Dom Pedro I (1798-1834) foi Rei de Portugal e primeiro Imperador do Brasil.
Nasceu em Lisboa no dia 12 de Outubro de 1798, e faleceu no dia 24 de
setembro de 1834. Herdeiro da coroa portuguesa em 1801, era filho de D.
João VI e de D. Carlota Joaquina. Possuidor de notável inteligência e
acentuados pendores artísticos.
Em 1807 Portugal foi invadido pelos franceses e a família real veio para
o Rio de Janeiro. Pedro era uma menino, com apenas 9 anos, rebelde,
fugia do castelo para brincar com os garotos pobres do porto. Aos 17
anos, parecia tudo menos um príncipe. Independente, chegava em casa ao
amanhecer, gostava da boemia e vivia se metendo em brigas.
Pedro foi educado por religiosos (seus primeiros mestres foram o Dr.
José Monteiro da Rocha, ex-jesuíta, e frei Antônio de Nossa Senhora da
Salete), dedicava-se mais à equitação e atividades físicas do que aos
estudos. Depois da mudança da família real para o Brasil (1807), frei
Antônio de Arrábida tornou-se seu principal preceptor, porém o príncipe,
continuou avesso aos estudos e preferia a vida solta no paço de São
Cristóvão e na fazenda de Santa Cruz.
Em março de 1816, com a aclamação de seu pai a rei de Portugal, recebeu o
título de Príncipe Real e herdeiro do trono em virtude da morte do
irmão mais velho, Antônio. No mesmo ano casou-se com Carolina Josefa
Leopoldina, arquiduquesa da Áustria.
Com fama de aventureiro e boêmio, teve 13 filhos reconhecidos e mais
cinco naturais: sete com a primeira esposa, a arquiduquesa Leopoldina,
da qual enviuvou (1826); uma filha com a segunda esposa, a duquesa alemã
Amélia Augusta; cinco com a amante brasileira Domitila de Castro, a
marquesa de Santos; e mais cinco com diferentes mulheres, inclusive com
uma irmã de Domitila, Maria Benedita Bonfim, baronesa de Sorocaba (1),
com uma uruguaia María del Carmen García (1), com duas francesas Noémi
Thierry (1) e Clémence Saisset (1) e com uma monja portuguesa Ana
Augusta (1).
A família real retornou à Europa em 26 de abril de 1821, ficando D.
Pedro como Príncipe Regente do Brasil. A corte de Lisboa despachou então
um decreto exigindo que o Príncipe retornasse a Portugal. Essa decisão
provocou um grande desagrado popular e D. Pedro resolveu permanecer no
Brasil. Desagradou a Corte Portuguesa, que suspendeu o pagamento de seus
rendimentos, mas resistiu, criando o famoso Dia do Fico (09/01/1822).
Com a popularidade cada vez mais em alta, quando ia de Santos para a
capital paulista, recebeu uma correspondência de Portugal, comunicando
que fora rebaixado da condição de regente a mero delegado das cortes de
Lisboa. Revoltado, ali mesmo,em 7 de setembro de 1822, junto ao riacho
do Ipiranga, o herdeiro de D. João VI, resolveu romper definitivamente
contra a autoridade paterna e declarou a independência do Império do
Brasil, proferindo o grito de independência ou morte, rompendo os
últimos vínculos entre Brasil e Portugal.
De volta ao Rio de Janeiro, D. Pedro foi proclamado, sagrado e coroado
Imperador e defensor perpétuo do Brasil. Impulsivo e contraditório, logo
abandonou as próprias idéias liberais, dissolveu a Assembléia
Constituinte, demitiu José Bonifácio e criou o Conselho de Estado que
elaborou a constituição (1824).
Em meio a dificuldades financeiras e várias e desgastantes rebeliões
localizadas, instalou a Câmara e o Senado vitalício (1826), porém um
fato provocou desconforto geral e o seu declínio político no Brasil. Com
a morte de D. João VI, decidiu contrariar as restrições da constituição
brasileira, que ele próprio aprovara, e assumir, como herdeiro do trono
português, o poder em Lisboa como Pedro IV, 27º rei de Portugal.
Foi a Portugal e, constitucionalmente não podendo ficar com as duas
coroas, instalou no trono a filha primogênita, Maria da Glória, como
Maria II, de sete anos, e nomeou regente seu irmão, Dom Miguel. Porém
sua indecisão entre o Brasil e Portugal contribuiu para minar a
popularidade e, somando-se a isto o fracasso militar na guerra
cisplatina (1825-1827).
Os constantes atritos com a assembléia, o seu relacionamento
extraconjugal (1822-1829) com Domitila de Castro Canto e Melo, a quem
fez Viscondessa e depois Marquesa de Santos, o constante declínio de seu
prestígio e a crise provocada pela dissolução do gabinete, após quase
nove anos como Imperador do Brasil, abdicou do trono em favor de seu
filho Pedro (1830) então com cinco anos de idade.
Voltando a Portugal, com o título de Duque de Bragança, assumiu a
liderança da luta para restituir à filha Maria da Glória o trono
português, que havia sido usurpado pelo irmão, Dom Miguel, travando uma
guerra civil que durou mais de dois anos. Inicialmente criou uma força
expedicionária nos Açores (1832), invadiu Portugal, derrotou o irmão
usurpador e restaurou o absolutismo. Porém voltara tuberculoso da
campanha e morreu no palácio de Queluz, na mesma sala onde nascera, com
apenas 36 anos de idade, e foi sepultado no panteão de São Vicente de
Fora como simples general, e não como rei. No sesquicentenário da
independência do Brasil (1972), seus restos mortais foram trazidos para a
cripta do monumento do Ipiranga, em São Paulo.
Sabe-se, ainda, que o Imperador teve formação musical bastante esmerada,
tendo sido aluno de mestres como o Padre José Maurício Nunes Garcia,
Marcos Portugal e Sigismund Neukomm. Tocava clarineta, fagote e
violoncelo. Dele se conhece uma Abertura, executada no Teatro Italiano
de Paris (1832), um Credo, um Te Deum, o Hino da Carta, adotado
posteriormente como Hino Nacional Português (até 1910), e o Hino da
Independência do Brasil. Seu nome de batismo é Pedro de Alcântara
Francisco Antônio João Carlos Xavier de Paula Miguel Rafael Joaquim José
Gonzaga Pascoal Cipriano Serafim de Bragança e Bourbon.
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