A VIDA DE JOÃO RAMALHO



Filho de João Vieira Maldonado e Catarina Afonso de Balbode, era casado em Portugal com Catarina Fernandes, a quem nunca mais viu depois da partida em 1512 em uma nau buscando a Ilha do Paraíso no Brasil. Naufragou na costa da futura capitania de São Vicente, hoje estado de São Paulo, por volta de 1513.

Encontrado pela tribo dos Guaianases, adaptou-se à vida no Novo Mundo, ganhando prestígio junto aos índios com quem vivia.

Em 1532 já tinha grande descendência, vivendo com índios e com nomes indígenas (João Ramalho chamava-se Tamarutaca). Foi capitão de Santo André, alcaide-mór do campo, vereador em São Paulo. Morreu em 1581, como avô de quase toda população nascida na vila de São Paulo. Foi o grande povoador dos sertões. Seus descendentes, foram a um só tempo, conquistadores, povoadores e homens públicos.
Texto extraído da obra "Os Moraes", de Regina Maria Moraes Junqueira, SP, 1999.

"O padre Nóbrega diz, ao se referir a João Ramalho: “...quando veio da terra, que havia quarenta anos e mais, deixou mulher lá viva, e nunca mais soube dela, mas lhe parece deve ser morta, pois já lá vão tantos anos. Era casado na aldeia de Valgode ou Bolbode em Portugal, com Catharina Fernandes das Vacas, a quem jamais tornou a ver.”
O Delta Larouse dá como ano de nascimento de J. Ramalho, 1493 (transcrito de Jandira Munhoz Schmidt.)

João Ramalho, passou a viver com Bartira, (Mbicy), "Flôr de Árvore") batizada com o nome de Izabel Dias, por Nóbrega, que efetuou o casamento de ambos, após uma vida em comum de quarenta anos. Era Bartira, filha do cacique Tebiriçá (ou Tibiriçá) dos Guaianás, família dos Tapuias, que governava em Inhapuambuçú, perto de onde mais tarde foi erigida a cidade de São Paulo.

Bartira

Ao citar os filhos de João Ramalho: André, Joanna, Margarida, Vitório, Marcos, João Ramalho (filho), Antônio de Macedo e Antônio Quaresma, a autora, acima citada, omite o nome de Catharina, citado na Genealogia Paulista de Silva Leme. (primeiro vol. pg. 48.

João Ramalho, aliado dos portugueses, foi de grande ajuda a Martim Afonso de Souza, quando este chegou ao litoral em 1531, bem como seu sogro Tibiriça. Era negociante dos produtos da terra, incluindo escravos índios, com os "peros" como eram chamados os portugueses pelos silvícolas. Os escravos eram preados com ajuda dos índios guaianás chefiados por seu sogro Tibiriça e, pela trilha do "Paranapiacaba" (lugar de onde se vê o mar) iam até o litoral. São Vicente ou Santos eram conhecidos como "Porto dos Escravos" (Guerra dos Tamoios, pg. 44). Eram os escravos vendidos no Rio da Prata, entre outros lugares, tendo Ramalho se associado com outro aventureiro chamado Antônio Rodrigues ("Guerra dos Tamoios", pg.51/2).

Tibiriçá

Depois da partida de Martim Afonso, foram Ramalho e Tibiriçá aliados de Braz Cubas, contra os franceses e contra os "antigos da terra", isto é, as outras tribos que se uniram contra os "peros" formando a "Confederação dos Tamoios" que empreenderam a "Guerra dos Tamoios" que de 1554 até 1567 fustigaram os portugueses no litoral e no planalto de Piratininga. Em 1550 foi excomungado pelo jesuíta Simão de Lucena, não por traficar índios, mas por viver "amancebado" com Bartira.

Comandavam os "Tamoios" os chefes: Aimberê, Cunhambebe, Parubuçú, Coaquira, Araraí e seu filho Jaguanharo. Araraí, Caiubí e Piquerobí, eram irmãos de Tibiriçá.

Em 1531, o capitão-mór Martim Affonso de Souza doou a João Ramalho a sesmaria na Ilha Guaiba, ao longo do curso do rio Ururaí, até Jaguaporecuba.

Ramalho criou a povoação da Borda do Campo, nas vizinhanças da antiga Fazenda e atual Vila de São Bernardo onde vivia com sua vasta prole (Rocha Pombo).

Por carta de 01.07.1553, Tomé de Souza, fez João Ramalho capitão de campo para que reunisse os habitantes em torno da ermida já existente. O arraial de Borda do Campo foi elevado a Vila Santo André de Borda do Campo em 08.09.1553.

Capitão de campo, João Ramalho , cumulativamente, foi Alcaide-mor com comando terrestre da vila e também guarda-mor de campo, responsável pela defesa.

Foi vereador de 1553-1558 e em 1564 se recusou a ser vereador em São Paulo, alegando ser maior de 70 anos. Em 30.09.1576, ainda assinou ata da Câmara de S. Paulo. Já velho, afastou-se de tudo, indo viver entre os índios Tupiniquins no vale do Paranaíba. Morreu em São Paulo de Piratininga, em 1580.

Tomé de Souza

Tomé de Souza ao escrever (por volta de 1550/3) ao Rei, dizia que João Ramalho tinha "tantos filhos, netos e bisnetos, que não ouso dizer a Vossa Alteza, ele tem mais de 70 anos, mas caminha nove léguas (légua portuguesa equivalia a cinco Km.) , antes de jantar e não tem um só fio branco na cabeça nem no rosto".

Em 1562 Ramalho salvou São Paulo de um ataque dos carijós, que a essa altura tinham se afastado dos goianas e se arregimentado com os "Tamoios" contra os portugueses. Em 1568, o jesuíta Baltazar Fernandes disse que Ramalho tinha "quase 100 anos". Ramalho morreu em 1580 com mais de 95 anos de idade. Por estas contas teria nascido em mais ou menos 1485.

Uma das filhas de João Ramalho e Bartira, Catharina, veio a se casar com Bartholomeu Camacho, tendo, entre outros a filha D (?) Camacho (como se nota não foi guardado seu nome) que veio a se casar com Jerônimo Dias Cortes.

Anna Camacho, filha do casal, e que morreu em 1613, foi casada com Domingos Luiz "O Carvoeiro" e com ele tiveram : Ignês Camacho (+1623) em São Paulo , Leonor Domingues, Domingas Luiz, Bernarda Luiz, Domingos Luiz "o moço" , Antônio Lourenço e Miguel Luiz.

2 comentários:

Enio Carvalho Dias disse...

Tenho mais informações sobre o João Ramalho e familia na minha arvore , veja
http://junqueiras.myheritage.com e pesquise o nome de João Ramalho.
Enio Carvalho Dias

Anônimo disse...

Os portugueses realmente deveriam ser expulsos do Brasil!

Postar um comentário