Grande Muralha da China é uma série de fortificações feitas de
pedra, tijolo, terra compactada, madeira e outros materiais, geralmente
construída ao longo de uma linha leste-oeste através das fronteiras
históricas do norte da China para proteger os Estados e impérios chineses contra as invasões dos vários grupos nômades das estepes da Eurásia, principalmente os mongóis. Várias muralhas estavam sendo construídas já no século VII a.C. que mais tarde foram unidas e tornadas maiores e mais fortes, no que agora é referido como a Grande Muralha. Especialmente famosa é a muralha construída entre 220 e 206 a.C. por Qin Shi Huang, o primeiro Imperador da China.
Pouco desta muralha permanece nos dias atuais. Desde então, a Grande
Muralha foi reconstruída, mantida e melhorada; a maior parte do trecho
existente é da dinastia Ming (1368-1644).
Outras finalidades da Grande Muralha incluíram controles de
fronteira, permitindo a imposição de direitos sobre mercadorias
transportadas ao longo da Rota da Seda, a regulação ou o encorajamento do comércio e do controle da imigração e da emigração.
Além disso, as características defensivas da Grande Muralha foram
reforçadas pela construção de torres de vigia, quartéis de tropas,
estações de guarnição,
capacidade de sinalização por meio de fumaça ou fogo e o fato de que o
caminho da Grande Muralha também servia como um corredor de transporte.
A Grande Muralhaestende-se de Dandong, no leste, ao Lago Lop, a oeste, ao longo de um arco que delineia grosseiramente a borda sul da Mongólia Interior.
Um abrangente levantamento arqueológico, usando tecnologias avançadas,
concluiu que as muralhas da dinastia Ming tem um total de 8.850
quilômetros de extensão.
Esta é composta por 6.259 km de seções da muralha em si, 359 km de
trincheiras e 2.232 km de barreiras defensivas naturais, como montanhas e
rios. Outra pesquisa arqueológica descobriu que toda a muralha, com todos os seus ramos, mede 21.196 km.
História
Muralha da China *
Património Mundial da UNESCO
A Muralha da China.
China
Maior estrutura militar de defesa.
Ásia e Oceania
40°21'16"N, 116°00'23"E
21 196 (km) quilômetros
https://pt.wikipedia.org/wiki/Muralha_da_China
Mapa de localização atual dos trechos da muralha.
Durante muito tempo pensou-se que a Grande Muralha fora construída
para proteger o Império Chinês contra a ameaça de invasão por tribos
vizinhas. Na verdade, porém, o Império Qin não corria qualquer perigo em
relação às tribos do norte quando a muralha começou a ser construída.
Apenas os Hsiung-nu se haviam fixado significativamente no território
chinês, e mesmo estes pouco resistiram quando o exército de Meng T’ien
os expulsou da região de Ordos. A muralha seria uma defesa contra
ataques futuros, mas o custo em vidas humanas parece excessivo para uma
estrutura que não era uma necessidade imediata.
A ideia da muralha pode ter nascido da obsessão de Shi Huang Di
pela segurança e da sua paixão por grandes projetos. Porém, pode ter
havido razões mais pragmáticas: a muralha seria um local conveniente
para onde enviar os desordeiros e fazê-los trabalhar. A construção da
muralha também dava emprego aos milhares de soldados sem trabalho,
depois que a formação do império pôs fim à guerra entre os estados. Além
disso, logo que a muralha ficasse terminada, teriam de ser colocados
soldados em toda a sua extensão, assegurando-se assim que grande parte
do exército seria mantida bem longe do capital. As primeiras construções
surgiram antes da unificação do império, em 221 a.C. Ao unir sete
reinos em um país, o imperador Qin Shihuang (259-210 a.C. - Dinastia Chin)
começou a unificar a muralha, aproveitando as inúmeras fortificações
construídas por reinos atuais. Com aproximadamente três mil quilômetros de extensão à época, foi ampliada nas dinastias seguintes.
Com a morte do imperador Qin Shihuang, iniciou-se na China um período de agitações políticas e de revoltas, durante o qual os trabalhos na Grande Muralha ficaram paralisados. Com a ascensão da Dinastia Han ao poder, por volta de 206 a.C., reiniciou-se o crescimento chinês e os trabalhos na muralha foram retomados ao longo dos séculos até o seu esplendor na Dinastia Ming, por volta do século XV,
quando adquiriu os atuais aspectos e uma extensão de cerca de sete mil
quilômetros. Acredita-se que os trabalhos na muralha ocuparam a mão de obra de cerca de um milhão de operários (até 80% teriam perecido durante a sua construção, por causa da má alimentação e do frio), entre soldados, camponeses e prisioneiros.
A magnitude da obra, entretanto, não impediu as incursões de mongóis, xiambeis e outros povos, que ameaçaram o império chinês ao longo de sua história. Por volta do século XVI perdeu a sua função estratégica, vindo a ser abandonada a partir de 1664, com a expansão chinesa na direção norte na Dinastia Qing. No século XX, na década de 1980, Deng Xiaoping deu prioridade à Grande Muralha
como símbolo da China, estimulando uma grande campanha de restauração
de diversos trechos. Porém, a requalificação do monumento como atração turística
sem normas para a sua utilização adequada, aliada à falta de critérios
técnicos para a restauração de alguns trechos (como o próximo a Jiayuguan, no Oeste do país, onde foi empregado cimento moderno sobre uma estrutura de pedra argamassada, que levou ao desabamento de uma torre
de seiscentos e trinta anos), geraram várias críticas por parte dos
preservacionistas, que estimam que cerca de dois terços do total do
monumento estejam em ruínas.
Características
Trecho da muralha em Hebei.
Torres da muralha perto de Pequim.
Final da muralha no Mar de Bohai.
Imagem de satélite de um trecho da muralha.
Extensão
Estende-se desde o passo de Jiayuguan (província de Gansu), lado
oeste, até a foz do rio Yalujiang (província de Liaoning), lado leste.
Atravessa o Deserto de Gobi, quatro províncias (Hebei, Shanxi, Shaanxi e Gansu) e duas regiões autônomas (Mongólia e Ningxia).
Em 2012 foi anunciado que a Muralha da China mede 21196
quilômetros na totalidade e aproximadamente 7 metros de altura. Esta
medida contempla todas as paredes que foram alguma vez construídas,
mesmo as que já não existem.
Estrutura
Por não se tratar de uma estrutura única, as características da Grande Muralha
variam de acordo com a região em que os diferentes trechos estão
construídos. Devido a diferenças de materiais, condições de relevo,
projetos e técnicas de construção, e mesmo da situação militar vivida
por cada dinastia, os trechos da muralha apresentam variações. Perto de Pequim, por exemplo, os muros foram construídos com blocos de pedras de calcário; em outras regiões, podem ser encontrados o granito ou tijolos no aparelho das muralhas; nas regiões mais ocidentais, de desertos,
onde os materiais são mais escassos, os muros foram construídos com
vários elementos, entre os quais faxina (galhos de plantas enfeixados).
Em geral os muros apresentam uma largura média de sete metros
na base e de seis metros no topo, alçando-se a uma altura média de sete
metros e meio. Segundo anunciaram cientistas chineses em abril de 2009, o comprimento total da muralha é de 8.850 km.
Além dos muros, em posição dominante sobre os terrenos, a muralha compreende ainda elementos como portas, torres
de vigilância e fortes. As torres, cujo número é estimado por alguns
autores em cerca de quarenta mil, permitiam observar a aproximação e a
movimentação do inimigo. As sentinelas que as guarneciam serviam-se de
um sistema de comunicações que empregava bandeiras coloridas, sinais de fumo e fogos. De planta
quadrada, atingiam até dez metros de altura, divididas internamente. No
pavimento inferior podiam ser encontrados alojamentos para os soldados,
estábulos
para os animais e depósitos de armas e suprimentos. Durante a Dinastia
Ming, um sinal de fumaça junto com um tiro significava a aproximação de
cem inimigos, dois sinais de fumaça acompanhados de dois tiros eram o
alerta para quinhentos inimigos, e três sinais de fumaça com três tiros
para mais de mil inimigos
Os fortes guarneciam posições estratégicas, como passos entre as montanhas. Eram dotados de escadas para a infantaria e de rampas para a cavalaria,
funcionando como bases de operação. Eram dominados por uma torre de
planta quadrada, que se elevava a até doze metros de altura, e
defendidos por grandes portões de madeira.
Principais Portas
Dentre suas passagens mais importantes (關口 simplificado: 关口) destacam-se:
Porta Shanhai (山海關)
Porta Juyong (居庸關)
Porta Niángzi (娘子關)
Patrimônio Mundial
A Muralha da China após concurso informal internacional em 2007, foi considerada uma das sete maravilhas do mundo moderno. Em 1986, a China inscreveu na Lista de Património Mundial da UNESCO os seguintes monumentos: a Grande Muralha, os Palácios Imperiais das Dinastias Ming e Qing em Pequim e Shenyang, o Sítio do Homem de Pequim em Zhoukoudian, as Grutas de Mogao em Dunhuang, o Exército de terracota e o Monte Taí. Estas nomeações foram aprovadas pelo Comité do Património Mundial em 1987.
Nesta manhã chuvosa e fria de inverno, embora seja primavera aqui da
minha cidade Barra do Piraí, sinto-me imbuído de um sentimento
contemplativo, embora um pouco depressivo, ao abrir a internet e
deparar com tanto ódio entre a grande maioria dos internautas, inclusive
de alguns que até conheço e com os quais até tenho boas relações de
amizade e que nem pensava serem tão desinformados em política. São até
pessoas boas, bons chefes de família, honestos e de grande coração, mas
que por motivos diversos, talvez por influência do sistema econômico,
cultural e social em que vivem, não conseguem enxergar o que se passa à
sua volta. Por isso, pela idade e experiência de vida que nestes longos
anos adquiri, sinto-me na obrigação humana de tentar fazer alguma coisa
por eles...
Sei que todos vocês e todos esses mais de cem milhões de brasileiros e
brasileiras que votaram no sr. Jair Bolsonaro, estão ansiosos pelo
pontapé inicial de seu governo e que muitos deles, devido às suas
declarações preliminares à imprensa, sobre seu plano de governo, já
começam a sentir desconfiança de suas propostas eleitorais!
Eu, que votei em Ciro Gomes no primeiro turno e em Haddad no segundo,
sugeri a estes que se eleitos fizessem um governo sem ódio, e sem
retaliações, mas com a participação de todos os brasileiros, agora estou
preocupado com este clima de ódio, vindo da ala mais extremista da
direita, que usando os meios midiáticos continua atacando com palavras
depreciativas de baixo calão e agressividade os militantes petistas.
Mediante tal clima de guerra psicológica, quero fazer um pedido ao sr.
Jair Bolsonaro. Sr. presidente, o sr. que depois do atentado à sua vida
deve ter amadurecido e revisto suas propostas para tornar o Brasil um
país para "Todos"!
O ministro dos
Negócios Estrangeiros, Santos Silva, disse hoje, em Bruxelas, 20/11, que
Portugal tem uma elite emigrante que o país deve reconhecer e valorizar.
"O país tem hoje uma elite muito importante ao nível de funcionários
internacionais, ao nível de gestores de topo, ao nível de professores,
académicos e cientistas que é decisivo que seja reconhecida em Portugal e
que trabalhe bem com os portugueses", disse Augusto Santos Silva, que
hoje participou no 2.º Encontro de Graduados Portugueses na Bélgica,
Holanda e Luxemburgo.
O encontro foi promovido pela Associação Portuguesa de Estudantes,
Investigadores e Graduados na Bélgica, Holanda e Luxemburgo (Apei
Benelux), criada em 2016 com o objetivo de funcionar como uma rede de
apoio aos membros, cuja maioria estão já a trabalhar na região.
A médica oncologista Mariana Brandão foi uma das pessoas presentes no encontro de graduados no Benelux.
Mariana Brandão trabalha como `research fellow` no Instituto Jules Bordet
(o equivalente ao Instituto Português de Oncologia, uma experiência que qualificou como "muito
interessante".
"A realidade em termos de oportunidades de investigação médica,
infraestrutura, `know how`, as redes de conexão entre as diferentes
instituições são muito mais desenvolvidas do que aquilo que temos no
nosso país neste momento".
Em Bruxelas, a oncologista disse que o facto de ser portuguesa "não
atrapalha nada", dado que trabalha num ambiente multicultural, com
colegas de várias nacionalidades, e a língua de trabalho é o inglês.
A Apei Benelux tem 70 membros inscritos e a rede de contactos é à volta de 250 pessoas.
"O reconhecimento da academia portuguesa está a crescer no Benelux e as
oportunidades em termos de ordenado e de carreira são muito boas nesta
região", disse o presidente da Apei, Tiago Malaquias.
Na intervenção que fez no encontro, o ministro referiu haver portugueses
inscritos nos registos consulares de 170 países, recordando que 193
estados compõem a ONU.
Por outro lado, segundo dados do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, residem em Portugal nacionais de 175 países.
Os rankings de poderio bélico são polêmicos, mas, em qualquer lista
desse tipo, quem aparece no topo é o exército dos Estados Unidos (só
para simplificar, usamos “exército” na nossa pergunta como sinônimo
popular de Forças Armadas, incluindo aí Exército, Marinha e
Aeronáutica). Além de armas arrasadoras, os americanos têm um efetivo de
1,4 milhão de soldados (só perdem para os chineses nesse quesito) e
torram uma fortuna com os militares: por ano, são 329 bilhões de
dólares, o que dá 1 138 dólares por habitante, um dos maiores gastos do
mundo. Eleger o senhor dos exércitos foi fácil, mas descobrir o resto do
ranking foi uma guerra. Encaramos a batalha e montamos uma primeira
versão da lista com base nas informações do Instituto Internacional para
Estudos Estratégicos (IISS, na sigla em inglês), a mais conceituada
organização independente que monitora a situação dos exércitos de todo o
mundo. Das estatísticas do IISS, tiramos três dados comparativos: o
efetivo de cada exército, os gastos militares totais e per capita. Mas,
como a tecnologia e o poder dos armamentos também contam valiosos
pontos, decidimos avaliar o arsenal de cada nação recorrendo à análise
de Ricardo Bonalume Neto, jornalista da Folha de S.Paulo especializado
em assuntos militares – são dele os comentários nos quadros ao lado.
Além dos dez mais, Bonalume chama a atenção para outros dois países
fortes: Japão e Alemanha. “Os japoneses têm navios, tanques e canhões
que não devem nada em termos de tecnologia aos americanos. Os alemães
também contam com um exército bem equipado. O destaque é o tanque
Leopard 2, um dos melhores de todos os tempos.”
Guerra de gigantesPaíses fortes conjugam batalhões numerosos, altos orçamentos e armas de última geração
1. Estados Unidos
Efetivo: 1 414 000 soldados
Gasto militar anual: 329 bilhões de dólares (1 138 dólares por habitante)
Armas nucleares: sim
Única superpotência militar depois do colapso soviético, os Estados
Unidos são donos da mais poderosa esquadra do globo, que tem uma dúzia
de porta-aviões gigantes, a maioria de propulsão nuclear. O país conta
ainda com o maior arsenal nuclear e modernos armamentos operados por
computadores e guiados por satélites
2. Rússia
Efetivo: 988 100 soldados
Gasto militar anual: 48 bilhões de dólares (333 dólares por habitante)
Armas nucleares: sim
O maior herdeiro da ex-URSS possui exército numeroso e pesquisa
militar de ponta, mas tem poucos recursos para comprar equipamentos. A
vocação por números astronômicos diminuiu: durante a Guerra Fria, a URSS
chegou a ter 5,3 milhões de soldados um recorde e produziu mais de
70 mil tanques das séries T-54/T-55/T-62. Eles eram inferiores aos
modelos ocidentais, mas podiam levar a melhor pela quantidade
3. China
Efetivo: 2 270 000 soldados
Gasto militar anual: 48 bilhões de dólares (37 dólares por habitante)
Armas nucleares: sim
O país mais populoso da Terra conta com bom número de armas nucleares
e sempre teve Forças Armadas numerosas, mas o nível pouco sofisticado
de sua indústria não permitia equipar as tropas com armas de última
geração. Isso mudou recentemente: o salto econômico e a relativa
abertura política das últimas duas décadas levaram a China a investir na
modernização do arsenal
4. França
Efetivo: 260 400 soldados
Gasto militar anual: 38 bilhões de dólares (636 dólares por habitante)
Armas nucleares: sim
Para se proteger da ameaça comunista na Guerra Fria, os franceses
criaram uma força nuclear própria com os três meios clássicos de lançar
armas atômicas: mísseis em terra, em submarinos e em aviões. A indústria
de defesa é uma das principais da Europa, produzindo tanques de ótima
qualidade, como o Leclerc, e aviões clássicos como os das séries Mirage
5. Reino Unido
Efetivo: 210 400 soldados
Gasto militar anual: 35 bilhões de dólares (590 dólares por habitante)
Armas nucleares: sim
Até a Segunda Guerra (1939-1945), a Grã-Bretanha era a maior potência
naval da Terra. Depois do conflito, a Marinha Real encolheu, mas ainda é
uma das principais do mundo. O Exército sempre foi pequeno, mas é um
dos mais profissionais do planeta, bem equipado com tanques, blindados
de transporte de pessoal e uma parafernália de mísseis
6. Coréia do Norte
Efetivo: 1 082 000 soldados
Gasto militar anual: 4,7 bilhões de dólares (214 dólares por habitante)
Armas nucleares: sim
Assolado pela pobreza e pela fome, este país sustenta um dos estados
mais militarizados do planeta. Envolvidos em disputas de território com a
Coréia do Sul desde a década de 40, os comunistas do Norte contam com
tropas numerosas com muito armamento convencional. Nas últimas décadas, o
país desenvolveu tecnologia para produzir armas nucleares
7. Índia
Efetivo: 1 298 000 soldados
Gasto militar anual: 13 bilhões de dólares (13 dólares por habitante)
Armas nucleares: sim
O segundo país mais populoso do planeta sempre esteve em briga com
seus vizinhos muçulmanos. Hoje, o maior rival é o Paquistão, com quem
disputa terras na região da Caxemira. As aguerridas tropas indianas
estão entre as mais bem equipadas do Terceiro Mundo. Além de muitos
soldados, a Índia tem armas nucleares e mísseis para transportá-las
8. Paquistão
Efetivo: 620 000 soldados
Gasto militar anual: 2,5 bilhões de dólares (17 dólares por habitante)
Armas nucleares: sim
A maior potência militar muçulmana tem economia e população
inferiores às da rival Índia, mas, para criar um “equilíbrio de terror”
no sul da Ásia, o Paquistão também investiu em armas nucleares. Pouco se
conhece sobre as armas atômicas ou sobre o tamanho do arsenal do país.
Mas a existência da bomba dos dois lados da fronteira tem forçado Índia e
Paquistão a uma convivência tensa e “pacífica”, na medida do possível
9. Coréia do Sul
Efetivo: 686 000 soldados
Gasto militar anual: 12 bilhões de dólares (266 dólares por habitante)
Armas nucleares: não
Graças à proteção dos Estados Unidos, o país atingiu níveis
econômicos, científicos e tecnológicos muito superiores aos do vizinho
do norte. Por causa da crise com os comunistas, a Coréia do Sul mantém
Forças Armadas poderosas em prontidão na fronteira, embora não tenha
armas atômicas. O equipamento é de alta qualidade, comprado dos
americanos ou desenvolvido localmente com ajuda ianque
10. Israel
Efetivo: 161 500 soldados
Gasto militar anual: 9,4 bilhões de dólares (1 499 dólares por habitante)
Armas nucleares: sim
Pequeno e pouco populoso, Israel se envolveu em conflitos com os
vizinhos árabes e resolveu se armar até os dentes. Para compensar a
inferioridade numérica, os israelenses optaram por qualidade: suas
tropas estão entre as mais bem treinadas da Terra, a Força Aérea dispõe
de tecnologia de ponta e a experiência em combate fez o país desenvolver
algumas das melhores armas disponíveis, como o tanque Merkava
* Números referentes a 2002, ano mais recente em que as estatísticas
foram compiladas. Fonte: anuário do Instituto Internacional para Estudos
Estratégicos (International Institute for Strategic Studies – IISS)
Impávido colossoBrasil é o mais bem armado da América do Sul, mas não fica entre os 10 mais do mundo
Efetivo: 287 600 soldados
Gasto militar anual: 9,6 bilhões de dólares (55 dólares por habitante)
Armas nucleares: não
Não dá para cravar uma posição para o Brasil no ranking mundial de
exércitos a única certeza é que não chegaríamos ao Top 10 , mas dá
para fazer algumas comparações. Numericamente, nossas tropas são as
maiores da América do Sul. Tecnologicamente, somos semelhantes aos
vizinhos. Com fronteiras bem definidas, não há grandes rivalidades
regionais. Por isso, o país não tem o mesmo “estímulo” para investir em
armas que outros países brigões do Terceiro Mundo. Ainda bem.
"Proclamação da República", 1893, óleo sobre tela de Benedito Calixto (1853-1927). Acervo da Pinacoteca do Estado de São Paulo
Participantes
Deodoro da Fonseca
Quintino Bocaiuva
Benjamin Constant
Ruy Barbosa
Campos Sales
Floriano Peixoto
Localização
Rio de Janeiro, Brasil
Data
15 de novembro de 1889 (128 anos)
Resultado
Extinção do Império do Brasil, banimento da família imperial brasileira e dos principais políticos favoráveis à monarquia constitucional parlamentarista e criação do Governo Provisório republicano.
A Proclamação da República Brasileira foi um golpe de Estado político-militar, ocorrido em 15 de novembro de 1889, que instaurou a forma republicana presidencialista de governo no Brasil, encerrando a monarquia constitucional parlamentarista do Império e, por conseguinte, destituindo e deportando o então chefe de estado, imperador D. Pedro II.
A proclamação ocorreu na Praça da Aclamação (atual Praça da República), na cidade do Rio de Janeiro, então capital do Império do Brasil, quando um grupo de militares do exército brasileiro, liderados pelo marechal Manuel Deodoro da Fonseca, destituiu o imperador e assumiu o poder no país, instituindo um governo provisório republicano, que se tornaria a Primeira República Brasileira.
Antecedentes
Marechal Manuel Deodoro da Fonseca
Azulejo em São Simão em
homenagem à proclamação
da república brasileira
Homenagem da Revista Ilustrada
à proclamação da república brasileira
Alegoria da República",
quadro de Manuel Lopes Rodrigues
pertencente ao acervo do
Museu de Arte da Bahia
O movimento de 15 de novembro de 1889 não foi o primeiro a tentar
instituir uma república no Brasil, embora tenha sido o único
efetivamente bem-sucedido, e, segundo algumas versões, teria contado com
apoio tanto das elites nacionais e regionais quanto da população de um
modo geral:
Em 1789, a conspiração denominada Inconfidência Mineira não buscava apenas a independência, mas também a proclamação de uma república na Capitania de Minas Gerais, seguida de uma série de reformas políticas, econômicas e sociais;
Em 1817, através da Revolução Pernambucana — único movimento separatista do período colonial
que ultrapassou a fase conspiratória e atingiu o processo
revolucionário de tomada do poder — Pernambuco teve governo provisório
por 75 dias;
Em 1824, Pernambuco e outras províncias do Nordeste brasileiro (territórios que pertenceram outrora à província pernambucana) criaram o movimento independentista conhecido como Confederação do Equador,
igualmente republicano, considerado a principal reação contra a
tendência absolutista e a política centralizadora do governo de D. Pedro
I;
Em 1839, na esteira da Revolução Farroupilha, proclamaram-se a República Rio-Grandense e a República Juliana, respectivamente no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina.
Crise da Monarquia
A partir da década de 1870, como consequência da Guerra do Paraguai (também chamada de Guerra da Tríplice Aliança,
1864-1870), foi tomando corpo a ideia de alguns setores da elite de
alterar o regime político vigente. Fatores que influenciaram esse
movimento:
O imperador D. Pedro II não tinha filhos, apenas filhas. O trono seria ocupado, após a sua morte, por sua filha mais velha, a princesa Isabel, casada com um francês, Gastão de Orléans, Conde d'Eu, o que gerava o receio em parte da população de que o país fosse governado por um estrangeiro.
O fato de os negros terem ajudado o exército na Guerra do Paraguai
e, quando retornaram ao país, permaneceram como escravos, ou seja, não
ganharam a alforria de seus donos.
Situação política do Brasil em 1889
O governo imperial, através do 37.º e último gabinete ministerial, empossado em 7 de junho de 1889, sob o comando do presidente do Conselho de Ministros do Império, Afonso Celso de Assis Figueiredo, o Visconde de Ouro Preto, do Partido Liberal, percebendo a difícil situação política em que se encontrava, apresentou, em uma última e desesperada tentativa de salvar o império, à Câmara-Geral, câmara dos deputados,
um programa de reformas políticas do qual constavam, entre outras, as
medidas seguintes: maior autonomia administrativa para as províncias,
liberdade de voto, liberdade de ensino, redução das prerrogativas do Conselho de Estado e mandatos não vitalícios para o Senado Federal.
As propostas do Visconde de Ouro Preto visavam a preservar o regime
monárquico no país, mas foram vetadas pela maioria dos deputados de
tendência conservadora que controlava a Câmara Geral. No dia 15 de
novembro de 1889, a república era proclamada.
Perda de prestígio da monarquia
Muitos foram os fatores que levaram o Império a perder o apoio de suas bases econômicas, militares e sociais. Da parte dos grupos conservadores pelos sérios atritos com a Igreja Católica (na "Questão Religiosa"); pela perda do apoio político dos grandes fazendeiros em virtude da abolição da escravatura, ocorrida em 1888, sem a indenização dos proprietários de escravos.
Da parte dos grupos progressistas, havia a crítica que a
monarquia mantivera, até muito tarde, a escravidão no país. Os
progressistas criticavam, também, a ausência de iniciativas com vistas
ao desenvolvimento do país fosse econômico, político ou social, a manutenção de um regime político de castas e o voto censitário, isto é, com base na renda anual das pessoas, a ausência de um sistema de ensino universal, os altos índices de analfabetismo e de miséria e o afastamento político do Brasil em relação a todos demais países do continente, que eram republicanos.
Assim, ao mesmo tempo em que a legitimidade imperial decaía, a
proposta republicana - percebida como significando o progresso social -
ganhava espaço. Entretanto, é importante notar que a legitimidade do
Imperador era distinta da do regime imperial: Enquanto, por um lado, a
população, de modo geral, respeitava e gostava de dom Pedro II, por
outro lado, tinha cada vez em menor conta o próprio império. Nesse
sentido, era voz corrente, na época, que não haveria um terceiro
reinado, ou seja, a monarquia não continuaria a existir após o
falecimento de dom Pedro II, seja devido à falta de legitimidade do
próprio regime monárquico, seja devido ao repúdio público ao príncipe consorte, marido da princesa Isabel, o francês Conde d'Eu. O conde tinha fama de arrogante, não ouvia bem, falava com sotaque francês e, além de tudo, era dono de cortiços
no Rio, pelos quais cobrava aluguéis exorbitantes de gente pobre.
Temia-se que, quando Isabel subisse ao trono, ele viesse a ser o
governante de fato do Brasil.
Embora a frase de Aristides Lobo
(jornalista e líder republicano paulista, depois feito ministro do
governo provisório), "O povo assistiu bestializado" à proclamação da
república, tenha entrado para a história, pesquisas históricas, mais
recentes, têm dado outra versão à aceitação da república entre o povo
brasileiro. É o caso da tese defendida por Maria Tereza Chaves de Mello (A República Consentida,
Editora da FGV, EDUR, 2007), que indica que a república, antes e depois
da proclamação, era vista popularmente como um regime político que
traria o desenvolvimento, em sentido amplo, para o país.
Crise econômica
A crise econômica agravou-se em função das elevadas despesas
financeiras geradas pela Guerra da Tríplice Aliança, cobertas por
capitais externos. Os empréstimos brasileiros elevaram-se de três
milhões de libras esterlinas em 1871 para quase 20 milhões em 1889, o
que causou uma inflação da ordem de 1,75% ao ano, no plano interno.
Questão abolicionista
A questão abolicionista impunha-se desde a abolição do tráfico
negreiro em 1850, encontrando viva resistência entre as elites agrárias
tradicionais do país. Diante das medidas adotadas pelo Império para a
gradual extinção do regime escravista, devido a repercussão da
experiência mal sucedida nos Estados Unidos de libertação geral dos escravos ter levado aquele país à guerra civil,
essas elites reivindicavam do Estado indenizações proporcionais ao
preço total que haviam pago pelos escravos a serem libertados por lei.
Estas indenizações seriam pagas com empréstimo externo.
Com a decretação da Lei Áurea
(1888), e ao deixar de indenizar esses grandes proprietários rurais, o
império perdeu o seu último pilar de sustentação. Chamados de
"republicanos de última hora" ou Republicanos do 13 de Maio, os
ex-proprietários de escravos aderiram à causa republicana, não por causa
de um sentimento, mas como uma "vingança" contra a monarquia.
Na visão dos progressistas, o Império do Brasil mostrou-se
bastante lento na solução da chamada "Questão Servil", o que, sem
dúvida, minou sua legitimidade ao longo dos anos. Mesmo a adesão dos
ex-proprietários de escravos, que não foram indenizados, à causa
republicana, evidencia o quanto o regime imperial estava atrelado à
escravatura.
Assim, logo após a princesa Isabel assinar a Lei Áurea, João Maurício Wanderley, Barão de Cotegipe, o único senador do império que votou contra o projeto de abolição da escravatura, profetizou:
“
A senhora acabou de redimir uma raça e perder um trono!
”
Questão religiosa
Desde o período colonial, a Igreja Católica,
enquanto instituição, encontrava-se submetida ao estado. Isso se
manteve após a independência e significava, entre outras coisas, que
nenhuma ordem do papa poderia vigorar no Brasil sem que fosse previamente aprovada pelo imperador (Beneplácito Régio). Ocorre que, em 1872, Vital Maria Gonçalves de Oliveira e Antônio de Macedo Costa, bispos de Olinda e Belém do Pará respectivamente, resolveram seguir, por conta própria, as ordens do Papa Pio IX, que excluíam, da igreja, os maçons. Como membros de alta influência no Brasil monárquico eram maçons (alguns livros também citam o próprio dom Pedro II como maçom), a bula não foi ratificada.
Os bispos se recusaram a obedecer ao imperador, sendo presos. Em 1875, graças à intervenção do maçom Duque de Caxias,
os bispos receberam o perdão imperial e foram colocados em liberdade.
Contudo, no episódio, a imagem do império desgastou-se junto à Igreja
Católica. E este foi um fator agravante na crise da monarquia, pois o
apoio da Igreja Católica à monarquia sempre foi essencial à subsistência
da mesma.
Questão militar
Os militares do Exército Brasileiro
estavam descontentes com a proibição, imposta pela monarquia, pela qual
os seus oficiais não podiam manifestar-se na imprensa sem uma prévia
autorização do Ministro da Guerra.
Os militares não possuíam uma autonomia de tomada de decisão sobre a
defesa do território, estando sujeitos às ordens do imperador e do
Gabinete de Ministros, formado por civis, que se sobrepunham às ordens
dos generais. Assim, no império, a maioria dos ministros da guerra eram
civis.
Além disso, frequentemente os militares do Exército Brasileiro
sentiam-se desprestigiados e desrespeitados. Por um lado, os dirigentes
do império eram civis, cuja seleção era extremamente elitista e cuja
formação era bacharelesca, mas que resultava em postos altamente
remunerados e valorizados; por outro lado, os militares tinham uma
seleção mais democrática e uma formação mais técnica, mas que não
resultavam nem em valorização profissional nem em reconhecimento
político, social ou econômico. As promoções na carreira militar eram
difíceis de serem obtidas e eram baseadas em critérios personalistas em
vez de promoções por mérito e antiguidade.
A Guerra do Paraguai,
além de difundir os ideais republicanos, evidenciou aos militares essa
desvalorização da carreira profissional, que se manteve e mesmo
acentuou-se após o fim da guerra. O resultado foi a percepção, da parte
dos militares, de que se sacrificavam por um regime que pouco os
consideravam e que dava maior atenção à Marinha do Brasil.
Atuação dos republicanos e dos positivistas
Durante a Guerra do Paraguai,
o contato dos militares brasileiros com a realidade dos seus vizinhos
sul-americanos levou-os a refletir sobre a relação existente entre
regimes políticos e problemas sociais. A partir disso, começou a
desenvolver-se, tanto entre os militares de carreira quanto entre os
civis convocados para lutar no conflito, um interesse maior pelo ideal
republicano e pelo desenvolvimento econômico e social brasileiro.
Dessa forma, não foi casual que a propaganda republicana tenha tido, por marco inicial, a publicação do manifesto Republicano em 1870 (ano em que terminou a Guerra do Paraguai), seguido pela Convenção de Itu em 1873 e pelo surgimento dos clubes republicanos, que se multiplicaram, a partir de então, pelos principais centros no país.
Além disso, vários grupos foram fortemente influenciados pela maçonaria (Deodoro da Fonseca era maçom, assim como todo seu ministério) e pelo positivismo de Auguste Comte, especialmente, após 1881, quando surgiu a igreja Positivista do Brasil. Seus diretores, Miguel Lemos e Raimundo Teixeira Mendes, iniciaram uma forte campanha abolicionista e republicana.
A propaganda republicana era realizada pelos que, depois, foram
chamados de "republicanos históricos" (em oposição àqueles que se
tornaram republicanos apenas após o 15 de novembro, chamados de
"republicanos de 16 de novembro").
As ideias de muitos dos republicanos eram veiculadas pelo periódico A República. Segundo alguns pesquisadores, os republicanos dividiam-se em duas correntes principais:
Os evolucionistas, que admitiam que a proclamação da república era inevitável, não justificando uma luta armada;
Os revolucionistas, que defendiam a possibilidade de pegar em armas
para conquistá-la, com mobilização popular e com reformas sociais e
econômicas.
Embora houvesse diferenças entre cada um desses grupos no tocante às
estratégias políticas para a implementação da república e também quanto
ao conteúdo substantivo do regime a instituir, a ideia geral, comum aos
dois grupos, era a de que a república deveria ser um regime
progressista, contraposto à exausta monarquia. Dessa forma, a proposta
do novo regime revestia-se de um caráter social revolucionário e não
apenas do de uma mera troca dos governantes.
Golpe militar de 15 de novembro de 1889 e a proclamação da República
Charge da proclamação da República,
com José do Patrocínio em primeiro plano.
No Rio de Janeiro, os republicanos insistiram que o Marechal Deodoro da Fonseca, um monarquista, chefiasse o movimento revolucionário que substituiria a monarquia pela república.
Depois de muita insistência dos revolucionários, Deodoro da Fonseca concordou em liderar o movimento militar.
Segundo relatos históricos, em 15 de novembro de 1889, comandando
algumas centenas de soldados que se movimentavam pelas ruas da cidade do Rio de Janeiro,
o marechal Deodoro, assim como boa parte dos militares, pretendia
apenas derrubar o então Chefe do Gabinete Imperial (equivalente a primeiro-ministro), o Visconde de Ouro Preto. "Os principais culpados de tudo isso [a proclamação da República] são o conde D'Eu
e o Visconde de Ouro Preto: o último por perseguir o Exército e o
primeiro por consentir nessa perseguição", diria mais tarde Deodoro.
Adicionar legendaCarta do tenente-coronel Jacques Ourique ao Jornal do Commercio, representando a posição das tropas no dia 15 de novembro de 1889,
organizada pelo tenente-coronel de engenheiros A. E. Jacques Ourique e
desenhada por J. M. P. de Lima Junior, desenhista da I. de Obras
Públicas.
O golpe militar, que estava previsto para 20 de novembro de 1889, teve de ser antecipado. No dia 14, os conspiradores divulgaram o boato de que o governo havia mandado prender Benjamin Constant Botelho de Magalhães e Deodoro da Fonseca.
Posteriormente confirmou-se que era mesmo boato. Assim, os
revolucionários anteciparam o golpe de estado, e, na madrugada do dia 15 de novembro, Deodoro dispôs-se a liderar o movimento de tropas do exército que colocou um fim no regime monárquico no Brasil.
Os conspiradores dirigiram-se à residência do marechal Deodoro, que estava doente, com dispneia,
e acabam por convencê-lo a liderar o movimento. Aparentemente decisivo
para Deodoro foi saber que, a partir de 20 de novembro, o novo
Presidente do Conselho de Ministros do Império seria Silveira Martins,
um velho rival. Deodoro e Silveira Martins eram inimigos desde o tempo
em que o marechal servira no Rio Grande do Sul,
quando ambos disputaram as atenções da baronesa do Triunfo, viúva muito
bonita e elegante, que, segundo os relatos da época, preferira Silveira
Martins. Desde então, Silveira Martins não perdia oportunidade para
provocar Deodoro da tribuna do Senado, insinuando que malversava fundos e
até contestando sua eficácia enquanto militar.
Além disso, o major Frederico Sólon de Sampaio Ribeiro
dissera a Deodoro que uma suposta ordem de prisão contra ele havia sido
expedida, argumento que convenceu finalmente o velho marechal a
proclamar a República no dia 16 e a exilar a Família Imperial já à
noite, de modo a evitar uma eventual comoção popular.
Proclamação da República no Rio de Janeiro
(por Georges Scott, publicado
em Le Monde Illustré, nº 1.708, 21/12/1889).
Atentado contra o Barão de Ladário, então ministro da Marinha.
Desembarque de Dom Pedro II em Lisboa: a canoa imperial atraca no Arsenal da Marinha.
Convencido de que seria preso pelo governo imperial, Deodoro saiu de
sua residência ao amanhecer do dia 15 de Novembro, atravessou o Campo de Santana
e, do outro lado do parque, conclamou os soldados do batalhão ali
aquartelado, onde hoje se localiza o Palácio Duque de Caxias, a se
rebelarem contra o governo. Oferecem um cavalo ao marechal, que nele
montou, e, segundo testemunhos, tirou o chapéu e proclamou "Viva a
República!". Depois apeou, atravessou novamente o parque e voltou para a
sua residência. A manifestação prosseguiu com um desfile de tropas pela
Rua Direita, atual rua 1.º de Março, até o Paço Imperial.
Os revoltosos ocuparam o quartel-general do Rio de Janeiro e depois o Ministério da Guerra. Depuseram o Gabinete ministerial e prenderam seu presidente, Afonso Celso de Assis Figueiredo, Visconde de Ouro Preto.
No Paço Imperial, o presidente do gabinete (primeiro-ministro),
Visconde de Ouro Preto, havia tentando resistir pedindo ao comandante do
destacamento local e responsável pela segurança do Paço Imperial,
general Floriano Peixoto,
que enfrentasse os amotinados, explicando ao general Floriano Peixoto
que havia, no local, tropas legalistas em número suficiente para
derrotar os revoltosos. O Visconde de Ouro Preto lembrou a Floriano
Peixoto que este havia enfrentado tropas bem mais numerosas na Guerra do Paraguai.
Porém, o general Floriano Peixoto recusou-se a obedecer às ordens dadas
pelo Visconde de Ouro Preto e assim justificou sua insubordinação,
respondendo ao Visconde de Ouro Preto:
“
Sim, mas lá (no Paraguai) tínhamos em frente inimigos e aqui somos todos brasileiros!
”
Em seguida, aderindo ao movimento republicano, Floriano Peixoto deu voz de prisão ao chefe de governo Visconde de Ouro Preto.
Ovação popular ao Marechal
Deodoro da Fonseca e
Bocaiúva, na Rua do Ouvidor.
O único ferido no episódio da proclamação da república foi o Barão de Ladário, que resistiu à ordem de prisão dada pelos amotinados e levou um tiro. Consta que Deodoro não dirigiu crítica ao Imperador dom Pedro II
e que vacilava em suas palavras. Relatos dizem que foi uma estratégia
para evitar um derramamento de sangue. Sabia-se que Deodoro da Fonseca
estava com o tenente-coronel Benjamin Constant ao seu lado e que havia alguns líderes republicanos civis naquele momento.
Na tarde do mesmo dia 15 de novembro, na Câmara Municipal do Rio de Janeiro, foi solenemente proclamada a República.
À noite, na Câmara Municipal do Município Neutro, o Rio de Janeiro, José do Patrocínio
redigiu a proclamação oficial da República dos Estados Unidos do
Brasil, aprovada sem votação. O texto foi para as gráficas de jornais
que apoiavam a causa, e, só no dia seguinte, 16 de novembro, foi anunciado ao povo a mudança do regime político do Brasil.
Entrega da mensagem à D. Pedro II,
pelo Major Sólon, no dia 6 de novembro de 1889.
Dom Pedro II, que estava em Petrópolis,
retornou ao Rio de Janeiro. Pensando que o objetivo dos revolucionários
era apenas substituir o Gabinete de Ouro Preto, o Imperador D. Pedro II
tentou ainda organizar outro gabinete ministerial, sob a presidência do
conselheiro José Antônio Saraiva.
O imperador, em Petrópolis, foi informado e decidiu descer para a
Corte. Ao saber do golpe de estado, o Imperador reconheceu a queda do
Gabinete de Ouro Preto e procurou anunciar um novo nome para substituir o
Visconde de Ouro Preto. No entanto, como nada fora dito sobre República
até então, os republicanos mais exaltados espalharam o boato de que o
Imperador escolhera Gaspar Silveira Martins, inimigo político de Deodoro da Fonseca desde os tempos do Rio Grande do Sul, para ser o novo chefe de governo.Deodoro da Fonseca então convenceu-se a aderir à causa republicana. O
Imperador foi informado disso e, desiludido, decidiu não oferecer
resistência.
No dia seguinte, o major Frederico Sólon
de Sampaio Ribeiro entregou a dom Pedro II uma comunicação,
cientificando-o da proclamação da república e ordenando sua partida para
a Europa,
a fim de evitar conturbações políticas. A família imperial brasileira
exilou-se na Europa, só lhes sendo permitida a sua volta ao Brasil na década de 1920.
Controvérsias
Constituição de 1891.
Documento sob guarda do Arquivo Nacional.
Com a proclamação da república, "segundo todas as probabilidades",
acabaria também o Brasil, pensava, no fim do século XIX, o escritor
português Eça de Queirós. "Daqui a pouco" - acrescentava, numa das suas cartas de Fradique Mendes, publicadas depois de sua morte sob o título de "Cartas Inéditas de Fradique Mendes", e transcritas por Gilberto Freyre em sua obra "Ordem e Progresso"
“
O que
foi o Império estará fracionado em Repúblicas independentes de maior ou
menor importância. Impelem a esse resultado a divisão histórica das
províncias, as rivalidades que entre elas existem, a diversidade do
clima, do caráter e dos interesses, e a força das ambições locais. [...]
Por outro lado, há absoluta impossibilidade de que São Paulo, a Bahia, o
Pará queiram ficar sob a autoridade do general fulano ou do bacharel
sicrano, presidente, com uma corte presidencial no Rio de Janeiro [...]
Os Deodoros da Fonseca vão-se reproduzir por todas as províncias. [...]
Cada Estado, abandonado a si desenvolverá uma história própria, sob uma
bandeira própria, segundo o seu clima, a especialidade da sua zona
agrícola, os seus interesses, os seus homens, a sua educação e a sua
imigração. Uns prosperarão, outros deperecerão. Haverá talvez Chiles
ricos e haverá certamente Nicaráguas grotescas. A América do Sul ficará
toda coberta com os cacos de um grande império.
”
O sociólogo Gilberto Freyre entendeu que Eça de Queirós errou redondamente
“
Profecia
que de modo algum se realizou. E não se realizou por lhe ter faltado
quase de todo consistência sociológica; ou ter se baseado apenas numa
estreita parassociologia, quando muito, política; e esta quase
inteiramente lógica. Lógica e de gabinete: nem sequer intuitiva no seu
arrojo profético [...] O "coração íntimo" dos brasileiros da época que
se seguiu à proclamação da república, se examinado de perto [...]
haveria de mostrar-lhe que existia entre a gente do Brasil, do Norte ao
Sul do país, uma unidade nacional já tão forte, quanto às crenças, aos
costumes, aos sentimentos, aos jogos, aos brinquedos dessa mesma gente,
quase toda ela de formação patriarcal, católica e ibérica nas
predominâncias dos seus característicos, que não seria com a simples e
superficial mudança de regime político, que aquele conjunto de valores e
de constantes de repente se desmancharia! ...Continue lendo...
A China revelou a sequência inicial de voos que farão parte da sua terceira fase de exploração espacial tripulada.
Esta
terceira fase integra a construção da sua estação espacial modular TG
Tiangong, cujo primeiro módulo será lançado em 2018 ou provavelmente em
2019. Este será o módulo Tianhe que será colocado em órbita por um
foguetão CZ-5B Chang Zheng-2B a partir do Complexo de Lançamento LC 101
do Centro de Lançamentos Espaciais de Wenchang, Hainan.
O
Tianhe terá uma massa de cerca de 22.000 kg, tendo um comprimento de
19,1 metros e um diâmetro máximo de 4,2 metros. O módulo será colocado
numa órbita Continue lendo...
O programa espacial chinês, nome dado ao programa tecnológico de
exploração do espaço da República Popular da China, que teve início em
1956, através da cooperação em ciência, tecnologia espacial e
desenvolvimento de foguetes do governo comunista da República Popular da
China com a então União Soviética. É um dos programas espaciais de
maior expansão e é coordenado pela Administração Espacial Nacional da
China, a agência espacial chinesa.
Início
Durante
a cordial relação entre as duas nações durante os anos 1950, a União
Soviética se engajou num programa de transferência de tecnologia à
China, no qual treinaram estudantes chineses a construírem um protótipo
de foguete. Em 1956, o cientista Tsien Hsue-Shen propôs e obteve
apoio do governo de Mao Tse Tung para um programa pioneiro de mísseis
balísticos, do qual se tornou diretor. O plano apresentado, chamado de Plano de Doze Anos
para o desenvolvimento de uma tecnologia espacial chinesa, visava o
desenvolvimento do projeto de um satélite, a ser colocado em órbita em
1959.
Com o rompimento de relações entre os dois países em 1960, a URSS
retirou seu apoio e a transferência de tecnologia, mas...Continue lendo...
O debate sobre se
Portugal deve ou não acolher refugiados sírios tem incendiado as redes
sociais. Como eu gosto de ser um bom comburente também vou dar a minha
opinião sobre o assunto. Vamos lá então ver os dez motivos que devem
levar Portugal a recusar-se a receber refugiados sírios, esses patifes!
"Eles vêm para cá e não respeitam as nossas regras!"
Este argumento é
colocado nos comentários do Facebook por alguém que o escreveu no seu
smartphone enquanto conduzia. Depois, toldado pela raiva, passou dois
vermelhos, atropelou uma velha e fez um manguito ao ultrapassar uma
criança paraplégica. De repente, o português começou a dar muitíssimo
valor às regras do seu país. Os portugueses adoram regras, toda a gente
sabe disso e ai de quem venha para cá quebrá-las! O crime e a falta de
civismo é propriedade intelectual dos portugueses e até temos patentes e
tudo. Basta ver as estatísticas e perceber que a grande maioria dos
muçulmanos, especialmente os que vivem no ocidente, é cumpridora e
contribui para a boa cidadania. Basta ver os países com uma comunidade
muçulmana enorme e que não é por causa deles que as coisas correm mal ou
que estão piores do que Portugal. Têm as pancadas deles, claro, como
nós também temos pessoas que escrevem livros com as conversas que
tiveram com Jesus Cristo. Há malucos em todo o lado. A única coisa em
que concordo é que entrar num banco ou bomba de gasolina, mascarado de
ninja com uma burka, não devia ser permitido. Quero igualdade para todos
e se eu não posso andar nu a passear o São Bernardo no metro, não quero
cá mulheres tapadas da cabeça aos pés no meu pais. Já nos basta o falso
puritanismo tão tipicamente lusitano.
"Eles estão a recusar comida!"
Argumentam muitas
pessoas que acreditam nas publicações do Correio da Manhã e nas
partilhas feitas no Facebook daqueles sites
"www.somosbuecrediveis.todaaverdade.a.serio.com.br". São pessoas que
após lerem as gordas de uma notícia não se dão ao trabalho de pesquisar
um pouco e tentar perceber se é verdade, ou qual a razão que levou a
isso. Estou a falar de várias notícias falsas que circulam nas redes
sociais como aquela que mostra um vídeo
onde os refugiados parecem estar a rejeitar comida. Os
conspiracionistas do Facebook apressaram-se a concluir que era porque
vinham em pacotes da Cruz Vermelha e que, por isso, os fazia lembrar
Deus Nosso Senhor dos Católicos. Se
pesquisarem um bocadinho vão descobrir o que realmente aconteceu: ao
que parece, os refugiados estavam na fronteira entre a Macedónia e a
Grécia, há três dias, no meio do nada e à chuva. Queriam passar, foram
mal recebidos e maltratados, e decidiram fazer greve de fome para tentar
acelerar o processo. Simples, não é? Mas mesmo que tivessem recusado
por causa disso, era só uma minoria de palermas ali no meio de tanta
gente desesperada. Se eu estivesse lá e me trouxessem uma caixinha com
sushi, eu também os mandava à merda e recusava.
"Eles só querem ir para os países ricos!"
Comenta um símio com
acesso à Internet enquanto recusa um convite para ir a um restaurante de
sushi abaixo da qualidade a que ele está habituado. Os portugueses já
tiveram várias vagas de emigração em busca de uma vida melhor, de mais
trabalho e melhores condições para os seus filhos. Embora seja
diferente, já que estes estão a fugir da guerra, acho que é fácil de
perceber que eles, já que tiveram de desertar do seu país, queiram ir
para onde lhes seja garantida uma melhor qualidade de vida e
oportunidades. Quando se é recebido com gás pimenta e lacrimogéneo e com
balas de borracha na Macedónia, por exemplo, e se é tratado como gado
idoso na Hungria, se calhar fica-se desconfiado e prefere-se continuar a
jornada até um país que sabem que não lhes fará isso. Quem usa este
argumento são aquelas pessoas que fizeram birra quando os pais alugaram
uma casa de férias sem piscina. São pessoas que acampam à espera do novo
iPhone, para poderem continuar a debitar palermices no Facebook, mas
com uma resolução melhor.
"Primeiro estão os nossos sem-abrigo!!!"
Fico muito contente em
ver a preocupação com uma causa que me é muito querida. Os portugueses,
afinal, preocupam-se imenso com quem tem o céu como tecto. Há esperança
para Portugal! Com esta onda de solidariedade, espero que para a semana
que vem nunca mais ver pessoas a dormir na rua. É bonito ver o PNR a
fazer campanha com isso e a querer ajudar quem tanto precisa. Desde que
não sejam "pretos", nem "maricas", claro. Nesse caso nem são dignos das
pedras da calçada! Só se lhes forem atiradas à cabeça, obviamente. Sim,
devemos ajudar os nosso sem-abrigo e quem passa dificuldades em
Portugal, mas isso não implica que não se abram as portas a quem vem a
fugir de uma guerra. Se metade das vozes que surgem com este argumento
fizesse alguma coisa para ajudar, garanto-vos que não havia um único
sem-abrigo nas ruas portuguesas. Esta alegação é como dizer «As
andorinhas que migram para Portugal e fazem ninho na altura da Primavera
estão a roubar os telhados que deviam ser dos nossos pintassilgos! Além
disso cagam-me o carro todo! PS: Nada contra as andorinhas. Não sou racista!».
"Se são refugiados, porque é que a maioria são homens?!"
Onde estão as mulheres e
as crianças, para além daquela que deu à costa? Onde andam eles?
Qualquer pessoa inteligente perceberá que em todas as vagas de migração
primeiro vão os homens e, só depois, as mulheres e as crianças. Os
homens vão em busca de um local melhor e de condições para depois
poderem trazer a família sem a ter de a sujeitar a uma viagem que poderá
ter como destino a morte. Eu percebo que fosse muito mais interessante
ver desembarcar nas praias portuguesas botes cheios
de ginastas suecas e contorcionistas búlgaras, mas é o que há meus
amigos. Não sejam esquisitos quanto à raça, género e religião de quem
precisa de auxílio. Vejam o lado bom, para crianças ranhosas cujos pais
não as souberam educar, já bastam as nossas.
"Eu não sou racista, mas... os muçulmanos são todos terroristas é são bichos nos quais não podemos confiar! "
Concordo. Os muçulmanos são pessoas de merda. Mas os católicos também. E os ateus idem. No geral, as pessoas são uma merda. Aliás,
é por isso que os migrantes em vez de se juntarem à jihad, ao lado do
Estado Islâmico, preferem arriscar a vida para chegar a um país seguro e
ainda livre da guerra santa. Sim,
hoje há mais ataques terroristas perpetrados por alguém em nome de Alá
do que em nome de Cristo. Dou-vos isso. Pelo menos, ataques com bombas e
com fogo de artificio, porque se me perguntarem, contribuir para que
milhares de pessoas morram com HIV dizendo-lhes que usar preservativo é
pecado, talvez possa ser considerado um bocadinho terrorista. Não sei se
sou eu que sou picuinhas, mas é o que me parece.
Cometem-se atrocidades em nome da religião, seja ela qual for, e sim, há
muitos países que são estados religiosos islâmicos que cometem crimes
contra a humanidade. A Arábia Saudita é um deles, mas como é aliado e
tem petróleo do bom, ninguém faz nada. Também se mutilam mulheres,
genitalmente, em países maioritariamente cristãos. Aliás, o Islão só
está atrasado em relação às cruzadas e à Inquisição, não são piores,
chegaram foi mais tarde à festa. O único problema é acreditarem piamente
que no céu estarão virgens gostosonas e safadas para lhes fazerem
cafuné no turbante, depois de se rebentarem para defender o profeta. Se
os católicos acreditassem tanto quanto eles, garanto-vos que andavam
também aí a fazer merda como gente grande. É óbvio que a esmagadora
maioria dos muçulmanos é pacífica. Infelizmente, há radicais que lhes
dão mau nome. Radicais esses tão perigosos como quaisquer outros, seja
qual for o credo ou clube de futebol.
"É um cavalo de Tróia do Estado Islâmico!"
Diz alguém, utilizando a
expressão «cavalo de Tróia» que aprendeu apenas ao ver o filme com o
Brad Pitt. Os jihadistas que enfaixaram aviões contras as torres gémeas
não precisaram de uma estratégia tão elaborada, nem de vir num bote
mata-vidas a arriscar a sua, para fazer estragos contra
os infiéis ocidentais. Nem os do Charlie Hebdo. Nem os do metro
de Londres. Nem os do metro de Madrid. Nem os da Dinamarca. Acho que é
fácil perceber que eles, se quiserem muito, arranjam maneira de chegar
cá, até porque é fácil entrar na Europa pela Turquia e depois passar
para o espaço Schengen. Claro que é possível que lá no meio das centenas
de milhares de refugiados venha um gajo ou outro mais avariado dos
cornos, mas isso há em todo o lado. Por esse prisma não se ajuda
ninguém, já que há sempre um sem-abrigo que vai gastar tudo em vinho em
vez em vez de endireitar a vida. A Síria está como está porque está a
combater o Estado Islâmico, em vez de lhes dar via verde para que passem
e cheguem mais perto de nós.
"Os países árabes que fiquem com eles!"
Sim, porque o Médio
Oriente é a zona mais estável do mundo para onde toda a gente quer ir
morar. Não há nenhum risco de a guerra se espalhar para os países
vizinhos, que parvoíce. Nem há países árabes cujos governos financiam o
Estado Islâmico e outros movimentos jihadistas... que ideia parva! Eu
nem sei se os países árabes e civilizados (Que choque! Há disso?), estão
a disponibilizar algum tipo de ajuda, mas mesmo que não, a obrigação de
ajudar não é de ninguém, é de todos. Se os outros não ajudam, mais uma
razão para sermos nós. Se vamos por essa ordem de ideias, quem os devia
acolher eram os Estados Unidos da América, o maior causador da
instabilidade naquela zona e que fecharam os olhos aos crimes horrendos
que se iam fazendo na Síria. Fosse uma posição geográfica estratégica ou
estivesse apinhada de petróleo, que tinham ido logo lá espalhar a
democracia com os seus tanques e F-16s. «Portugal é o país que melhor
sabe receber. É o país mais hospitaleiro.» ouve-se amiúde. Sim, mas
desde que sejam estrangeiros brancos e com dinheiro e boas gorjetas para
dar.
"Quem quer ajudar que lhes dê uma casa!"
Eu cá não quero sírios
em minha casa. Nem pretos. Nem ciganos. Nem brancos, portugueses ou
estrangeiros. Não quero ninguém na minha casa porque sou um gajo que não
gosta de pessoas no geral nem de ter estranhos a invadir-me a
privacidade. Se eu quisesse pessoas na minha casa fazia couchsurfing que
ainda podia ser que aparecesse um grupo de modelos de lingerie da
Letónia. Não quero ninguém em minha casa mas posso ser a favor que se
criem locais e estruturas para ajudar quem precisa, ou não? Não me
importo que os meus impostos (e as ajudas externas) sejam utilizados
para garantir a segurança e o bem-estar de quem foge da guerra. Quem usa
este argumento é quem diz «Acho muito bem que mandem a Cova da Moura
abaixo e os realojem, desde que não seja num raio de 20km da minha
casa.» Ainda assim, mais depressa tinha uma família de sírios com dez
crianças a morar na minha dispensa e a comer-me as latas de atum, do que
alguém que acha que se devem fechar fronteiras e deixar as pessoas à
mercê do destino de que não tiveram culpa. Não sei se é por morada na
Buraca, mas até acho que uns sírios iam melhorar a minha vizinhança.
"Porque estou a cagar-me para o sofrimento deles!"
Ora aqui está um
excelente argumento e talvez o único que faz real sentido. A única razão
para não se querer acolher refugiados é a falta de empatia pelo
sofrimento alheio. É não estar disposto ao risco mínimo que é ter por cá
uns poucos milhares de pessoas a fugir da guerra, por se valorizar
muito mais a comodidade e a segurança pessoal. Eu percebo este
argumento, eu também não como uma feijoada com a lágrima no olho por
saber que há crianças a morrer à fome todos os dias. Admitam. Não vos
interessa se eles morrem ou não, mesmo que tenham partilhado a foto da
criança morta na praia, acompanhada de uma citação de um site
brasileiro. Admitam que são um bocadinho racistas, xenófobos e que não
gostam de muçulmanos. Admitam e deixem de ser hipócritas.
Até consigo perceber a
razão de alguns destes argumentos e acho que se deve debater o assunto
com inteligência e acautelar o futuro. Não acho que quem está contra que
se acolham refugiados sejam tudo más pessoas. Algumas são só burras e desinformadas. Mesmo
acreditando que alguns destes argumentos são válidos, é fácil
colocá-los no prato de uma balança e ver que ela pende para o outro
lado. Não está em causa ajudar refugiados sírios. Está em causa ajudar
seres humanos. A maioria sem culpa nenhuma pelo que está a passar e que
só teve o azar de nascer no lugar errado à hora errada. Não é Portugal,
Espanha ou a Micronésia que devem ajudar. É o mundo que se tem que
ajudar a ele próprio para que ainda haja alguma esperança desta merda
não ir toda ao ar. Se
calhar, mas só se calhar, talvez se evite violência a longo prazo
ajudando quem precisa e não ostracizando e recusando-lhes condições para
terem uma vida decente. Talvez haja mais terrorismo no futuro contra
quem não os quis acolher, do que contra quem lhes deu a mão na hora de
maior aperto. Digo eu. Não sei. As pessoas são um bocado mal
agradecidas, é um facto.
Por fim, queria só
descansar-vos e dizer-vos para se preocuparem muito, já que os sírios
que acolhermos vão-se embora mal percebam a quantidade e gente
hipócrita, sem compaixão e falsa moralista que há neste país. Advogam
aos sete ventos a moral e os bons costumes, mas quando é para ajudar,
está quieto ó pessoa de cor. Os sírios, mal percebam que não há emprego,
fazem como muitos dos nossos jovens e emigram para países mais
civilizados. Sim, porque acredito que a maioria dos sírios queira mesmo
trabalhar e não ficar em casa a coçar a sacola dos girinos e a mandar
postas de pescada no Facebook. Enfim,
é a minha opinião. Vale o que vale. Quem gosta, gosta, quem não gosta,
emigra para outro blogue e sai de casa para dar comida a um sem-abrigo.
Está bom? Vá, boa continuação...Continue lendo...