FERNANDO PESSOA

Biografia de Fernando Pessoa, obras, poesia,
ortônimo e heterônimos.
 
 
 


foto de Fernando Pessoa
Fernando Pessoa: um dos mais importantes poetas portugueses




Introdução

Fernando Antônio Nogueira Pessoa foi um dos mais importantes escritores e poetas do modernismo em Portugal. Nasceu em 13 de junho de 1888 na cidade de Lisboa (Portugal) e morreu, na mesma cidade, em 30 de novembro de 1935.

Biografia

Fernando Pessoa foi morar, ainda na infância, na cidade de Durban (África do Sul), onde seu pai tornou-se cônsul. Neste país teve contato com a língua e literatura inglesa.
Adulto, Fernando Pessoa trabalhou como tradutor técnico, publicando seus primeiro poemas em inglês.
Em 1905, retornou sozinho para Lisboa e, no ano seguinte, matriculou-se no Curso Superior de Letras. Porém, abandonu o curso um ano depois.
Pessoa passou a ter contato mais efetivo com a literatura portuguesa, principalmente Padre Antônio Vieira e Cesário Verde. Foi também influenciado pelos estudos filosóficos de Nietzsche e Schopenhauer. Recebeu também influências do simbolismo francês.
Em 1912, começou suas atividade como ensaísta e crítico literário, na revista Águia.
A saúde do poeta português começou a apresentar complicações em 1935. Neste ano foi hospitalizado com cólica hepática, provavelmente causada pelo consumo excessivo de bebida alcoólica. Sua morte prematura, aos 47 anos, provavelmente aconteceu em função destes problemas, pois apresentou cirrose hepática.

O ortônimo e os heterônimos de Fernando Pessoa


Fernando Pessoa usou em suas obras diversas autorias. Usou seu próprio nome (ortônimo) para assinar várias obras e pseudônimos (heterônimos) para assinar outras. Os heterônimos de Fernando Pessoa tinham personalidade própria e características literárias diferenciadas. São eles:

Álvaro de Campos

Era um engenheiro português de educação inglesa. Influenciado pelo simbolismo e futurismo, apresentava um certo niilismo em suas obras.

Ricardo Reis

Era um médico que escrevia suas obras com simetria e harmonia. O bucolismo estava presente em suas poesias. Era um defensor da monarquia e demonstrava grande interesse pela cultura latina.

Alberto Caeiro


Com uma formação educacional simples (apenas o primário), este heterônimo fazia poesias de forma simples, direta e concreta. Suas obras estão reunidas em Poemas Completos de Alberto Caeiro.

Obras de Fernando Pessoa

· Do Livro do Desassossego
· Ficções do interlúdio: para além do outro oceano
· Na Floresta do Alheamento
· O Banqueiro Anarquista
· O Marinheiro
· Por ele mesmo


Poesias de Fernando Pessoa

· A barca
· Aniversário
· Autopsicografia
· À Emissora Nacional
· Amei-te e por te amar...
· Antônio de Oliveira Salazar
· Autopsicografia
· Elegia na Sombra
· Isto
· Liberdade
· Mar português
· Mensagem
· Natal
· O Eu profundo e os outros Eus
· O cancioneiro
· O Menino da Sua Mãe
· O pastor amoroso
· Poema Pial
· Poema em linha reta
· Poemas Traduzidos
· Poemas de Ricardo Reis
· Poesias Inéditas
· Poemas para Lili
· Poemas de álvaro de Campos
· Presságio
· Primeiro Fausto
· Quadras ao gosto popular
· Ser grande
· Solenemente
· Todas as cartas de amor...
· Vendaval

Prosas de Fernando Pessoa


· Pessoa e o Fado: Um Depoimento de 1929
· Páginas Íntimas e de Auto-Interpretação
· Páginas de Estética e de Teoria e de Crítica Literárias

Obras do heterônimo Alberto Caeiro

· O Guardador de Rebanhos
· O guardador de rebanhos - XX
· A Espantosa Realidade das Cousas
· Um Dia de Chuva
· Todos os Dias
· Poemas Completos
· Quando Eu não tinha
· Vai Alta no Céu a lua da Primavera
· O Amor é uma Companhia
· Eu Nunca Guardei Rebanhos
· O Meu Olhar
· Ao Entardecer
· Esta Tarde a Trovoada Caiu
· Há Metafísica Bastante em Não Pensar em Nada
· Pensar em Deus
· Da Minha Aldeia
· Num Meio-Dia de Fim de Primavera
· Sou um Guardador de Rebanhos
· Olá, Guardador de Rebanhos
· Aquela Senhora tem um Piano
· Os Pastores de Virgílio
· Não me Importo com as Rimas
· As Quatro Canções
· Quem me Dera
· No meu Prato
· Quem me Dera que eu Fosse o Pó da Estrada
· O Luar
· O Tejo é mais Belo
· Se Eu Pudesse
· Num Dia de Verão
· O que Nós Vemos
· As Bolas de Sabão
· às Vezes
· Só a Natureza é Divina
· Li Hoje
· Nem Sempre Sou Igual
· Se Quiserem que Eu Tenha um Misticismo
· Se às Vezes Digo que as Flores Sorriem
· Ontem à Tarde
· Pobres das Flores
· Acho tão Natural que não se Pense
· Há Poetas que são Artistas
· Como um Grande Borrão
· Bendito seja o Mesmo Sol
· O Mistério das Cousas
· Passa uma Borboleta
· No Entardecer
· Passou a Diligência
· Antes o Vôo da Ave
· Acordo de Noite
· Um Renque de árvores
· Deste Modo ou Daquele Modo

Obras do heterônimo Álvaro de Campos

· Acaso
· Acordar
· Adiamento
· Afinal
· A Fernando Pessoa
· A Frescura
· Ah, Onde Estou
· Ah, Perante
· Ah, Um Soneto
· Ali Não Havia
· Aniversário
· Ao Volante
· Apostila
· às Vezes
· Barrow-on-Furness
· Bicarbonato de Soda
· O Binômio de Newton

· A Casa Branca Nau Preta

· Chega Através

· Cartas de amor

· Clearly Non-Campos!

· Começa a Haver

· Começo a conhecer-me. Não existo

· Conclusão a sucata !... Fiz o cálculo

· Contudo

· Cruz na Porta

· Cruzou por mim, veio ter comigo, numa rua da Baixa

· Datilografia

· Dela Musique

· Demogorgon

· Depus a Máscara

· Desfraldando ao conjunto fictício dos céus estrelados

· O Descalabro

· Dobrada à morda do Porto

· Dois Excertos de Odes

· Domingo Irei

· Escrito Num Livro Abandonado em Viagem

· Há mais

· Insônia

· O Esplendor

· Esta Velha

· Estou

· Estou Cansado

· Eu

· Faróis

· Gazetilha

· Gostava

· Grandes

· Há Mais

· Lá chegam todos, lá chegam todos...

· Lisboa

· O Florir

· O Frio Especial

· Lisbon Revisited - l923

· Lisbon Revisited - 1926

· Magnificat

· Marinetti Acadêmico

· Mas Eu

· Mestre

· Na Casa Defronte

· Na Noite Terrivel

· Na Véspera

· Não Estou

· Não, Não é cansaço

· Não: devagar

· Nas Praças

· Psiquetipia (ou Psicotipia)

· Soneto já antigo

· The Times


Obras do heterônimo Ricardo Reis


· A Abelha

· A Cada Qual

· Acima da verdade

· A flor que és

· Aguardo

· Aqui

· Aqui, dizeis

· Aqui, neste misérrimo desterro

· Ao Longe

· Aos Deuses

· Antes de Nós

· Anjos ou Deuses

· A palidez do dia

· Atrás não torna

· A Nada Imploram

· As Rosas

· Azuis os Montes

· Bocas Roxas

· Breve o Dia

· Cada Coisa

· Cada dia sem gozo não foi teu

· Cancioneiro

· Como

· Coroai-me

· Cuidas, índio

· Da Lâmpada

· Da Nossa Semelhança

· De Apolo

· De Novo Traz

· Deixemos, Lídia

· Dia Após Dia

· Do que Quero

· Do Ritual do Grau de Mestre do átrio na Ordem Templária de Portugal

· Domina ou Cala

· Eros e Psique

· Estás só. Ninguém o sabe

· Este seu escasso campo

· é tão suave

· Feliz Aquele

· Felizes

· Flores

· Frutos

· Gozo Sonhado

· Inglória

· Já Sobre a Fronte

· Lenta, Descansa

· Lídia

· Melhor Destino

· Mestre

· Meu Gesto

· Nada Fica

· Não a Ti, Cristo, odeio ou te não quero

· Cristo Não a Ti, Cristo, odeio ou menosprezo

· Não Canto

· Não Consentem

· Não queiras

· Não quero, Cloe, teu amor, que oprime

· Não quero recordar nem conhecer-me

· Não Só Vinho

· Não só quem nos odeia ou nos inveja

· Não sei de quem recordo meu passado

· Não Sei se é Amor que TenS

· Não Tenhas

· Nem da Erva

· Negue-me

· Ninguém a Outro Ama

· Ninguém, na vasta selva virgem

· No Breve Número

· No Ciclo Eterno

· No Magno Dia

· No mundo, Só comigo, me deixaram

· Nos Altos Ramos

· Nunca

· Ouvi contar que outrora
· Olho

· O que Sentimos

· Os Deuses e os Messias

· O Deus Pã

· Os Deuses

· O Ritmo Antigo

· O Mar Jaz

· O Sono é Bom

· O Rastro Breve

· Para os Deuses

· Para ser grande, sê inteiro: nada

· Pesa o Decreto

· Ponho na Altiva

· Pois que nada que dure, ou que, durando

· Prazer

· Prefiro Rosas

· Quanta Tristeza

· Quando, Lídia

· Quanto faças, supremamente faze

· Quem diz ao dia, dura! e à treva, acaba!

· Quer Pouco

· Quero dos Deuses

· Quero Ignorado

· Rasteja Mole

· Sábio

· Saudoso

· Segue o teu destino

· Se Recordo

· Severo Narro

· Sereno Aguarda

· Seguro Assento

· Sim

· Só o Ter

· Só Esta Liberdade

· Sofro, Lídia

· Solene Passa

· Se a Cada Coisa

· Sob a leve tutela

· Súbdito Inútil

· Tão cedo passa tudo quanto passa!

· Tão Cedo

· Tênue

· Temo, Lídia
· Tirem-me os Deuses

· Tudo que Cessa

· Tuas, Não Minhas

· Uma Após Uma

· Uns

· Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio
· Vivem em nós inúmeros
· Vive sem Horas
· Vossa Formosa





Biografia Completa

Fernando António Nogueira Pessoa nasceu no ano de 1888, em Lisboa, no Largo de S. Carlos, nº4, 4ºEsquerdo, no dia 13 de Junho (quinta-feira), às 15.20h.
Descendente de Fidalgos e Judeus : os seus avós paternos eram Dionísia Seabra Pessoa e o general Joaquim António de Araújo Pessoa e os seus avós maternos eram Madalena Xavier Pinheiro Nogueira e o jurisconsulto Luís António Nogueria, oriundos dos Açores (Ilha Terceira). Filho de Maria Madalena Xavier Pinheiro Nogueira e de Joaquim Araújo de Seabra Pessoa, funcionário do Ministério da Justiça e crítico musical do Diário de Notícias, Fernando Pessoa passou parte da sua infância em Lisboa, com os pais, com a sua avó Dionísia e com duas empregadas: Joana e Paciência.
A 21 de Julho de 1888, foi baptizado na Igreja dos Mártires, sendo a Madrinha Ana Nogueira de Freitas (Tia) e o Padrinho o General Cláudio Bernardo Pereira Chaby.
Ainda durante a infância de Fernando Pessoa, o seu pai contraiu Tuberculose, acabando por se mudar para uma quinta que possuía em Caneças, aconselhado pelo seu médico (Dr. Korth).
Entretanto, em Janeiro de 1893, nasce o seu irmão Jorge, e, a 13 de Julho do mesmo ano, o pai de Fernando Pessoa acaba por morrer. Com as dificulades financeiras que foram surgindo, a família foi levada a mudar-se para uma casa mais pequena e, consequentemente, mais barata, na Rua de São Marçal, contudo, logo no ano de 1894 o seu irmão Jorge, com apenas um ano, morre.
A sua mãe, na altura viúva, conhece o Comandante João Miguel Rosa, capitão do porto de Lourenço Marques que, antes de partir para África do Sul, a pede em casamento, casamento esse que acaba por celebrar-se por procuração em Lisboa.
No ano seguinte Fernando Pessoa muda-se para África do Sul, Durban com a Mãe e o Padrasto. Nesse mesmo ano morre a sua avó materna Madalena Nogueira e nasce a sua meia-irmã Henriqueta Madalena e em 1898 nasce a outra sua meia-irmã Madalena Henriqueta e, passados dois anos, o seu meio-irmão Luís Miguel.
No ano de 1899 a família vem passar férias a Portugal e a avó Dionísia é internada em Rilhafoles com problemas mentais e Madalena Henriqueta morre, vítima de Meningite. Antes de regressarem a Durban, nasce João Maria. Fernando Pessoa torna-se num excelente aluno, demasiadamente aplicado nos estudos e com uma inteligência fora do comum, que o leva mesmo a receber o Prémio Rainha Victória.
No ano de 1904 nasce Maria Clara. Fernando faz a admissão à Universidade e frequenta mais tarde um curso de comércio. Com dezassete anos, volta definitivamente a Lisboa em Setembro de 1905, viajando a bordo do paquete Herzog.
Chegado a Portugal, vive com a Tia Maria da Cunha e mais tarde com duas tias avós maternas. Quando no ano seguinte a família regressa de férias a Portugal e convence Fernando a inscrever-se e a frequentar o Curso Superior de Letras, a meia-irmã Maria Clara morre com uma Septicemia.
Com a morte da avó Dionísia , Fernando Pessoa, com o dinheiro herdado, funda uma editora chamada Íbis que acaba por ir à falência.
Desistindo de trabalhar por conta própria, começa a trabalhar como correspondente de línguas em várias firmas comerciais. Assim, em Lisboa, conhece novos amigos e começa a fazer pequenas colaborações em revistas. Em Outubro de 1912 Mário de Sá-Carneiro, um dos seus amigos, viaja para Paris, onde vai estudar Direito. Fernando Pessoa muda diversas vezes de casa e entra em Depressão, crendo também ser medium vidente. Quando Mário de Sá-Carneiro regressa de Paris, chega cheio de ideias inovadoras e projectos. Depois de Sá-Carneiro regressar novamente para Paris, começam as reuniões para a tão desejada revista - Orpheu. Com a ajuda do pai de Mário de Sá-Carneiro, o nº1 da revista Orpheu sai em Março, causando enorme polémica. Contudo, Mário de Sá-Carneiro acaba por pedir ajuda financeira a Fernando Pessoa, devido à crise financeira de seu pai. Fernando vê-se aterrorizado com a incapacidade de ajudar o amigo. Entretanto, a sua mãe sofre um derrame cerebral profundo que lhe paraliza toda a parte esquerda do corpo. Desorientado e em desespero, Fernando muda diversas vezes de residência e em Abril recebe uma notícia que o choca profundamente: o suicídio de Mário de Sá-Carneiro.
Nesse mesmo ano, muda-se para Benfica e numa das firmas onde trabalha, a Félix Valadas e Freitas, conhece Ophélia Queiroz por quem se acaba por apaixonar. Escreve-lhe a primeira carta a 1 de Março de 1920, alugando também, por 70 mil réis, uma casa na Rua Coelho da Rocha, nº16, em Campo de Ourique, onde recebe a família que vinha de África do Sul. Os irmãos regressam, contudo, a Inglaterra, onde ficam a viver.
Fernando Pessoa vive então com a mãe e com a meia-irmã Henriqueta Madalena, e a sua relação com Ophélia tem uma ruptura a 29 de Novembro, levando o Poeta a dedicar-se à família e à escrita, pelo que os seus textos e poemas vão sendo publicados em revistas. A sua obra vai sendo cada vez mais respeitada. A sua meia-irmã casa com Caetano Dias e o General Henrique Rosa, irmão do seu Padrastro, com que Fernando falava e convivia, morre. Fernando Pessoa ajuda ainda a lançar a revista Athena, mas o estado de saúde da sua mãe agrava-se e a 17 de Março de 1925 acaba por falecer. Com todos os acontecimentos na sua Vida, Fernando Pessoa fecha-se cada vez mais em si mesmo e na Escrita, refugiando-se na bebida. Apercebendo-se da situação, a sua meia-irmã e o marido vão viver com ele e Fernando Pessoa chega mesmo a ajudar Caetano Dias a lançar a revista de Comércio e Contabilidade.
Em Setembro de 1930 recomeça a sua relação amorosa com Ophélia, mas passados apenas quatro meses a ruptura é definitiva. Triste, só e isolado, Pessoa deseja ir viver para Cascais e concorre a um lugar de Conservador do Museu-Biblioteca Conde Castro Guimarães onde não consegue ser admitido, apesar do seu excelente currículo.
No ano de 1934 Mensagem é publicada por António Maria Pereira.
No final de Outono de 1935, Fernando Pessoa, a 28 de Novembro, sente-se indisposto em casa e tem fortes cólicas. A 29 de Novembro é levado para o Hospital S. Luiz dos Franceses.
A 30 de Novembro, Sábado, pelas 20.00h, Fernando Pessoa acaba por morrer, aos quarenta e sete anos de idade. No dia 2 de Dezembro é sepultado no Cemitério dos Prazeres.

"Morre Jovem o que os Deuses amam", Fernando Pessoa

Datas importantes

1888- Nascimento de Fernando António Nogueira Pessoa;
1893- Falecimento do Pai de Fernando Pessoa, vítima de Tuberculose;
1894- Falecimento de um irmão de Fernando Pessoa (Jorge);
1895- Parte para África do Sul, Durban;
1896- A sua Mãe casa com o Comandante João Miguel Rosa;
1896-1905- Permanece em Durban, frequentando uma escola comercial e Durban High School;
1905- Regresso definitivo a Portugal;
1906-1907- Frequentou o Curso Superior de Letras;
1907- Tentou contruir uma empresa tipográfica - Íbis;
1915- Sai a primeira edição de Orpheu;
1916- Mário de Sá-Carneiro, amigo de Fernando Pessoa, suicida-se;
1920- A sua Mãe fica viúva pela segunda vez, regressando assim para Portugal, vivendo com Fernando Pessoa e com os outros filhos. Fernando Pessoa toma a relação amorosa com Ophélia Queiroz;
1934- Consegue publicar Mensagem, a sua única obra publicada em Vida;
1935- O seu falecimento, aos quarenta e sete anos, vítima de uma crise hepática.

Excertos... 
 
« A minha alma gira em torno da minha obra literária - boa ou má, que seja, ou possa ser. Tudo o mais na vida tem para mim interesse secundário.»

Fernando Pessoa, Cartas de Amor.

« Dizem que finjo ou minto tudo o que escrevo. Não. Eu simplesmente sinto com a imaginação. Não uso o coração. »

Fernando Pessoa, Isto

« Viajar! Perder países! Ser outro constantemente (...) »

Fernando Pessoa, O eu fragmentado

« Desejo ser um criador de mitos, que é o mistério mais alto que pode obrar alguém da Humanidade.»

Fernando Pessoa, Páginas Íntimas e de Auto- Interpretação

« Não me peguem no braço! Não gosto que me peguem no braço(...)»

Fernando Pessoa, Lisbon Revisited

« Para ser grande, sê inteiro: nada teu exagera ou exclui. Sê tudo em cada coisa. Põe quanto és no mínimo que fazes(...)»

Ricardo Reis


O "Mestre" de Fernando Pessoa
 
Conta-se que Fernando Pessoa admirava muito o seu Professor de Latim que leccionava em Durban High School, Mr. Nicholas, e que o próprio Professor também admirava o seu aluno. Mantiveram assim uma relação de amizade e admiração bastante forte.
Mr. Nicholas desejava ensinar tudo a Fernando Pessoa, mostrando-se igualmente satisfeito com os resultados do aluno (Fernando Pessoa era considerado um excelente aluno), o que levou Mr. Nicholas a encorajar em Pessoa o "aparecimento do Poeta". Fernando passou assim a interessar-se por tudo o que o rodeava: pensamentos, emoções, imagens, sonhos...
As suas notas escolares em Durban eram, em geral, excelentes: obteve "Excellente" na disciplina de Francês, "Very Good Indeed" em Latim e Aritmética, "Very Good" em Inglês, História e Escrita, e, finalmente, "Good" em Álgebra e Desenho. Todas as notas negativas que obtinha (raras - Álgebra ou Geometria) representavam para si um fracasso.
Contudo, Fernando Pessoa acaba por regressar a Portugal e o seu contacto com Mr. Nicholas não se mantém tão próximo, mas, mais tarde, Pessoa voltará a encontrar-se com o seu Professor que acaba por ser ajudado pelo Poeta para promover actividades culturais.
" I sit here, writing, at my table...", Fernando Pessoa
 
Curiosidades...

* A sua primeira tentativa poética é datada de 26 de Julho de 1895 (uma quadra dedicada à Mãe)

« À Minha Querida Mamã:

Eis-me aqui em Portugal,
Nas terras onde eu nasci,
Por muito que goste delas,
Ainda gosto mais de Ti. »

Fernando Pessoa, 1895



* As suas grandes Paixões englobavam a Leitura, a Escrita e a Música Clássica (Beethoven, Chopin, Mozart, Verdi e Wagner.)


* Fernando Pessoa coleccionava postais e era filatelista;

* Entre as suas fobias contam-se a fobia a trovoadas, a fobia de falar ao telefone e a fotografias (ser fotografado);

* Fernando Pessoa cria o seu primeiro heterónimo no ano de 1894 - Chevalier de Pas e em 1899 cria o heterónimo Alexander Search;

* Pessoa comprava os seus fatos(ternos) apenas com as seguintes cores: azul noite, preto e cinzento escuro;

* Nos seus últimos anos de vida, o Poeta chegou mesmo a fumar oitenta cigarros diários;

* A sua última frase escrita em Vida: " I Know not What tomorrow will bring...", Fernando Pessoa, 1935.


A Origem dos Heterónimos...

« Desde criança tive a tendência para criar em meu torno um mundo fictício, de me cercar de amigos e conhecidos que nunca existiram. (Não sei, bem entendido, se realmente não existiram, ou se sou eu que não existo. Nestas coisas, como em todas, não devemos ser dogmáticos.) Desde que me conheço como aquilo a que chamo eu, me lembro de precisar mentalmente em figuras, movimentos, carácter e história, várias figuras irreais que para mim eram tão visíveis e minhas como as coisas a que chamamos, porventura abusivamente, a vida real. Esta tendência, que me vem desde que me lembro de ser eu, tem-me acompanhado sempre, mudando um pouco o tipo de música com que me encanta, mas não alterando nunca a sua maneira de encantar (...) E assim arranjei, e propaguei, vários amigos e conhecidos que nunca existiram, mas que ainda hoje, a perto de trinta anos de distância, oiço, sinto, vejo. Repito: oiço, sinto, vejo... E tenho saudades deles (..)»

Excerto de uma carta de Fernando Pessoa a Adolfo Casais Monteiro

Fernando Pessou criou inúmeros heterónimos, entre os quais, os mais conhecidos: Álvaro de Campos, Alberto Caeiro e Ricardo Reis. Cada um com o seu estilo muito próprio, diferindo em tudo, desde a forma de escrever, até à personalidade, modo de vestir, andar, conversar e pensar. Pessoa, quando ortónimo (escrevendo em seu próprio nome), demonstra uma forte tendência para a análise ou lucidez, levando os seus textos a retratarem de uma forma mais directa e breve os seus sentimentos, que, na maioria dos casos, passam por solidão, melancolia, resignação perante a Vida e o que esta lhe possa ou não trazer, e uma certa tendência para relembrar o Passado e a sua infância.
Contudo, apesar da resignação e melancolia com que o Poeta enfrenta a Vida, demonstra, por vezes, algum receio ou inquietação perante o futuro do mundo, o que o leva a interrogar-se constantemente e a perder-se em pensamentos.
A sua forma de escrita, a nível formal, é bastante complexa, embora pareça, aparentemente, simples. Fernando Pessoa faz, através de frases simples, jogos de palavras extremamente complexos, preferindo a métrica curta e tendo especial gosto por coisas populares, já no caso dos seus heterónimos, aparenta uma diferença bastante visível tanto na forma de escrita como na forma de pensar.
« Autopsicografia

O Poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.
E assim nas calhas da roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração. »

Fernando Pessoa

Alberto Caeiro
Alberto Caeiro nasceu no dia 16 de Abril de 1889, em Lisboa, vivendo quase toda a sua Vida no campo, e sendo órfão de pai e mãe. Escrevia, ao contrário de Pessoa, de uma forma mais instintiva e não tão melancólica, ensinando o próprio Pessoa a viver sem dor, a não pensar excessivamente nas coisas e a encarar a velhice e a morte de forma mais natural.
Para Caeiro, fazer ou escrever poesia passa um pouco por algo que é natural, involuntário, adoptanto, neste caso um pouco como Fernando Pessoa, uma linguagem simples e um tom familiar.

Álvaro de Campos

Álvaro de Campos nasceu no dia 15 de Outubro de 1890, em Tavira. Engenheiro naval, Campos era modernista, e a sua poesia tem três fases: decadentista, futurista e pessoal-intimista.
É, no seu íntimo, muito virado para o exterior e muito espontâneo, e acaba por tornar-se num poeta/pessoa fragmentado.
A nível formal, o seu verso é livre e longo, empenhando-se em manter um certo dinamismo na escrita, utilizando inúmeras exclamações e interjeições.


Ricardo Reis

Ricardo Reis nasceu no Porto, no dia 19 de Setembro de 1887. Educado num colégio jesuíta, formou-se em Medicina e por ser Monárquico parte para o Brasil no ano de 1919. Ricardo Reis vê na Grécia e nos Gregos o modelo de sabedoria, aceitando o destino de uma forma serena e digna. Tem, bem entendido, consciência da dor provocada pelos actos do Homem e elogia em larga medida o Epicurismo e o Estoicismo. O seu lema ou sabedoria consiste em aproveitar o Presente ao máximo « Carpe Diem », mas de forma racional, pois Ricardo Reis tentava buscar o mínimo de dor ou gozo, chegando a preferir não viver cada momento ao máximo para não sofrer. A nível formal, adopta um estilo neo-clássico, utilizando frequentemente hipérbatos e latinismos.

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