SIMÃO BOLÍVAR




Simón José Antonio de la Santíssima Trinidad Bolívar Palacios y Blanco nasceu em Caracas no dia 29 de julho de 1783. De família abastada, Bolívar perdeu o pai aos 3 anos e a mãe aos 9, e a partir daí viveu com o tio, Carlos Palácios. Sua educação ficou sob responsabilidade do pedagogo Simón Carreño Rodríguez, que tinha em mente ideais revolucionários.
No ano de 1797 Bolívar ingressou no batalhão de milícias em que seu pai tinha sido coronel, e em 1799 viajou para Madri, com o objetivo de aprofundar seus estudos. Lá na Espanha casou-se com Maria Teresa Rodriguez, os dois voltaram para a Venezuela e Maria Teresa veio a falecer em 1803, acometida pela febre amarela.
Em 1804 Bolívar voltou para a Europa e viveu um tempo em Paris, onde fez amizade com o naturalista Alexander Von Humboldt. Nesta passagem pela França, Bolívar também assistiu à coroação de Napoleão I, o que considerou um ato despótico, pois Napoleão jogava por terra todos os ideais pelos quais morreram os revolucionários franceses. Teve também um maior contato com as teorias dos filósofos Rousseau, Montesquieu e Voltaire. Em 1805, em uma viagem à Itália com seu tutor Simón Rodríguez, fez o famoso Juramento de Monte Sacro, prometendo que jamais descansaria até ver toda a América livre da dominação espanhola.
“Juro pelo amor do Deus de meus pais. Juro por eles. Juro pela minha honra e juro pela minha pátria que não darei descanso a meu braço, nem repouso a minha alma, até que haja rompido as correntes que nos oprimem por vontade do poder espanhol!”
De volta a Paris, foi iniciado na maçonaria e teve contato com pessoas que o deixaram informado quanto aos primeiros movimentos pró libertação da América espanhola. Em 1806, voltando para sua terra natal, iniciou suas lutas pela liberdade do continente.

El Libertador!

Toda vez que citam as independências na América espanhola, falam de luta armada. É fato que grande parte da população desejava a independência da metrópole, mas não tinha força política e militar para tal. Por isso o destaque dos grandes comandantes, como é o caso de Bolívar, Martín, Francia, Artigas, O’Higgins e Sucre – este último citaremos daqui a pouco. Eles conquistaram a independência à força, pois o status quo da região controlada pela Espanha exigia luta armada.
Diferente do que aconteceu aqui no Brasil, onde o processo de independência teve como elementos a vontade de parte da população, de parte dos políticos e do príncipe Pedro I. Talvez por isso a falta de lutas maiores. Mas vamos voltar à trajetória de Bolívar.
Enquanto a Espanha estava ocupada em tentar parar a invasão napoleônica, lá pelos idos de 1810, um grupo de conspiradores aproveitaram o enfraquecimento das forças espanholas na Venezuela, fundaram a Junta Suprema de Caracas e declararam a independência daquela capitania em 5 de julho de 1811, liderados pelo comandante Francisco de Miranda. Bolívar auxiliou o processo, servindo como coronel de milícias.
Só que a luta não estava vencida. Os espanhóis, apoiados pelos realistas, simpatizantes da monarquia espanhola, retomaram o controle de Caracas. Miranda consegue costurar um armistício, devolvendo o controle aos espanhóis. Bolívar e diversos outros patriotas fugiram para Nova Granada – território que englobava áreas do Equador e da Colômbia – e outros pontos onde os espanhóis não tinham tantas forças militares.
Antonio José de Sucre, outro militar importantíssimo na libertação da região, fugiu para Trinidad, voltando em 1813 e, ao lado do general Santiago Mariño, empreendeu diversas campanhas militares no sul da Colômbia, libertando diversas províncias.

De volta a Caracas:

Ainda em 1813, Bolívar – promovido a general – foi incumbido pelo governo republicano de Cartagena de retomar o controle de Caracas. Partiu rumo à capital com apenas 800 homens, mas foi engrossando o exército em cada vila e cidade que passava e expulsava os espanhóis. Nesta época ele recebeu o título de El Libertador, e em agosto do mesmo ano proclamou a Segunda República da Venezuela.
Foi neste momento que Bolívar teve noção de como é difícil libertar um país e controlá-lo. Ele teve que tomar medidas enérgicas contra setores da população que eram contrários à ordem republicana. Foi criticado e considerado um déspota, perdendo apoio da população.
Em 1815 a Espanha envia para a região um exército de 11 mil homens bem armados para retomar o controle. Com o apoio de setores do clero unidos às classes mais baixas da população nativa e criolla, os espanhóis derrubaram mais uma vez o governo republicano. Bolívar consegue refúgio no Caribe, onde redige a Carta da Jamaica, onde reafirma sua confiança na causa libertadora da América.
Após nova derrota militar em 1816, Bolívar tenta uma nova retomada a partir da região de Orenoco, com apoio de guerrilheiros enviados da Europa – a maioria ingleses -, criollos e escravos, todos comandados principalmente por José Antonio Páez. Ainda em 1816 suas forças militares libertam a cidade de Angostura, e Bolívar apresenta aos deputados um plano de fundar uma república unida – Venezuela, Nova Granada e Quito – sob o nome de Grande Colômbia. Nos próximos três anos, Bolívar conquistou vitórias importantíssimas, até a Batalha de Boyacá, em 7 de agosto de 1819. No dia 8, entra triunfante em Bogotá.
Mesmo costurando armistícios – agora favoráveis aos patriotas – Bolívar ainda continuou lutando pela libertação da região. Em 24 de junho de 1821, com apoio de 6400 homens contra cerca de 5500 espanhóis guarnecidos por fortificações e artilharia pesada, Bolívar comanda a vitória na Batalha de Carabobo. Em 28 de junho, entra triunfante em Caracas, exaltado pelo povo como “Pai da Pátria”.
Enquanto isso a região do Equador era libertada gradativamente com o pulso firme de Sucre. Guayaquil foi libertada primeiro, e Quito é conquistada em 24 de maio de 1822, após a Batalha de Pichincha. Focos realistas ainda resistiam ao sul do Peru, mesmo com a vitória de San Martin em 1821, e Bolívar pede que Sucre ajude San Martín na expulsão destes último focos de resistência. Nas Batalha de Junín e Ayacucho, em 1824, os espanhóis que resistiam na região foram completamente esmagados.
Mas tanto as regiões peruanas libertadas por San Martín quanto as do Alto Peru não aceitaram fazer parte da Grande Colômbia. San Martín, como já escrito no texto anterior, foi nomeado presidente do Peru, e Sucre presidente da região do Alto Peru, que recebeu o nome de Bolívia, em homenagem ao grande libertador.

O LEGADO DE BOLÍVAR

Libertar é fácil, difícil é transformar os sonhos em realidade.
A luta não era apenas pela independência. Bolívar queria levar melhorias para toda a população. Uma vez no governo, promoveu uma extensa reforma agrária. Incomodado com os valores, reduziu o salário dos parlamentares. Acabou com vários privilégios concedidos à Igreja. Nacionalizou minas particulares e baixou decretos que protegiam o país da exploração predatória dos recursos naturais. Isso no século XIX!
Mesmo assim, Bolívar não demonstrava uma inclinação 100% democrática. Ele era contrário ao direito de voto dos pobres, dos negros e das mulheres. Suas medidas acabaram angariando diversos desafetos, o que fez Bolívar tomar medidas enérgicas para realizar seus projetos, inclusive assumindo poderes ditadoriais. Isto desagradou as elites, herdeiras das facilidades que tinham os espanhóis, que passaram a chamá-lo de “inimigo da democracia”. Além de inimigos internos, Bolívar desagradava outras nações. Quando propôs a criação da Confederação dos Países Latino-Americanos, órgão que serviria para proteger a América do Sul do imperialismo de um certo país recém-independente, que já se mostrava presente, escreveu:
Os Estados Unidos parecem destinados pela Providência a empestear a América de misérias em nome da liberdade”.
Em 1829 a Venezuela separou-se da Grande Colômbia, e o Equador tomou o mesmo rumo em 1830. Bolívar renunciou à presidência em abril de 1830. Sucre, que também tentava seguir os passos de Bolívar e trazer melhorias para a população menos favorecida da Bolívia, foi assassinado em julho. E em 17 de dezembro do mesmo ano, Bolívar morre em Santa Marta, cidade colombiana, vítima da tuberculose.
Talvez, antes de morrer, Bolívar tenha entendido Napoleão Bonaparte e retirado, mesmo que mentalmente, suas críticas quanto à sua coroação como Imperador, lá na França do início do século. Muitas vezes você chega ao governo, mas não consegue ter o poder. E quando tenta tomar as rédeas do poder, apenas medidas drásticas – e, por que não, despóticas – são capazes de manter a liderança frente aos obstáculos e inimigos.

Referências:

- Biografia de Simon Bolívar.

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No momento em que se aproxima mais um "sete de setembro" convido a todos os internautas do Brasil, de Portugal e  do mundo lusófono a uma reflexão sobre esta data tão enfaticamente assinalada e tão dispendiosamente comemorada principalmente do lado de cá do Atlântico. 
São milhões de reais, que deveriam ser encaminhados para amenizar as carências sociais deste tão sofrido e domesticado povo, desviados para comemorar a separação entre dois povos irmãos, de mesmos sobrenomes, de mesma língua e mesma cultura.  E quanto aos sobrenomes, tudo acontece assim! Nas confortáveis arquibancadas instaladas ao longo das principais avenidas de nossas cidades, os aplausos dos Pereiras, Oliveiras, Ferreiras, Souzas, Silvas, Barros, Gamas,Cabrais, etc., etc., sempre muito "patriotas" e sorridentes! Nos ares, os Pereiras, os Oliveiras, os Ferreiras, os Souzas, os Silvas, Os Barros, os Gamas, os Cabrais, com suas arriscadas acrobacias, mostrando toda a técnica e coragem de seus ancestrais. Lá em baixo, bem no asfalto, toda aquela massa de Pereiras, Oliveiras, Ferreiras, Souzas, Silvas, Barros, Gamas e Cabrais alegres inocentes, acreditando numa pátria realmente independente! E para completar esta "patriótica" festa, a outra parte do povo, curtindo seu futebol e sua praia.  Quanto à língua,  embora também seja a mesma, ainda precisa vencer certas resistências de algumas elites retrógadas, daqui e de lá, que não aceitam, que a mesma, tal como os sobrenomes nos unam ainda mais!  Depois vem a cultura, esta sim, não há separatismo que destrua! Correndo o interior do Brasil e de Portugal é que podemos sentir quanto somos iguais! É claro que existem algumas particularidades, mais devido a diferenças climáticas e sociais, do que a aspectos tradicionais.
Estes são os alicerces da tão invejada Unidade Nacional Brasileira, que o separatismo ainda não conseguiu destruir! 
 E assim é em todo este singular continente de emigrantes, onde nossos irmãos espanhóis também deixaram seus sobrenomes, sua língua e sua cultura. É claro, que houve também algumas falhas, que o separatismo internacional tão bem sobe aproveitar e cujos efeitos lhe rendem frutos até hoje, como por exemplo a questão indígena.  
 E  assim é em toda esta pobre América Latina, onde as bandeiras do circo da independência, continuam a tremular, sem que consiga-mos nos aperceber que, até agora o que se comemorou mesmo foi o separaração entre dois povos irmãos. Sem querer desmerecer os ideais libertadores de Simão Bolívar, Miranda, O Higgins, José de Sucre, D. Pedro I, Tiradentes e outros, há que reconhecer, que foram fortemente influenciados por toda uma atmosfera liberal, que dominava a Europa nos primórdios daquele século XIX, quando estava em construção o novo modelo econômico industrial inglês, que se opunha ao velho modelo econômico mercantilista da Península Ibérica. A partir daí, com a necessidade da Inglaterra de vender seus produtos industrializados para as colônias da América Latina, surgem os primeiros movimentos de "libertação", pois ficava mais fácil aos ingleses negociar com os nativos do que com os portugueses ou com os espanhóis. Agora, passados mais de dois séculos, esta América Latina e principalmente o Brasil, reconhecem, que se esses "libertadores", tão cantados em prosa pelos sociólogos das esquinas do pecado de nossas cidades e por certos governantes deste continente, não se deixassem contaminar pelo vírus liberal, anti-ibérico daquele tempo, com certeza, hoje, poderíamos realmente estar a comemorar nossa independência! Se esses senhores, tivessem sido realmente "libertadores" de verdade, esta América Latina, dado o tempo que já se passou, seria hoje um continente  realmente  livre, com uma indústria pesada e de ponta desenvolvida e não este paraíso  de anônimos investidores e conhecidas multinacionais, que nada têm em comum  com os verdadeiros interesses de seu povo. 
Mas, os ventos da "Revolução Industrial"  e do liberalismo sopraram forte  pela Europa carregando consigo o vírus do separatismo, que acabou se propagando por toda esta América Latina, atingindo em cheio a luso-ibericidade de sua gente e a mente de suas elites, que movidas por interesses pessoais se passaram para o outro lado, o lado liberal ! 
Mas, a dúvida que se tem, consiste em saber se esses "libertadores"  amavam  realmente a América do Sul ou se eram movidos  por  um forte sentimento anti -ibérico mesmo tendo sobrenomes luso-íberos? 
A princípio tinham certa razão, pois as metrópolis exerciam grande pressão contra os povos daqui, cobrando altos impostos para pagarem sua dívida com a Inglaterra, que levava 80% do ouro aqui extraído. Mas, por outro lado, eram apoiados por esta, que tinha interesse em uma "independência" para vender seus produtos industrializados com mais facilidade, aos novos governantes . Viam também na mão de obra escrava certa concorrência a seus negócios.
Simão Bolívar foi um desses "libertadores", que mais apoio recebeu da Inglaterra, mas que era contra a abolição da escravatura. Será...............
Enfim, ao contrário dos dois primeiros séculos de colonização, quando esta América Latina era infestada de Piratas e aventureiros e conseguiu construir sua Unidade Nacional, principalmente a Unidade Nacional Brasileira, dentro da monarquia, A América Latina de hoje, republicana e liberal é uma ameaça a essa Unidade, pois, dois países que se acham o chicote do mundo, invadindo  outros países, derrubando e matando presidentes ostis aos seus interesses, através de um poderoso complexo militar composto por 250.000  homens,  ocupando 140 países e através do controle das comunicações, vão globalizando as demais culturas, substituindo-as por uma lixo-cultura, que invade nossos lares e destrói nossas famílias...
Se esse Brasil de Tomé de Souza, de Nóbrega, de Anchieta, de Araribóia, de Felipe Camarão e tantos outros heróis do passado  foi realmente independente, por que então 
não comemorá-lo? 
 Por que esta gastação com desfiles militares, para comemorar uma independência que ainda não aconteceu e que estimula o separatismo entre povos irmãos?
 Não seria melhor então comemorar a Unidade Nacional Brasileira, dos países da América Espanhola e dos países de língua oficial portuguesa a partir de Brasília e das respectivas capitais desses países, com eventos esportivos, culturais e religiosos? 
Por que não comemorar o 22 de abril ?  Poderia até ser comemorado junto com o 21 de abril!? Isto é mais uma maldade deste perverso separatismo, que, há mais de 500 anos persegue nossa lusofonia! 

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