As
três vacinas russas serão produzidas em diferentes fábricas e não
haverá concorrência entre elas, declarou neste domingo (29) o
diretor-geral do Centro Estatal de Pesquisa de Virologia e Biotecnologia
Vektor, Rinat Maksiutov.
Maksiutov foi um dos palestrantes do evento on-line Science Bar Hopping, realizado
neste domingo (29) e que reúne diversos especialistas para falar sobre
os principais medos e preocupações das pessoas na Rússia, e como a
ciência pode ajudar a solucioná-los.
"As três companhias que desenvolvem
vacinas na Rússia utilizam plataformas tecnológicas fundamentalmente
diferentes, [...] todas essas vacinas utilizam diferentes locais de
produção, praticamente não há concorrência", disse.
Ao se referir ao produto da Vektor,
a vacina EpiVacCorona, o diretor-geral do centro de pesquisa destacou
que, como parte dos ensaios clínicos, o fármaco foi administrado a 50
voluntários maiores de 60 anos.
Segundo Maksiutov, os testes do imunizante com a participação de voluntários com idades compreendidas entre 14 e 17 anos podem começar em dezembro.
Serviço dos Direitos dos Consumidores da Rússia relata progresso na segunda vacina russa, EpiVacCoronahttps://t.co/OowkU9PIpo
— Sputnik Brasil (@sputnik_brasil) November 17, 2020
O dirigente do centro de estudos detalhou que, até o momento, foram
produzidas cerca de 35 mil doses de EpiVacCorona. Até o final do ano,
serão aproximadamente 50 mil doses.
Por sua vez, o custo do imunizante da Vektor, na opinião de Maksiutov, será mais ou menos igual ao preço da primeira vacina russa contra o novo coronavírus, a Sputnik V.
O diretor-geral da Vektor afirmou que em 2021 "o vírus seguirá existindo, mas que a pandemia sairá de cena".
No dia 13 de outubro, foi registrada na Rússia a segunda vacina
anti-COVID-19, a EpiVacCorona, desenvolvida pelo Centro Estatal de
Pesquisa de Virologia e Biotecnologia Vektor, com sede em Novossibirsk.
João
Ramalho foi um aventureiro e explorador português. Viveu boa parte de
sua vida entre índios tupiniquins, após chegar ao Brasil em 1515.Wikipédia
Nascimento: 1493, Vouzela, Portugal
Falecimento: 1580, Piratininga, São Paulo
Morte: 1580 (87 anos); São Paulo, São Paulo
Ocupação: Aventureiro e explorador
Portal da Câmara Municipal de São Paulo
João Ramalho
O ‘bárbaro’ que salvou São Paulo
Responsável pela aliança entre índios e portugueses, ele foi fundamental para a manutenção da Vila de São Paulo de Piratininga
Rodrigo Garcia | rodrigogarcia@saopaulo.sp.leg.br
Quando os padres jesuítas chegaram ao Planalto Paulista,
ficaram escandalizados com o que viram: João Ramalho, um português que
vivia como indígena, andava pelado e era casado com várias mulheres.
“Ele e seus filhos andam com as irmãs das esposas e têm filhos delas,
vão à guerra com os índios e suas festas são de índios, e assim vivem
andando nus como os mesmos”, descreveu Manuel da Nóbrega em 1553. Os
descendentes de Ramalho foram os primeiros mamelucos (filhos de branco
com índio) da região.
De início, os religiosos ficaram contra o europeu que
havia se “barbarizado”, mas com o tempo perceberam que ele seria
fundamental para a catequese dos indígenas. Assim, uniram-se a Ramalho, e
essa aliança foi primordial para garantir que a Vila de São Paulo de
Piratininga continuasse existindo. A importância de João Ramalho é tão
grande para a cidade que ele é considerado o patriarca dos mamelucos, o
pai dos paulistas ou, ainda, o fundador da paulistanidade. Entre seus
tantos descendentes, há figuras notórias como a rainha Silvia (casada
com o rei Carl Gustav 16, da Suécia) e a escritora Lygia Fagundes
Telles.
A vida de João Ramalho é cercada de mistérios. Era
analfabeto? Estava mais para nobre ou criminoso? Quando chegou ao
Brasil? Existem discussões, inclusive, se era judeu. “São muitos
enigmas, sua vida daria um belo filme”, comenta o historiador Carlos
Bacellar, em entrevista à Apartes (veja adiante).
Pouco se conhece sobre os primeiros anos de João Ramalho.
Nasceu em Vouzela, norte de Portugal, em 1493, onde se casou com
Catarina Fernandes das Vacas. As razões de sua chegada ao Brasil são
desconhecidas. Ele teria desembarcado na Região Sudeste por volta de
1515, mas não há registro que aponte se era um colono, um náufrago ou um
degredado (criminoso condenado ao exílio).
Ramalho se adaptou bem ao novo território. Conheceu os
índios tupiniquins e ficou próximo do cacique Tibiriçá (vigilante da
terra, na língua tupi), um dos principais líderes dessa tribo no
Planalto Paulista. Por causa da aproximação, terminou se casando com uma
das filhas do cacique, Bartira (flor de árvore, em tupi). Mas, como era
costume entre os índios, também tinha outras mulheres, entre elas
algumas irmãs de Bartira.
SUSTO – Anchieta estava na Vila de São Paulo quando o local foi atacado pelos tamoios
Após essa aliança com os tupiniquins, o português
conseguiu reunir um pequeno exército. O aventureiro alemão Ulrich
Schmidel afirma, no livro Viagem ao Rio da Prata,que
Ramalho era “capaz de arregimentar 5 mil índios em um só dia”. Em 1532, o
patriarca se encontrou, na Vila de São Vicente (também conhecida como
Porto dos Escravos), com Martim Afonso de Souza, que vinha desbravando
para a Coroa Portuguesa as terras recém-descobertas. O explorador
escutara histórias de que no alto da serra haveria ouro e prata. Ramalho
decidiu, então, guiá-lo por um caminho conhecido dos índios, a Trilha
dos Tupiniquins.
A jornada (veja mapa) foi narrada por Eduardo Bueno no livro Capitães do Brasil: a saga dos primeiros colonizadores.
Em barcos a remo, foram da Vila de São Vicente até
Piaçaguera de Baixo (atual Cubatão). Então caminharam por terras
alagadas até Piaçaguera de Cima, onde começaram a subida da Serra de
Paranapiacaba (lugar de onde se vê o mar, em tupi). Ao chegarem à
nascente do Rio Tamanduateí, seguiram o curso das águas, saíram da mata
fechada e entraram em um vasto campo sem árvores. Ainda acompanhando o
rio, chegaram à colina onde se localizava a Aldeia de Piratininga. No
local, seria erguida a Vila de São Paulo.
Martim Afonso de Souza, que viria a ser o primeiro
donatário da Capitania de São Vicente, percebeu que João Ramalho era o
principal líder da região do Planalto Paulista. Ele aprisionava os
índios inimigos dos tupiniquins e os vendia como escravos para os
portugueses.
No Planalto, João Ramalho vivia em um povoado chamado
Santo André da Borda do Campo. Em 1553, o primeiro governador-geral do
Brasil, Tomé de Souza, transformou o povoado em vila, da qual Ramalho
foi vereador e alcaide (prefeito), além de guarda-mor de toda a região.
Até hoje não se sabe exatamente a localização dessa vila. Os
historiadores acreditam que tenha sido erguida em algum ponto que
atualmente pertence ao município de São Bernardo do Campo.
Mesmo sendo uma das pessoas mais importantes da vila, foi
expulso de uma missa realizada na Capela de Santo André, pelo padre
Leonardo Nunes. A alegação do sacerdote era que o português havia sido
excomungado, um tempo antes, por viver em concubinato com várias
mulheres.
Mesmo com a excomunhão, quando o padre Manuel da Nóbrega
conheceu João Ramalho pessoalmente tornou-se bem próximo dele. Nóbrega
batizou Bartira, que escolheu o nome cristão Isabel Dias, e celebrou o
seu casamento católico. “João Ramalho é muito conhecido e venerado entre
os gentios e tem filhas casadas com os principais homens desta
capitania”, afirmou o padre em carta ao religioso Luís Gonsalves da
Câmara, que estava em Lisboa.
O sogro de Ramalho também recebeu o batismo e passou a se
chamar Martim Afonso Tibiriçá, em homenagem ao explorador que conhecera
anos antes. A pedido de Nóbrega, João Ramalho mandou um de seus inúmeros
filhos, André, acompanhar o padre em uma expedição pelo interior do
território em busca de mais índios para catequizar.
CERCO DE PIRATININGA
Como os ataques dos índios tamoios eram cada vez mais
frequentes, o terceiro governador-geral do Brasil, Mem de Sá, ordenou em
1560 que os moradores de Santo André da Borda do Campo, a Câmara
Municipal e até o pelourinho, símbolo da Coroa portuguesa, fossem
transferidos para a Vila de São Paulo. Essa mudança agradou bastante aos
jesuítas, que viram o colégio que haviam fundado na futura capital (e
que deu origem à cidade de São Paulo) ficar mais protegido. Como João
Ramalho já era vereador em Santo André da Borda do Campo, passou a ser
vereador paulistano.
Os tamoios não se intimidaram com a união das vilas. Em
1562, aliaram-se aos guaianases, aos tupis e aos carijós e atacaram São
Paulo. Segundo relato do padre José de Anchieta, os indígenas chegaram
pela manhã, “pintados, emplumados e com grande alarido (gritaria)”. Os
ferozes combates duraram dois dias, e os inimigos chegaram até a horta
dos jesuítas. Mas Ramalho, então nomeado capitão da gente (uma espécie
de protetor), e seus aliados conseguiram salvar a vila.
Poucos meses após o ataque, em 25 de dezembro, Tibiriçá
morreu vítima de uma peste. Como reconhecimento à sua bravura, seu
túmulo está na cripta da Igreja da Sé, no Centro de São Paulo, a mais
importante da cidade.
Por gratidão a João Ramalho, os moradores da vila de São
Paulo o elegeram vereador mais uma vez. Porém, como consta da ata da
Câmara de 15 de fevereiro de 1564, ele recusou o posto, alegando ser
muito velho para o cargo (“passava dos 70 anos”) e por estar satisfeito
com a vida que levava. Após a renúncia, voltou para o Vale do Paraíba,
onde morreu em 1580.
HERÓI CONSTRUÍDO
No final do século 19 e começo do 20, procurou-se
desvendar os mistérios envolvendo João Ramalho. As pesquisas eram feitas
principalmente pelos membros do Instituto Histórico e Geográfico de São
Paulo, criado em 1894. Historiadores foram a Portugal para descobrir a
origem do patriarca e concluíram que ele não pertencia à nobreza. A
partir de análises caligráficas de sua assinatura descobriu-se que ela
foi escrita por várias pessoas, o que indicaria que Ramalho era
analfabeto.
Naquela época, a capital paulista estava em um processo de
crescimento econômico acelerado por causa do café. E, com a aproximação
das comemorações do Quarto Centenário do Descobrimento do Brasil, em
1900, São Paulo procurava um personagem que representasse a força do
Estado. O professor Carlos Bacellar explica que Pedro Álvares Cabral,
que nos outros Estados estava sendo considerado o grande personagem do
Descobrimento, “não servia para o papel de representante paulista porque
não tinha passado por aqui”.
Para os intelectuais da época, João Ramalho poderia ser
esse personagem. Mas depunha contra o português sua má fama, difundida
nos relatos dos jesuítas. Dessa forma, historiadores começaram a fazer
pesquisas para construir e reforçar a imagem heroica de João Ramalho.
Para orgulho de muitos paulistanos, atingiram o objetivo. Em 1927, os
vereadores de São Paulo homenagearam o casal que deu origem a tantos
paulistanos, dando o nome de Bartira e João Ramalho a duas ruas no
bairro Perdizes.
ENTREVISTA | CARLOS BACELLAR
Carlos de Almeida Prado Bacellar
Carlos de Almeida Prado Bacellar, professor de
história colonial da Universidade de São Paulo (USP), ressalta que é
preciso ter cuidado ao se analisar a vida de João Ramalho, pois há
poucos registros sobre o português. Mas Bacellar, um dos autores do
livro História de São Paulo colonial, reconhece que, sem a ajuda
desse personagem misterioso, seria bem difícil que os padres jesuítas e
os colonos se estabelecessem na capital:
Quem foi João Ramalho?
Um personagem muito polêmico, folclórico até. Ele apareceu
nos registros de nossos cronistas coloniais de uma maneira bastante
pontual, são apenas citações. Discute-se mais João Ramalho no presente
do que em sua época. Foi no final do século 19 e começo do 20 que
começaram a se preocupar em tentar descobrir quem era João Ramalho. É um
personagem muito evasivo de nossa história. Há apenas indícios sobre
ele. E por isso muita gente viajou com essas informações. Nós, os
historiadores, temos de tomar cuidado.
Como ele chegou ao Brasil?
Tudo indica que foi um náufrago ou um degredado. No
passado se deu muito mais atenção à possibilidade de ele ser um náufrago
porque ser um degredado poderia pegar mal. Mas, nos contatos que teve
com os portugueses, ele nunca mencionou esse naufrágio nem seu passado, o
que a meu ver torna mais plausível a hipótese de ter sido um degredado.
Qual sua importância para a cidade de São Paulo?
Ele está muito relacionado à fundação da cidade. Ele
chegou muito antes de os portugueses se instalarem por aqui. Quando
houve o encontro, foi cheio de atritos. Os jesuítas olharam muito mal
pra ele. Ramalho foi chamado de bárbaro e de selvagem porque tinha
abandonado a religião católica. Mas Tomé de Souza, primeiro
governador-geral do Brasil, percebeu nele um possível aliado para
instalar o poder régio na colônia. O apoio de alguém que convivia com os
índios e tinha uma evidente força política entre eles foi fundamental
para fundar e manter a Vila de São Paulo de Piratininga.
O quanto a cidade atual deve a Ramalho?
A possibilidade desse núcleo de povoamento ter vingado.
João Ramalho foi personagem crucial das primeiras décadas de interação
entre os portugueses e os índios. O fato de ele ter muitos filhos, com
várias índias, permitiu que tivesse influência em várias famílias e que
criasse muitos laços de parentesco. Ele impediu que os portugueses
fossem massacrados [nos embates contra indígenas], pois estavam em
número bem inferior.
São Paulo não existiria sem ele?
Não posso afirmar isso porque a presença dos portugueses
trouxe epidemias que terminaram matando os índios, o que poderia
garantir a presença dos europeus. Mas ele abriu portas para usar os
indígenas como mão de obra. Sem a mão de obra forçada, a vila não teria
condições de prosperar economicamente. João Ramalho foi o empurrão
inicial que permitiu o crescimento.
Vereadores debateram se Ramalho era judeu
Em 7 de agosto 1937, mais de três séculos após a morte de
João Ramalho, sua religião foi tema de debate na Câmara Municipal de São
Paulo (CMSP). O vereador Vicente de Azevedo, do Partido
Constitucionalista, foi à Tribuna criticar o escritor Gustavo Barroso,
famoso por suas opiniões antissemitas e um dos líderes do integralismo,
movimento político inspirado no fascismo italiano. No livro A história secreta do Brasil,
Barroso afirmara que o patriarca dos mamelucos era judeu. Azevedo, com
base em vários historiadores, disse que a declaração era injúria e fez
inúmeros elogios a Ramalho. Segundo o parlamentar, “caracteres ilibados,
católicos praticantes, talentos esplêndidos são atirados ao pântano
esverdinhado do inferno integralista”.
Por sua vez, em 18 de setembro de 1937, o vereador José
Cyrillo, da Ação Integralista Brasileira, leu na Tribuna uma carta
dirigida a ele, escrita por Barroso. “Inimigo sou dos judeus da
plutocracia paulista, que exploram o nobre povo de São Paulo, querendo
passar por paulistas quando são filhos da Sinagoga”, atacou,
referindo-se a Azevedo como “defensor dos judeus”. Este pediu um aparte e
esclareceu: “defensor dos judeus, não senhor! Permita-me que ponha um
reparo. Sou defensor da memória de João Ramalho e dos paulistas que
colaboraram para a riqueza e prosperidade de São Paulo e do Brasil!”.
O historiador Ubirajara Prestes Filho, supervisor do
Arquivo Geral da CMSP, chama a atenção para o preconceito presente nas
falas dos vereadores. “O fato é que o discurso racista se encontrava dos
dois lados do debate”, afirma em artigo do livro Paulistânia eleitoral.
A hipótese de que Ramalho fosse judeu surgiu,
principalmente, porque na sua assinatura há um símbolo como se fosse um C
invertido (veja abaixo), e não uma cruz, como era o costume na época.
Segundo alguns historiadores, seria o kaf, uma das letras do alfabeto
hebraico. Outros pesquisadores, porém, contra-argumentam que, se ele
fosse judeu, não teria alcançado tantos cargos de destaque na
administração portuguesa, já que a Coroa perseguia os seguidores do
judaísmo.
O sobrenome Figueiredo
é de origem portuguesa. Ele é classificado como toponímico, ou seja, de
origem geográfica. Sua geologia refere-se a um lugar onde há figueiras
(árvores de figo), conhecido por Figueiral. Outra provável origem para
este sobrenome está relacionada a uma lenda ocorrida por volta do ano
783.
Grupo folclórico de Lafões, Terra dos Figueiredos e de João Ramalho
Origem: Wikipédia
Origens
Informam os linhagistas que esta família provém de um cavaleiro de origem Goda de nome Guesto Ansur, nascido na zona de Lafões, no tempo do rei das Astúrias, Mauregato que reinou entre 783 e 788.
Este cavaleiro, conta a história, foi o libertador de algumas donzelas que eram conduzidas pelos mouros para pagamento do tributo anual de cem donzelas nobres destinadas a concubinas do rei de Córdova, conforme acordo de vassalagem feito com o referido rei Mauregato.
A libertação das donzelas deu-se num pomar de figueiras, também dito "figueiral" ou "figueiredo", onde, o libertador, quebradas as armas, se serviu de um ramo de figueira, à maneira de maça. Este acontecimento levou a que o local passasse a ficar conhecido por Figueiredo das Donas, actual freguesia portuguesa do concelho de Vouzela.
Guesto Ansur, cujo nome por vezes também aparece grafado como
Goesto Ansures se enamorou de uma das libertas e de ambos provêm os
Figueiredos.
Os linhagistas apontam Ansur Goestis como suposto filho de Goestis Ansures. Este cavaleiro Ansur Goestis vivia no território de Viseu, em 871, com sua mulher, D. Eleva, tendo feito, neste ano, doação de várias rendas e ornamentos ao Mosteiro de Arouca, foi fundado na primeira metade do século X, como um pequeno mosteiro habitado por uma comunidade religiosa sob a invocação de São Bento de Núrsia. Este casal teria sido pai de Soeiro Ansur e este, pai de Ansur Soares, de quem fala Pedro Afonso, conde de Barcelos, na sua obra o Livro de Linhagens do conde D. Pedro (1340-1344), uma recompilação da genealogia das principais famílias
nobres de Portugal inseridas no contexto peninsular e universal casado com Dona Maria Viegas de Regalados, filha de Egas Pais de Penagate e de sua mulher, Dona Sancha Mendes de Briteiros.
Ansur Soares e sua mulher, D. Maria Viegas, tiveram Gomes
Ansures, que se recebeu com D. Estevainha Pires da Nóbrega, filha de
Pedro Ouriques da Nóbrega e de sua mulher, D. Maria Viegas; e deles
nasceram: Martim Gomes Ansur, D. Maria Gomes (mulher de Gonçalo ou Geraldo Gonçalves de Atouguia), e D. Teresa Gomes (casada com Gonçalo Gonçalves do Lago).
Martim Gomes Ansures casou-se com D. Teresa Fernandes, filha de Fernão Gonçalves, senhor feudal de Azambuja, e de D. Ouroana Godins, de quem teve: João Martins Ansures (que se recebeu com D. Sancha Gomes), Soeiro Martins de Figueiredo, Senhor que foi de Figueiredo e Estevainha Martins (casada a primeira vez, com Henrique Soares de Barbudo; e, a segunda vez, com Vicente Anes César)
Soeiro Martins de Figueiredo é o primeiro do apelido, tendo vivido nos reinados de Afonso II de Portugal, de Sancho II de Portugal e de Afonso III de Portugal, sendo que, por volta de 1260, doou ao Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra certas fazendas para aniversários.
Continuam os linhagistas, citando como seu filho Estêvão Soares
de Figueiredo e este, como pai de Vasco Esteves e Figueiredo, senhor da Domus fortis e julgado de Figueiredo, sendo que as inquirições do rei D. Dinis I de Portugal a ele fazem alusão.
Estas inquirições deram-se em 1284, nos julgados de Figueiredo, de Sever, de Cambra, de Fermedo e de Cabanões,
buscando informações sobre as propriedades, os bens do rei e o que
existia nas localidades de uma forma geral, procedendo ao cadastro do
Reino, com informações de caráter econômico, administrativo, de índole
social ou eclesiástica, passando pela onomástica e toponímia.
São dados como seus filhos: Gil, Lourenço, Afonso e Garcia Vasques de
Figueiredo, sendo que estes dois últimos deixaram longa geração, sendo
que a dos dois primeiros ou em breve se extinguiu, ou não houve
registro.
Escravidão no Brasil- Wikipédia, a enciclopédia livre.
A escravidão foi a forma social de produção adotada, de uma forma geral, no país desde o período colonial até pouco antes do final do Império.
É marcada principalmente pela exploração da mão de obra de negros trazidos da África e transformados em escravos no Brasil pelos europeus colonizadores do país.
Muitos indígenas também foram vítimas desse processo. A escravidão indígena foi abolida oficialmente pelo Marquês de Pombal, no final do século XVIII. Os escravos foram utilizados principalmente na agricultura — com destaque para a atividade açucareira — e na mineração sendo, assim, essenciais para a manutenção da economia. Alguns deles desempenhavam também vários tipos de serviços domésticos e/ou urbanos
Escravização indígena
Os índios foram os primeiros escravos no Brasil. A escravidão já era praticada pelos índios na sua forma mais primitiva bem antes da chegada dos europeus. Entre os tupinambás, que eram antropófagos, a maioria dos escravos eram capturados nas tribos inimigas e acabavam sendo devorados. Porém, entre a captura e a execução, eles poderiam viver como escravos durante anos. Entre os tupinambás a escravidão não tinha nenhum valor econômico. Os cativos apenas serviam para serem exibidos como troféus de valor militar e honra ou como carne a ser devorada em rituais canibalescos que poderiam acontecer até quinze anos após a captura. Os escravos eram incorporados à comunidade sendo que algumas escravas se casavam com os homens da tribo. Os cativos reconheciam-se como escravos e como homens derrotados e o sentimento de degradação entre eles era forte. Mesmo se escapassem não seriam aceitos pela sua tribo de origem, tamanho era o estigma em ter sido reduzido à escravidão, fazendo com que servissem ao seu senhor fielmente, sem a necessidade de serem vigiados.
Embora os escravos fossem geralmente bem tratados entre os tupinambás, eles tinham consciência que estavam condenados e que, a qualquer tempo, poderiam ser executados e devorados em orgias canibalescas, inclusive as mulheres incorporadas à tribo como esposas. entre as tribos índias que não eram canibais, mas praticavam a escravatura, os papanases não tinham costume de matar os que os ofendiam, mas faziam deles escravos. Os guaianás não comiam carne humana e faziam os prisioneiros escravos. Os tapuias também faziam os cativos escravos. Relata Gabriel Soares de Sousa no Tratado descritivo do Brasil em 1587: não são os guaianases maliciosos, nem refalsados, antes simples e bem-acondicionados, e facílimos de crer em qualquer coisa. É gente de pouco trabalho, muito molar, não usam entre si lavoura, vivem de caça que matam e peixe que tomam nos rios, e das frutas silvestres que o mato dá; são grandes flecheiros e inimigos de carne humana. Não matam aos que cativam, mas aceitam-nos por seus escravos; se encontram com gente branca, não fazem nenhum dano, antes boa companhia .
Os cadiueus viviam do tributo e do saque que faziam às tribos suas vizinhas. A sua sociedade era estratificada e a sua base era constituída por escravos, prisioneiros dos conflitos com as tribos vizinhas. Os terenas, apesar de pagarem tributos aos cadiueus e serem seus subordinados, também tinham a sua sociedade estratificada e a sua base também era constituída por escravos.
Apropriação da escravidão indígena pelos colonizadores portugueses
As constantes guerras intertribais foram usadas pelos colonos no estabelecimento de alianças que favoreciam tanto os interesses dos colonos como os dos próprios índios. Os portugueses, com estas alianças, obtinham mão de obra através da tradição tupi do cunhadismo, com a aquisição de "índios de corda" e de um exército aliado poderoso. Ulrich Schmidl relata que João Ramalho "pode reunir 5 000 índios em um só dia". Os índios também viam nos colonos aliados poderosos que os ajudavam contra os seus inimigos.
Segundo Russell-Wood, os portugueses construíram o seu império "com e não isoladamente contra os povos com os quais entraram em contato. A guerra constante entre as tribos e a inimizade entre os principais grupos foram aproveitadas pelos europeus. Assim, os portugueses ficaram amigos dos tupiniquins, que eram os grandes inimigos dos tamoios e dos tupinambás, os quais se tornaram aliados dos franceses, que tentavam invadir o domínio dos portugueses.
No sul do país, aconteceu a mesma coisa: os grupos tupis se associaram aos portugueses, e os guaranis aos espanhóis. Na época do descobrimento e colonização, a população indígena era calculada em 4,5 milhões no território brasileiro.
Os portugueses dividiam os índios em dois grupos: os "índios mansos" e os "índios bravos". Os índios "bravos" eram inimigos , faziam alianças com europeus inimigos, eram considerados estrangeiros, justificando as chamadas "guerras justas". Os índios "mansos" eram os aliados dos portugueses, eram fundamentais para o fortalecimento dos portugueses, eram vassalos do Rei de Portugal e defensores das fronteiras do Brasil português.
Os índios aldeados não apenas participaram dos combates, como forneceram as armas e a tática de guerra" A metáfora dos "muros" e "baluarte" usada pelos portugueses para designar os índios aliados, significando proteção, foi repetida ao longo de toda época colonial.“ Na verdade, como informa a própria legislação indigenista colonial, o sustento e a defesa da colônia viriam a depender dos índios aldeados e aliados, pois constituíam o grosso das tropas de guerra.”
A Coroa portuguesa concedia vários benefícios e honrarias às lideranças indígenas suas aliadas como a concessão de hábitos das ordens militares. Com o hábito da ordem militar o índio adquiria o título de "dom" e, frequentemente, uma tença, um rendimento dado pelo rei e, na hierarquia colonial, passava a ser um nobre vassalo do rei de Portugal.
A política indigenista levou à formação de uma elite colonial indígena com o intuito de fortalecer as alianças e lealdade dos índios e de considerar os índios aliados à semelhança dos colonos europeus. Os índios que se destacavam pela lealdade passavam a ocupar cargos oficiais, como o de juiz ou vereador, nas câmaras de algumas vilas e cidades do Brasil Colônia. Recebiam honras e privilégios que os destinguiam dos outros colonos e faziam parte da "nobreza da terra".“
Advertiu e persuadiu Sua Exa. a todos os moradores, que obedecem igualmente aos Juizes e veriadores Indios como aos Europeos, porque tinham Jurisdição e Superioridade sobre todos os ditos moradores para lhes admenistrarem Justifsa e o prenderem quando delinqüirem.”
O cargo de governador dos índios, primeiramente atribuído a Filipe Camarão, um grande guerreiro e hábil estratega da tribo dos potiguares tinha, também, como função organizar os aldeamentos indígenas e o recrutamento dos terços dos índios, onde tinha servido como capitão-mor.“ Essa situação é reveladora de uma "política indigenista" que era aplicada aos índios aldeados e aliados e outra aos considerados inimigos. Ambos foram importantes no projeto de colonização, fossem como mão de obra cativa ou como povoadora do território.
”
Os índios não só guardavam as fronteiras como também controlavam os escravos africanos, propensos a se insurgir ou fugir e se juntarem aos europeus inimigos dos portugueses. Por serem exímios em seguirem pistas os índios eram também contratados pelos proprietários de engenhos para capturar e resgatar escravos fugidos dos engenhos e fazendas, neste processo também auxiliavam os capitães do mato (negros ou mulatos livres).Além disso, a partir de um certo momento, a própria Igreja Católica passou, através principalmente dos jesuítas, a fazer um trabalho de catequização junto aos índios dificultando aos portugueses e seus filhos meio índios e tribos aliadas a escravização dos índios aliados dos franceses. Esta posição foi defendida pelos jesuítas no Brasil, que também tinham escravos, o que gerou conflitos com a população local interessada na escravatura culminando em conflito, na chamada "A botada dos padres fora" em 1640.
Mercado de escravos em Recife
Nos séculos XVII e XVIII, a faixa esquerda do rio Amazonas transformou-se num espaço de captura de indígenas para serem vendidos dentro e fora das Guianas por traficantes que partiam de Caiena.
Escravidão indígena voluntária
A Capitania de Pernambuco foi o berço da escravidão indígena e africana no Brasil.
Em 30 de julho de 1566, foi criada a lei que regulamentou pela primeira vez a escravidão voluntária dos índios. Segundo essa lei, baixada por uma junta convocada por Mem de Sá, "os índios só poderiam vender-se a si mesmos em caso de extrema necessidade, sendo que todos os casos deveriam ser obrigatoriamente submetidos à autoridade para exame".
A mais antiga forma de escravidão no Brasil foi dos "gentios da terra" ou "negros da terra", os índios. A escravização de índios foi proibida pelo Marquês de Pombal. Eram considerados pouco aptos ao trabalho.[carece de fontes]
Os primeiros escravos negros chegaram ao Brasil entre 1539 e 1542, na Capitania de Pernambuco, primeira parte da colônia onde a cultura canavieira desenvolveu-se efetivamente. Foi uma tentativa de solução à "falta de braços para a lavoura", como se dizia então. Os principais portos de desembarque de cativos africanos foram, entre os séculos XVI e XVII, os do Recife e de Salvador, e entre os séculos XVIII e XIX os do Rio de Janeiro e de Salvador — de onde uma parte seguiu para as Minas Gerais e para as plantações de café do Vale do Paraíba.
A distância entre os portos de embarque (na África) e desembarque (no Brasil) era um fator determinante.
Os portugueses, brasileiros e, mais tarde, os holandeses, traziam os negros africanos de suas colônias na África para utilizar como mão de obra escrava nos engenhos de cana-de-açúcar do Nordeste. Os comerciantes de escravos vendiam os africanos como se fossem mercadorias, adquirindo-os de tribos africanas que os haviam feito prisioneiros. Os mais saudáveis chegavam a valer o dobro daqueles mais fracos ou velhos. Eram mais valorizados, para os trabalhos na agricultura, os negros Bantos, Benguela, Banguela ou do Congo, provenientes do sul da África, especialmente de Angola e Moçambique, e tinham menos valor os vindo do centro-oeste da África, os negros Mina ou da Guiné, que receberam este nome por serem embarcados no porto de São Jorge de Mina, na atual cidade de Elmina, e que eram mais aptos para a mineração, trabalho ao qual já se dedicavam na África Ocidental. Por ser a Bahia mais próxima da Costa da Guiné (África Ocidental) do que de Angola, a maioria dos negros baianos são Minas.
Eram melhor avaliados e tendo preço mais elevado, os escravos que tinham dentes bons, canelas finas, quadril estreito e calcanhares altos, em uma avaliação eminentemente racista. O preço dos escravos sempre foi elevado quando comparado com os preços das terras, esta abundante no Brasil. Assim, durante todo o período colonial brasileiro, nos inventários de pessoas falecidas o lote (plantel) de escravos, mesmo quando em pequeno número, sempre era avaliado por um valor, em mil-réis, muito maior que o valor atribuído às terras do fazendeiro. Assim, a morte de um escravo ou sua fuga representava, para o fazendeiro, uma perda econômica e financeira imensa.
O transporte era feito da África para o Brasil nos porões do navios negreiros. Amontoados em condições desumanas no começo muitos morriam antes de chegar ao Brasil, sendo que os corpos eram lançados ao mar. Por isso o cuidado com o transporte de escravos aumentou para que não houvesse prejuízo. As condições da tripulação dos navios não era muito melhor que a dos escravos.
A escravidão no Brasil levou à formação de muitos quilombos que traziam insegurança e frequentes prejuízos a viajantes e produtores rurais. Em Minas Gerais por exemplo, em torno da Caminho de Goiás, a Picada de Goiás, único acesso ao atual centro-oeste do Brasil, o Quilombo do Ambrósio era o maior de Minas Gerais e foi assim descrito por Luís Gonzaga da Fonseca, em sua "História de Oliveira":
“ Goiás era uma Canaã. Voltavam ricos os que tinham ido pobres. Iam e viam mares de aventureiros. Passavam boiadas e tropas. Seguiam comboios de escravos. Cargueiros intérminos, carregados de mercadorias, bugigangas, miçangas, tapeçarias e sal. Diante disso, negros foragidos de senzalas e de comboios em marcha, unidos a prófugos da justiça e mesmo a remanescentes dos extintos cataguás, foram se homiziando em certos pontos da estrada ("Caminho de Goiás" ou "Picada de Goiás"). Essas quadrilhas perigosas, sucursais dos quilombolas do rio das mortes, assaltavam transeuntes e os deixavam mortos no fundo dos boqueirões e perambeiras, depois de pilhar o que conduziam. Roubavam tudo. Boiadas. Tropas. Dinheiro. Cargueiros de mercadorias vindos da Corte (Rio de Janeiro). E até os próprios comboios de escravos, mantando os comboeiros e libertando os negros trelados. E com isto, era mais uma súcia de bandidos a engrossar a quadrilha. Em terras oliveirenses açoitava-se grande parte dessa nação de “caiambolas organizados” nas matas do Rio Grande e Rio das Mortes, de que já falamos. E do combate a essa praga é que vai surgir a colonização do território (de Oliveira (Minas Gerais) e região). Entre os mais perigosos bandos do Campo Grande, figuravam o quilombo do negro Ambrósio e o negro Canalho. ”
A escravidão veio para o Brasil através do mercantilismo: os negros africanos vinham substituir os nativos brasileiros na produção canavieira, pois esse tráfico dava lucro à Coroa Portuguesa, que recebia os impostos dos traficantes. Até 1850 a economia era quase que exclusivamente movida pelo braço escravo. O cativo estava na base de toda a atividade desde atividades econômicas com a produção do café, açúcar, algodão, tabaco e transporte de cargas, às mais diversas funções no meio urbano: carpinteiro, pintor, pedreiro, sapateiro, ferreiro, marceneiro, entre outras, embora várias dessas profissões fossem exercidas principalmente por cristãos-novos.
Quilombo do negro Ambrósio
A instituição da escravidão no Brasil toma forma com a grande propriedade monocultura, na década de 1530. Portugal contava com pouco mais de 2 milhões de habitantes na época e mal podia arcar com a perda de mão de obra para as expedições para o Oriente, que viviam o seu auge. E, assim como para qualquer outro colono europeu, não era interessante para o português migrar para os trópicos para ser um simples trabalhador do campo. "A escravidão torna-se, assim, uma necessidade: o problema e a solução foram idênticos em todas as colônias tropicais e mesmo subtropicais da América. Nas inglesas, onde se tentaram, a princípio, outras formas de trabalho, aliás uma semiescravidão de trabalhadores brancos, os indentured servants, a substituição pelo negro não tardou muito.
O trabalho indígena já era utilizado na extração do pau-brasil e, no princípio, foram também utilizados nas lavouras de cana mais ou menos benevolentemente. Mas o arranjo não funcionou por muito tempo por duas classes de motivos: os de natureza cultural e os de mercado. "Em primeiro lugar, à medida em que afluíam mais colonos e, portanto, aumentavam as solicitações de trabalho, ia decrescendo o interesse dos índios pelos insignificantes objetos com que eram dantes pagos pelo serviço. Tornam-se aos poucos mais exigentes e a margem de lucro do negócio ia diminuindo em proporção. Chegou-se a entregar-lhes armas, o que foi rigorosamente proibido, por motivos que se compreendem. Além disso se o índio, por natureza seminômade, se dera mais ou menos bem com o trabalho esporádico e livre da extração de pau-brasil, já não acontecia o mesmo com a disciplina, o método e os rigores de uma atividade organizada e sedentária como a agricultura. Aos poucos foi-se tornando necessário forçá-lo ao trabalho, manter vigilância estreita sobre ele e impedir sua fuga e abandono da tarefa em que estava ocupado. Daí para a escravidão pura e simples foi apenas um passo.
A aquisição de mão de obra escrava tornou-se imperativa para o sucesso da colonização holandesa. Os holandeses passaram a importar escravos para trabalhar nas plantações. A Companhia Neerlandesa das Índias Ocidentais começou a traficar escravos da África para o Brasil.
A escravidão foi preponderante nas fazendas de café durante quase todo o século XIX. No Brasil as primeiras experiências com o plantio do café se deram no Pará, tendo chegado à capital do Império como uma planta de quintal para consumo doméstico. No Rio de Janeiro as primeiras plantações se desenvolveram entre os anos de 1760 e 1800. O aumento do plantio do fruto se deu rapidamente e encontrou dois eixos de expansão principais. O primeiro eixo partiu de Laranjeiras, Tijuca e Serra do Mendanha, na cidade do Rio de Janeiro. No Vale do Paraíba, sentido São Paulo, aproveitando o Caminho Novo para Minas Gerais aberto para o escoamento do ouro a partir de 1720, a cultura do café se interiorizou e foram fundadas as vilas de Vassouras, Paty do Alferes e Nossa Senhora da Glória de Valença. O segundo eixo partiu da baixada fluminense onde as principais fazendas cafeeiras estavam em São Gonçalo e Vila de Santo Antônio de Sá. De lá o cultivo do café chegou a Cantagalo na década de 1840, e fez um novo adentramento para o nordeste da capitania. Já em 1830 a cultura do café havia tomado quase toda a bacia do Rio Paraíba do Sul. Todo esse espaço foi dominado por uma escravidão africana extensa. . Enquanto nas grandes propriedades os escravizados costumavam viver em senzalas coletivas, não era incomum ver em pequenas propriedades escravizados morando na mesma casa de seus senhores. Desta forma pode-se pensar em diferentes relações entre senhores e escravizados.
Os escravizados trabalhavam nos mais diferenciados ofícios como carpinteiros, sapateiros, pedreiros, cortadores de cana, carneadores nas charqueadas e trabalhos domésticos, como cozinheiras, ama-de-leite, engomadeiras, entre outros. De forma geral, quanto mais especializado era considerado o ofício, mais alto era o preço do trabalhador escravizado. Muitos eram alugados ou trabalhavam para si e eram obrigados a pagar um jornal (espécie de taxa mensal previamente estipulada) para seus senhores.Em função da diversidade de experiências de cativeiro, não é possível generalizar o trabalho nos cafezais do sudeste ou nos engenhos de açúcar no nordeste para o resto do país. Apesar de a violência ser um fator importante de manutenção do sistema escravista, a negociação era igualmente importante e acontecia constantemente entre os senhores e os escravizados. A resistência violenta costumava acontecer apenas quando não existia mais a possibilidade de negociação. Por mais violentas que fossem as ações dos senhores, os escravizados resistiram de diversas formas. Muitos escravizados conseguiram formar famílias e economizar dinheiro para a compra da sua própria alforria ou de seus familiares.
Sobre as formas de punição a lei número 4 de 10 de junho de 1835 proibia os escravos de causar qualquer tipo de ofensa ou agressão ao patrão e aos companheiros que com ele moravam, punindo-os com acoites ou, na maioria dos casos, com a pena de morte (Lei número 4 de 10 de junho de 1835- pág. 5). Esta lei só seria parcialmente revogada em 1886 pela lei número 3 310, de 15 de outubro de 1886, dois anos antes da abolição da escravatura, quanto à imposição da pena de açoites. (Lei número 3.310 de 15 de outubro de 1886- pág. 52).
Afirmação oposta sobre como o escravo era tratado por seus senhores fez o cafeicultor e deputado estadual paulista Martinho da Silva Prado Júnior (Martinico Prado), na sessão da Assembleia Provincial de São Paulo de 16 de março de 1882, manifestar-se condenando a proibição do comércio de escravos entre as províncias brasileiras; Martinico Prado relata aos deputados paulistas que muitos proprietários de escravos de Minas Gerais não queriam se separar de seus escravos, quando migravam para São Paulo:
“ Ato esse (proibir a venda de escravo para outra província) que, para os pequenos proprietários de escravos da Província de Minas, é o mais atroz possível, pois v. excelência não ignora que o sertanejo mineiro estima e se torna afeiçoado ao seu escravo que se torna parte integrante de sua família, tributando-lhe pronunciada afeição. Relata então o que ouviu de mineiros que queriam vir para São Paulo e desejavam poderem trazer seus escravos: Tenho recebido pedidos instantes, súplicas pungentes, acompanhadas até de lágrimas, para que eles (os escravos) possam vir para esta província (São Paulo) dizendo: "Faça com que a Assembleia paulista nos abra as portas das províncias para não sermos obrigados à miséria ou a vender aqueles que criamos desde a infância".!
Os discursos de Martinico Prado na Assembleia Provincial paulista foram transcritos no livro do "centenário de Martinico Prado", intitulado "In Memoriam, Martinico Prado, 1843-1943" editado em São Paulo pela Editora Elvino Pocai.
A pena de açoite para o escravo só foi abolida por lei imperial de 1885 pouco antes da Lei Áurea, o que ocasionou fugas em massas de escravos nos últimos anos da escravidão no Brasil, fato denunciado nos debates sobre a Lei Áurea:
“ Os escravos fugiram em massa, prejudicando não só os grandes interesses econômicos, mas também interesses de segurança pública: houve mortes, houve ferimentos, houve invasão de localidades, houve o terror derramado por todas as famílias, e aquela importante província durante muitos meses permaneceu no terror mais aflitivo. Felizmente os proprietários de São Paulo, compreenderam que, diante da inação da Força Pública, melhor seria capitularem perante a desordem, e deram liberdade aos escravos. ”
Papel dos africanos
Por muito tempo, a historiografia brasileira ignorou o papel de africanos e seus descendentes na manutenção da escravidão, tanto no Brasil como na África. Apenas a partir da década de 1990 é que historiadores passaram a dar importância à influência africana nesse sistema, deixando as pessoas de origem africana de serem tratadas apenas como vítimas da escravidão, mas também como agentes ativos. A escravidão já era praticada na África muitos séculos antes da chegada dos europeus. Desde o século VIII reinos africanos ao sul do deserto do Saara promoviam a captura de pessoas para serem vendidas aos árabes ao norte do deserto. Seis grandes rotas ligavam nações ao sul do Saara aos povos árabes do norte. Os negros africanos atravessavam o deserto para vender aos islâmicos algodão, ouro, marfim e sobretudo escravos. Voltavam com sal, joias, objetos metálicos e tecidos para serem entregues à nobreza africana. Quando os portugueses chegaram ao reino de Kano, na atual Nigéria em 1471, encontraram um império enriquecido há pelo menos um século graças a venda de ouro, escravos, couro e sal. Em algumas regiões africanas a escravidão já estava tão enraizada que escravos eram usados como forma de pagamento de tributos. A chegada dos europeus ao Continente Africano só fez aumentar um sistema pré-existente. Os reinos africanos, que já se enriqueciam com a venda de seus cidadãos ou de inimigos vizinhos como escravos para os árabes, lucraram ainda mais com a demanda de mão de obra dos europeus. Os africanos monopolizavam praticamente todo o sistema escravagista dentro da África. A participação europeia se limitava a fortes situados no litoral onde os escravos seriam embarcados para as Américas. A tarefa de capturar os futuros escravos e levá-los ao litoral para serem vendidos para os europeus era feita pelos próprios africanos, a mando da nobreza africana, que enriquecia seus reinos com esse comércio de pessoas. O rei africano Osei Kwame, do Império Ashanti, era conhecido por viver em palácios luxuosos construídos graças ao dinheiro que lucrava com a escravidão.
O repúdio organizado e documentado à escravidão não surgiu na África, mas na Europa. Isso se deu a partir do século XVIII, através do iluminismo e suas ideias de liberdade e igualdade entre os homens. A escravidão só foi abolida no século XIX graças ao poder de intervenção da Inglaterra, que precisava vender suas máquinas agrícolas industrializadas por sua Revolução industrial que ora se iniciava.
O movimento abolicionista inglês surgiu em 1787, liderado por 22 líderes religiosos ingleses. Os abolicionistas se organizavam em comitês, que visavam espalhar para a sociedade inglesa as imagens dos horrores da escravidão, que causaram grande comoção na população. Esses grupos conseguiram conquistar muitos aderentes e simpatizantes, que passaram a promover boicotes no País.
No ano de 1787, 300 mil ingleses aderiram ao boicote ao açúcar produzido por escravos. Para pressionar o Parlamento Britânico, os abolicionistas entravam com petições na Câmara dos Comuns para forçar a feitura de uma lei que protegesse o direito dos negros. Foram em média 170 petições por ano, entre 1788 e 1800, chegando a 900 petições em 1810. No ano de 1807, depois de anos de pressões populares, a Inglaterra extinguiu o tráfico de escravos, e em 1833 a escravidão foi abolida em território britânico.
Durante todo esse período, foram mais de 5 mil as petições com milhares de assinaturas enviadas à Câmara dos Comuns por cidadãos britânicos pedindo o fim da escravidão. No século XIX, a Inglaterra, a superpotência da época, passou a pressionar o Brasil a abolir o tráfico negreiro e a escravidão, e esse poder de pressão foi decisivo para o fim da escravatura no Brasil. A participação de africanos e seus descendentes como agentes ativos do sistema escravista também foi crucial. Em determinados momentos da História brasileira era comum que, após conseguirem a liberdade, ex-escravos adquirissem um ou vários escravos. Isso se fez notar especialmente em Minas Gerais no século XVIII.
A sociedade mineira era essencialmente urbana e isso proporcionava uma grande oportunidade de ascensão social para as pessoas, inclusive escravos. A extração do ouro enriqueceu a região e agitava a economia. Sapateiros, ferreiros, alfaiates, tecelões e chapeleiros conseguiam enriquecer. Mulheres escravas vendiam doces e refeições para os mineradores a mando de seu senhor e muitas vezes conseguiam comprar sua liberdade com o dinheiro que sobrava. A carta de alforria na época custava 150 mil réis, equivalente ao preço de uma casa simples. Também era comum que senhores estipulassem em seu testamento que seus escravos deveriam ser libertos após a sua morte. A participação de negros entre a população livre brasileira e entre os senhores de escravos era notável.
Em 1830, os negros compunham três quartos da população livre de Sabará e 43% das casas de pessoas negras tinham escravos. Na região de Salvador, a participação de negros e pardos entre a população senhorial também era notável. No vilarejo de São Gonçalo dos Campos, 29,8% dos escravos estavam nas mãos de negros e pardos forros. Em Santiago do Iguape, 46,5% dos escravos eram propriedade de negros livres. No Rio de Janeiro não era diferente: em Campos dos Goytacazes, negros e mulatos compunham 30% dos senhores de escravos. A imagem disseminada de que os senhores de escravos eram possuidores de grandes plantéis de escravos trabalhando nas plantações ou minérios do Brasil não condiz com a realidade da maioria no período escravagista. A ideia da rica e ociosa família senhorial, que delegava todo o trabalho para os escravos, descrita especialmente por Gilberto Freyre, não era tão comum como historicamente se propagou.
Levantando dados sobre escravos na região de Salvador, o historiador Bert Barickman encontrou que, em média, 59% dos proprietários de escravos tinham até quatro escravos. Apenas 4,5% deles tinham mais de 20 escravos e só 1% tinha mais de 60 escravos.
Para Barickman, a maioria dos donos de escravos estava longe de fazer parte de uma aristocracia senhorial. A maioria deles era de classe baixa, que não conseguia comprar muitos cativos e que tinha que trabalhar lado a lado com seus escravos para garantir o sustento da família.
A presença de um ou alguns poucos escravos na casa não garantia, aos membros da família, a prerrogativa de deixar de trabalhar: apenas dava, à família, maior grau de segurança econômica através do aumento da produção tanto para consumo doméstico quanto para venda. Analisando o perfil do senhor escravista, Barickman escreveu: "nem na roça, onde empunha uma enxada, nem à mesa de jantar, onde come com as mãos e depois lambe os dedos, poderia se fazer passar por um grande e altivo senhor do tipo descrito por Gilberto Freyre".
A fazenda e as senzalas em Minas Gerais também são descritas de maneira bem diferente da do livro Casa-Grande & Senzala pelo viajante francês Auguste de Saint-Hilaire em seu livro "Viagens às Nascentes do Rio São Francisco":
“ Depois de Tamanduá Itapecerica (Minas Gerais), já nos limites do Sertão, as casas da sede das fazendas se compõe de várias edificações isoladas, mal construídas, no meio dos quais dificilmente se distingue a residência do proprietário. Citarei a de Dona Tomásia: a propriedade era de extensão considerável e vi, aí, vários escravos, gado vacum e nomerosos porcos. Entretanto, em meio a várias casinhas que serviam de celeiros e senzalas, a dona da fazenda ocupava uma miserável cabana construída sem os mínimos requisitos de estética e conforto, cujo mobiliário consistia apenas numa mesa e alguns bancos rústicos.
Famílias de escravos
Para compreender a questão da família escrava no Brasil, antes de mais nada, é importante termos em vista a quantidade de africanos que desembarcaram nas colônias americanas e ilhas do Atlântico durante os séculos XVI-XIX. Estima-se que mais de 12 milhões de cativos africanos cruzaram o Atlântico e desembarcaram em terras Americanas a partir de 1501 até 1866, tendo seu auge acontecido durante o século XVIII. Apenas no Brasil, esse número pode chegar a quase 5 milhões de africanos, ou seja, a colônia Portuguesa recebeu a maior porcentagem de escravos africanos, número muito superior que os Estados Unidos, as ilhas do Caribe e demais colônias americanas.
Dentre estes cativos, a proporção entre homens e mulheres era de aproximadamente 4:1 (quatro homens para cada mulher), fato dado principalmente por dois fatores: o homem como principal mão de obra nas plantações e engenhos, e o fato dos traficantes Africanos preferirem ficar com as mulheres na África, pois eram a principal fonte de reprodução de cativos.
A partir dessa, quase que impensável, quantidade de africanos trazidos como escravos para as colônias americanas, é importante pensarmos na questão da constituição de famílias e da relação de parentesco entre eles. Diversos fatores sempre foram motivos de estudos na questão da escravidão: relação senhor-escravo, as alforrias, fugas, quilombos, revoltas, plantation, entre outros, ou seja, o escravismo em geral. Mas somente a partir da década de 1970 é que a questão da família nuclear cativa foi debatida com mais ênfase pelos historiadores. Antes disso, devido relatos de viajantes que observavam outros aspectos da vida dos cativos, a ideia que se tinha era que a mesma era marcada pela promiscuidade, desregramento e violência. A instabilidade das uniões e a promiscuidade, consideradas características da vida escrava, foram associadas à deficiência política dos escravos, ou seja, à sua nulidade como sujeitos históricos. Por essa abordagem, por definição, a escravidão destruiria a possibilidade de família escrava.
No Brasil, a partir dos anos 70, graças a estudos e pesquisas mais focadas nessa questão, a família escrava foi tomada como um resultado da vontade própria dos escravos em formar uma comunidade dentro do cativeiro, bem como parte de suas estratégias de sobrevivência, ao mesmo passo que atendia aos interesses senhoriais de controle social dentro do seu plantel.
Casamentos
A busca por uma união estável entre os cativos pode nos fornecer dados importantes para entendermos o complexo sistema escravista. Vimos anteriormente que milhões de escravos chegaram as costas brasileiras vindos de diversas partes do Continente Africano, e isso acabou por ser um fator primordial na constituição matrimonial entre os cativos.
Diferentemente dos indígenas – que procuravam uniões exogâmicas – os cativos africanos buscavam seus parceiros (as) numa união endogâmica, ou seja, aqueles escravos de origem africana procuravam se casar com outros indivíduos igualmente vindos da África, e mais, além de ser endogâmicos, os cativos buscavam ainda casar-se com indivíduos da mesma etnia africana (nagôs casavam-se com nagôs, jejes com jejes, minas com minas, hauçás com hauçás, etc.). Isso foi um fator fundamental para a constituição de uma certa identidade africana, da valorização de suas raízes, e com isso, seus costumes. Porém, como a família era um pré-requisito para ter direito à terra, o acesso à família tornou-se difícil em dado momento devido a preferência pelo matrimônio endogâmico entre os escravos, e assim sendo, pela diferença homens x mulheres entre os africanos e mais equilibrada entre os mulatos (por exemplo), era normal que africanos homens buscassem por mulheres mulatas. Mas não deixa de ser difícil conseguir o casamento, pelo fato dos mulatos serem, preferencialmente, também endogâmicos.
Variação em porcentagem dos casamentos escravos de acordo com as naturalidades dos cônjuges
Um grande estudioso da questão do casamento e constituição de famílias escravas foi Robert Slenes, ele mostra que as identidades criadas através das “recordações africanas” durante o cativeiro, fortalecidas pelos laços de uma união estável. Além disso, com o aumento de estudos nessa área, nos revelam outras especificidades em relação ao casamento entre cativos, por exemplo, o fato de casais de escravos terem uma casa separada dos outros (que dormiam nas senzalas), sendo possível inclusive, que possuíssem um pedaço de terra para plantar diversos produtos alimentícios que seriam de sua propriedade, favorecendo o acumulo de pecúnia, que futuramente poderia ser utilizado para comprar sua liberdade.
Pesquisas recentes vêm revelando que o peso causado pela escravidão não destruiu a instituição familiar africana, e apesar de diversos obstáculos, a constituição da família escrava existiu de fato, sendo tão importante para o cativo em si quanto para seus senhores proprietários. Casamentos longos e estáveis, de 10 anos ou mais, eram bastante comuns entre os africanos, e muitas das vezes eram sacramentados pela Igreja. Existem diversos documentos e registros de casamento e batismos de escravos que ajudam a fundamentar tais dados e são de extrema relevância para se estudar o período. Tal fato também não exclui a existência de mães solteiras no meio rural. Segundo dados de inventários post-mortem, cerca de 10% a 30% das crianças de 0 - 3 anos que viviam na zona rural não tinham pais. E essa porcentagem aumenta de acordo com a idade de tais crianças, por exemplo, para crianças de 3 – 7 anos a porcentagem varia de 30% a 60%, e para 7 – 11 anos, a variação é de 60% a 80% de crianças sem pais. Bem como também não se exclui o fato de muitos homens solteiros, devido ao que foi dito anteriormente, a desproporcionalidade no número de homens e mulheres, e sendo assim, tais indivíduos eram a maioria na quantidade de fugas. Já no caso das mulheres, pelo fato delas se casarem mais, eram a minoria dentre os fujões.
Ainda sobre casamentos, um fato observado é a preferência dos homens mais velhos por mulheres mais jovens, num quadro simétrico, onde quanto maior a diferença de idade entre os homens (principalmente os crioulos), mais jovem eram suas esposas. Em contrapartida, se o homem era muito jovem, ele só encontraria uma esposa entre as mulheres mais velhas, resultado do fato de que as mulheres jovens (principalmente em idade fértil) já estarem relacionadas com os homens mais velhos. Era como se houvesse um tipo de monopólio por parte dos cativos mais velhos sobre as mulheres jovens, onde não havia escolha para os jovens, se não, buscarem pelas cativas mais velhas.
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Leitura adicional
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Um
relatório anual do FBI divulgado nesta segunda-feira (16) registrou um
recorde no número de crimes de ódio nos Estados Unidos. Os dados são
referentes ao ano de 2019.
Segundo o relatório publicado pelo FBI, um total de 8.559 crimes de ódio foram registrados nos EUA em 2019, o maior número em dez anos.
"As agências de aplicação da lei
enviaram relatórios de incidentes envolvendo 7.314 incidentes criminais e
8.559 crimes relacionados como sendo motivados por preconceito em
relação à raça, etnia, ancestralidade, religião, orientação sexual,
deficiência, gênero e identidade de gênero", disse o FBI em seu
relatório.
Conforme disse a agência, este é o maior número de crimes de ódio
desde 2008, quando 7.783 desses casos foram relatados. Em 2017, 7.175
incidentes de crimes de ódio foram relatados e outros 7.120 foram
registrados em 2018.
(James Fields segundo, da esq. para direita) foi visto em ato de
supremacistas brancos horas antes do atropelamento em Charlottesville
(EUA)
No ano passado, 5.512 incidentes de ódio foram classificados como
crimes contra pessoas, 2.811 como crimes contra a propriedade e 236 como
crimes contra a sociedade, disse o FBI.
Em 4,4% dos casos, os crimes de ódio ocorreram em igrejas,
sinagogas, mesquitas e outros locais de culto. Dos 6.406 infratores
conhecidos, 52,5% eram brancos e 23,9% eram afro-americanos.
As eleições municipais não apontam uma vitória do
bolsonarismo nas urnas, embora, ao mesmo tempo, não seja possível dizer que ele
sai enfraquecido, disse especialista à Sputnik Brasil.
No sábado (14), o presidente Jair Bolsonaro
publicou em suas redes sociais os nomes de alguns candidatos que apoiava nas
eleições realizadas neste domingo (15). Um dia depois, porém, ele apagou o
post.
Ele citou os nomes de Celso Russomanno
(Republicanos), que disputa a prefeitura de São Paulo; do atual prefeito do Rio
de Janeiro, Marcelo Crivella (Republicanos); Delegada Patrícia (Podemos), em
Recife; Bruno Engler (PRTB), em Belo Horizonte; Coronel Menezes (Patriota), em
Manaus; e Capitão Wagner (Pros), em Fortaleza.
Destes, apenas Crivella e Capitão Wagner foram para
o segundo turno. No Rio, com cerca de 30% das urnas apuradas, o ex-prefeito
Eduardo Paes (DEM) tem 37% dos votos e o atual alcaide, 21%. Em Fortaleza, com
quase 100% da apuração completada, Sarto (PDT) tem 36% dos votos, enquanto
Capitão Wagner surge com 33%.
'Vai muito mal' no Sudeste
Segundo Carlos Sávio Gomes Teixeira, professor do
Departamento de Ciência Política da Universidade Federal Fluminense (UFF),
"sem dúvida essas eleições municipais não apontam uma vitória do
bolsonarismo".
"Nas
três principais capitais da região Sudeste, São Paulo, Rio de Janeiro e Belo
Horizonte, onde está está concentrado a maioria do eleitorado, o bolsonarismo
vai muito mal. Em São Paulo o Russomanno teve um desempenho pífio, embora isso
não possa ser colocado totalmente na conta do Bolsonaro, pois o candidato já
teve resultados pífios outras vezes. Mas, dessa vez, se esperava que fosse para
o segundo turno. No Rio, o Crivella, com apoio da máquina, do Bolsonaro e da
Universal, conseguirá ir ao segundo turno, mas apontando uma derrota fragorosa
para o Paes no segundo. Em Belo Horizonte, o atual prefeito, Alexandre Kalil
[PDS], opositor de Bolsonaro, teve uma vitória avassaladora", disse o
especialista.
Em São Paulo, com 37% de urnas apuradas, o atual
prefeito, Bruno Covas (PSDB), tem 33%; Guilherme Boulos (Psol) aparece com 20%;
Márcio França (PSB) surge com 14%; e Russomanno é apenas o quarto, com 10%. Em
Belo Horizonte, com cerca de 85% dos votos apurados, Kalil tem 63% e Engler,
10%.
Apoiado
por Bolsonaro, Celso Russomanno (Republicanos) aparecia na liderança nas
primeiras pesquisas. Pouco a pouco, foi perdendo terreno. Ele ficou com cerca
de 10% dos votos em São Paulo
Eleições municipais x
presidenciais
Por outro lado, Sávio afirma que, pelas
características do pleito municipal, é difícil afirmar que o bolsonarismo sai
realmente enfraquecido.
"O bolsonarismo não sai fortalecido das
eleições, mas ele sai derrotado? Nesse ponto entra a questão da discussão da
relação entre as eleições municipais e presidenciais. É óbvio que há uma
relação, as municipais acontecem no meio do mandato presidencial, mas, essa
relação precisa ser qualificada, para entendermos a sutileza desse
relacionamento", disse o cientista político.
Para exemplificar, ele cita o exemplo de Niterói,
onde, com 56% dos votos apurados, Axel Grael (PDT) tem 61% e vencerá no
primeiro turno.
"Bolsonaro
tinha 33% de bom e ótimo na última pesquisa em Niterói. No entanto, o candidato
a prefeito do PDT, de oposição ao presidente, vencerá no primeiro turno. Como
se explica isso? Em boa medida, parte do eleitorado que avalia bem o Bolsonaro
na cidade, também avalia bem o governo local [o atual prefeito é Rodrigo Neves,
do PDT], a despeito da completa disparidade ideológica entre os dois, e faz uma
certa separação entre eleição municipal e nacional", disse o
especialista.
'Não é possível falar em derrota
de Bolsonaro'
O cientista político Paulo Baía, professor da
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), concorda que as eleições
municipais têm características próprias e são "movidas pelas pautas das
cidades". Segundo ele, não é possível falar em "derrota de
Bolsonaro".
"Ele
não entrou nas campanhas, teve o nome usado por poucos candidatos. Efetivamente,
ele apoiou o Crivella e o Russomanno, que tem uma tradição de subir e cair.
Agora, no Rio, a presença do presidente ajudou o Crivella, que foi melhor do
que se esperava. Esperava-se em torno de 15% dos votos para ele, e Crivella
teve cerca de 20%. Credito ao Bolsonaro essa agregação de dois ou três por
cento", disse o especialista à Sputnik Brasil.
Para Baía, "o presidente não quis se expor em
uma eleição que ele sabe que não é nacionalizada em nenhuma capital, e não foi
em nenhuma das 95 cidades com mais de 200 mil habitantes".
'Dissipação da direita'
Já para o sociólogo Marcelo Seráfico, da
Universidade Federal do Amazonas (Ufam), o "bolsonarismo parece sair
enfraquecido na maioria das cidades de médio e grande porte", mas é
"preciso saber o que se passa nas pequenas cidades para ver o impacto
geral desse enfraquecimento".
Segundo ele, "houve uma ampliação do leque de
candidatos que buscou se identificar com algumas bandeiras do bolsonarismo,
assumindo-se ou não bolsonaristas", o que, "combinado às condições
conjunturais de cada cidade, levou a uma espécie de dissipação do eleitorado de
direita".
"Ocorreu
na direita uma diversificação, multiplicação, que não se verifica na esquerda
nem no centro. Novos partidos, reivindicando pautas bolsonaristas, mas cujos
lastros, muito frequentemente, estão em velhos partidos. Talvez isso tenha
levado os eleitores a escolher a tradição, o conhecido, atenuando os efeitos do
oportunismo eleitoral de vários candidatos", disse à Sputnik Brasil.