...E ASSIM NASCEU PARAÍBA DO SUL

Paraíba do Sul

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Município de Paraiba do Sul
"A Rainha das Águas Minerais"
Entrada da cidade

Entrada da cidade
Bandeira de Paraiba do Sul
Brasão de Paraiba do Sul
Bandeira Brasão

Fundação 15 de janeiro de 1833
Gentílico sul-parahybano , sul-fluminense
Lema É Bom Viver Aqui!!!
CEP 25850-000
Prefeito(a) Márcio Abreu de Oliveira (DEM)
(2013–2016)
Localização
Localização de Paraiba do Sul
Localização de Paraiba do Sul no Rio de Janeiro
Paraiba do Sul está localizado em: Brasil
Paraiba do Sul
Localização de Paraiba do Sul no Brasil
22° 09' 43" S 43° 17' 34" O
Unidade federativa  Rio de Janeiro
Mesorregião Sul Fluminense IBGE/2008 
Microrregião Três Rios IBGE/2008 
Municípios limítrofes Areal, Belmiro Braga (MG), Comendador Levy Gasparian, Paty do Alferes, Petrópolis, Rio das Flores, Três Rios e Vassouras
Distância até a capital 138 km
Características geográficas
Área 580,803 km² 
População 41 088 hab. Censo IBGE/2010
Densidade 70,74 hab./km²
Altitude 275 m
Clima tropical de altitude Cwa
Fuso horário UTC−3
Indicadores
IDH-M 0,771 (RJ: 40º) – alto PNUD/2000 
PIB R$ 422 670,256 mil IBGE/2008
PIB per capita R$ 10 230,43 IBGE/2008
Página oficial

Parahyba do Sul é um município brasileiro do estado do Rio de Janeiro. Localizado na Mesorregião do Centro Fluminense e na Microrregião de Três Rios.

História

Parahyba do Sul é o município pioneiro da Serra Fluminense, disseminadora de civilização no que se chamava no século XVIII Sertão da Parahyba.
O município nasceu junto a um remanso descoberto no rio Paraíba do Sul em 1681 por Garcia Rodrigues Paes filho de Fernão Dias Paes Leme. O moço de 20 anos sabia que no raro remanso do caudaloso rio estava em cima da cidade do Rio de Janeiro, porto de mar que pretendia ligar às minas de pedras preciosas descobertas por seu pai, falecido naquele mesmo ano. Em Lisboa, em 1682, teve a decepção de sabê-las apenas turmalinas, mas prometeu a Pedro II o mais direto caminho que pode haver entre as minas e o mar. O rei prometeu-lhe terras e privilégios, desde que descobertos ouro e pedras preciosas.
Em 1683, Garcia abriu sobre o remanso a fazenda origem do município, quinze anos depois, descoberto o ouro, o canteiro-de-obra do Caminho que os historiadores chamam Novo. A Fazenda da Parahyba abasteceu com roças de milho, peixe do rio e caça da mata virgem a frente-de-trabalho de índios puris escravizados pelos agregados de Garcia, curibocas guainás do Planalto de São Paulo. De 1698 a 1700 abriu o trecho do Paraíba ao Rio de Janeiro, e até 1704 o que atingiu a Serra da Mantiqueira. Aí, na região da atual Barbacena, o Caminho Novo se juntou ao Velho, que vinha de São Paulo.
De 1709 a 1711 esteve Garcia em Lisboa, lutando para que Dom João V cumprisse as promessas do pai pela abertura do Caminho Novo. Foi nesse interregno que Maria Pinheiro da Fonseca, a esposa, guardou na fazenda o tesouro colonial trazido às pressas do Rio de Janeiro invadido pelos franceses. Recebeu Garcia sesmarias de quase 40 quilômetros ao longo do Caminho e mais de 13 de largura, e um alvará de vila para sua fazenda que não lhe interessou utilizar, por atrair forasteiros (a luta entre paulistas e reinóis no Rio das Mortes — Guerra dos Emboabas — mostrou a concorrência que enfrentaria). A família Paes Leme, de seus descendentes, reteve a fazenda e a arrendava até a criação revolucionária da vila cabeça-de-município em 1833.
Ponte da Parahyba do Sul em 1859
Guarda-Mor Geral das Minas vitalício desde 1702, ao falecer em Paraíba a 7 de março de 1738 Garcia Rodrigues Paes era a maior fortuna do Brasil Colonial. Entretanto, estava na miséria aos 20 anos quando descobriu o remanso no Paraíba, já que o pai gastara toda a fortuna perambulando sete anos no sertão com a famosa Bandeira das Esmeraldas, que deu em turmalinas.
Aspecto interessante ainda de Parahyba do Sul é guardar o único túmulo conhecido dos restos mortais de Tiradentes. Na vila de Sebolas foram expostos e inumados no cemitério da fazenda o braço e o tórax esquerdos do Herói. Hoje o local é uma várzea, onde pastam bois. O Instituto Histórico e Geográfico do município sugere construir-se ali, com o apoio de fundações culturais do País, o que denomina Parque Histórico de Sebolas.
Câmara Municipal de Paraíba do Sul
Existem muitas outras histórias envolvendo o município, aqui nasceram e morreram pessoas ligadas às grandes figuras históricas nas artes, na política e na literatura, a primeira esposa de Villa Lobos por exemplo(que em muitos momentos da composição de seu marido esteve ao seu lado corrigindo as partituras, visto que era uma excelente conhecedora dessa arte), e muitas outras figuras menos conhecidas, que de uma maneira ou de outra participaram da construção de nossa civilização tal como conhecemos.
Em Paraíba do Sul existem muitas pontes, duas para tráfego de carros e uma para tráfego de trem, por onde hoje passa a Maria Fumaça, atração turística do município.
Ponte sobre o Rio Paraíba do Sul,
construída pelo Barão de Mauá
Existem grandes belezas no município em sua geografia acidentada na parte rural, e muitas áreas verdes convidativas a um dia de lazer, muitos hotéis dentro e fora do meio urbano, cachoeiras, fontes de água mineral e tantos outros atrativos, inclusive um santuário visitado todo ano por peregrinos.
Paraíba do Sul desempenhou um importante papel no desenvolvimento regional, tendo sua ponte centenária que cruza o rio Paraíba sido construída pelo entusiasta Barão de Mauá.
Há também várias Fazendas antigas em Paraíba do Sul envolvidas de curiosidades e com rico valor histórico, arquitetônico e cultural para a região centro-sul fluminense. Exemplo da Fazenda Maravilha do Governo em que Dom Pedro II fez breve passagem com sua comitiva.


Geografia

Localizada a 306 m de altitude, Paraíba do Sul fica na latitude 22º09'43" sul e na longitude 43º17'34" oeste. Possui área de 582,21 km².
O ponto culminante do município é a Pedra da Tocaia, localizada no distrito de Vila Salutaris, com cerca de 700 m de altura. Devido à altura privilegiada, a pedra era utilizada pelos bandeirantes para fiscalizar os arredores do município – dai o nome Pedra da Tocaia.

Relevo

As peculiaridades do relevo são as Serras Alto da Terra Seca (858 m), do Retiro (800 m), de Cavaru (700 m), do Catete (535 m). Os tipos de solo predominantes no município são o latosssolo vermelho, o podzólico vermelho-amarelo, o mediterrâneo vermelho-amarelo, e associações latossólico alaranjado podzólico e latossólico vermelho podzólico.

Hidrografia

As peculiaridades da hidrografia são os rios Preto e Parahyba do Sul.

Meio ambiente

Segundo dados da FEEMA (1990/91), em Parahyba do Sul são encontrados os seguintes problemas ambientais:

Semicríticos - erosão do solo, vetores, risco de acidentes e mineração;
Em estado de alerta - deficiência de sistemas de esgotamento sanitário, degradação de áreas de preservação, deficiência de cobertura arbórea, precárias condições de vida, processo de desmatamento, agrotóxicos e ocupação de encostas.

Vista panorâmica da Praça Marquês de São João Marcos (Jardim Velho)
em Parahyba do Sul

   

 

 

Subdivisões

A cidade de Paraíba do Sul é dividida em quatro distritos e 42 bairros.

Distrito Nome Habitantes
1º Distrito (sede) Paraíba do Sul 19.629
2º Distrito Salutaris 15.780
3º Distrito Inconfidência 1.900
4º Distrito Werneck 3.775 

Infraestrutura

Saúde

A cidade de Paraíba do Sul conta com uma rede de postos de saúde municipais.Cada bairro conta com uma UBS (Unidade Básica de Saúde) que oferece aos moradores atendimento médico agendado, farmácia com medicamentos, acompanhamento à pacientes por agentes comunitários de saúde, acompanhamentos odontológicos e entre outros tipos de assistência.
Além das UBSs a cidade conta com dois hospitais.
  • O Hospital Nossa Senhora da Piedade: que nasceu da fundação da Irmandade Nossa Senhora da Piedade(então vontade deixada por testamento de Mariana Claudina Pereira de Carvalho,Condessa do Rio Novo em 1880) que presta assistencialismo de asilo, educandário e hospitalar.
  • O Hospital Estadual de Traumatologia e Ortopedia Dona Lindu:inaugurado em 24/06/2010 ,primeiro da rede própria especializada em cirurgias ortopédicas de média e alta complexidade, com capacidade para realizar 2,2 mil procedimentos cirúrgicos por ano.O HTO Dona Lindu foi planejado para atender uma população estimada em mais de um milhão de habitantes das regiões do Médio Paraíba e Centro Sul, porém beneficiará pacientes de todo o Estado do Rio de Janeiro, por meio de parceria com o Ministério da Saúde, via Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (Into).


Cidade de Veraneio
Fazenda em Paraíba do Sul em 1886.
Pintura de Johann Georg Grimm

Na antiga Província Fluminense a cidade de Paraíba do Sul era visitata por várias personalidades da época:"de tão gloriosa tradição, era cidade frequentada por figuras notáveis no cenário nacional. O município tinha a economia apoiada na lavoura cafeeira, que no Segundo Reinado foi o berço da aristocracia rural.(...) Nossa cidade era então perfeita estação de repouso, principalmente em suas ricas e, para o tempo, confortáveis fazendas.(...)Foram visitantes frequentes Fagundes Varela, poeta que colaborou fartamente na imprensa local; Antônio Tibúrcio Ferreira de Sousa, que certa vez realizou conferência sobre aspectos da guerra do Paraguai em casa de dr. Leandro Bezerra Monteiro;o botânico francês Auguste François Marie Glaziou; o lente Politécnica, conselheiro José Saldanha da Gama, que aqui fez ótima amizades, como o dr.Joaquim Pereira da Cunha, da fazenda Governo." Entre outras figuras a do na época senador do Império Cândido Mendes de Almeida onde instalou sua banca de advogado e uma tipográfia."Guimarães Passos, Luís Murat e Olavo Bilac vinha também com frequência a Paraíba(...)".

Arquitetura religiosa

Vista do Santuário Bom Jesus
de Matosinhos em Paraíba do Sul
Vista interna do Santuário
Bom Jesus de Matosinhos
em Paraíba do Sul

A cidade de Paraíba do Sul conta com algumas igrejas e capelas que são envolvidas de rico valor histórico e arquitetônico. São elas:
  • Santuário Bom Jesus de Matosinhos : localizado no pico de uma pequena serra no Distrito de Werneck a 19,5 Km da sede construida em 1959 a igreja é ladeada por palmeiras imperiais, onde existia no centro um cruzeiro de madeira que marcava a antiga capela e o acesso se da por uma ampla escadaria.Sua fachada principal apresenta duas torres sineiras com cúpulas.



 Vista da imagem de Jesus
crucificado do Santuário Bom Jesus
de Matosinhos em Paraíba do
Sul atribuida a Aleijadinho

Data de antes de 1774 a devoção ao Senhor Bom Jesus de Matosinhos.No Santuário existe a Sala de Milagres que são atribuídos aos pedidos que os peregrinos fazem neste local rspectivos milagres para suas devidas preces.Existe também no Santuário uma fonte de água de uso comum. Nela, e em seu entorno, acontece no último domingo de agosto a maior festa religiosa do Estado do Rio de Janeiro.Especula-se que a imagem de Jesus crucificado presente no Santuário seja de autoria de Aleijadinho.
  • Igreja Matriz de Santo Antônio dos Pobres da Encruzilhada: A devoção no local à Santo Antônio surgiu do sepultamento improvisado de um menino que se chamava Antônio a quem fora negado sepulcro nos cemitérios mais próximos do pequeno povoado da Encruzilhada pois o menino faleceu de varíola e avia medo de propagação pela população,isso no ano de 1839. Daí no ano de 1855 criou-se a paróquia a Santo Antônio dos Pobres da Encruzilhada do Lucas. A partir desse ano começou a construção da igreja terminada em 1872.
Igreja Matriz de Santo Antônio
em Paraíba do Sul
  • Igreja Nossa Senhora do Rosário: Localizada no cume do Morro do Rosário a construção da igreja teve início no ano de 1854 e terminada no ano de 1870. No ano de 1881 foi erguida sua torre com 4 sinos de bronze e um relógio de origem iglesa que por vários anos serviu de referência para informar a hora para a população da cidade.
  • Igreja Matriz de São Pedro e São Paulo
  • Capela de Nossa Senhora das Graças
  • Igreja Matriz de N. S. de Sant'Ana de Sebolas

Faculdade Ferroviária

Adicionar legendaVista latera da
Faculdade Ferroviária, CEPEFER,
em Paraíba do Sul
 No dia 9 de fevereiro de 2012 é inaugurado, após reformas, nas antigas instalações do Colégio Sul-Fluminense uma escola municipal e o então Centro de Estudos de Pesquisas Ferroviárias e Rodoviárias, conhecido como CEPEFER. A instituição oferecerá cerca 20 cursos técnicos e cinco cursos de graduação voltados para a área ferroviária que contarão com um laboratório ferroviário de 14 km de extensão ( antiga malha ferroviária que é utilizada também para o turismo com o passeio de antiga locomotiva movida a vapor) em que os alunos utilizarão com o intuito de aprimorar seu aprendizado.

Pontos turísticos



  • Praça marquês de São João Marcos: mais conhecida como Jardim Velho a praça se encontra no centro da cidade.Nela e em seu entorno que se realizam festividades populares da cidade como o carnaval e o Encontro Nacional de Motociclistas realizado anualmente.A praça é composta por palmeiras imperiais que foram colocadas em fileiras em formato de cruz em novembro de 1868.No centro existe um coreto que antigamente era utilizado para apresentações de bandas de música da cidade.
  • Ponte da Parahyba: construída sobre o rio Paraíba do Sul pelo Barão de Mauá é composta por cinco pilares construídos sobre as rochas do rio que dão sustento a um elaborado sistema de vigamento metálico treliçado com grande valor histórico.Foi inaugurada em 13 de dezembro de 1857 sendo que até o ano de 1859 era cobrado pedágio aos seus usuários.
  • Pedra de Monte Cristo: formação rochosa do município envolvida de lendas e mistérios.
  • Cachoeira de Monte Cristo: localiza-se em Carvalhais à 23 quilômetros do centro da cidade. Possui aproximadamente 100 metros de altura. Suas águas são transparentes e frias.
  • Parque das Águas Minerais Salutaris
  • Pedra da Tocaia
  • Estação Ferroviária e Centro Cultural Luis Carlos Tavares Coelho
  • Museu Tiradentes: conhecido também como Museu da Inconfidência foi inaugurado em 1972 e encontra-se instalado numa pequena casa no distrito de Inconfidência, Sebollas. O Museu foi criado para expor um resultado de escavação feita no antigo cemitério e capela de Sant'Ana que foram achados ossos atribuídos ao braço e tórax esquerdo de Tiradentes.

Palmeiras Imperiais no Jardim VelhoParaíba do Sul





Estátua que representa uma das estações do ano no Jardim Velho

Entorno do Jardim Velho em Paraíba do Sul
Coreto no centro do Jardim Velho

Chafariz do Jardim Velho em Paraíba do Sul

Prefeitura do município de Paraíba do Sul

Igreja do Rosário na cidade de Paraíba do Sul

Antiga estação ferroviária de 1913 de Paraíba do Sul

Antiga fachada da Fábrica de Rendas Finas Paraíba em Paraíba do Sul

Igreja Paróquia de São Pedro e São Paulo no Município de Paraíba do Sul, estado do Rio de Janeiro

Vista da ponte sobre o rio Paraíba e da cidade de Paraíba do Sul no final do século XIX ,estado do Rio de Janeiro

Museu Tiradentes encontra-se instalado numa pequena casa no distrito de Incofidência, Sebollas, Paraíba do Sul.


 
Parahyba do Sul (1886)
 

 
   Cultura

Datas de tradicionais eventos do município

  • 15 de Janeiro : Aniversário da cidade
  • 21 de abril : Festividade em memória de Tiradentes no distrito de Sebollas
  • 30 de abril : Encontro nacional de motociclistas em Paraíba do Sul
  • 5 dias no mês de maio ou junho : Tradicional Exposição Agropecuária de Paraíba do Sul
  • 13 de junho : Saudosa festa à Santo Antônio
  • 29 de junho : Saudosa festa à São Pedro e São Paulo
  • 29 de agosto : Tradicional festa do Santuário Bom Jesus de Matosinhos 

Sul-parahybanos notórios

  • Agripino Grieco
  • Antônio Barroso Pereira
  • Antônio José Soares de Souza Júnior
  • Antônio Moreira de Castilho
  • Cândido Mendes de Almeida Júnior
  • Dom José Rodrigues de Souza
  • Domingos Elias Alves Pedra
  • Giselle Gobbi
  • Giuseppe Artidoro Ghiaroni
  • Helder Caldeira
  • Hilário Joaquim de Andrade
  • José Vieira Machado
  • Laureano Correia e Castro
  • Lucília Guimarães
  • Nívea Stelmann
  • Pedro Correia e Castro
  • Ruy Maurity


Matéria em construção...



Joia portuguesa volta à moda e é usada por estrelas de Hollywood


Joia chamada filigrana é feita de forma artesanal em Portugal.

André Luiz Azevedo 




O ouro levado do Brasil Colônia ajudou a produzir muitas joias portuguesas na antiga metrópole. Agora, uma dessas joias, chamada de filigrana, voltou à moda usada por estrelas de Hollywood. Por isso, os correspondentes André Luiz Azevedo e Eduardo Torres foram até o norte de Portugal conhecer pequenas oficinas artesanais que trabalham da mesma forma há séculos.
"Parece cena do século XVIIII. Senhorinhas portuguesas passeando na beira do Rio Douro. Vestidas a caráter, sombrinha e tudo, mas é claro que o que chama a atenção aqui são as joias. Ouro, muito ouro. Correntes, colares, broches, penduricalhos mil. Tudo reluzindo como só o ouro é capaz. Essa apresentação, feita especialmente para o Jornal Hoje, acontece na cidade de Gondomar, no extremo norte de Portugal. A capital da filigrana portuguesa.
Porque é aqui que estão concentradas as pequenas oficinas artesanais que ainda produzem da mesma forma há séculos. Dona Olga Bandeira é uma dessas artesãs.
- Há quanto tempo que a senhora trabalha com a filigrana?
- Há 43 anos.
- E aprendeu com quem?
- Com a minha mãe.
- E sua mãe aprendeu com quem?
- Com uma vizinha, um vizinho.
- É sempre uma coisa familiar?
- Exato, exato.

São ferramentas simples, pinça e tesourinha para enrolar fio a fio. Os fios formam caracóis que se transformam numa renda, que preenche todos os espaços e criam obras de arte. O museu da cidade tem peças valiosas. Caixas, bolsas, caravelas e, claro, brincos e corações… Aqui tudo é em ouro de verdade.

A filigrana é usada também em outros países, no Oriente principalmente, de onde veio a influência quando Portugal foi ocupado pelos árabes há mais de mil anos. São influências islâmicas que foram deixadas na Península Ibérica a partir do ano de 711.

As contas de ouro são típicas da região. O cordão era uma forma de poupança e as mulheres exibiam as joias para demonstrar a riqueza das famílias.
Só que agora o fio usado não é mais de ouro. É de prata folheada a ouro. Mais barata, mas com a mesma beleza. Porque o coração de ouro de verdade pode custar 20 vezes mais do que de prata folheada.  Mas nós ainda não falamos em detalhes sobre a joia mais famosa: o coração de filigrana. Ele tem inspiração religiosa. Uma homenagem ao Sagrado Coração de Jesus.
A joia voltou a ficar na moda. A revista com a foto da atriz americana Sharon Stone usando o coração de filigrana está em destaque na oficina do casal Antonio e Rosa Cardoso. Eles fizeram a joia que a atriz ganhou de presente. É porque o trabalho é todo artesanal.  O fio é enrolado um a um, soldado até ganhar forma. Atualmente restam poucas oficinas que ainda trabalham assim.
Um coração virado para o lado esquerdo, o lado do coração. Só mesmo dando os parabéns para tanta beleza."

Moda de Portugal


Olá amigas Lusófilas!
Hoje estou trazendo para vocês um vídeo com as modas de Portugal.
Confira o video mostrando entrevistas com apreciadores de moda portugueses.

Dicas de Maquiagem

NATÁLIA CORREIA




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Data de nascimento: 13 de setembro de 1923
Local de nascimento: Fajã de Baixo, Ponta Delgada
Nacionalidade: Portugal português
Data de morte: 16 de março de 1993 (69 anos)
Local de morte: Lisboa
Ocupação: Poeta, activista

Natália de Oliveira Correia GOSE • GOL (Fajã de Baixo, São Miguel, 13 de Setembro de 1923 — Lisboa, 16 de Março de 1993 ) foi uma intelectual, poeta (a própria recusava ser classificada como poetisa por entender que a poesia era assexuada) e activista social açoriana, autora de extensa e variada obra publicada, com predominância para a poesia. Deputada à Assembleia da República (1980-1991), interveio politicamente ao nível da cultura e do património, na defesa dos direitos humanos e dos direitos das mulheres. Autora da letra do Hino dos Açores. Juntamente com José Saramago (Prémio Nobel de Literatura, 1998), Armindo Magalhães, Manuel da Fonseca e Urbano Tavares Rodrigues foi, em 1992, um dos fundadores da Frente Nacional para a Defesa da Cultura (FNDC). Tem uma biblioteca com o seu nome em Lisboa em Carnide.

A obra de Natália Correia estende-se por géneros variados, desde a poesia ao romance, teatro e ensaio. Colaborou com frequência em diversas publicações portuguesas e estrangeiras. Foi uma figura central das tertúlias que reuniam em Lisboa nomes centrais da cultura e da literatura portuguesas nas décadas de 1950 e 1960. Ficou conhecida pela sua personalidade livre de convenções sociais, vigorosa e polémica, que se reflecte na sua escrita. A sua obra está traduzida em várias línguas.

Biografia

Quando tinha apenas onze anos o pai emigra para o Brasil, fixando-se Natália com a mãe e a irmã em Lisboa, cidade onde fez estudos liceais no Liceu D. Filipa de Lencastre. Iniciou-se na literatura com a publicação de uma obra destinada ao público infanto-juvenil mas rapidamente se afirmou como poetisa.
Notabilizada através de diversas vertentes da escrita, já que foi poetisa, dramaturga, romancista, ensaísta, tradutora, jornalista, guionista e editora , tornou-se conhecida na imprensa escrita e, sobretudo, na televisão, com o programa Mátria, onde advogou uma forma especial de feminismo (afastado do conceito politicamente correcto do movimento), o matricismo, identificador da mulher como arquétipo da liberdade erótica e passional e fonte matricial da humanidade; mais tarde, à noção de Pátria e de Mátria acrescenta a de Frátria.
Dotada de invulgar talento oratório e grande coragem combativa, tomou parte activa nos movimentos de oposição ao Estado Novo, tendo participado no MUD (Movimento de Unidade Democrática, 1945), no apoio às candidaturas para a Presidência da República do general Norton de Matos (1949) e de Humberto Delgado (1958) e na CEUD (Comissão Eleitoral de Unidade Democrática, 1969). Foi condenada a três anos de prisão, com pena suspensa, pela publicação da Antologia da Poesia Portuguesa Erótica e Satírica, considerada ofensiva dos costumes, (1966) e processada pela responsabilidade editorial das Novas Cartas Portuguesas de Maria Isabel Barreno, Maria Velho da Costa e Maria Teresa Horta. Foi responsável pela coordenação da Editora Arcádia, uma das grandes editoras portuguesas do tempo.
A sua intervenção política pública levou-a ao parlamento, para onde foi eleita em 1980 nas listas do PPD (Partido Popular Democrático), passando a independente. Foi autora de polémicas intervenções parlamentares, das quais ficou célebre, num debate sobre o aborto, em 1982, a réplica satírica que fez a um deputado do CDS sobre a fertilidade do mesmo.
Fundou em 1971, com Isabel Meireles, Júlia Marenha e Helena Roseta, o bar Botequim, onde durante as décadas de 1970 e 1980 se reuniu grande parte da intelectualidade portuguesa. Foi amiga de António Sérgio (esteve associada ao Movimento da Filosofia Portuguesa), David Mourão-Ferreira ("a irmã que nunca tive"), José-Augusto França ("a mais linda mulher de Lisboa"), Luiz Pacheco ("esta hierofântide do século XX"), Almada Negreiros, Maria Pia de Saxe-Coburgo e Bragança , Mário Cesariny ("era muito mais linda que a mais bela estátua feminina do Miguel Ângelo"), Ary dos Santos ("beleza sem costura") , Amália Rodrigues, Fernando Dacosta, entre muitos outros. Foi uma entusiasmada e grande impulsionadora pelo aparecimento do espectáculo de café-concerto em Portugal, na figura do polémico travesti Guida Scarllaty, o actor Carlos Ferreira, na época um jovem arquitecto de quem era grande amiga. Na sua casa, foi anfitriã de escritores famosos como Henry Miller, Graham Greene ou Ionesco.
A 13 de Julho de 1981 foi feita Grande-Oficial da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada. Natália Correia recebeu, em 1991, o Grande Prémio de Poesia da Associação Portuguesa de Escritores pelo livro Sonetos Românticos. No mesmo ano a 26 de Novembro foi feita Grande-Oficial da Ordem da Liberdade.
Natália Correia casou quatro vezes. Após dois primeiros curtos casamentos, casou em Lisboa a 31 de Julho de 1953 com Alfredo Luís Machado (1904-1989), a sua grande paixão, bem mais velho do que ela e já viúvo, casamento este que durou até à morte deste, a 17 de Fevereiro de 1989. (São já notáveis as cartas de amor da jovem Natália para Alfredo Luís Machado.) Em 1990, tinha Natália 67 anos de idade, celebrou um casamento de conveniência com o seu colaborador e amigo Dórdio Guimarães.

Morte

Na madrugada de 16 de Março de 1993, morreu , subitamente, com um ataque cardíaco, em sua casa, depois de regressada do Botequim. A sua morte precoce deixou um vazio na cultura portuguesa muito difícil de preencher. Legou a maioria dos seus bens à Região Autónoma dos Açores, que lhe dedicou uma exposição permanente na nova Biblioteca Pública de Ponta Delgada, instituição que tem à sua guarda parte do seu espólio literário (que partilha com a Biblioteca Nacional de Lisboa) constante de muitos volumes éditos, inéditos, documentos biográficos, iconografia e correspondência, incluindo múltiplas obras de arte e a biblioteca privada.




Ode à Paz

Pela verdade, pelo riso, pela luz, pela beleza,
Pelas aves que voam no olhar de uma criança,
Pela limpeza do vento, pelos actos de pureza,
Pela alegria, pelo vinho, pela música, pela dança,
Pela branda melodia do rumor dos regatos,

Pelo fulgor do estio, pelo azul do claro dia,
Pelas flores que esmaltam os campos, pelo sossego dos pastos,
Pela exactidão das rosas, pela Sabedoria,
Pelas pérolas que gotejam dos olhos dos amantes,
Pelos prodígios que são verdadeiros nos sonhos,
Pelo amor, pela liberdade, pelas coisas radiantes,
Pelos aromas maduros de suaves outonos,
Pela futura manhã dos grandes transparentes,
Pelas entranhas maternas e fecundas da terra,
Pelas lágrimas das mães a quem nuvens sangrentas
Arrebatam os filhos para a torpeza da guerra,
Eu te conjuro ó paz, eu te invoco ó benigna,
Ó Santa, ó talismã contra a indústria feroz.
Com tuas mãos que abatem as bandeiras da ira,
Com o teu esconjuro da bomba e do algoz,
Abre as portas da História,
                               deixa passar a Vida!

Natália Correia, in "Inéditos (1985/1990)"

O Livro dos Amantes

I

Glorifiquei-te no eterno.
Eterno dentro de mim
fora de mim perecível.
Para que desses um sentido
a uma sede indefinível.

Para que desses um nome
à exactidão do instante
do fruto que cai na terra
sempre perpendicular
à humidade onde fica.

E o que acontece durante
na rapidez da descida
é a explicação da vida.

II

Harmonioso vulto que em mim se dilui.
Tu és o poema
e és a origem donde ele flui.
Intuito de ter. Intuito de amor
não compreendido.
Fica assim amor. Fica assim intuito.
Prometido.

III

Príncipe secreto da aventura
em meus olhos um dia começada e finita.
Onda de amargura numa água tranquila.
Flor insegura enlaçada no vento que a suporta.
Pássaro esquivo em meus ombros de aragem
reacendendo em cadência e em passagem
a lua que trazia e que apagou.

IV

Dá-me a tua mão por cima das horas.
Quero-te conciso.
Adão depois do paraíso
errando mais nítido à distância
onde te exalto porque te demoras.

V

Toma o meu corpo transparente
no que ultrapassa tua exigência taciturna
Dou-me arrepiando em tua face
uma aragem nocturna.

Vem contemplar nos meus olhos de vidente
a morte que procuras
nos braços que te possuem para além de ter-te.

Toma-me nesta pureza com ângulos de tragédia.
Fica naquele gosto a sangue
que tem por vezes a boca da inocência.

VI

Aumentámos a vida com palavras
água a correr num fundo tão vazio.
As vidas são histórias aumentadas.
Há que ser rio.

Passámos tanta vez naquela estrada
talvez a curva onde se ilude o mundo.
O amor é ser-se dono e não ter nada.
Mas pede tudo.

VII

Tu pedes-me a noção de ser concreta
num sorriso num gesto no que abstrai
a minha exactidão em estar repleta
do que mais fica quando de mim vai.

Tu pedes-me uma parcela de certeza
um desmentido do meu ser virtual
livre no resultado de pureza
da soma do meu bem e do meu mal.

Deixa-me assim ficar. E tu comigo
sem tempo na viagem de entender
o que persigo quando te persigo.

Deixa-me assim ficar no que consente
a minha alma no gosto de reter-te
essencial. Onde quer que te invente.

VIII

Eis-me sem explicações
crucificada em amor:
a boca o fruto e o sabor.

IX

Pusemos tanto azul nessa distância
ancorada em incerta claridade
e ficamos nas paredes do vento
a escorrer para tudo o que ele invade.

Pusemos tantas flores nas horas breves
que secam folhas nas árvores dos dedos.
E ficámos cingidos nas estátuas
a morder-nos na carne dum segredo.

Natália Correia, in "Poemas (1955)"

NATÁLIA E A POLÍTICA

"A nossa entrada (na CEE) vai provocar gravíssimos retrocessos no país, a Europa não é solidária com ninguém, explorar-nos-á miseravelmente como grande agiota que nunca deixou de ser. A sua vocação é ser colonialista".
"A sua influência (dos retornados) na sociedade portuguesa não vai sentir-se apenas agora, embora seja imensa. Vai dar-se sobretudo quando os seus filhos, hoje crianças, crescerem e tomarem o poder. Essa será uma geração bem preparada e determinada, sobretudo muito realista devido ao trauma da descolonização, que não compreendeu nem aceitou, nem esqueceu. Os genes de África estão nela para sempre, dando-lhe visões do país diferentes das nossas. Mais largas mas menos profundas. Isso levará os que desempenharem cargos de responsabilidade a cair na tentação de querer modificar-nos, por pulsões inconscientes de, sei lá, talvez vingança!"
"Portugal vai entrar num tempo de subcultura, de retrocesso cultural, como toda a Europa, todo o Ocidente".
"Mais de oitenta por cento do que fazemos não serve para nada. E ainda querem que trabalhemos mais. Para quê? Além disso, a produtividade hoje não depende já do esforço humano, mas da sofisticação tecnológica".
"Os neoliberais vão tentar destruir os sistemas sociais existentes, sobretudo os dirigidos aos idosos. Só me espanta que perante esta realidade ainda haja pessoas a pôr gente neste desgraçado mundo e votos neste reaccionário centrão".
"Há a cultura, a fé, o amor, a solidariedade. Que será, porém, de Portugal quando deixar de ter dirigentes que acreditem nestes valores?"
"As primeiras décadas do próximo milénio serão terríveis. Miséria, fome, corrupção, desemprego, violência, abater-se-ão aqui por muito tempo. A Comunidade Europeia vai ser um logro. O Serviço Nacional de Saúde, a maior conquista do 25 de Abril, e Estado Social e a independência nacional sofrerão gravíssimas rupturas. Abandonados, os idosos vão definhar, morrer, por falta de assistência e de comida. Espoliada, a classe média declinará, só haverá muito ricos e muito pobres. A indiferença que se observa ante, por exemplo, o desmoronar das cidades e o incêndio das florestas é uma antecipação disso, de outras derrocadas a vir"."
 
Escrito há 28 anos...ou terá sido hoje? A Senhora era excêntrica mas...
Parece que era BRUXA, mas não, foi apenas uma escritora HONESTA.
Natália Correia - intelectual, poeta, activista social açoriana, deputada à Assembleia da República pelo Círculo do PPD (Partido Popular Democrático), faleceu em 16 de Março de 1993, com 69 anos de idade.

As premonições de Natália

Natália Correia
Nota: Todas as citações foram retiradas do livro "O Botequim da Liberdade", de Fernando Dacosta.
 


Bibliografia activa

  • Grandes Aventuras de um Pequeno Herói (romance infantil), 1945
  • Anoiteceu no Bairro (romance), 1946 ; 2004
  • Rio de Nuvens (poesia), 1947
  • Descobri Que Era Europeia: impressões duma viagem à América (viagens), 1951 ; 2002
  • Sucubina ou a Teoria do Chapéu (teatro), em colab. com Manuel de Lima, 1952
  • Poemas (poesia), 1955
  • Dimensão Encontrada (poesia), 1957
  • O Progresso de Édipo (poema dramático), 1957
  • Passaporte (poesia), 1958
  • Poesia de Arte e Realismo Poético (ensaio), 1959
  • Comunicação (poema dramático), 1959
  • Cântico do País Emerso (poesia), 1961
  • A Questão Académica de 1907 (ensaio), 1962
  • Antologia de Poesia Portuguesa Erótica e Satírica: dos cancioneiros medievais à actualidade (Antologia), 1965 ; 2000
  • O Homúnculo, tragédia jocosa (teatro), 1965
  • Mátria (Poesia), 1967
  • A Madona (Romance), 1968 ; 2000
  • O Encoberto (Teatro), 1969 ; 1977
  • O Vinho e a Lira (Poesia), 1969
  • Cantares dos Trovadores Galego-Portugueses (Antologia), 1970 ; 1998
  • As Maçãs de Orestes (Poesia), 1970
  • Trovas de D. Dinis, [Trobas d'el Rey D. Denis] (Poesia), 1970
  • A Mosca Iluminada (Poesia), 1972
  • O Surrealismo na Poesia Portuguesa (Antologia), 1973 ; 2002
  • A Mulher, antologia poética (Antologia), 1973
  • O Anjo do Ocidente à Entrada do Ferro (Poesia), 1973
  • Uma Estátua para Herodes (Ensaio), 1974
  • Poemas a Rebate, (poemas censurados de livros anteriores) (poesia), 1975
  • Epístola aos Iamitas (poesia), 1976
  • Não Percas a Rosa. Diário e algo mais (25 de Abril de 1974 - 20 de Dezembro de 1975) (Diário), 1978 ; 2003
  • O Dilúvio e a Pomba (poesia), 1979
  • Erros Meus, Má Fortuna, Amor Ardente (teatro), 1981 ; 1991
  • Antologia de Poesia do Período Barroco (antologia), 1982
  • Notas para uma Introdução às Cantigas de Escárnio e de Mal-Dizer Galego-Portuguesas (ensaio), 1982
  • A Ilha de Sam Nunca: atlantismo e insularidade na poesia de António de Sousa (antologia), 1982
  • A Ilha de Circe (romance), 1983 ; 2001
  • A Pécora, peça escrita em 1967 (teatro), 1983 ; 1990
  • O Armistício (poesia), 1985
  • Onde está o Menino Jesus? (contos), 1987
  • Somos Todos Hispanos (ensaio), 1988 ; 2003
  • Sonetos Românticos (poesia), 1990 ; 1991
  • As Núpcias (romance), 1992
  • O Sol nas Noites e o Luar nos Dias (poesia completa), 1993 ; 2000
  • Memória da Sombra, versos para esculturas de António Matos (poesia), 1993
  • D. João e Julieta, peça escrita em 1959 (teatro), 1999
  • A Ibericidade na Dramaturgia Portuguesa (ensaio), 2000
  • Breve História da Mulher e outros escritos (antologia de textos de imprensa), 2003
  • A Estrela de Cada Um (antologia de textos de imprensa), 2004 



CULINÁRIA ÍTALO-BRASILEIRA

A Influência da Gastronomia Italiana no Brasil





A Itália é considerada o berço da cozinha ocidental, pois o intenso comércio de alimentos na região do império, centrado no mercado circular da cidade de Roma, fez transitar pelo local, caravanas recheadas de alimentos vindos de toda a Europa, África e Oriente: cereais, pão, vinho, azeitona, legumes e frutas secas e frescas, amêndoas, nozes, avelãs, pinhões, leite, etc.
Os italianos dispensam o preparo sofisticado, valorizam o sabor e o perfume natural dos ingredientes de suas terras, considerados alguns dos melhores da Europa e complementam com molho e tempero. À mesa, os melhores momentos são oferecidos pelas pastas, peixes, frutos do mar e cortes especiais de carne. Estes pratos são preparados com azeite de oliva e recebem generosas doses de ervas frescas, como alecrim, estragão, salsa, sálvia, tomilho, manjerona, orégano, manjericão, e folhas de louro. São, também, amplamente utilizados na cozinha italiana: alho, cebola, atum, presunto, anchova, mussarela de búfala, tomate e acaparra. Como complemento, estão presentes os pães e excelentes vinhos produzidos no país.
            


A rica e variada culinária italiana, distinta nas várias regiões do país, influenciou a culinária de praticamente todo o mundo. As pizzas e massas são encontradas em qualquer país. 



A gastronomia italiana começou a se espalhar pelo mundo, através fatos históricos, como por exemplo, o casamento em 1533 de Catarina de Médici com o futuro rei francês, Henrique II. Catarina, baseada no poder da família Médici, determinou os padrões gastronômicos e de refinamento na França, ela levou para a França luxuosos aparelhos de mesa, como porcelanas, toalhas, objetos de ouro e prata e copos de cristal e os cozinheiros italianos, que introduziram pratos mais elaborados e requintados.


 Com a chegada dos imigrantes no Brasil, muitos alimentos foram introduzidos no cardápio do local. Até a chegada dos italianos, não era um costume consumir grande variedade de frutas e verduras.  Encontrando quintais com terrenos disponíveis, os italianos que optavam viver nos centros urbanos formavam hortas onde cultivavam hortaliças e legumes não só para o consumo familiar, mas também para a venda.
A berinjela, por exemplo, muito cultivada na Itália, ainda não era popular no Brasil. Com a vinda destes imigrantes, este alimento foi implementado na mesa da família brasileira. Outro elemento muito utilizado, era o fubá. Por sua vez, era encontrado com facilidade, pois os nativos o utilizavam para fazer angu. Desse modo, os italianos puderam manter aqui o hábito de empregar este derivado do milho na fabricação de polenta e broas. Hábito que não passou despercebida pelos brasileiros, que a viam como um indicativo de identidade dos italianos e passaram também a consumir estes alimentos. 



O vinho, outro ícone do costume alimentar italiano, já existente em loco.Mas a tradição de bebê-lo às refeições foi seguramente promovida e fortalecida por eles. Muitos italianos que viviam nas cidades abriram estabelecimentos que ofereciam gêneros alimentícios próprios das cozinhas regionais italianas. E também foi somente depois que os italianos se fixaram no meio urbano que começaram a surgir as padarias. Até então, o pão praticamente não entrava na dieta diária do brasileiro. O macarrão foi outro alimento que passou a ser mais consumido. O costume na Itália era tão costumeiro, que ali se inventaram mais de 500 variedades de tipos e formatos de massa – na língua italiana, pasta. 


Um importante passo na história deste prato foi a incorporação do tomate em forma de molho para a cobertura da massa. Deste costume surgiu a conhecida expressão "italiana la pasta asciutta col pomodoro in copa", que significa justamente “a massa (cozida em água fervente e escorrida com tomate em cima”. Até o advento do molho de tomate, a massa seca era consumida com os dedos. E não podemos falar de massas sem mencionar a tão famosa pizza, também difundida pelos italianos no Brasil, que se transformou em um dos mais constantes e reconhecidos ícones da cultura alimentar nacional.

Outros alimentos que migraram para o Brasil com os italianos foram os embutidos, como a tão apreciada mortadela – que surgiu na Itália há mais de dois mil anos, ainda durante o Império Romano – e o saboroso salame. Atualmente, a mortadela é um dos embutidos mais consumidos no Brasil, ultrapassando a marca das 100 mil toneladas anuais. O mesmo aconteceu com a linguiça, especialidade que já era bastante consumida na Itália quando a imigração teve início. 


  Em São Paulo, os mais saborosos costumes da culinária da Itália seguem sendo bem preservados, nas cantinas e restaurantes de origem italiana instalados por toda a cidade – metrópole que se transformou no mais importante reduto da imigração no Brasil. Em geral, nestas casas servem-se massas com molhos copiosos, muitas vezes em porções generosas. Alguns destes restaurantes são mais fiéis às receitas originais e preservam os costumes da culinária de seus conterrâneos, mantendo especial cuidado com a originalidade dos ingredientes empregados na preparação dos pratos.

É de conhecimento geral, que é imensurável o valor cultural que esse povo agregou ao Brasil, não apenas com a gastronomia, mas em termos mais amplos, valores intelectuais, sociais e históricos. A mistura de culturas não anulam ou oprimem nenhuma das partes, quando é realizada de maneira pacifica e  controlada. Unir cultura, agrega valores e nos transporta para terras que não conhecemos, sentindo sabores e aromas desconhecidos, porém sempre lembrados e apreciados. O exemplo disso, são os chefs citados abaixo, estes que em gerações distintas, conquistam o paladar dos brasileiros e nos ensinam que quando fazemos o que amamos, nossa terra é exatamente onde estamos.


Luigi Tartari

Nascido em Cremona, na região do Piemonte, no norte da Itália, seguiu a vocação profissional de sua família e, com 12 anos de idade, já trabalhava numa cozinha.
            Em 1955, com 21 anos, ele chegou ao Rio de Janeiro para ser Chef Rotisseur  (responsável pelos assados e grelhados) do Copacabana Palace Hotel. 
            Passou por importantes cozinhas como as do Grande Hotel de Florença e Hotel Lido de Veneza. No Brasil fez sucesso com o prestigiado Enotria, por 10 anos consecutivos eleito o melhor restaurante do Rio de Janeiro, e com o Tartari’s, em São Paulo, pelo qual, em 1999, recebeu a “Insegna del Ristorante Italiano”, honraria concedida pelo governo da Itália aos restaurantes mais representativos da gastronomia italiana no exterior.
Além de formar diversos profissionais, em sua própria cozinha, ministra aulas e palestras. Também supervisiona os projetos educacionais da Associação Brasileira da Alta Gastronomia - ABAGA, da qual é diretor executivo e responsável pela Comissão de Projetos Pedagógicos.
Atualmente o Chef Luigi Tartari também atua prestando consultoria ao Hotel Mercure e ao Mare d´Itália.

       Alessandro Segato

Nascido em Rovigo, próximo a Veneza, Alessandro Segato chegou ao Brasil em 1995, aos 22 anos, trazido pela família Fasano. Em 12 anos por aqui, consolidou o seu nome e sua marca na gastronomia paulistana e nacional.
Formou-se pela  Escola de Hotelaria Instituto Alberghiero de Adria, nas cercanias de Veneza, em 1990. Durante os primeiros 5 anos de sua carreira, Segato passou por premiados e prestigiados restaurantes da Europa como Chez Serge e La Gracienne, na França além de Al Pino, LL borgo na Alemanha.          
No Brasil comandou a cozinha do recém inaugurado Gero. Em seguida, desta vez a convite do restaurante Giancarlo Bolla, passou a comandar a cozinha do La Tambouille. Inaugurou o Piano Forte, sendo este do mesmo proprietário. Envolveu-se em vários projetos, como o Alessandro Segato Alta Gastronomia, com o qual fez tanto sucesso, que o levou a inaugurar o restaurante La Risotteria Alessandro Segato, especializado no tradicional risotto italiano e outras receitas sofisticadas, projeto ao qual ele se dedica até hoje.
http://www.segato.com/
   
Texto elaborado e formatado por:
Brisa Araújo
Leonardo Almeida