LULA E BRIZOLA

SALZBURGO - A CIDADE DE MOZART


Salzburgo (Áustria)
A CIDADE DE MOZART

Abrigada numa curva do rio Salzach e protegida pelas massas imponentes do Mönchsberg e do Kapuzinerberg, a cidade de Salzburgo revela-se uma das mais acolhedoras da Europa. Talvez, porque preservou ao longo dos séculos as suas características mais genuínas, grande parte do seu centro histórico e a memória e obra dos seus filhos mais ilustres, a começar pelo génio da música que foi Wolfgang Amadeus Mozart.

Texto e fotos: Alexandre Coutinho

Salzburgo é um perfeito exemplo de uma cidade que "recusou crescer" em demasia, que soube resistir à tentação dos arranha-céus e, mais recentemente, dos centros comerciais de gosto duvidoso. Isto não quer dizer que tenha virado costas à modernidade. Muito pelo contrário. Optou claramente pela recuperação e manutenção do seu centro histórico, nomeadamente, no pós-2ª Guerra Mundial, quando teve de reconstruir a sua catedral (Dom), ferida na cúpula durante um bombardeamento aéreo, em Outubro de 1944.



Consagrada a São Rupert e São Virgílio, a catedral data do ano 1628 e é considerada pela sua imponência e riqueza de ornamentação do período barroco, um dos tesouros de toda a região germano-austríaca. Não é por acaso que Salzburgo é frequentemente apelidada de "Roma germânica", tal o número e diversidade de igrejas construídas no perímetro do seu centro histórico. Este último figura na lista do património mundial da UNESCO desde 1997.

Não muito longe da catedral, a velha abadia de São Pedro é, não somente, uma obra-prima do barroco como se distingue, no seu interior, pelo estilo rocócó. Já a vizinha igreja de S. Francisco denota um exterior puramente gótico, enquanto o interior revela uma interessante decoração mais característica do barroco. Em Novembro último, esta igreja festejou a consagração do seu novo orgão com uma série de concertos reunindo obras dos períodos clássico e romântico (Beethoven, Liszt, Boely, Brahms, etc...), que atraíram dezenas de forasteiros e habitantes locais.

Viagem no tempo

Passear a pé pelas antigas ruas medievais de Salzburgo, na margem esquerda do rio Salzach, assemelha-se a uma pequena viagem no tempo, perante um verdadeiro caleidoscópio de edifícios da Idade Média e dos períodos renascimento e barroco, que conservam muitos dos seus elementos originais. Destaque para as ruas nas imediações do Dom e da Residenz (antigo palácio dos arcebispos de Salzburgo e, ainda hoje, palco de numerosos jantares e recepções oficiais), como a Judengasse, a Goldgasse e a incontornável Getreidegasse - uma via pedonal considerada a principal rua comercial da cidade. Na margem direita do Salzach, atravessando a ponte de Staatsbrücke, pode prolongar o passeio subindo a Linzergasse, pelo menos, até à igreja de S. Sebastião.

E quem já estiver cansado de palmilhar ruas e praças, tem sempre a opção da calèche puxada por cavalos ou do aluguer de uma bicicleta, meio de transporte muito popular em Salzburgo, mesmo nos meses de Inverno. Desfrute também das margens do rio para longos passeios pedestres, um "jogging" matinal ou um percurso de bicicleta. As águas límpidas do Salzach fazem inveja à grande maioria dos rios europeus.

No cimo do Mönchsberg, a fortaleza ou Festung de Hohensalzburg domina a paisagem e oferece a melhor panorâmica da cidade para os visitantes. Construída no ano 1077, pelo arcebispo Gebhard e posteriormente ampliada, no século XV, pelo arcebispo Leonhard von Keutschach, é considerada a maior e melhor preservada cidadela da Europa Central. Reza a história que a sua posição privilegiada (a uma altura de 542 metros) permaneceu invicta ao longo dos séculos. Porém, desde 1892, pode ser alcançada por meio de um funicular, a partir da Festungsgasse. As armas de Salzburgo estão representadas à entrada por um escudo com um leão.

Mecenato favorece músicos

Mas a cidade dos príncipes-arcebispos não ficou na história unicamente pelo valor das suas igrejas, palácios e fortalezas. No século XVIII, uma cultura de mecenato favoreceu o surgimento de uma geração de músicos de superior talento, entre os quais se viria a distinguir Wolfgang Amadeus Mozart, filho do músico de câmara real, Leopold Mozart.

O terceiro andar da casa onde nasceu, a 27 de Janeiro de 1756, no coração da já mencionada Getreidegasse, é visitado anualmente por milhares de curiosos e amantes das suas composições, ávidos por descobrir os segredos da atmosfera que inspirou Mozart desde a mais tenra idade. No entanto e à excepção dos primeiros violinos que tocou em criança e de alguns retratos, pouco mais sobreviveu dos 26 anos vividos pela família Mozart nesta casa. Em 1985, a Fundação Mozarteum viria a adquirir o apartamento dos vizinhos, para ali recrear com mobílias da época, um quarto típico do tempo da burguesia de Salzburgo, que também pode ser visitado.

Na Makartplaz, situa-se a casa onde Mozart viveu entre 1773 e 1781, no regresso dos seus périplos pelas cortes da Europa e antes de se mudar para Viena. Ali compôs inúmeras sinfonias, serenatas e cinco concertos para violino e piano. No primeiro piso, poderá admirar o último piano-forte tocado por Mozart (e mais tarde oferecido pelo seu filho Carl Thomas à Fundação Mozarteum) e mais alguns instrumentos de época, bem como um extenso acervo documental sobre as viagens e obras do genial compositor. Infelizmente, nem uma partitura original! Apenas fac similes...

Por último, não perca a estátua de Mozart, do escultor alemão Ludwig Schwanthaler, no alto de um pedestal erguido 50 anos depois da sua morte (ocorrida a 5 de Dezembro de 1791), na Mozart Platz, naturalmente.

Em Salzburgo, ainda hoje, se pode escutar a música de Mozart um pouco por toda a parte. Dos humildes músicos de rua aos mais requintados concertos, passando pelos jantares à luz da vela organizados com trajes e ementas tradicionais da época (séculos XVII e XVIII). É o que propõe o restaurante Stiftskeller - que se intitula o restaurante ("gasthaus") mais antigo da Europa, fundado pelos monges beneditinos, no século IX e com referências que remontam à visita do Imperador Carlos Magno à cidade -, ao som do Amadeus Consort, um grupo de músicos e cantores que se consagra à interpretação das árias mais célebres de Mozart, como "A Flauta Mágica" ou "Don Giovanni".

Uma cultura de cafés

A vida cultural de Salzburgo passa, igualmente, pelas muitas galerias de arte que pululam pela cidade e pelas tertúlias que se reúnem em alguns dos seus mais emblemáticos cafés. Por exemplo, o Café Bazar, na proximidade dos teatros da Schwarzstrasse, já acolheu personalidades como o Rei Eduardo VIII, Marlene Dietrich ou Louis Amstrong; e até Mozart bebeu café branco no Tomaselli, na praça Alter Markt - o mais antigo café austríaco (data de 1703) -, que acaba de reabrir ao público completamente remodelado. Há mais de 100 anos (em 1890), no seu estabelecimento da Brodgasse, o chefe pasteleiro Paul Fürst criou o famoso Salzburg Mozartkugel, uma receita original de chocolate amargo e doce, créme de nougat e praliné, que se tornaria no doce mais emblemático e representativo da cidade.

Além dos passeios de cariz cultural, os entusiastas dos desportos de Inverno poderão estender a sua visita a uma das 42 estações de ski da região ("Länder") de Salzburgo. Entre as mais próximas da cidade, destaque para Postalm, no segundo planalto mais elevado da Europa (1200 a 1900 metros), com 20 quilómetros de pistas de diferentes níveis de dificuldade e garantia de neve, do Natal ao mês de Abril; Hallein Dürrnberg-Zinkenlifte, com oito quilómetros de pistas intermédias (800 a 1600 metros); Zwölferhorn Seilbahn St. Gilgen, a 1522 metros, tendo por cenário o lago Wolfgangsee; e Gaissbauer Bergbahn, com 40 quilómetros de pistas de vários níveis devidamente sinalizadas, sob o lema: Neve até onde alcança a vista.

Nos últimos anos, Salsburgo afirmou-se igualmente como uma cidade vocacionada para acolher conferências, seminários e congressos, oferecendo um vasto conjunto de infraestruturas e uma gama diversificada de hotéis e restaurantes (ver Bloco de Notas).


BLOCO NOTAS

País: Áustria (República Federal, desde 1920).

Área: 83849 km2.

População: 8,1 milhões de habitantes.

Capital: Viena.

Moeda: Euro.

Idioma: Alemão.

Vacinas: Nenhuma obrigatória

Documentos: Bilhete de Identidade e seguro de viagem.

Hora: GMT +1.

Clima: A Áustria desfruta de um clima continental moderado, com quatro estações do ano distintas (Primavera, Verão, Outono e Inverno). O Verão é quente e agradável (máximo 25º), com noites frias; o Inverno é frio (-5º) mas solarengo e com bons níveis de neve para a prática de uma vasta gama de desportos.

Vestuário: Roupas ao estilo europeu de acordo com as estações do ano e equipamento alpino para as estações de ski.

DESCANSO&LAZER

Pontos de interesse:
# Festung Hohensalzburg, fortaleza no cimo do Mönchsberg (9h às 17h), com acesso pelo funicular FestungsBahn)
# Centro histórico
# Dom, catedral de Salzburgo
# Abadia de São Pedro
# Igreja de S. Francisco
# Residenz Salzburg, palácio dos arcebispos (10h às 17h)
# Getreidegasse, rua comercial no centro histórico
# Mozart Geburtshaus, na Getreidegasse, 9 (9h às 18h)
# Mozart Wohnhaus, igualmente conhecida por Tanzmeisterhaus, na Makartplatz, 8 (9h às 18h).
Existem bilhetes combinados para visitar as duas casas.

# Alojamentos: Sacher Salzburg (*****) - Schwarzstrasse, 5-7 - Tel.: (662) 88977
# Crowne Plaza Salzburg-The Pitter (*****) - Rainerstrasse, 6-8 - Tel.: (662) 88978
# Hotel Goldener Hirsch (*****) - Getreidegasse, 37 - Tel.: (662) 8084
# Hotel Restaurant Elefant (****) - Sigmund Haffner Gasse, 4 - Tel.: (662) 843397

# Restaurantes e cafés: Blaue Gans - Getreidegasse, 41-43 - Tel.: (662) 842491
# Goldener Hirsch - Getreidegasse, 37 - Tel.: (662) 8084
# Bruno im Ratsherrnkeller - Sigmund Haffner Gasse, 35-39 (ao lado do Hotel Elefant) - Tel.: (662) 878417
# Zipfer Bierhaus (data de 1858) - Sigmund Haffner Gasse, 12 - Tel.: (662) 840745
# Stiftskeller - St. Peter Bezirk, 1-4 - Tel.: (662) 841268
# Café Bazar - Schwarzstrasse, 3 - Tel.: (662) 874278
# Café Tomaselli - Alter Markt, 9 - Tel.: (662) 844488

BETH CARVALHO


Beth Carvalho: "A CIA quer acabar com o samba"

Cantora lança CD e, em entrevista ao iG, acusa a Agência Central de Inteligência dos EUA.

Valmir Moratelli, iG Rio de Janeiro | 25/11/2011 07:00

Texto:

Beth Carvalho: "A CIA quer acabar com o samba" Cantora lança CD e, em entrevista ao iG, acusa a Agência Central de Inteligência dos EUA.

Foto: George Magaraia

Beth Carvalho, 65 anos, no hall de entrada de sua casa
Ao abrir o elevador, ainda no hall de entrada do apartamento, um quadro com a foto de Che Guevara. Não há dúvidas. Ali é o andar de Beth Carvalho. Ela surge na sala, amparada por duas muletas, que logo deixa de lado para posar para as fotos. “Nunca vi coisa para cair mais do que muletas. Estas meninas caem toda hora”, diz, bem-humorada.

Ainda se recuperando de uma fissura no sacro (osso do final da coluna), aos 65 anos, Beth anda com dificuldades. Ficou dois anos sem pôr os pés no chão. “Estou ótima, salva! Os médicos comentaram com minha filha que eu poderia não andar mais. Mas não me abati. Foi um processo menos doloroso por perceber a prova de amor dos amigos e da família”, relata.

Leia também: crítica do novo CD de Beth Carvalho

Após quinze anos, a sambista lança o CD de inéditas “Nosso samba tá na rua”, dedicado a dona Ivone Lara, com canções sobre a negritude, o amor e o feminismo. Uma das letras, “Arrasta a sandália”, é de autoria de sua filha, Luana Carvalho. Cercada de quadros de Cartola e Nelson Cavaquinho, entre almofadas verdes e rosas (cores de sua escola de samba Mangueira), perante uma estante com dezenas de troféus e outra com bonecos de Che, Fidel Castro e orixás, Beth concede a entrevista a seguir ao iG.

No fundo da janela, o mar de São Conrado, bairro vizinho à favela da Rocinha. “A CIA quer acabar com o samba. É uma luta contra a cultura brasileira. Os Estados Unidos querem dominar o mundo através da cultura”, diz a cantora, presidente de honra do PDT. Entre os fartos risos, também não faltaram palavras ríspidas para defender seu ponto de vista.

Foto: George Magaraia

Baluartes em miniatura: Beth entre Dorival Caymmi, Nelson Cavaquinho, Tom Jobim, Cartola e Luiz Gonzaga


iG: Qual foi a sensação ao voltar a andar?
BETH CARVALHO: A pior da minha vida. Quando pus os pés pela primeira vez no chão, achei que nunca ia andar de novo. Parecia que não tinha mais pernas, sem força muscular. Depois, com a fisioterapia, a recuperação foi rápida. Precisei colocar dois parafusos de 15 cm cada um, só isso me fez voltar a andar. Agora sou interplanetária e biônica (risos).

iG: Em seu novo CD, a letra “Chega” é visivelmente feminista. Por que é raro o samba dar voz a mulheres?
BETH CARVALHO: O mundo, não só o samba, é machista. Melhorou bastante devido à luta das mulheres, mas a cada cinco minutos uma mulher apanha no Brasil. É um absurdo. Parece que está tudo bem, mas não é bem assim. Sempre fui ligada a movimentos libertários.

iG: De que forma o samba é machista?

BETH CARVALHO: A maioria dos sambistas é homem. Depois de mim, Clara Nunes e Alcione, as coisas melhoraram. O samba é machista, mas o papel da mulher é forte. O samba é matriarcal, na medida que dona Vicentina, dona Neuma, dona Zica comandam os bastidores da história. Eu, por exemplo, sou madrinha de muitos homens (risos).

Foto: George Magaraia

"Não desanimo nunca. Minha esperança é a última que morre"
iG: A senhora é vizinha da favela da Rocinha. Como vê o processo de pacificação?

BETH CARVALHO: Faltou, por muitos anos, a força do estado nestas comunidades. Agora estão fazendo isso de maneira brutal e, de certa forma, necessária. Mas se não tiver o lado social junto, dando a posse de terreno para quem mora lá há tanto tempo, as pessoas vão continuar inseguras. E os morros virarão uma especulação imobiliária.

iG: Alguns culpam o governo Leonel Brizola (1983-1987/1991-1994) pelo fortalecimento do tráfico nos morros. A senhora, que era amiga do ex-governador, concorda?

BETH CARVALHO: Isso é muito injusto. É absurdo (diz em tom áspero). Se tivessem respeitado os Cieps, a atual geração não seria de viciados em crack, mas de pessoas bem informadas. Brizola discutia por que não metem o pé na porta nos condomínios da Avenida Viera Souto (em Ipanema) como metem nos barracos. Ele não podia fazer milagre.

Foto: George Magaraia

Relíquia: o instrumento que foi de Nelson Cavaquinho
iG: Defende a permanência de Carlos Lupi no Ministério do Trabalho?

BETH CARVALHO: Olha, sou presidente de honra do PDT porque é um título carinhoso que Brizola me deu, mas não sou filiada ao PDT. Não tenho uma opinião formada sobre isso, porque não sei detalhes. Existe uma grande rigidez a partidos de esquerda. Fizeram isso com o PC do B do Orlando Silva, e agora fazem com o PDT. O que conheço do Lupi é uma pessoa muito correta. Eles deveriam ser menos perseguidos pela mídia.

iG: Aqui na sua casa há várias imagens de Che Guevara e de Fidel Castro. Acredita no modelo socialista?

BETH CARVALHO: Eu só acredito no modelo socialista, é o único que pode salvar a humanidade. Não tem outro (fala de forma enfática). Cuba diz ‘me deixem em paz’. Os Estados Unidos, com o bloqueio econômico, fazem sacanagem com um país pobre que só tem cana de açúcar e tabaco.

iG: Mas e a falta de liberdade de expressão em Cuba?

BETH CARVALHO: Eu não me sinto com liberdade de expressão no Brasil.

iG: Por quê?

BETH CARVALHO: Porque existe uma ditadura civil no Brasil. Você não pode falar mal de muita coisa.

iG: Como quais?

BETH CARVALHO: Não falo. Tem uma mídia aí que acaba com você. Existe uma censura. Não tem quase nenhum programa de TV ao vivo que nos permita ir lá falar o que pensamos. São todos gravados. Você não sabe que vai sair o que você falou, tudo tem edição. A censura está no ar.

iG: Mas em países como Cuba a censura é institucionalizada, não?

BETH CARVALHO: Não existe isso que você está falando, para começo de conversa. Cuba não precisa ter mais que um partido. É um partido contra todo o imperialismo dos Estados Unidos. Aqui a gente está acostumada a ter vários partidos e acha que isso é democracia.

Foto: George Magaraia

"Só acredito no modelo socialista, é o único que pode salvar a humanidade"

iG: Este não seria um pensamento ultrapassado?

BETH CARVALHO: Meu Deus do céu! Estados Unidos têm ódio mortal da derrota para oito homens, incluindo Fidel e Che, que expulsaram os americanos usando apenas o idealismo cubano. Os americanos dormem e acordam pensando o dia inteiro em como acabar com Cuba. É muito difícil ter outro Fidel, outro Brizola, outro Lula. A cada cem anos você tem um Pixinguinha, um Cartola, um Vinicius de Moraes... A mesma coisa na liderança política. Não é questão de ditadura, é dificuldade de encontrar outro melhor para ocupar o cargo. É difícil encontrar outro Hugo Chávez.

iG: Chávez é acusado por muitos de ter acabado com a democracia na Venezuela.

BETH CARVALHO: Acabou com o quê? Com o quê? (indaga com voz alta)

iG: Com a democracia...

BETH CARVALHO: Chávez é um grande líder, é uma maravilha aquele homem. Ele acabou com a exploração dos Estados Unidos. Onde tem petróleo estão os Estados Unidos. Chávez acabou com o analfabetismo na Venezuela, que é o foco dos Estados Unidos porque surgiu um líder eleito pelo povo. Houve uma tentativa de golpe dos americanos apoiada por uma rede de TV.

iG: A emissora que fazia oposição ao governo e que foi tirada do ar por Chávez...

BETH CARVALHO: Não tirou do ar (fala em tom áspero). Não deu mais a concessão. É diferente. Aqui no Brasil o governo pode fazer a mesma coisa, televisão aberta é concessão pública. Por que vou dar concessão a quem deu um golpe sujo em mim? Tem todo direito de não dar.

iG: A senhora defende que o governo brasileiro deveria cassar TV que faz oposição?

BETH CARVALHO: Acho que se estiver devendo, deve cassar sim. Tem que ser o bonzinho eternamente? Isso não é liberdade de expressão, é falta de respeito com o presidente da República. Quem cassava direitos era a ditadura militar, é de direito não dar concessão. Isso eu apoio.
Foto: George Magaraia

Che e Fidel "enfeitam" a estante da casa da sambista

iG: Por ser oriundo dos morros, o samba foi conivente com o poder paralelo dos traficantes?

BETH CARVALHO: Não, o samba teve prejuízo enorme. Hoje dificilmente se consegue senhoras para a ala das baianas nas escolas de samba. Elas estão nas igrejas evangélicas, proibidas de sambar. Não se vê mais garoto com tamborim na mão, vê com fuzil. O samba perdeu espaço para o funk.

iG: Quem é o culpado?

BETH CARVALHO: Isso tem tudo a ver com a CIA (Agência Central de Inteligência dos EUA), que quer acabar com o samba. É uma luta contra a cultura brasileira. Os Estados Unidos querem dominar o mundo através da cultura. Estas armas dos morros vêm de onde? Vem tudo de fora. Os Estados Unidos colocam armas aqui dentro para acabar com a cultura dos morros, nos fazendo achar que é paranoia da esquerda. Mas não é, não.

iG: O samba vai resistir a esta “guerra” que a senhora diz existir?

BETH CARVALHO: Samba é resistência. Meu disco é uma resistência, não deixa de ser uma passeata: “Nosso samba tá na rua”.

Comentário do responsável por este Blog

Querida Beth, você tem toda a razão!...
A grande mídia, quase toda capital americano, segue a cartilha de seus patrões...
Não respeita as tradições dos outros povos e insiste nessa maléfica "Globalização Cultural, que está destruindo as famílias do mundo, inclusive do nosso país, ameaçando "Nossa Unidade Nacional" herança maior da luso brasilidade!
Mas, tenha calma, que isto não vem de agora. Vem de 200 anos para cá com o advento da "Revolução Industrial", uma revolução que já se assentou na maior pirataria, que chega até nossos dias.
O Brasil é um país multicultural, formado por várias etnias, que por direito também deveriam ter acesso à herança cultural e musical de seus ancestrais. Portanto, querida Beth, o que esta mídia faz não só com os negros, índios e luso brasileiros, mas com todas as demais minorias, que tanto contribuiram para o progresso do Brasil, é uma coisa muito grave, pois prega-nos um certo complexo de inferioridade, que por falta de informaçao e politização de nosso povo, acaba por provocar todo o conteúdo desse seu desabafo. Uma mídia sadia e democrática, como ela se auto determina, teria que representar e defender todas essas múltiplas manifestações culturais que formam a cidadania nacional.
E isso só vai acontecer, quando todas as crianças brasileiras passarem o dia inteiro na escola...

JPL- Fundador deste Blog.

Matéria em construçao...

MARTINHO DA VILA

SIMONE DE OLIVEIRA

MARIA BETHÂNIA

É TÃO BOM SER PEQUENINO

YOLANDA SOARES

CIDADE DE RIO GRANDE



Município de Rio Grande - Rio Grande do Sul
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Noiva do Mar














Bandeira de Rio Grande






Brasão de Rio Grande







Fundação: 19 de fevereiro de 1737 (274 anos)
Gentílico: rio-grandino
Lema
Prefeito(a) Fábio Branco (PMDB)
(2009–2012)

Localização

Localização de Rio Grande: Brasil
Localização no Brasil: 32° 2' 06" S 52° 5' 56" O32° 2' 06" S 52° 5' 56" O

Unidade federativa: Rio Grande do Sul
Mesorregião Sudeste Rio-grandense IBGE/2008
Microrregião Litoral Lagunar IBGE/2008
Municípios limítrofes: Capão do Leão e Arroio Grande (oeste)
Pelotas (norte)
Santa Vitória do Palmar (sul)

Distância até a capital: 317 km

Características geográficas
Área: 2 813,907 km²
População: 198 048 hab. (RS: 10º) – Censo IBGE/2011
Densidade: 70,38 hab./km²
Altitude: 1 m
Clima: subtropical Cfa
Fuso horário: UTC−3

Indicadores
IDH: 0,793 médio PNUD/2000
PIB:R$ 5 402 761,489 mil IBGE/2008
PIB per capita R$ 27 624,02 IBGE/2008

Outras informações
Ficha técnica
Região: Sul
Padroeiro: São Pedro
Gini: 0,41
Vereadores: 13

Rio Grande é um município brasileiro do extremo sul do estado do Rio Grande do Sul. Possuía, segundo o censo do IBGE de 2010, 196.337 habitantes.

Foi fundada em 1737 pelo Brigadeiro José da Silva Pais, e elevada - com substancial ajuda de Francisco Xavier Ferreira - à condição de cidade em 27 de junho de 1835, ano em que o coronel da guarda nacional Bento Gonçalves inicia a Revolução Farroupilha. Está situada no extremo sul do estado do Rio Grande do Sul, entre a Lagoa Mirim, a Lagoa dos Patos (a maior laguna do Brasil) e o Oceano Atlântico.

A cidade construiu sua riqueza ao longo de sua história devido à forte movimentação industrial. Ainda hoje é uma das cidades mais ricas do Rio Grande do Sul, e a mais rica da região sul do estado, principalmente devido ao seu porto (o segundo em movimentação de cargas do Brasil), e à sua refinaria (a cidade é a sede da Refinaria de Petróleo Riograndense, antiga Refinaria Ipiranga).

Rio Grande forma, juntamente com Arroio do Padre, Capão do Leão, Pelotas e São José do Norte, uma das três aglomerações urbanas do Rio Grande do Sul, sendo classificada como centro sub-regional 1.

História

A área de Rio Grande já era demonstrada em mapas holandeses décadas antes da colonização portuguesa na região. Por volta de 1720, açorianos vindos de Laguna chegaram à região de São José do Norte para buscar o gado cimarrón vindo das missões, possibilitando a posterior fundação do Forte Jesus, Maria, José e de Rio Grande, em 1737.

Nesse ano, uma expedição militar portuguesa a mando de José da Silva Paes foi enviada com o propósito de garantir a possessão das terras situadas ao sul do atual Brasil. Em 17 de fevereiro, Silva Pais fundou o presídio de Rio Grande, uma colônia militar na desembocadura do Rio São Pedro, que liga a Lagoa dos Patos ao Oceano Atlântico. Este presídio é o Forte Jesus, Maria, José, que constituiu o núcleo da colônia de Rio Grande de São Pedro, fundada oficialmente em maio do mesmo ano. O termo Rio Grande é uma alusão à desembocadura da Lagoa dos Patos no Atlântico, e a origem do nome do próprio estado.

A escolha do lugar, com o estabelecimento de estâncias de gado, permitiu apoiar as comunicações por terra entre Laguna e Colônia do Sacramento. Assim, foi fundada a cidade mais antiga do Rio Grande do Sul de colonização portuguesa - uma vez que no espaço que hoje compreende o estado do Rio Grande do Sul já existiam os Sete Povos das Missões, de domínio espanhol, sendo que algumas cidades oriundas dessa formação jesuíta existem até hoje.

Em 1760, Rio Grande, que até então estava sujeita à Capitania de Santa Catarina, passou a ser a capital da nova Capitania de São Pedro do Rio Grande do Sul, dependente do Rio de Janeiro.

Em 12 de maio de 1763, o espanhol Pedro de Ceballos, governador de Buenos Aires, invadiu a então vila de Rio Grande, conquistando o forte e removendo os portugueses até São José do Norte, na margem oposta a Rio Grande - a qual também seria ocupada por Ceballos, passando a capital da capitania à população de Viamão em 1766. Os povoadores portugueses que não fugiram até Porto dos Casais foram transladados por Ceballos a Maldonado, dando origem ao povoado de São Carlos. Na noite de 6 de julho de 1767, as tropas portuguesas, por ordem do governador da Capitania do Rio Grande do Sul, coronel José Custódio de Sá e Faria, depois de violentos combates, expulsaram os espanhóis de São José do Norte.

A permanência dos espanhóis na vila durou até 1º de abril de 1776, data em que o comandante general português de São José do Norte, o alemão Johann Heinrich Bohm, atacou os fortes de Santa Bárbara e Trindade e recuperou a vila com ajuda do sargento maior Rafael Pinto Bandeira.

Pedro de Ceballos foi o primeiro vice-rei do Vice-reino do Rio da Prata e, ao ser nomeado, recebeu a ordem de deter a expansão portuguesa. Em princípios de 1777, Ceballos e seus homens recuperaram a Ilha de Santa Catarina, sem disparar um só tiro, já que a esquadra portuguesa abandonou a ilha. Em 21 de abril, chegou a Montevidéu, onde atacou o Forte de Santa Teresa, no atual departamento uruguaio de Rocha, e dirigia-se mais uma vez contra a cidade de Rio Grande quando recebeu notícias de um tratado de paz assinado entre Espanha e Portugal, que o obrigava a retirar-se da cidade.

Relevo

Doca na Ilha dos Marinheiros - A maior ilha da Lagoa dos Patos

Rio Grande é uma cidade litorânea, que possui a praia mais extensa do mundo (Praia do Cassino), com uma extensão de aproximadamente 240 km de costa para o Oceano Atlântico. Toda a sua área municipal se situa em baixa altitude com, no máximo, 11 metros acima do nível do mar.

Vegetação

A maior parte do município é composta por campos, com vegetação rasteira e herbácea. Também há pequenos bosques com árvores plantadas (eucaliptos e pinhos). Dunas de areia são encontradas em toda a costa litorânea.

Clima

O clima de Rio Grande é subtropical ou temperado, com forte influência oceânica e com invernos relativamente frios, verões tépidos e precipitações regularmente distribuídas durante o ano. A temperatura média anual da cidade é de 17,6 °C e a precipitação média anual é de 1.162 mm. O mês mais quente é janeiro, com temperatura média de 22 °C, e o mês mais frio é julho, com temperatura média de 13 °C. Devido à intensa incidência de ventos na cidade, a sensação térmica no inverno em Rio Grande frequentemente chega abaixo de 0 °C, durante os meses mais frios.

Etnias

A principal emigração ocorrida no município foi por portugueses provenientes da Póvoa de Varzim, Aveiro, zona da Bairrada e do arquipélago dos Açores, que influíram profundamente na cultura e na arquitetura da cidade. Outras etnias que também se estabeleceram na cidade foram os africanos, italianos, alemães, poloneses, árabes libaneses, árabes palestinos, ingleses, espanhóis e japoneses. Em Rio Grande existe a FEARG\FECIS uma feira em que é possível assistir e acompanhar diversas culturas de todo o mundo,a feira é realizada anualmente e reúne milhares de visitantes.

Economia

Uma escuna na Lagoa dos Patos, durante a feira municipal denominada Festa do Mar.

Rio Grande tem se destacado em âmbito estadual e nacional ao longo dos últimos anos. Com a ampliação do canal no porto da cidade, novos investimentos deram novo fôlego à economia do município. Um pólo naval está se desenvolvendo em Rio Grande, sendo a plataforma petrolífera P-53, da Petrobras, a primeira grande operação na cidade. Além disso, Rio Grande tem uma economia extremamente competitiva e diversificada, sendo bem abastecida de bens e serviços em qualquer área.

Durante cerimônia de batismo da plataforma P-53, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, confirmaram a assinatura do principal contrato para a plataforma P-55, com o consórcio das empresas Queiroz Galvão, Iesa e UTC Engenharia, que inclui a integração do casco com os módulos, que será realizado no Estaleiro Rio Grande, junto ao dique seco, no Superporto. Dos seis módulos, quatro serão montados no dique seco do Rio Grande, sendo um de remoção de sulfato e outro de compressão, que ficará sobre responsabilidade da Iesa. Já o Consórcio Top 55, formado por acionistas da Quip (Queiroz Galvão, IESA e UTC Engenharia), além da integração do casco com os módulos da plataforma, construirá o convés e os módulos de alojamento e de painéis elétricos.

Calçadão, principal rua comercial da cidade.

Em seu discurso, após a diretora de Gás e Energia da Petrobras, Maria das Graças Foster, ter batizado a P-53, Gabrielli salientou que além da construção e integração dos módulos da P-55 no porto gaúcho, ainda serão construídos oito cascos em séries em Rio Grande.

A economia de Rio Grande se concentra na maior parte na atividade portuária, sendo um dos grandes responsáveis pela exportação de grãos e importação de containeres e fertilizantes do país.

Há diversas empresas que exportam e importam produtos a partir dos Terminais do Porto de Rio Grande e seu Cais Comercial: ADM, Amaggi, Bianchini S/A, Bunge, Cargill, CHS, Cooperoque, Cotribá, Cotrimaio, Cotrirosa, Cotrisal, Cotricasul, Coxilha, Giovelli, Granol, Heringer, Mosaic, Marasca, Nidera, Phenix, Piratini, Tecon, Yara Brasil e Timac Agro.

Mas esse serviço só é possível graças as agências e operadores, que contribuem para o fortalecimento e produtividade do Porto do Rio Grande, tais como Eichenberg & Transeich, Fertimport, Oceanus, Orion, Quip, Rio Grande, Sagres, Sampayo, Serra Morena, Supermar, Tecon, Tranships, Vanzin, Wilson Sons e Yara.

Política

Lista de prefeitos desde a redemocratização brasileira:

* 1989 Paulo Fernando dos Santos Vidal (PT) - eleito com aproximadamente 24.000 votos
* 1992 Alberto José Barutót Meirelles Leite (PSDB) - eleito com 39.766 votos
* 1996 Wilson Mattos Branco (PMDB) - eleito com 33.405 votos
* 2000 Fábio de Oliveira Branco (PMDB) - eleito com 51.677 votos
* 2004 Janir Souza Branco (PMDB) - eleito com 83.047 votos
* 2008 Fábio de Oliveira Branco (PMDB) - eleito com 60.471 votos

Educação

A cidade de Rio Grande conta com um sistema de educação completo:

* Ensino Médio: destacam-se o Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS - antigo Colégio Técnico Industrial - CTI) e a Escola Técnica Estadual Getúlio Vargas, entre outras escolas estaduais e particulares;
* Ensino Fundamental: dezenas de escolas públicas e particulares.


FURG

IFRS

O Instituto Federal do Rio Grande do Sul, em seu campus localizado na cidade de Rio Grande, possui cursos técnicos de nível médio e tecnológicos de nível superior.

FURG

A FURG, Universidade Federal do Rio Grande, é conhecida por ser uma das mais completas do sul brasileiro. Foi fundada a 8 de julho de 1953 com o nome de Fundação Cidade do Rio Grande e na época só contava com o Curso de Engenharia. Ao passar do tempo, foram criadas outras faculdades: Ciências Políticas, Ciências Econômicas, Direito etc. Começou a sua história com aulas na Biblioteca Rio-Grandense e, posteriormente, foi erigido o campus Cidade, atualmente pertencente ao IFRS. Hoje a universidade tem cursos no campus Cidade, campus Carreiros e campus Saúde e conta com complexos de museus (ex.: Museu Oceanográfico de Rio Grande), Estação de Apoio Antártico, Hospital Universitário e Sistemas de Bibliotecas, além de três campi em outras cidades gaúchas: Santo Antônio da Patrulha, Santa Vitória do Palmar e São Lourenço do Sul.

Faculdade Anhanguera do Rio Grande

A Faculdade Anhanguera do Rio Grande é uma instituição de ensino pertencente à Rede Anhanguera. Localizada na Avenida Rheingantz, número 91, vem aumentando cada bez mais sua infra-estrutura na cidade. Hoje em dia, a instituição conta com vários cursos em atividade, tais como Administração, Psicologia, Enfermagem, Direito e destaque para o curso de Fisioterapia, principal da unidade. A faculdade recentemente passou por uma grande obra onde construiu mais dois blocos de salas de aulas, um espaço para amplas cantinas e uma ampla clínica de fisioterapia que contará com vários laboratórios e uma piscina para aulas hídricas, fortalecendo a fisioterapia na cidade e dando acesso gratuito à comunidade riograndina. Ainda nos planos da faculdade, esta a finalização da obra da clinica de psicologia que juntamente com a clinica de fisioterapia se tornaram um centro de assistência e auxílio da comunidade riograndina para patoliogias do corpo e da mente.

Infraestrutura

Rodovias

A cidade é servida pela BR-392, que está em processo de conclusão de duplicação até Pelotas, que se interliga com a BR-471, BR-116, cujo projeto de duplicação já foi aprovado até à cidade de Guaíba, sendo que dessa cidade até Porto Alegre já está duplicado. Pela BR-116, chega-se à capital do estado, Porto Alegre, e ao norte do país.

Ferrovias

A cidade possui acesso ferroviário através das linhas Bagé e Cacequi/Rio Grande, da Ferrovia Sul-Atlântico, atualmente operada pela América Latina Logística (ALL).

Hidrovias

Através da Lagoa dos Patos, a cidade liga-se ao Lago Guaíba (que banha Porto Alegre), bem como aos rios que desembocam neste, como o rio Jacuí e o rio dos Sinos.

Igreja Episcopal do Redentor

Igreja anglicana situada no centro da cidade

Aeroporto

Rio Grande conta com um aeroporto (IATA: RIG, ICAO: SJRG) localizado cerca de 12 km do centro da cidade, sob as coordenadas 32°04'54.00"S de latitude e 52°09'48.00"W de longitude. Ele possui 1.500 metros de pista pavimentada e sinalizada e mais 400 metros de áreas de escape. Opera diariamente três voos para Porto Alegre e um para Pelotas, sendo que há previsão de voos para São Paulo e Rio de Janeiro no segundo semestre de 2010 através da NHT Linhas Aéreas. É um dos maiores aeroportos do interior do Rio Grande do Sul, servindo cerca de cinco mil passageiros por ano.

Trânsito

Com sua população em torno de 200 mil habitantes, Rio Grande enfrenta sérios problemas de trânsito. Diversos fatores explicam esses problemas, como a crescente população - devido ao pólo naval presente na região - e também o significativo aumento da frota, acompanhando o aumento do poder de compra da população. Em apenas três anos, a frota de veículos na cidade aumentou em 50%, saltando de 40 mil para 60 mil. Rio Grande apresenta um carro para cada três habitantes. Para amenizar os problemas no tráfego, a Secretaria dos Transportes promove desde o início de 2008 várias mudanças de fluxo, sendo as principais a mudança no sentido das vias Senador Corrêa, Avenida Buarque de Macedo, Rua 2 de Novembro, Avenida Presidente Vargas e Avenida Rheingantz. As duas primeiras passam a ser vias de saída da cidade, funcionando em mão-única no sentido centro-bairro, enquanto a avenida Rheingantz faz o sentido inverso. Dize-se que tais mudanças não passaram de meros paliativos, pois não resolvem o problema a médio prazo, tendo em vista que são necessárias obras viárias de alargamentos, duplicações de ruas etc.

Cinemas

Rio Grande já contou com diversas salas de cinemas, fechados sistematicamente ao longo das últimas décadas, sendo que atualmente só existem dois cinemas: Cine Dunas Cassino (Av. Rio Grande) e Cine Dunas Cidade (Rua Andradas).

Ao longo do século XX, vários cinemas foram abertos e fechados: Lido (na Av. Buarque de Macedo), Avenida (na Av. Major Carlos Pinto, funcionou entre 1929 e 1983), Glória (na Rua Benjamin Constant, 423, esquina com Nascimento), Carlos Gomes (na Av. Bacelar), Figueiras (na Rua Aquidaban, 714, no interior do Shopping Figueiras, de 1998 a 2006 e Plaza (na Av. Silva Paes, durante a década de 1990)

Esportes

A cidade tem uma forte movimentação esportiva. Possui vários campeões de diversas modalidades de natação, artes marciais e maratonistas, mas o forte da cidade é o futebol. A cidade conta com três clubes profissionais: o Football Club Rio-Grandense, o Sport Club São Paulo e o Sport Club Rio Grande (o clube de futebol mais antigo do Brasil). Todos os clubes já foram campeões gaúchos. Os títulos de Campeão Gaúcho foram os seguintes:

* Campeonato_Gaúcho_de_Futebol_de_1933: São Paulo
* Campeonato_Gaúcho_de_Futebol_de_1936: Rio Grande
* Campeonato_Gaúcho_de_Futebol_de_1939: Rio-Grandense

De 2005 a 2009, a Associação Noiva do Mar de Futsal representou a cidade nos campeonatos estaduais, sempre tendo destaque entre as equipes participantes. Em 2008, sagrou-se vice-campeão estadual da Série Prata em partidas com público acima de trê mil pessoas.

Comunicações

Capa de um folhetim publicado em 1856 pela Tipografia de B. Berlink

Tipografias

A cidade possuiu diversas tipografias ao longo do século XIX, editando jornais e livros diversos na cidade:

I - Tipografia de Francisco Xavier Ferreira, que publica o jornal O Noticiador, fundado em 3 de janeiro de 1832, e O Propagador da Indústria Rio-grandense, entre outros, além de obras como Hino que se cantou na noite do dia 24 do corrente pela feliz noticia da Gloriosa Elevação do Sr. dom Pedro II ao Trono do Brasil (1831), considerado o primeiro texto impresso na cidade rio-grandina, e Relação dos festejos, que fizeram os portugueses residentes na vila do Rio Grande do Sul, em demonstração de seu júbilo pelo restabelecimento da paz, e da liberdade, na sua pátria, em 1834;

II - Tipografia do Observador;

III - Tipografia de Sabino Antônio de Souza Niterói, denominada inicialmente de Mercantil, enquanto eram impressos os jornais Liberal Rio-Grandense e Mercantil do Rio Grande (entre os anos de 1835 e 1840), e posteriormente de Niterói, quando foi editado o jornal Conciliador (1840-41) e o A Voz da Verdade (1845-1846);

IV - Tipografia Pomatelli; em 5 julho de 1847, foi vendida para Perry de Carvalho; em 1º de maio de 1849, foi revendida a Antonio Bonone Martins Viana e, em setembro de 1850, a Bernardino Berlink;

V - Tipografia de Cândido Augusto de Mello, com diversos jornais e obras;

VI - Tipografia do jornal Diário de Rio Grande, com diversos jornais e obras;

Jornais

A cidade possuiu centenas de jornais durante os séculos XIX e XX, destacando-se tanto pelo número, como pela importância e também pela longevidade de alguns desses periódicos, dentre os quais destacam-se A Luta e Eco do Sul. Atualmente, existem dois jornais de circulação diária, o Agora e o Diário Popular, além do semanário Jornal Cassino.

Pontos turísticos

Passarela sobre as dunas na Praia do Cassino



A cidade como um todo é considerada um patrimônio histórico. Como principais pontos a serem visitados, podem ser destacados:

* Praia do Cassino - A maior praia em extensão do mundo (segundo o Guiness Book)

* Molhes da Barra do Rio Grande - Situados na Praia do Cassino, é a terceira maior obra de engenharia naval do planeta (menor apenas que os canais de Suez e do Panamá)

* Biblioteca Rio-Grandense - Fundada em 15 de agosto de 1846, como Gabinete de Leitura, é uma grande atração cultural para a cidade, com quase 500 mil obras, tornando-se uma das maiores no Brasil.

* Catedral de São Pedro - O templo religioso mais antigo do Rio Grande do Sul

* Igreja de Nossa Senhora do Carmo - Construção em estilo neo-gótico, localizada no centro de Rio Grande.

* Museu Oceanográfico Prof. Eliezer de Carvalho Rios, da FURG - Maior museu oceanográfico da América Latina

* Museu Antártico - É uma reprodução das primeiras instalações da Estação Antártica Comandante Ferraz, anexo ao Museu Oceanográfico.

* Canalete - Localizado na Rua M. Carlos Pinto, é o centro de reunião de várias pessoas.

* Eco-Museu da Ilha da Pólvora

* Praça Tamandaré - Maior praça do interior do estado do Rio Grande do Sul, onde se encontra o monumento com os restos mortais do General Bento Gonçalves, herói da Revolução Farroupilha

* Centro - O centro comercial da cidade conta com vários prédios antigos e, com a decorrência do grande aumento na cidade, o número de prédios vem crescendo cada vez mais.

* Praças - Por conta de ser uma cidade antiga, Rio Grande conta com um grande número de praças como a Xavier Ferreira e a Tamandaré

* Estação Ecológica do Taim - Considerada um dos lugares mais bonitos do estado, apresenta grande diversidade de animais e paisagens.

* Prédio da Alfândega - Um dos prédios mais bonitos do Rio Grande do Sul.

* Sobrado dos Azulejos- Localizado na rua Riachuelo ( esta mesma , que cmporta outros prédios históricos e importantes)

* Mercado Municipal- Um dos mais antigos do Estado

* Escola lemos Jr- Escola centenária.

* Praça Sete de setembro- Local de fundação do forte Jesus Maria José, um dos marcos iniciais do municipio.

* Praça Marcilio Dias- Nessa encontra-se a estátua do imperial marinheiro Rio Grandino Marcilio Dias.

Festas culturais

* Festa do Mar: A Festa do Mar foi realizada pela primeira vez há 50 anos. O objetivo deste evento, desde seu início, é salientar as potencialidades turísticas e econômicas da região, ao mesmo tempo em que resgata em cada cidadão, o orgulho e o amor por sua terra. Organizada pela FEMAR Agência de Desenvolvimento, a Festa do Mar é um evento de característica popular, portanto, preocupado em servir a comunidade através de uma programação cultural e esportiva diversificada que satisfaça e motive a todos. Pode-se destacar, também, a área gastronômica da festa que atrai milhares de visitantes curiosos em conhecer e degustar o prato típico da região: a famosa anchova assada no espeto, além do diversificado cardápio de frutos do mar oferecido. Além disso, são atrações importantes nessa festa os estandes comerciais, que promovem produtos e serviços e alavancam a economia da região.

* Fearg e Fecis: Essa “dupla” feira que acontece na cidade de Rio Grande aborda a cada ano diferentes etnias, como a africana. Ela reúne empresas ligadas ao artesanato e também do comércio em geral da cidade.

* Fejunca: Festa junina realizada todos os anos no balneário do Cassino em Rio Grande. Conta com várias bandas de artesanatos, vendas, gastronomia e shows culturais.

* Festa do Peixe e do Camarão: A indústria pesqueira local perdeu força diante do cenário nacional nos últimos anos. Entretanto, o setor continua sendo um dos mais tradicionais da cidade, conhecida nacionalmente por sua vocação, através da pesca artesanal e de embarcações especializadas na captura de camarões e demais pescados. Por isso, a meta da festa é proporcionar um cardápio à base de frutos do mar, mostrando a potencialidade do município que tem São Pedro como padroeiro. Esta é uma grande feira gastronômica para degustação de peixes e camarões preparados de várias formas. A feira é realiza anualmente na Praia do Cassino.

* Festa de Iemanjá: Grande festa em tributo à rainha do mar é realizada anualmente na Praia do Cassino. A festa conta com a participação de milhares de pessoas à beira-mar.

Cidade-irmã

Brasão da cidade portuguesa de Águeda

Rio Grande possui uma cidade-irmã, Águeda. É possível ver-se uma homenagem a esta cidade num painel de lajes azuis - símbolo de Portugal - próximo ao Largo Dr. Pio.

* Águeda, Portugal

Personalidades Rio-Grandinas

Joaquim Marques Lisboa, o Almirante Tamandaré, em 1873

* Antônio de Castro Assunção: poeta e jurista
* Antônio de Sousa Neto, o General Neto: líder e herói farroupilha
* Artur de Oliveira, patrono número 3 da Academia Brasileira de Letras
* Bebeco Garcia: cantor e compositor, fundador da banda Garotos da Rua
* Clarinda da Costa Siqueira: poetisa, autora do livro póstumo Poesias
* Érico Gobbi: escultor da estátua da Iemanjá, perto da praia do Cassino
* Francisco Xavier Ferreira: dono da primeira tipografia e do primeiro jornal rio-grandino, em 1832
* Golbery do Couto e Silva: militar, ministro da Casa Civil da Presidência da República nos governos Geisel e Figueiredo
* Heitor TP: guitarrista, compositor de trilhas sonoras, radicado em Los Angeles, EUA; ex-integrante da banda Simply Red
* Írio Rodrigues, o Poeta Pobre: poeta marginal e autor dois livros
* Joaquim Marques Lisboa, o Almirante Tamandaré: herói nacional, patrono da Marinha do Brasil
* Julieta de Melo Monteiro: fundou periódicos como A Violeta e Corimbo
* Marcílio Dias: marinheiro imperial, herói da Batalha de Riachuelo
* Matteo Tonietti: escultor, como o Monumento à Mãe e Os Meninos
* Rejane Heiden: Miss Rio Grande do Sul de 1983
* Revocata Heloísa de Melo (1853-1944): irmã de Julieta, também fundou diversos jornais em Rio Grande no século XIX
* Rita Lobato Velho Lopes: primeira mulher a se tornar médica na América Latina
* Ary Piassarollo: violonista e guitarrista de jazz, com renome internacional


Personalidades do esporte

* Chinesinho (Sidney Colônia Cunha): ex-futebolista do Sport Club Internacional-RS, Sociedade Esportiva Palmeiras-SP e da Juventus Football Club (Itália), além da Seleção Brasileira, entre as décadas de 1950 e 1970
* Maurine Dorneles Gonçalves: futebolista, lateral da Seleção Brasileira de Futebol Feminino; medalhista de prata nas Olimpíadas de Pequim 2008
* Neca: ex-jogador de futebol de diversos times brasileiros, como Grêmio (um dos vinte maiores artilheiros da história do time, com 60 gols), Cruzeiro, Corinthians (vice-campeão brasileiro) e São Paulo (Campeão Brasileiro em 1977).
* Renato Marsiglia: ex-árbitro de futebol da FIFA e atual comentarista esportivo da Rede Globo


Referências

1. ↑ a b Divisão Territorial do Brasil. Divisão Territorial do Brasil e Limites Territoriais. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) (1 de julho de 2008). Página visitada em 11 de outubro de 2008.
2. ↑ IBGE (10 out. 2002). Área territorial oficial. Resolução da Presidência do IBGE de n° 5 (R.PR-5/02). Página visitada em 5 dez. 2010.
3. ↑ Censo Populacional 2011. Censo Populacional 2010. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) (31 de agosto de 2011). Página visitada em 09 de setembro de 2011.
4. ↑ Ranking decrescente do IDH-M dos municípios do Brasil. Atlas do Desenvolvimento Humano. Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) (2000). Página visitada em 11 de outubro de 2008.
5. ↑ a b Produto Interno Bruto dos Municípios 2004-2008. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Página visitada em 11 dez. 2010.
6. ↑ MOTTA, Diana Meirelles da; Cesar Ajara (Junho de 2001). Configuração da Rede Urbana do Brasil (em português). Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Página visitada em 24 de julho de 2009.
7. ↑ Río Grande - Página do Gaúcho
8. ↑ Regime anual e estacional de chuvas no Rio Grande do Sul, UFRGS
9. ↑ , e Sete de Setembro (rua Gen. Bacelar) Reportagem Zero Hora de 2007
10. ↑ Cinema no Interior do Rio Grande do Sul

Ligações externas

* Prefeitura de Rio Grande
* Biblioteca Rio-Grandense
* Câmara Municipal do Rio Grande
* Festa do Mar
* Universidade Federal do Rio Grande
* As primeiras tipografias na cidade gaúcha de Rio Grande
* The Tramways of (Os Bondes do) Rio Grande
* Ana Cristina Pinto Matias - FRANCISCO XAVIER FERREIRA E O INÍCIO DA IMPRENSA NO EXTREMO SUL

Matéria em construção...

O BARBEIRO DE SEVILHA

O Barbeiro de Sevilha (2007/2008)

Espectáculo musical para toda a família



Na sequência do grande êxito alcançado com “A Flauta Mágica” (oito meses em cena no Teatro Armando Cortez/ Casa do Artista), o TIL- Teatro Infantil de Lisboa, dá continuidade a um ciclo dedicado a grandes compositores, e depois de Mozart chega a vez de dar a conhecer ao público mais jovem a belíssima música de Rossini, numa adaptação teatral a partir da ópera cómica “O Barbeiro de Sevilha”.

Os imaginativos cenários de Kim Cachopo e os sempre fantasiosos figurinos de Rafaela Mapril transportam os espectadores até Sevilha, uma muito típica cidade do país vizinho, o palco onde se vai desenrolar uma atribulada – mas também muito humorada – história de amor, sempre acompanhada pela música do célebre compositor, numa versão do Maestro Filipe Carvalheiro, que tem a seu cargo a direção musical deste espectáculo.

O tema gira à volta duma clássica história de amor entre dois jovens – Rosina e o Conde Almaviva – e o sonho de alcançarem a felicidade. Porém, esse sonho transforma-se num pesadelo para o terrível e temido D. Bártolo, tutor de Rosina, que com a ajuda de D. Basílio, um professor de música, vai tentar a todo o custo impedir que o casamento dos dois jovens se realize. E tal como na ópera de Rossini, a história de amor tem um sempre desejado fim feliz, mas esse "FINAL" só se torna possível através da ajuda, amizade e esperteza de “Fígaro”, “O Barbeiro de Sevilha”!

Sinopse

O Barbeiro de Sevilha conta a história de Fígaro, um barbeiro que faz de tudo na sua cidade: arranja casamentos, ouve confissões, espalha boatos, enfim… um verdadeiro prodígio de imaginação.

A trama começa com uma serenata sob o balcão da casa de Rosina pelo Conde Almaviva, disfarçado de Lindoro. Mas Rosina não aparece. Ela é pupila de um velho médico, D. Bartolo, que tem planos para se casar com sua protegida. D. Bartolo é muito ciumento e mantém Rosina confinada em casa, acompanhada pelas suas criadas, Berta e Carmen.

É durante a serenata que o Conde conhece Fígaro – o seu trabalho desta vez será ajudá-lo a casar-se com sua amada. Os dois elaboram um plano para que Almaviva (ou Lindoro) se encontre com Rosina. A ideia é que o Conde entre na casa de Rosina, disfarçado de soldado bêbado. Mas o plano não resulta e, com a chegada da polícia, o encontro termina numa divertida e caótica discussão.

Noutra tentativa, o Conde Almaviva disfarça-se de professor de música mas mais uma vez o plano de Fígaro e Almaviva não se concretiza: a trama é descoberta e o D. Bartolo apressa o casamento com Rosina para evitar as investidas do Conde.

O desfecho que parece certo muda de rumo devido à sempre fértil imaginação do Barbeiro de Sevilha – afinal, não há nada que umas boas moedas e uma dose de humor não resolvam...
Matéria em construção...

BATERISTA GENIAL

SÓ NÓS DOIS

GONÇALO SALGUEIRO

JOSÉ SARAMAGO


José Saramago
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Nascimento: 16 de Novembro de 1922 - Azinhaga, Golegã, Portugal
Falecimento: 18 de Junho de 2010 (87 anos) - Tías, Província de Las Palmas, Canárias, Espanha
Nacionalidade: Português
Ocupação: Escritor, argumentista, jornalista, dramaturgo, contista, romancista, teatrólogo, ensaísta, poeta
Principais trabalhos: Memorial do Convento; O Evangelho segundo Jesus Cristo; Ensaio sobre a Cegueira, etc.
Prémios Medalha do prêmio Nobel Nobel de Literatura (1998)
Prémio Camões (1995)
Página oficial http://www.josesaramago.org/

José de Sousa Saramago (Azinhaga, Golegã, 16 de Novembro de 1922 — Tías, Lanzarote, 18 de Junho de 2010) foi um escritor, argumentista, teatrólogo, ensaísta, jornalista, dramaturgo, contista, romancista e poeta português.

Foi galardoado com o Nobel de Literatura de 1998. Também ganhou o Prémio Camões, o mais importante prémio literário da língua portuguesa. Saramago foi considerado o responsável pelo efectivo reconhecimento internacional da prosa em língua portuguesa.

O seu livro Ensaio Sobre a Cegueira foi adaptado para o cinema e lançado em 2008, produzido no Japão, Brasil, Uruguai e Canadá, dirigido por Fernando Meirelles (realizador de O Fiel Jardineiro e Cidade de Deus). Em 2010 o realizador português António Ferreira adapta um conto retirado do livro Objecto Quase, conto esse que viria dar nome ao filme Embargo, uma produção portuguesa em co-produção com o Brasil e Espanha.

Nasceu no distrito de Santarém, na província geográfica do Ribatejo, no dia 16 de Novembro, embora o registo oficial apresente o dia 18 como o do seu nascimento. Saramago, conhecido pelo seu ateísmo e iberismo, foi membro do Partido Comunista Português e foi director-adjunto do Diário de Notícias. Juntamente com Luiz Francisco Rebello, Armindo Magalhães, Manuel da Fonseca e Urbano Tavares Rodrigues, foi, em 1992, um dos fundadores da Frente Nacional para a Defesa da Cultura (FNDC). Casado, em segundas núpcias, com a espanhola Pilar del Río, Saramago viveu na ilha espanhola de Lanzarote, nas Ilhas Canárias.

Obra

“Dificílimo acto é o de escrever, responsabilidade das maiores.(…) Basta pensar no extenuante trabalho que será dispor por ordem temporal os acontecimentos, primeiro este, depois aquele, ou, se tal mais convém às necessidades do efeito, o sucesso de hoje posto antes do episódio de ontem, e outras não menos arriscadas acrobacias(…)”

Saramago, A Jangada de Pedra, 1986

José Saramago foi conhecido por utilizar um estilo oral, coevo dos contos de tradição oral populares em que a vivacidade da comunicação é mais importante do que a correcção de uma linguagem escrita. Todas as características de uma linguagem oral, predominantemente usada na oratória, na dialéctica, na retórica e que servem sobremaneira o seu estilo interventivo e persuasivo estão presentes. Assim, utiliza frases e períodos compridos, usando a pontuação de uma maneira não convencional. Os diálogos das personagens são inseridos nos próprios parágrafos que os antecedem, de forma que não existem travessões nos seus livros. Este tipo de marcação das falas propicia uma forte sensação de fluxo de consciência, a ponto do leitor chegar a confundir-se se um certo diálogo foi real ou apenas um pensamento. Muitas das suas frases (i.e. orações) ocupam mais de uma página, usando vírgulas onde a maioria dos escritores usaria pontos finais. Da mesma forma, muitos dos seus parágrafos ocupariam capítulos inteiros de outros autores. Por isso, se o leitor se habituar ao o seu estilo, a sua leitura é muito agradável, pois o seu ritmo está muito próximo da eloquência oral do Povo Português.

Estas características tornam o estilo de Saramago único na literatura contemporânea, sendo considerado por muitos críticos um mestre no tratamento da língua portuguesa. Em 2003, o crítico norte-americano Harold Bloom, no seu livro Genius: A Mosaic of One Hundred Exemplary Creative Minds ("Génio: Um Mosaico de Cem Exemplares Mentes Criativas"), considerou José Saramago "o mais talentoso romancista vivo nos dias de hoje" (tradução livre de the most gifted novelist alive in the world today), referindo-se a ele como "o Mestre". Declarou ainda que Saramago é "um dos últimos titãs de um género literário que se está a desvanecer".

Obras publicadas

Romances

* Terra do Pecado, 1947
* Manual de Pintura e Caligrafia, 1977
* Levantado do Chão, 1980
* Memorial do Convento, 1982
* O Ano da Morte de Ricardo Reis, 1984
* A Jangada de Pedra, 1986
* História do Cerco de Lisboa, 1989
* O Evangelho Segundo Jesus Cristo, 1991
* Ensaio Sobre a Cegueira, 1995
* Todos os Nomes, 1997
* A Caverna, 2000
* O Homem Duplicado, 2002
* Ensaio Sobre a Lucidez, 2004
* As Intermitências da Morte, 2005
* A Viagem do Elefante, 2008
* Caim, 2009
* Claraboia, 2011

Peças teatrais

* A Noite
* Que Farei com Este Livro?
* A Segunda Vida de Francisco de Assis
* In Nomine Dei
* Don Giovanni ou O Dissoluto Absolvido

Contos

* Objecto Quase, 1978
* Poética dos Cinco Sentidos - O Ouvido, 1979
* O Conto da Ilha Desconhecida, 1997

Poemas

* Os Poemas Possíveis, 1966
* Provavelmente Alegria, 1970
* O Ano de 1993, 1975

Crónicas

* Deste Mundo e do Outro, 1971
* A Bagagem do Viajante, 1973
* As Opiniões que o DL Teve, 1974
* Os Apontamentos, 1977

Diário e Memórias

* Cadernos de Lanzarote (I-V), 1994
* As Pequenas Memórias, 2006

Viagens

* Viagem a Portugal, 1981

Infantil

* A Maior Flor do Mundo, 2001

Prémios

Entre as premiações destacam-se o Prémio Camões (1995) - distinção máxima oferecida aos escritores de língua portuguesa, e o o Nobel de Literatura (1998) - o primeiro concedido a um escritor de língua portuguesa.


Polémicas

"Marx nunca teve tanta razão como hoje."

— José Saramago, Público, 15/06/2008

A carreira de Saramago foi acompanhada de diversas polémicas. As suas opiniões pessoais sobre religião ou sobre a luta internacional contra o terrorismo são muito discutidas e algumas resultam mesmo em acusações de diversos quadrantes.

Diretor-Adjunto do Diário de Notícias

Após a “Revolução dos Cravos”, no dia 9 de Junho de 1974, José Saramago toma posse como director-adjunto do Diário de Notícias. Desde logo tornou claro que pretendia utilizar o posto concedido como ferramenta política no intuito de tornar Portugal um estado socialista: “O DN vai ser o instrumento, nas mãos do povo português, para a construção do socialismo.”

Com a nacionalização do jornal, após o 11 de Março de 1975, o jornal remodelou a sua direcção. Saramago manteve o seu cargo, mas para efeitos práticos, as suas funções assemelhavam-se mais ao cargo de diretor do que director-adjunto. Entre Abril e Novembro do mesmo ano, redigiu cerca de 95 textos na primeira página sob o título de “Apontamentos”, que acabavam por funcionar como editoriais do jornal. Nestes textos era possível denotar fortes críticas a Mário Soares, Freitas do Amaral, entre outros, e rasgados elogios a dirigentes conotados com o ideário comunista dos quais se destacam Vasco Gonçalves.

Estes textos não eram assinados, e por uma só vez surge a assinatura de José Saramago junto com a de Luís de Barros, nas páginas do DN num texto intitulado "Uma Direcção Nova" e publicado a 11 de Abril: "O DN é importante de mais para que os seus trabalhadores aceitem vê-lo transformar-se em feudo de alguém. Esta Casa precisa de todos e será obra de todos". Contrariando estas palavras, 22 jornalistas serão despedidos a 27 de Agosto por delito de opinião. "Informação revolucionária não se faz com jornalistas contra-revolucionários. Por isso, os que o eram foram afastados", explicará o DN, a 4 de Setembro, em prosa não assinada.

Entre os vários textos que escreveu nunca escondeu que acreditava na instauração de regime socialista recorrendo à força das armas. São dele as afirmações: “Ou esta Revolução se suicida (...) ou se recupera pela única via que lhe deixam aqueles que a querem liquidar”, "a violência revolucionária é uma legítima defesa quando está em causa a vida e o futuro de um povo inteiro" e "O regresso aos quartéis, que alguns teimam em preconizar, nada resolveria as Forças Armadas, tendo sido MFA no seu sector progressista, não podem recuperar neutralidades utópicas: mais vale, portanto, que, mesmo em conflito, continuem no primeiro plano da acção política. Mas cuidado, o tempo não espera". Estas afirmações consistiam num apelo implícito ao golpe militar, que poderia mergulhar o país na guerra civil como preço a pagar para que continuasse a ser o povo a determinar os destinos do país. De facto, no dia seguinte à publicação destas afirmações, 25 de Novembro de 1975, sectores da esquerda radical levam a cabo uma tentativa de golpe de estado falhada, assinalando também o fim da influência de Saramago no DN.

Críticas a Israel e acusações de anti-semitismo

Um caso que tem tido alguma repercussão relacionou-se com a posição crítica do autor em relação à posição de Israel no conflito contra os palestinianos. Por exemplo, a 13 de Outubro de 2003, numa visita a São Paulo, em entrevista ao jornal O Globo, afirmou que os Judeus não merecem a simpatia pelo sofrimento por que passaram durante o Holocausto… Vivendo sob as trevas do Holocausto e esperando ser perdoados por tudo o que fazem em nome do que eles sofreram parece-me ser abusivo. Eles não aprenderam nada com o sofrimento dos seus pais e avós. A Anti-Defamation League (ADL) (Liga Anti-Difamação), um grupo judaico de defesa dos direitos civis, caracterizou estes comentários como sendo anti-semitas. Segundo as palavras de Abraham Foxman, director da ADL, "os comentários de José Saramago são incendiários, profundamente ofensivos e mostram uma ignorância destes assuntos, o que sugere um preconceito contra os Judeus".

Em defesa de Saramago, diversos autores afirmam que ele não se insurgiu contra os judeus, mas contra a política de Israel, como, por exemplo, num artigo publicado a 3 de Maio de 2002 no jornal Público, onde, comparando o actual conflito com a cena bíblica de David e Golias, o autor diz que David, representando Israel, "se tornou num novo Golias" e que aquele "lírico David que cantava loas a Betsabé, encarnado agora na figura gargantuesca de um criminoso de guerra chamado Ariel Sharon, lança a "poética" mensagem de que primeiro é necessário esmagar os palestinianos para depois negociar com o que deles restar".

Integração de Portugal numa Federação Ibérica

Em entrevista ao jornal Diário de Notícias em 15 de Julho de 2007, Saramago afirmou que a integração entre Espanha e Portugal é uma forte probabilidade e que os portugueses só teriam a ganhar se Portugal fosse integrado na Espanha, país no qual se auto-exilou (na ilha de Lanzarote) e que viu como seu a atribuição do Nobel da Literatura. .

Cronologia da atribuição de um prémio Nobel

* Setembro de 1997 - A agência publicitária sueca, Jerry Bergström AB, de Estocolmo, contratada pelo ICEP - (órgão estatal português para a promoção do comércio e turismo nacional), organizou uma visita de José Saramago a Estocolmo, incluindo:
* Um seminário na Hedengrens, a principal cadeia de livrarias sueca
* Discurso na Universidade de Estocolmo
* Várias entrevistas a jornais, revistas e rádios suecas
* Nesses mesmos dias, a televisão estatal sueca produziu um programa especial dedicado a Saramago
* Outubro de 1997 - A Feira Internacional do Livro de Frankfurt tem neste ano Portugal como país em destaque
* 10 de Dezembro de 1998 - Saramago recebe o Prémio Nobel em Estocolmo

Segundo o "Diário de Notícias", o director da empresa sueca Jerry Bergström AB afirmou: "Portugal nunca tinha tido um Prémio Nobel da literatura e uma parte da nossa missão consistia em mudar essa situação".

Comentando esta atribuição, Sture Allén, então secretário da Academia Sueca, negou que a decisão tenha sido afectada por "campanhas publicitárias, comentários de académicos ou escritores, ou qualquer outro tipo de pressão".

Contradizendo Allén, Knut Ahnlund e Lars Gyllensten, membros da academia afirmaram que seria ridículo afirmar que os membros da academia sejam "imunes a agências publicitárias".

Segundo o Dagens Nyheter haveria provas de que uma campanha semelhante foi organizada pela Alemanha.

Knut Ahnlund, membro da academia sueca, foi crítico da atribuição do prémio Nobel a Saramago, que segundo ele foi o culminar de uma campanha profissional de relações públicas.

Críticas a Joseph Ratzinger (Papa Bento XVI)

Na sua passagem por Roma em 14 de Outubro de 2009, Saramago chamou Joseph Alois Ratzinger, actualmente conhecido como Papa Bento XVI, de "cínico", dizendo que a "insolência reaccionária" da Igreja Católica precisa ser combatida com a "insolência da inteligência viva".

De entre as suas principais declarações, estavam a de que Ratzinger tenha a coragem de invocar Deus para reforçar o seu neomedievalismo universal, um Deus que ele jamais viu, com o qual nunca se sentou para tomar um café, mostra apenas o absoluto cinismo intelectual" dele. Disse também que "[a]s insolências reaccionárias da Igreja Católica precisam de ser combatidas com a insolência da inteligência viva, do bom senso, da palavra responsável. Não podemos permitir que a verdade seja ofendida todos os dias por supostos representantes de Deus na Terra, os quais, na verdade, só têm interesse no poder".

Afirmando ainda que a Igreja não se importa com o destino das almas e que sempre procurou apenas controlar os seus corpos, e que o pouco compromisso dos escritores e intelectuais poderia ser uma das causas da crise da democracia, o escritor alertou que o fascismo está a crescer na Europa e mostrou-se convencido de que, nos próximos anos "atacará com força". Por isso, ressaltou, "temos que nos preparar para enfrentar o ódio e a sede de vingança que os fascistas estão a alimentar".

Oposição da Igreja Católica

Por frequentemente fazer uso dos seus direitos fundamentais de liberdade religiosa e de liberdade de expressão, Saramago encontrou sempre fortes críticas e oposição na Igreja Católica, que não aceita o exercício dessa liberdade democrática de Saramago (daí o facto de ele se referir a esta como "fascista" com frequência). Os protestantes (ou evangélicos) já declararam publicamente apoiar a liberdade de expressão do autor. E essa relação de tensão com a Igreja Católica é agravada devido à origem portuguesa de Saramago, local onde o catolicismo ainda é muito forte e discuti-lo ainda é um tabu.

Devido à sua origem portuguesa e a toda a influência cultural exercida pelo catolicismo em tal contexto, Saramago sente a necessidade de abordar a Bíblia no seu trabalho de escritor – esse texto faz parte do seu património cultural, ao contrário do Alcorão, que Saramago entende não ser a sua tarefa abordá-lo.

A interpretação que Saramago faz da Bíblia é a de que ela é um "manual de maus costumes", cheio de "um catálogo de crueldade e do pior da natureza humana", e que para uma pessoa comum a decifrar, precisaria de ter "um teólogo ao lado". E cita para sustentar isso os episódios de violência relatados na Bíblia, como sacrifício de Isaque, a destruição de Sodoma ou a vida de Jó, por exemplo. Para Saramago, todos eles revelam que "Deus não é de fiar". E Saramago diz, sobre a necessidade ou não da exegese, que tem que "interpretar a letra" do texto – um processo que, na interpretação bíblica, é chamado de literalista. E isso de modo algum impede que outra pessoa tenha a sua interpretação, ou que ele tente impor a sua interpretação como verdade como absoluta. Muito pelo contrário, ele até mesmo estimula a leitura bíblica: "Sobre o livro sagrado, eu costumo dizer: lê a Bíblia e perde a fé!", diz Saramago. Na verdade, ele apenas quer ter o direito de expressar a sua opinião.

Porém, Saramago não deixa de reconhecer que a "Bíblia tem coisas admiráveis do ponto de vista literário" e "muita coisa que vale a pena ler", estando, dentre elas, os Salmos, com páginas "belíssimas", o Cântico dos Cânticos, e a parábola do semeador contada por Jesus.

A relação de tensão de Saramago com a Igreja Católica cresceu fortemente após a publicação do livro "O Evangelho Segundo Jesus Cristo" em 1991, que foi adaptado para o teatro em 2001. O livro foi motivo de fortes críticas por parte de católicos que se consideraram ofendidos pela leitura secular que Saramago faz da personagem Jesus.

É até por isso que, quando uma jornalista lhe perguntou porque sentia essa necessidade de esmiuçar a Bíblia, Saramago disse: "Não se ponha na posição da Igreja, de que não se toca na Bíblia."

A Igreja Católica não gostou da atribuição do Prémio Nobel a Saramago e publicou no diário do Vaticano, L'Osservatore Romano: “Saramago é, ideologicamente, um comunista inveterado”.

O lançamento do livro Caim (2009) voltou a suscitar "incompreensões, resistência, ódios velhos", conforme Saramago. "Desperto muitos anticorpos em certas pessoas", acrescenta, acusando várias vezes responsáveis da Igreja Católica (mas não protestantes ou judeus) de terem comentado o livro que ainda não leram – de facto, as pessoas foram instadas a comentar as declarações sobre a Bíblia, feitas por Saramago.

E, realmente, após o lançamento de Caim, várias vozes católicas se insurgiram contra Saramago. Ele foi acusado (como se ele fosse um "herege", e não um escritor) pelo padre José Tolentino Mendonça, director do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura, de fazer uma leitura ingénua, ideológica e manipuladora da Bíblia. O bispo do Porto, D. Manuel Clemente, afirmou que José Saramago "revela uma ingenuidade confrangedora quando faz incursões bíblicas" e, como "exigência intelectual, deveria informar-se antes de escrever". Já o director da Faculdade de Teologia da Universidade Católica de Lisboa, Peter Stilwell, considera que "seria espantoso" que José Saramago encontrasse algo divino na Bíblia e sublinhou que o escritor escolheu o fratricida Caim e não Abel, a vítima.

O teólogo Anselmo Borges inicialmente afirmou que Saramago fez uma leitura "completamente unilateral" da Bíblia, que tem, como qualquer livro, de ser lida como um todo. Mais tarde, tal teólogo declarou ter opinião formada sobre Caim: "Gostei do livro e até digo que é importante." Dá três razões para justificar a sua opinião: a "Bíblia é um livro aberto; há liberdade de interpretação e obriga os crentes a reflectir". Para o biblista Fernando Ventura, José Saramago tinha a exigência intelectual de se informar antes de escrever. O religioso capuchinho referiu que "a Bíblia pode ser lida por alguém que não tem fé, mas supõe alguma honestidade intelectual de quem o lê", e acusou Saramago de "uma falta gigantesca" dessa honestidade.

Sobre tais opiniões, Saramago, com sarcasmo, disse: "Dizem que li a Bíblia com ingenuidade porque é necessário fazer uma interpretação simbólica, ou seja, aquilo que ali está escrito não tem sentido por si. E levou mil anos a ser escrito!" Ainda sobre a alegação de "ingenuidade", respondeu: "Abençoada ingenuidade que me permitiu ler o que lá está e não qualquer operação de prestidigitação, dessas em que a exegese é pródiga, forçando as palavras a dizerem apenas o que interessa à igreja. Leio e falo sobre o que leio".

Essas críticas confirmam também a opinião de Saramago de que muitos que comentaram o livro ainda não o leram – isso está explícito no próprio teor das críticas.

É também por esses comentários que Saramago diz que os católicos "não leem a Bíblia".

Devido aos acontecimentos, em uma conversa com o teólogo católico José Tolentino de Mendonça no final de Outubro de 2009, Saramago declarou: "A mim, o que me vale, meu caro Tolentino, é que já não há fogueiras em São Domingos".

Joseph Ratzinger, o Papa Bento XVI, que em Abril de 2009 já havia afirmado que "os estudiosos católicos não podem interpretar a Bíblia de uma maneira independente, nem de um ponto de vista científico ou individual", após o episódio ocorrido no lançamento de Caim voltou a afirmar publicamente que apenas a Igreja Católica pode interpretar a Bíblia.

Dias após a morte de Saramago, o jornal oficial do Vaticano chamou o escritor de "populista extremista" e "ideólogo anti-religioso".

Perseguição religiosa de católicos a Saramago

Após ter enfrentado forte perseguição religiosa com o lançamento do livro "O Evangelho Segundo Jesus Cristo" em 1991, o que culminou com a sua mudança de Portugal para a Espanha pouco depois, o lançamento de Caim em 2009, mesmo em pleno século XXI, voltou a render-lhe mais perseguição religiosa.

Saramago sofreu perseguição tanto por parte de membros da Igreja Católica, quanto de católicos. O eurodeputado Mario David, por exemplo, falando em nome pessoal e assumindo-se católico não-praticante, disse ter vergonha de ser compatriota do escritor, e escreveu no seu blog da Internet, tendo-o repetido depois aos meios de comunicação, que Saramago devia renunciar à nacionalidade portuguesa (apesar de tais declarações, o escritor esclareceu que jamais pensou em abandonar a cidadania portuguesa).

A eurodeputada Edite Estrela declarou que tais palavras de Mario David são inquisitórias.

Já Sousa Lara, o Sub-Secretário de Estado adjunto da Cultura de Portugal em 1991, que então vetou o livro de Saramago O Evangelho segundo Jesus Cristo de uma lista de romances portugueses candidatos a um prémio literário europeu, um dos motivos que ocasionaram a mudança de Saramago de Portugal na época, por considerar tal um acto de censura, em Outubro de 2009 comparou Saramago com Berlusconi (político direitista italiano conhecido por sua fé católica – ele já até mesmo vetou publicação de livro de Saramago na Itália chamando a obra de "anticatólica", o que rendeu uma resposta de Saramago que disse que "O Estado de Berlusconi é católico e reaccionario"–, um quase que oposto de Saramago), sugerindo que ele deveria receber uma punição (não apenas divina) pelo que foi escrito em Caim, declarando o que segue:

"Este senhor atingiu, não se percebe muito bem porquê, um patamar de impunidade que a humanidade concede, tipo Berlusconi. Há umas pessoas que podem dizer tudo, que podem fazer as coisas mais absurdas e as pessoas habituam-se a isso e não levam a mal. Só tenho pena que não enxovalhe, da mesma forma que enxovalhe o património católico, por exemplo os muçulmanos, porque esses não perdoam e vergam-lhes pela pele. Aí é mais difícil insistir muito numa gracinha reiterada contra a religião muçulmana. Calculo que depois não lhe corra bem o futuro depois".

O poeta Manuel Alegre, sobre tais acontecimentos, declarou: "Isto é uma história portuguesa cheia de preconceitos e fantasmas. Em primeiro lugar é preciso ler o livro de José Saramago. Ele é um grande escritor, mas parece que não se perdoa a Saramago, ser um grande escritor da língua portuguesa, ser um Prémio Nobel e não ser um homem religioso". "Ele escreveu um livro, mas não vejo ninguém discutir o livro. Só vejo discutir as opiniões que com todo o direito ele expressou sobre a Bíblia". Conforme questiona Alegre, "As pessoas podem não estar de acordo com aquilo que ele diz, mas como é que se pode pôr em causa a seriedade de um homem que diz aquilo que pensa". Ele considera tais acontecimentos como "um preconceito" e "resquícios de dogmatismo". "Não lhe podem negar o direito de escrever um livro e também não se pode crucificar o Saramago por exprimir as suas opiniões e menos ainda por ser um grande escritor, e menos ainda por ser um Prémio Nobel". Finalizando, disse que "ao Saramago não se perdoa ser um português que se atreveu a ganhar o Prémio Nobel da Literatura e que diz que não acredita em Deus".

Devido a tais acontecimentos, Saramago chegou até mesmo a propor dois novos direitos à Declaração Universal dos Direitos Humanos: o direito à dissidência e à heresia (que, na verdade, já estão contidos no artigo XVIII de tal carta que expressa que "todas as pessoas tem direito à liberdade de pensamento, consciência e religião", e no artigo XIX, também da DUDH, que expressa que "todas as pessoas tem direito à liberdade de opinião e expressão", bem como dentro do direito de liberdade religiosa quando expresso na Constituição de um Estado laico, como é o caso de Portugal e do Brasil, embora muitas pessoas não tenham consciência disso devido a postura da Igreja Católica e da imprensa em tais países - algo que confirma essa afirmação é o facto de um jornalista chegar a declarar, em clara oposição a uma ideia de democracia, que, quem acredita que a Bíblia tem alguma relação com a palavra de Deus está habilitado para sobre ela fazer considerações éticas". Claramente, não é necessário acreditar em um "poder ético" daquele livro para poder criticá-lo, basta ter consciência dos seus efeitos sociais, e isso afeta a todos, inclusive quem é ateu como Saramago. Conforme o próprio Saramago declarou, "como não sou inteiramente burro, ganhei muito cedo a consciência do peso da religião na vida humana. E como, depois, quando se entra em leituras históricas e se encontra com o desastre, digamos, do alargamento da influência do cristianismo, que isso custou cidades destruídas, milhares de pessoas mortas, assassinadas, degoladas, queimadas… As Cruzadas foram qualquer coisa que a Igreja devia pedir perdão!").

Em entrevista quando da publicação do livro Caim em 2009, o entrevistador observou que o livro havia sido publicado em Portugal, no Brasil e em Espanha, países maioritariamente católicos, e perguntou se Saramago achava que essa reacção iria continuar. Saramago, respondeu o seguinte: "Não, em Espanha, não. Publicou-se lá recentemente um livro do Fernando Vallejo, La puta de Babilonia, que se fosse eu a escrever aquilo cá em Portugal tinham-me dependurado num desses candeeiros da avenida. É de uma violência de denúncia e de crítica que é um autêntico bota-abaixo".

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