UMA JUSTA HOMENAGEM
O Governo Federal militar do Brasil de 1973 sob o comando do general Geisel, homenageou o legendário Capitão PEDRO TEIXEIRA, o “Conquistador da Amazônia Brasileira”, colocando seu nome no trecho da rodovia BR.316 que liga São Luís no Maranhão a Belém do Pará.
Foi uma homenagem
que fez justiça ao soldado intrépido e sertanista Pedro Teixeira por seu
pioneirismo na ligação terrestre Norte-Nordeste e no reconhecimento das
ricas terras maranhenses atravessadas pela BR. 316, que mais tarde
seriam integradas, racionalmente, ao processo de Desenvolvimento do
Nordeste e do Brasil.
Mas quem foi Pedro Teixeira?
Após a expulsão dos franceses do Maranhão em fins de 1615, o governo português determina o envio de uma expedição à foz do rio Amazonas, com vistas a consolidar sua posse sobre a região. A força expedicionária lusa foi constituída por três companhias. Como subalterno de uma delas, seguia o então alferes Pedro Teixeira.
A 12 de Janeiro de 1616, a tropa entrou na Baía de Guajará. Desembarcou numa ponta de terra firme, onde desde logo foram iniciadas as obras de instalação e defesa. Em local bem selecionado, foi erguido o Forte que tomou o nome de Presépio, origem da atual cidade de Belém.
O destemido desbravador prossegue prestando inestimáveis serviços à coroa portuguesa. Combate holandeses e ingleses em muitas refregas, bem como realiza várias entradas de exploração dos sertões amazônicos.
A maior de todas as suas façanhas teria início em Outubro de 1639. À frente de 2.500 pessoas, entre militares, índios e familiares, empreende viagem de exploração da calha do rio Amazonas, partindo de Belém. Empregando cerca de 50 grandes canoas, atinge Quito, no Equador, e regressa a Belém depois de haver percorrido mais de 10.000 km de rios e trilhas. Com esse feito – um dos maiores de nossa história – contribuiria para assegurar a posse de vasta porção da bacia amazônica por parte de Portugal.
Como reconhecimento pelos seus 25 anos de profícuos serviços ao Rei de Portugal, Pedro Teixeira foi nomeado para o cargo de Capitão-Mor do Grão-Pará. Tomou posse em Fevereiro de 1640. Infelizmente, sua gestão foi curta, durando até Maio de 1641. A 4 de Julho desse ano faleceu na mesma Belém que auxiliou a fundar e consolidar.
Mais de três séculos após sua morte, os empreendimentos de Pedro Teixeira ainda nos causam admiração. As lutas travadas contra os invasores estrangeiros e a exploração da bacia amazônica fizeram-no um dos maiores heróis da então Colônia no século XVII.
Por isso, sua figura deve representar o símbolo da luta pela preservação da soberania brasileira sobre a Amazônia.
Portugal associou-se a esta homenagem fazendo-se representar pelo presidente da Portugal Telecom, que participou no evento e anunciou a instituição do Premio Pedro Teixeira e o lançamento de um sítio na Internet sobre este capítulo da história luso-brasileira e sobre os impactos futuros da descoberta da Amazônia.
O premio vai distinguir os três melhores trabalhos realizados por estudantes entre 12 e 18 anos, organizados em grupos de quatro ou cinco alunos, sobre a vida, o percurso ou o impacto dos feitos do desbravador português que ousou subir a remo o rio Amazonas, à frente de uma expedição com 2500 homens.
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PIONEIRISMO NA LIGAÇÃO TERRESTRE SÃO LUÍS X BELÉM
O
jovem Alferes Pedro Teixeira, o herói consagrado nas batalhas que
culminaram com a expulsão dos franceses de La Ravardière do Maranhão, em
3 de novembro de 1615, após participar da expedição militar que fundou
Belém, em 12 de janeiro de 1616, recebeu ordens do fundador desta, o
capitão Castelo Branco para “explorar e balizar um caminho terrestre
ligando as bases militares portuguesas de São Luís e Belém, para
garantir o apoio terrestre militar mútuo entre dois pontos fortes, de
vez que a rota marítima era vulnerável a ataques de barcos ingleses,
irlandeses e holandeses, com suas bases em fortificações e feitorias
estabelecidas no canal norte do estuário do Amazonas.”
Castelo
Branco pediu ainda a Pedro Teixeira que levasse notícias a Alexandre de
Moura, conquistador do Maranhão sobre o êxito da sua expedição militar
marítima e terrestre, que resultou na fundação de Belém e da FELIZ
LUZITÂNIA, de onde se irradiaria a conquista da Amazônia Brasileira.
Por
fim pede que Pedro Teixeira obtenha e transporte por mar reforços para
consolidar militarmente o Forte do Presépio ou do Castelo, ameaçado de
destruição por índios tupinambás hostis aos luso-descendentes. Pede
também uma ofensiva visando a destruição das feitorias e fortificações
inglesas, holandesas e irlandesas estabelecidas no canal norte do
estuário do rio Amazonas.”
PEDRO TEIXEIRA deixou então
Belém a 4 de março de 1616 acompanhado por uma pequena escolta de
soldados e um grupo de índios amigos.
Atingiu São Luís, após 2
meses de penosa jornada, por terras nunca antes percorridas pelo homem
branco e povoadas de índios bravios.
Entre os vales dos rios Guamá
e Gurupi foi atacado por índios tupinambás, vencendo-os e submetendo-os
à sua obediência, criando temporariamente, condições de segurança para a
importante ligação militar estratégica que estabeleceu.
Foi recebido como herói em São Luís e muito festejado pelas autoridades e povo por seu brilhante e ousado feito.
Depois
de cumprir suas missões retornou a Belém, por água. Levava preciosos
reforços para a consolidação militar de Belém e para a atuação ofensiva
contra o invasor da FELIZ LUZITÂNIA: 80 arcabuzeiros, material bélico e
uniformes.
Com esta feliz e bem sucedida aventura, este
intrépido oficial abriu, com página de ouro, suas brilhantes folhas de
excepcionais serviços prestados durante mais de 25 anos às três causas
das conquistas do Maranhão e Amazônia Brasileira, manutenção da
Integridade das mesmas e da soberania luso-brasileira naquelas paragens,
sob séria ameaça de ingleses, irlandeses, holandeses e franceses
protestantes, inimigos da Igreja Católica atraídos às costas do Brasil
após a união das Coroas de Portugal e Espanha, em 1580, sob o governo de
Felipe II da Espanha.
HERÓI DA AFIRMAÇÃO DA SOBERANIA LUSO-BRASILEIRA NO ESTUÁRIO AMAZÔNICO
De
1616 a 1631, durante 15 anos, seu nome foi uma legenda no estuário e no
baixo Amazonas, na luta contra o invasor e contra os índios tupinambás,
hostis aos luso-descendentes.
Chefiou e participou de
diversas operações militares para arrasar feitorias e fortificações
inglesas, irlandesas e holandesas estabelecidas nos seguintes locais:
—Canal
do norte do estuário, Fortes TORREGO (foz do Marabá), FELIPE (de.
fronte a Mazagão), Forte CUMAÚ (pró ximo a Macapá) e feitorias ou
colônias de JENIPAPO (vale do Paru), UARIMIUACÁ e TILLETILLE (vale do
Cajari) tudo no Amapá, além de três fortins na Ilha de Gurupá.
—Na margem direita do Amazonas, Forte MARIOCAY (substituído
em 1623 pelo Forte português de SANTO ANTONIO DO GURUPÁ). MANTIUTUBA
próximo à foz do Xingu e colônias ou feitorias de ORANGE e NASSAU, no
vale do Xingu.
Por outro lado, Pedro Teixeira
destacou-se nas lutas para reduzir e pacificar índios tupinambás que
ameaçaram deitar por terra a conquista portuguesa de Belém e de outros
pontos litorâneos, entre estes São Luís, Cumã e Caités.
EXEMPLO DE BRAVURA E VALOR MILITAR
A bravura e o valor militar de PEDRO TEIXEIRA podem ser demonstrados no seguinte episódio:
Em
7 de agosto de 1611, partiu de Belém chefiando duas canoas armadas para
enfrentar um barco de guerra holandês que bordejava próximo à foz do
Xingu, distante três dias de Belém.
Ao defrontar-se o com o barco
inimigo travou-se singular combate naval. PEDRO TEIXEIRA e sua tropa
foram rechaçados pelos canhões da embarcação. Mas logo retornou e usou a
seguinte estratégia. Penetrou com suas canoas no ângulo morto dos
canhões inimigos. A seguir, abordou o barco holandês e travou violento
corpo-a-corpo com sua guarnição. Ferido em ação, retirou-se após haver
incendiado a nau inimiga, para não perecer no incêndio que a fez
naufragar. Mais tarde retornou ao local e chefiou a retirada, do fundo
do rio, dos canhões do barco submergido. Transportou-os para Belém, onde
foram reforçar as defesas do Forte do Castello, hoje muda testemunha de
suas façanhas e que deve, por um imperativo cívico, ser preservado da
destruição ou descaracterização, como relicário nacional, da mesma forma
que os Montes Guararapes em Pernambuco. Pedro Teixeira faleceu após
sete anos dessa batalha, isto é em 1641, batalha que moldou o espírito
de nacionalidade do Exército Brasileiro, mas do qual ele também teve
participação antecipada.
EXPLORADOR E CONQUISTADOR DA AMAZÔNIA BRASILEIRA
Em
1626 e 1628, chefiou Tropas de Resgates, respectivamente em expedições
aos vales do Tapajós e Negro. De 1637 a 1639 realizou sua grande epopeia que o consagraria com o merecido título “Conquistador da
Amazônia Brasileira”. Recebeu a chefia de uma grande expedição inspirada e
ordenada, sob forte reação popular e das Câmaras do Senado e de
Belém e São Luís, por Jacome de Noronha, Governador do Estado do
Maranhão e Grão-Pará, este criado, em 1621, desvinculado do restante do Brasil.
Nesta
altura Portugal já tramava sua independência de Espanha. E Jacome de
Noronha, herói intrépido das lutas para firmar a Soberania Ibérica no
estuário do grande rio, procurou antecipar-se à Espanha na
conquista efetiva da Amazônia, embora correndo o risco de desamparar seu
estado aos holandeses,em franco expansionismo, a partir do Recife, sob a
direção de Maurício de Nassau.
Jacome de Noronha teve de
convencer a população que a expedição era fundamental para conquistar-se
a amizade dos índios do Amazonas que se encarregariam de bloquear o acesso holandês, pelo rio, às ricas minas de Potosi, no Peru.
PEDRO
TEIXEIRA chegou a Belém em 25 de julho de 1637. Em 28 de outubro partiu
Portugal e Espanha, desde 1580 unidas sob a cabeça do rei da Espanha.
Em
16 de agosto de 1639 em gesto solene, em presença de militares da
Expedição de religiosos espanhóis, PEDRO TEIXEIRA, após apanhar um
punhado de terra e lançá-lo ao ar, proferiu em altas vozes estas
palavras de tão grande proleção nas dimensões continentais do Brasil e
nos destinos de grandeza, sob Deus, da Nacionalidade Brasileira:
“Tomo posse destas terras, pea Coroa de Portugal, em nome
do Rei Felipe IV, nosso senhor, Rei de Portugal e Espanha; e se houver
entre os presentes alguém que a contradiga ou a embargue que o escrivão
da expedição o registre, pois, presentes, por ordem da real audiência de
Quito, encontram-se religiosos da companhia de Jesus ...”
O
Escrivão da Expedição lavrou o “Termo de Posse” respectivo, assinado
por todos os oficiais e graduados da Expedição, o qual, após o término
desta, foi transcrito nos livros da Provedoria e Câmara do Senado de
Belém.
Os citados registros serviriam, mais tarde, de
primeiro argumento da doutrina do UTIPOSSIDETIS que presidiu o Tratado
de Madrid de 1750, o qual tornou sem efeito o Meridiano das TordesiIhas, Belém -Laguna em Santa Catarina, e confirmou a conquista luso-brasileira da Amazônia, realizada por PEDRO TEIXEIRA e seus bravos expedicionários.
Pouco
depois do retorno da expedição a Belém, Portugal tornou-se independente
de Espanha e na posse de uma colônia Continente, graças a esta
expedição e a de outros bandeirantes como Raposo Tavares, “O herói de
todas as distâncias”, que atingiu Belém, 11 anos depois da expedição
PEDRO TE!XERA, descendo o rio Amazonas pelo Madeira proveniente de São
Paulo.
MORTE DO HERÓI
PEDRO TEIXEIRA
foi nomeado Capitão-Mor do Grão-Pará, função equivalente, hoje, a de
Comandante Militar da Amazônia. Demitiu-se desta função, pouco antes de
sua morte em Belém, em 1641, vítima de rápida e insidiosa moléstia.
Na
ocasião preparava-se para viaiar para Lisboa, profundamente desgostotso
com as atitudes do Governador do Maranhão, Bento Maciel Parente, que
somente denotava preocupação em resguardar seus interesses particulares contra os holandeses, ou seja a defesa da capitania da qual era donatário, o atual Amapá, onde concentrou o grosso das tropas
disponíveis, em detrimento das defesas do Pará e Maranhão, este,
invadido e conquistado pelos holandeses, em 25 de novembro de 1641,
graças a um ardil, O governadorBento Maciel Parente foi preso e
exilado no Rio Grande do Norte. Pouco depois, o Grão-Pará receberia um
Capitão-Mor à altura de PEDRO TEIXEIRA.
Tratava-se de Jerônimo de
Albuquerque, o herói da resistência do Forte do Rio Formoso, em
Pernambuco, em 7 de fevereiro de 1631, onde escrevera uma das mais belas
e épicas páginas da História Militar do Brasil. Este bravo encontra-se
sepultado em Belém, na Igreja de N. S. do Carmo.
E que teve destacada atuação na libertação do Maranhão do jugo holandês, em 28 de fevereiro de 1645.
Em
6 de outubro de 1966, por iniciativa da Comunidade Portuguesa do Pará e
colaboração da Prefeitura de Belém, foi inaugurado um monumento a PEDRO
TEIXEIRA, na Praça Mauá. No Palácio do Governo do Pará existe a citada
pintura a óleo que fixa para a posteridade, a fundação de FRANCISCANA
por PEDRO TEIXEIRA, na fronteira Peru-Equador.
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FIDELIDADE A UM IDEAL NACIONAL
PEDRO TEIXEIRA foi fidelíssimo ao ideal político português —“Dilatar
a fé católica e o império” e, na Amazônia, ao pensamento militar
decorrente, assim sintetizado de modo muito feliz, pelo consagrado
historiador militar brasileiro, General Francisco de Paula Cidade,
Comandante da 8.° RM durante a Segunda Guerra Mundial.
“Julgada a causa justa, pedir proteção divina e atuar ofensivamente, mesmo em inferioridade de meios.”
Foi
por certo pensando na obra de homens da dimensão de PEDRO TEIXEIRA que
Joaquim Nabuco afirmou com grande autoridade certa feita :
“Nada da conquista de Portugal é mais extraordinário do que a conquista da Amazônia.”
Nada da construção do grande Brasil de nossos filhos e netos é mais grandioso, épico e comovente, do que a batalha para a Integração
e Desenvolvimento da Amazônia, sob inspiração de Deus. Batalha que
continua sendo travada, por brasileiros civis e militares, com comovente
determinação, audácia e patriotismo, para vencerem, com soluções
brasileiras, os desafios amazônicos , o “Desafio Brasileiro do
Século XXI“, no momento em que poderosos interesses econômicos
estrangeiros ameaçam a integridade e a soberania brasileira na área.
Foi
sob a emoção desta obra consagradora de nossos antepassados que o
poeta/aviador Tenente-Coronel José Carvalho Filho escreveu esta poesia a
bordo de um Búfalo da FAB, quando sobrevoava Roraima, onde o autor
estava sediado.
A UM PUNHADO DE BRAVOS (dizia ele)
No coração da Selva Amazônica,
Eu vi o homem brasileiro,
A golpes de ousadia
Criar a dimensão
De uma nova nação !
Vi, à sombra das árvores imensas
Surgirem construções,
Guiadas pelos sulcos vermelhos
Das estradas pioneiras ...
Sob o sol, sob
a chuva
Eu vi a natureza,
Num gesto de humildade
Curvar
-
se ante os heróis !
Vi um punhado de bravos !
Vi ...
Mãos
Calejadas pela rotina incansável,
Pés
Mergulhados nos igarapés virgens
Rostos
Marcados pelo bronze do sol,
Corpos
Suados pelo mor
maço da selva,
Olhos
Voltados para o novo amanhã
E senti,
No coração de cada um,
Aquela fé inquebrantável
Dos que marcaram encontro com o impossível
Para vencê-lo!!!
FONTES CONSULTADAS
1. BENTO, Cléudio Moreira, maj. A Batalha dos Guararapes,
Recife, UFPE, 1871, 2 v.2
2._____.Centenário do Libertador do Acre —Plácido de Castro, Belém, SUDAM, 1973.
3.BERREDO, Bernardo Pereira, Annaes Históricos do Estado do
Maranhão. Florença, Tipografia Barbera, 1905, 3 cd., 2 v.
4 —CIDADE, Francisco de Paula, gen. Síntese de três Séculos de literatura brasileira. Rio, Bibliex, 1959, p.13.35.
5 —HISTÓRIA DO EXÉRCITO BRASILEIRO. Expansão Territorial. Brasília. Estado Maior do Exército. 1973. v 1, p.210/233.6
6—LOBO Luiz, ccl. História Militar do Pará Rio, Bibliex, 1943.
7 —MARTINS, Marseno Alvim, cap. A Amazônia e Nós. Rio de Janeiro , Bibliex, 1971.
8 —REBELLO, Darino Castro, ten celrl. Transamazônica —Integração em Marcha. Rio de Janeiro: Ministério dos Transportes, 1973.
9 —REIS, Artliur Cezar Ferreira. Limites e Demarcaçôes na Amazônia Brasileira. Rio de Janeiro:Imprensa Nacional, 1942. 2v.
10_____.O Processo Histórico da Amazônia in: Problemática da Amazônia. Rio, Bibliex, 1971, p.91-100.
11.—SILVA, Renato Ignácio da. Amazônia Paraíso e Inferno
. Rio de Janeiro , Bibliex, 1970.
12 —SUDAM. Amazônia, Modelo de Integração
. Belém Divisão de Documentação, 1973.