Oeiras: uma cidade reveladora e é a eterna '1ª capital do Piauí'
Oieiras, primeira capital piauiense, revela boa parte da história do Piauí
Nestes 251 anos de existência do Piauí não poderíamos deixar de falar
da primeira cidade do estado, de onde tudo começou. Oeiras conhecida
pelas suas peculiaridades esconde em seus prédios históricos, belas
histórias que muitos piauienses desconhecem.
O início de Oeiras confunde-se com o surgimento do Piauí, já que o estado surge a partir dessa cidade. O portal 180graus conversou com uma moradora apaixonada por sua cidade, e essa contou tudo o que sabe sobre Oeiras.
Jacyara Osório é uma típica oeirense, nascida na cidade, passou toda
sua infância e parte da sua adolescência em Oeiras, porém, mora a alguns
anos em Teresina, pois veio para estudar devido as condições de educação
da capital serem melhores que a de sua cidade natal.
COMO TUDO COMEÇOU...
OEIRAS: HISTÓRIA E TRADIÇÃO
Marco inicial da colonização do Piauí, Oeiras surgiu a partir de expedições que entraram pelo sul do Estado, no século XVII, em busca de terras para o gado. Nasceu da prosperidade da Fazenda Cabrobó, criada pelo desbravador Domingos Afonso Mafrense. Sua história está intimamente ligada à história da Igreja Católica na região. Em 1696, foi elevada a categoria de Freguesia sob a invocação de Nossa Senhora da Vitória. Mais tarde, em 1712, recebeu por ato do primeiro governador do Piauí, João Pereira Caldas, o predicamento de cidade com o nome de Oeiras, em homenagem ao Conde de Oeiras (Portugal), Sebastião José de Carvalho e Melo, primeiro ministro de El Rei de Portugal. Foi sede da Província do Piauí até 1852, ano em que o Conselheiro Saraiva transferiu a Capital para Teresina. Como a Primeira Capital do Piauí, Oeiras concentra uma grande riqueza histórica e religiosa, traduzida em seus casarões e nas manifestações de fé e religiosidade. Por seu acervo arquitetônico colonial, foi declarada Cidade Monumento Nacional através da Lei federal nº 7745 de 30 de março de 1989.
O QUARTINHO DOS “DOIDOS”
No início de Oeiras havia apenas duas grandes famílias e essas por
falta de opção e até mesmo para não dividir a fortuna com pessoas que
não faziam parte da família, os integrantes casavam-se entre si. Era
primo casando com prima e assim por diante, e como esses possuíam o
mesmo sangue, nasciam muitas pessoas com problemas mentais e foi aí que
surgiu o famoso quartinho dos “doidos". Cada casa em Oeiras, e isso pode
ser visto até os dias atuais em parte das casas que fazem parte do
patrimônio histórico da cidade, existia ou existe um espaço reservado
apenas para as pessoas que nasciam com problemas mentais.
Essa realidade ainda é tão presente que há pessoas deficientes que são
bastante conhecidas na cidade, por apresentarem características bem
marcantes. Como é caso da dona Coló, ela é conhecida por morar na praça e
por estar sempre acompanhada de vários cachorros. Ainda tem também a
Maria Fininha e a dona Francisca, esta última é famosa por gostar de
pedir café por onde passa.
POVO DE FÉ
Outra característica marcante do povo oeirense é a religiosidade, e
isso pode ser percebido nas grandes festividades religiosas em que o
povo mostra a sua fé. Como Jacyara Osório disse na entrevista, “Oeiras é
o ápice da religiosidade”.
Grandes festas religiosas acontecem na cidade, como é o caso da famosa
“Procissão de Bom Jesus dos Passos”, o evento acontece na época da
Semana Santa e mobiliza toda a cidade, que ajuda na construção da
procissão; as fervorosas religiosas fabricam as tradicionais flores de
passos na procissão, homens religiosos preparam-se para carregar a
imagem de Jesus Cristo, num misto de fé e união. A procissão todos os
anos conta com a participação de milhares de pessoas.
Outra festa importante para os oeirenses é a que acontece quarenta dias
após a Semana Santa, a Festa do Divino, que novamente junta todos os
fiéis da cidade, todos os moradores embalados pela fé.
Procissão de Bom Jesus dos Passos atrai milhares de pessoas para a cidade |
GRUPOS DA CIDADE
Vários grupos existem na cidade, sendo alguns deles conhecidos até mesmo
nacionalmente; valem ser destacados dois deles, pois estes possuem
presença marcante e bem atuante dentro da cidade, os Congos e as
Violonistas.
CONGOS – é um grupo formado por homens negros, que vão desde os
adolescentes até os mais idosos. O grupo é conhecido pela prática de um
ritual durante as festas de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito, em
que eles dançam e tocam instrumentos. Esse grupo já se apresentou até em
São Paulo.
Bandolins de Oeiras é um grupo tradicional na cidade |
BANDOLINS DE OEIRAS – são quatro senhoras que tocam bandolins em festas
religiosas, elas participam das missas consideradas “especiais”, ou
melhor, missas que são festivas, àquelas que comemoram alguma data
importante para a igreja, por exemplo, Missa da Páscoa, do Domingo de
Ramos, do Natal, enfim. Atualmente elas não estão mais tão atuantes. O
grupo já se apresentou até mesmo nacionalmente.
UMA CIDADE HISTÓRICA
Igreja Nossa Senhora da Vitória |
Oeiras também é conhecida pela quantidade expressiva de patrimônios
tombados pelo Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional –
IPHAN – e essa é uma das fontes econômicas da cidade. A antiga capital
sobrevive hoje do turismo histórico e principalmente do religioso.
Fazem parte do patrimônio histórico e dos pontos turísticos da cidade, a
Igreja Matriz Nossa Senhora da Vitória, os morros, Pé de Deus e pé do
cão, Casa da pólvora, Rua do fogo, Casa de teatro Cine Teatro além de
outras casas que ficam próximas a esses patrimônios.
A CIDADE HOJE...
Casa da Pólvora faz parte do patrimônio histórico de Oeiras |
Uma cidade calma, de povo acolhedor e religioso, possui muitas coisas
boas já citadas acima, porém como qualquer outra cidade possui também
vários problemas. Ainda pode-se ver pessoas sentadas na calçada, mas o
divertimento para os jovens para por aí.
Esquecida de lugares para lazer restam apenas as pracinhas e bares, que
vez por outra trazem música ao vivo cantada por alguns artistas que
surgem timidamente na cidade. Faltam cinemas, boates, lugares que
despertem o interesse dos jovens.
Outro problema sério é a economia da cidade, que gira em torno do
turismo religioso e histórico, o que acarreta numa economia que depende
de temporadas, pois Oeiras rende mais em época de festas religiosas e
nas férias.
A saúde também está precária na cidade, faltam hospitais mais
preparados para receberem casos mais graves, já que nessas situações os
pacientes são enviados para Teresina, a 377 km de distância, o mesmo ocorrendo na educação, obrigando muitos
oeirenses a saírem de sua terra natal para estudarem na capital, visto que
Oeiras não oferece condições necessárias para o crescimento educacional e
profissional de seus moradores.
“As pessoas que moram em Oeiras, amam a cidade e fazem dela um lugar
bom para se viver, problemas existem em todos os lugares, mas quem é
oeirense, jamais abandona essa terra que tem tanto a dizer sobre a
história do piauiense”, disse Jacyara Osório finalizando a entrevista.
CRÉDITOS DAS FOTOS
Oeiras, Bandolins e Casa da Pólvora: Antônio de Deus
Procissão de Bom Jesus dos Passos: Adleusa Pacheco
Igreja Nossa Senhora da Vitória: Márcio Anderson
Obs. Veja também a história de Oeiras de Portugal
Matéria em construção...
1 comentários:
Elias José Ribeiro de Carvalho
Alguém conhece a sua Biografia?
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