em 3 freguesias, Nazaré, Valado dos Frades e Famalicão. O município é rodeado a norte, leste e sul pelo concelho de Alcobaça e a oeste confina com Oceano Atlântico.

O município, e a freguesia designaram-se Pederneira até 1912, ano em que, por lei, o topónimo foi alterado para Nazaré . O antigo concelho da Pederneira teve foral, em 1514, dado por D. Manuel I, e esteve integrado nos coutos de Alcobaça.

A Pederneira, atualmente um dos bairros da vila da Nazaré, mantém ainda o edifício dos antigos Paços do Concelho, o pelourinho, a igreja Matriz de nossa Senhora das Areias e a igreja da Misericórdia, como testemunhos da sua antiga condição de vila sede de concelho.



O topónimo Nazaré está intrinsecamente ligado à Lenda da Nazaré.

População do concelho da Nazaré (1801 – 2011)
1801 - 2877
1849 - 4277
1900 - 8393
1930 - 10406
1960 - 13511
1981 - 15436
1991 - 15313
2001 - 15060
2011 - 15068

As freguesias do concelho da Nazaré são as seguintes:

* Famalicão
* Nazaré
* Valado dos Frades


Uma praia espectacular, o casario branco dos pescadores e enormes penhascos sobre um mar de um azul intenso fazem desta vila piscatória um destino turístico de eleição, sobretudo devido às suas características tradicionais.

Ainda se podem ver pescadores vestidos com camisas de xadrez e calças pretas, e as suas mulheres com sete saiotes, a remendar as redes de pesca ou a secar o peixe sobre o areal, perto dos seus barquinhos coloridos.

Para aqueles que apreciam peixe e marisco, a Nazaré é quase um paraíso gastronómico: peixe fresquíssimo cozinhado de diferentes maneiras, desde a Caldeirada à Nazarena (com diferentes variedades de peixe) às sardinhas, cherne e robalo grelhados e aos deliciosos lavagantes, lagosta e santola.

Na época de Verão lá se encontram as famosas barracas de cores vivas ao longo da praia. Por cima desta beleza podemos encontrar o Sítio e a Pederneira.

Lenda da Nazaré
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Representação setecentista do santuário.







Aspeto de falésia na Nazaré.

Uma lenda não é uma invenção arbitrária mas sim uma deformação ou uma ampliação da realidade Jorge Luis Borges

Conta a Lenda da Nazaré que ao nascer do dia 14 de Setembro, de 1182, D. Fuas Roupinho, alcaide de Porto de Mós, caçava nas suas terras junto ao litoral quando avistou um veado que de imediato começou a perseguir. De súbito, surgiu um denso nevoeiro que se levantava do mar. O veado dirigiu-se para o cimo de uma falésia. D. Fuas, no meio do nevoeiro, isolou-se dos seus companheiros. Quando se deu conta de estar no topo da falésia, à beira do precipício, em perigo de morte, reconheceu o local. Estava mesmo ao lado de uma gruta na qual se venerava uma imagem de Nossa Senhora com o Menino. Rogou então: Senhora, Valei-me!. Imediata e milagrosamente o cavalo estacou, fincando as patas no bico rochoso suspenso sobre o vazio, o Bico do Milagre, salvando-se assim o cavaleiro e a sua montada da morte certa que adviria de uma queda de mais de cem metros.

D. Fuas apeou-se e desceu à gruta para rezar e agradecer o milagre. De seguida mandou os seus companheiros chamar pedreiros para construirem sobre a gruta, em memória do milagre, uma pequena capela, a Capela da Memória, para ali ser exposta à veneração dos fiéis a milagrosa imagem. Antes de entaiparem a gruta os pedreiros desfizeram o altar ali existente, onde entre as pedras encontraram um cofre em marfim contendo algumas relíquias e um pergaminho, no qual se identificavam as relíquias como sendo de S. Brás e de S. Bartolomeu e se relatava a história da pequena imagem esculpida em madeira, representando uma Virgem Negra, sentada a amamentar o Menino Jesus.

Segundo o pergaminho, a imagem terá sido venerada desde os primeiros tempos do cristianismo em Nazaré, na Galileia, terra natal de Maria,tendo sido salva no século quinto, dos movimentos iconoclastas, pelo monge grego Ciríaco. Este transportou-a até ao mosteiro de Cauliniana, perto de Mérida, onde permaneceu, até 711, ano da batalha de Guadalete, após a qual desbaratadas pelos muçulmanos , as forças cristãs fugiram desordenadamente para norte.

Quando a notícia da derrota chegou a Mérida, os monges de Cauliniana prepararam-se para abandonar o mosteiro. Entretanto D. Rodrigo, o rei cristão derrotado, conseguira escapar do campo de batalha e disfarçado de mendigo refugiara-se incógnito no mosteiro. Porém ao confessar-se a um dos monges, frei Romano, teve de dizer quem era. O monge propôs-lhe então fugirem juntos para o litoral atlântico e levarem consigo a imagem de Nossa Senhora da Nazaré, uma antiga e sagrada imagem de Maria que se venerava em Cauliniana. A 22 de Novembro de 711 chegaram ao seu destino. Instalaram-se no cume do Monte de São Bartolomeu num eremitério vazio que lá existia e ali permaneceram juntos algum tempo. Decidiram então viver sós, como eremitas. O frei levou consigo a sagrada imagem e instalou-se numa pequena gruta, sobre o mar, a 3 km do Monte onde o rei continuou a viver. Passado um ano, frei Romano morreu e D. Rodrigo, antes de abandonar a região, sepultou-o no solo da gruta, onde deixou a sagrada imagem, sobre o altar onde permaneceu até 1182 quando foi mudada para a capela que D. Fuas mandou construir sobre a gruta, após o milagre. A imagem permanece pois, desde 711-712, no mesmo sítio, o Sítio da Nazaré.

Em 1377, o rei D. Fernando (1367-1383), devido à significativa afluência de peregrinos, mandou construir, perto da capela, uma igreja para a qual foi transferida a imagem de Nossa Senhora da Nazaré, decorrendo esta denominação, do seu lugar de origem, a Nazaré na Galileia.

A popularidade desta devoção, à época dos Descobrimentos portugueses, era tamanha entre as gentes do mar, que tanto Vasco da Gama, antes e depois da sua primeira viagem à Índia, quanto Pedro Álvares Cabral, que viria a descobrir o Brasil, vieram em peregrinação à Senhora de Nazaré. Em 1520, a rainha D. Leonor de Áustria, terceira mulher do rei D. Manuel I, irmã do imperador Carlos V, permaneceu no Sítio da Nazaré alguns dias, num alojamento de madeira construído especialmente para esta ocasião. Foi esta uma das muitas visitas Reais. Também São Francisco Xavier, padre jesuíta, o Apóstolo do Oriente, veio em peregrinação à Nazaré antes de partir para Goa, tendo sido aliás os Jesuítas os grandes propagadores, em todos os continentes, do culto a Nossa Senhora da Nazaré.

Nos séculos dezasete e dezoito ocorreu a grande divulgação do culto de Nossa Senhora da Nazaré, tanto no seu Santuário, como em Portugal e no Império Português, onde ainda hoje se veneram algumas réplicas da verdadeira imagem e existem várias igrejas e capelas dedicadas a esta invocação. É de destacar a imagem de Nossa Senhora da Nazaré que se venera em Belém do Pará, no Brasil, cuja festa anual recebeu o nome de Círio de Nazaré e é uma das maiores romarias do mundo atingindo os dois milhões de peregrinos em um só dia.

No início do século dezassete, o Santuário de Nossa Senhora da Nazaré fundado por D. Fernando, começou a ser reconstruído e aumentado, tendo as obras sido prolongadas por várias empreitadas até finais do século dezanove. O edifício actual é o resultado destas obras sucessivas que lhe conferiram um carácter peculiar. A sagrada imagem está exposta na capela-mór, por cima do altar, num nicho iluminado integrado no retábulo, ao qual os devotos podem aceder subindo uma escada que parte da sacristia.

Segundo a tradição oral, a imagem Mariana terá sido esculpida por São José carpinteiro em Nazaré, na Galileia, quando Jesus era ainda um bébé de mama. Algumas décadas depois São Lucas evangelista te-la-á pintado. Conservou-se em Nazaré até ser oferecida a São Jerónimo de Strídon, que a ofereceu a Santo Agostinho bispo de Hipona no norte de África, que por sua vez a ofereceu ao mosteiro de Cauliniana, perto de Mérida. Assim sendo poderá ser a mais antiga imagem venerada por cristãos.

Até hoje, a tradição aponta aos visitantes a marca deixada por uma das patas do cavalo de D. Fuas, no extremo do Bico do Milagre, ao lado da Capela da Memória.


Iconografia

As representações do Milagre da Senhora da Nazaré a D. Fuas Roupinho são inúmeras, sendo de destacar, a gravura anónima no livro de Brito Alão de 1628, a tela setecentista da sacristia do santuário assinada por Luís de Almeida, a diversificada colecção do Museu Dr. Joaquim Manso, no Sítio, a escultura da igreja de São Domingos, em Lisboa, o vitral na capela da Quinta da Regaleira, em Sintra, o mural de Almada Negreiros na gare marítima de Alcântara, em Lisboa, e os muitos painéis de azulejos nas fachadas das casas da vila da Nazaré.

Na gravura do milagre no livro de 1628, acima referido, aparece o cavaleiro no Bico do Milagre, sem a representação da imagem. Na tela da sacristia, mais tardia, a imagem aparece pintada no interior da gruta. A partir de finais do século dezassete, a cena do milagre passa a ser sistematicamente apresentada como uma aparição mariana, na qual a Senhora da Nazaré "levita" acima e à frente do cavaleiro, no momento em que este está prestes a precipitar-se do topo da falésia, tendo sido este modelo, errado, o que preserverou até hoje, destacando-se contudo pelo seu carácter excepcional a aguarela de Mário Botas, no Museu do Sítio, na qual se vê a Senhora representada duplamente, a "levitar" e na gruta.

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