Começaram por animar as festas de família e, atualmente,
pisam palcos por todo o país e em qualquer sítio onde existam
portugueses. “Toka & Dança”, a banda mais conhecida do Marco de
Canaveses, criada em 2017, e com dois discos lançados, animam as pessoas
onde quer que estejam, aproximam os emigrantes de Portugal e acumulam
sucessos ano após ano.
Rafael Monteiro, 22 anos, é o porta-voz da banda composta pela irmã,
Francisca Monteiro, 13 anos, e pelos primos Diogo Martins, 16 anos e
Marco Pinto, 17.
O primeiro projeto em que estes jovens estiveram envolvidos foi
“Concertinas do Tâmega”, sem ganhar nada, apenas para darem a conhecer o
grupo. Mais tarde, resolveram criar uma banda com uma imagem renovada,
com características próprias e com um nome que foi dado pelos próprios
fãs. “Ouvimos os fãs a chamarem-nos de banda que toca e dança, gostamos
do nome e ficou”, conta Francisca Monteiro.
No primeiro ano como banda, lançaram o seu primeiro álbum, “Vira que Vira”, que vendeu mais de 2 mil cópias.
As músicas são escritas “por um grande amigo”, Álvaro de Castro, mas “todos colaboram” nas suas criações, disse Diogo Martins.
Os membros da banda, quando começaram, nunca pensaram que teriam
tanto sucesso. “Sabíamos que marcávamos a diferença e já nos
diferenciavam por cantarmos, dançarmos e alegrarmos. Sabíamos, por parte
do público, que teríamos algum sucesso, só não sabíamos que seria tão
grande”, refere a artista mais nova e vocalista da banda.
A projeção da banda aumentou com o lançamento do segundo disco,
“Rimbó Malho”, em 2018. Este trabalho é a continuação do primeiro,
mantendo o mesmo registo de música popular.
Um dos temas principais deste álbum, que dá nome ao disco, é dedicado
aos emigrantes portugueses. “As pessoas pensam que ser emigrante é
fácil e não é. «Rimbó Malho» é uma expressão de protesto”, explicou
Rafael Monteiro.
O número de vendas deste disco, atingiu um novo recorde, face ao primeiro, tendo sido vendidos mais de 3 mil cópias.
O objetivo da banda passa por chegar cada vez a mais pessoas. “O
nosso público-alvo é completamente diferente das nossas faixas etárias, é
tudo gente de 35 anos para cima. Tentamos mudar isso e chamar gente
mais nova”. Mesmo com o número elevado de concertos, a banda deseja
sempre atingir novos palcos: “quando se anda por gosto e quando fazemos
as coisas por gosto temos sempre metas a atingir”, explica o porta-voz
da banda, acrescentando que os Toka & Dança nunca estão satisfeitos
com o que têm e querem sempre mais.
Hoje, a banda atua em todo lado incluindo no estrangeiro. “Vamos para
a Suíça, França, Canadá… onde houver portugueses nós estamos lá”,
salienta Rafael Monteiro.
As músicas, apesar do estilo continuar a ser popular, tentam ser
diferentes e por isso a banda vai buscar inspirações a outros estilos
musicais, como o sertanejo brasileiro, o kuduro e ainda baladas, algo
que não é muito comum na música popular portuguesa.
O sucesso foi tão visível que hoje passaram de quatro pessoas para
nove em palco: “isso deve-se ao nosso trabalho, mas sobretudo às pessoas
que nos acompanham”, afirma Rafael Monteiro.
O apoio dos familiares, mas principalmente dos pais, foi crucial para
o grande sucesso dos “Toka & Dança” e imprescindível para os
elementos da mesma. “Os nossos pais apoiaram-nos sempre, desde o início,
desde o primeiro grupo musical, ‘Concertinas do Tâmega’, até mesmo
desde a primeira iniciativa de tocar concertina”, diz Francisca
Monteiro.
A banda confessou ainda que o único ‘ritual’ que têm antes de
qualquer concerto ou espetáculo é “rir bastante. O que nos diferencia é a
nossa diversão e animação, fazemos isto com à vontade e sendo nós
mesmos. Quando somos nós próprios as coisas saem naturalmente”, sublinha
o membro mais velho da banda.
Muito trabalho e pouco tempo
Apesar do grande sucesso, a banda reconhece que nem todos os dias são
bons e que enfrentam alguns problemas, principalmente quando há muito
trabalho e pouco tempo. “Claro que surgem problemas na estrada,
sobretudo quando são muitos concertos seguidos em pouco tempo. No mês de
Agosto, em 31 dias, fazemos cerca de 27 ou 28 concertos, pelo que só
com um sorriso na cara e muita animação se consegue ultrapassar esses
dias mais duros”, explica Rafael Monteiro.
Sendo a concertina um instrumento do Minho, “a zona de Aveiro e
Nazaré aceitam as concertinas, mas têm outra forma de o demonstrar,
enquanto que a gente do Minho dançam tudo”. Por essa razão, a banda, tem
mais gosto em tocar nestas zonas do país: “o público do Minho é mais
aberto e alegre em relação às concertinas”, refere Rafael Monteiro.
Antes dos concertos, a banda acerta as questões técnicas, como o
aquecimento da voz e a instalação dos materiais de som, e ainda faz um
reunião, uns minutos antes de entrar em palco, não dispensam um jantar
animado e não escondem um pouco de nervosismo.
A televisão é um meio importante para dar a conhecer, a cada vez mais
pessoas, o trabalho da banda. Os elementos admitem que já são
reconhecidos fora dos concertos e dos programas de televisão a que vão.
“A televisão tem muitas vantagens e uma delas é a visibilidade que dá ao
grupo e nesta fase de crescimento é bom. Há sempre colegas que nos
reconhecem quando vamos à televisão e dizem ao avô, à tia que nos
conhecem”, constata Diogo Martins.
A banda gosta da interação com o público e por isso mesmo prefere
concertos ao vivo do que em estúdio, “nos concertos ao vivo temos
momentos que em televisão não se consegue”, diz Rafael Monteiro.
O grupo musical está consciente do seu crescimento e quer crescer
ainda mais e para isso vão continuar a trabalhar cada vez mais e melhor.
“Cada vez somos mais assim como a nossa música”, partilha Diogo
Martins.
Os três elementos mais novos da banda ainda frequentam a escola. “É
difícil mas com a ajuda da família, dos professores e dos colegas
concilia-se bem. É mais complicado quando há idas para o estrangeiro
porque temos de faltar muitas vezes, mas temos uma justificação passada
pelo diretor, que nos ajuda, caso contrário estaríamos chumbados por
faltas”, consideram.
A banda assume que o objetivo principal passa por viver apenas da
música e aponta abril, deste ano, para o lançamento do próximo álbum,
que será o terceiro da banda.
Os fãs
Os “Toka & Dança” têm fãs dos mais miúdos até aos mais graúdos
e têm sempre a preocupação de responder aos pedidos de fotografias e
autógrafos de quem os admira, bem como de os ouvir sempre após os
concertos. Segundo os membros da banda, existem fãs que se identificam
com algumas músicas e gostam sempre de partilhar isso com eles. No final
de cada concerto, há sempre um quiosque com a venda de cachecóis,
t-shirts e discos dos “Toka & Dança”.
Maria de Fátima Azevedo, 48 anos, é uma fã incondicional, vai a todos
os concertos que pode e ainda faz questão de dançar. “Se pudesse ia a
todos os concertos que eles dão aqui pela zona e mesmo que fosse longe,
se tivesse a oportunidade, ia. Gosto da maneira que eles atuam e se
puder dançar ao som da música deles, danço”, afirma.
Tem pena das vezes em que não consegue ir a um concerto – “uma vez
não os fui ver porque estava a trabalhar” – ,mas diz que gostava de um
autógrafo e até, quem sabe, de uma fotografia com os membros da banda.
“Não conheço nenhum dos elementos da banda pessoalmente, mas gostava”.
Maria de Fátima confessa que não tem nenhum CD da banda, mas quando
tiver a oportunidade vai comprar: “ainda não comprei nenhum porque ainda
não tive a oportunidade, mas quando tiver compro os dois e até mesmo o
próximo que sair”.
Rosa Mota, 78 anos, também não diz que não a um bom pé de dança e que
não há melhor para isso que os “Toka & Dança”. Confessa que ainda
não foi a nenhum concerto, mas que gostava muito. “Ainda não os vi ao
vivo, mas gostava para dançar”. Rosa diz ainda que este tipo de música é
o seu preferido, “Gosto deste tipo de música, gosto do ’vira’”.
Rafael Duarte, 17 anos, diz que este estilo musical não é o seu
preferido, mas esta banda tem algo de diferente e por isso gosta de os
ouvir: “não gosto, propriamente, deste estilo musical mas as músicas
deles são diferentes”. Rafael acha que por serem diferentes chamam gente
mais nova, “acho que este tipo de música, mais diferente, chama mais
jovens por não ser aquele ‘pimba’ tradicional a que toda a gente está
habituada e conhece”.
Os “Toka & Dança” vieram para ficar, o seu nome é e será cada vez mais reconhecido onde se fala português.
Reportagem: Marlene Moreira
Imagens: DR