Alfena
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Alfena ou São Vicente de Alfena é uma freguesia e cidade portuguesa do concelho de Valongo, com 15,7 km² de área e 15 211 habitantes (2011) . Densidade: 968,9 hab/km².
A freguesia encontra-se dividida em 21 lugares: Aldeia Nova (e Santeiros), Baguim (e Fontinha), Barreiro (de Baixo e de Cima), Cabeda , Codiceira, Costa, Ferraria, Gandra, Igreja (e Vila), Lombelho, Outeiro, Pedrouços, Punhete, Reguengo, Ribeiro, Rua, Transleça, Trás-do-Casal, Várzea, Vilar (e Telheiras) e Xisto (e Outeirinho).
O documento datado mais antigo que se conhece sobre Alfena data de 1214, e nele D. Stefanina fala dos «Leprosis de Alfena».
Nas Inquirições de 1258, ordenadas por D. Afonso III, a freguesia é mencionada como São Vicente de Queimadela, sendo composta por 4 lugares: Ferrarias (a norte), pertença do Rei e da Gafaria; Baguim (a ocidente), pertença da Comenda de Águas Santas e do Rei; Caveda (a sul), pertença do Rei e do Mosteiro de Santo Tirso; e a villa d’Alfena e Traslecia (ao centro e oriente) pertença, na sua totalidade, da Gafaria.
Em 1287, o Mosteiro de Santo Tirso cede o direito de padroado sobre a paróquia de «sacti Vicentij de Queimadela», nas Terras da Maia, ao Bispo e Cabido da Sé do Porto.
Alfena seria uma Honra (terra de fidalgos e isenta de poder real) de D. João Pires da Maia (ou João Pedro da Maia), o qual a terá legado à Gafaria (hospital para leprosos). Em 1307, D. Dinis confirma a Honra na «Freeguesia de sam vicente da queimadella ho Paaço dalffena» como terra dos «gaffos» (Leprosos).
Em 1466, o Cabido da Sé do Porto cede ao Bispo o direito de padroado sobre as paróquias de «são Vicente de queimadella, terra da Maya» e «Santa Marya de Campanhãa».
O foral manuelino às Terras da Maia (1519) faz várias referências ao lugar de Cabeda e às Ferrarias, à «Igreja de São Vicente dalfena» e ainda à «freguesia de san Vicente de Vagoim» que estava sujeita à pena de sangue.
Em 1542, no Censual da Mitra do Porto, D. Baltazar Limpo, Bispo do Porto, refere-se à «igreja de San Vicente de Alfena de Queimadela» e, no ano seguinte, o mesmo bispo cede o direito de padroado sobre a paróquia de «sam Vicente de Alffena, terra da Maya» ao Colégio do Carmo da Universidade de Coimbra, sendo abade e reitor de Alfena, seu irmão, Melchior Limpo.
Em 1706, na sua obra «Corografia Portuguesa», o Pe. António Carvalho da Costa refere-se a São Vicente de Alfena nos seguintes termos: «Chama-se villa de Alfena à arruada e tem pelourinho, dizem o foi antigamente».
Em 1747, o Pe. Luís Cardoso, no seu «Dicionário Geográfico», refere-se a Alfena nos seguintes termos: «De presente tem huma rua que corre de norte a Sul, em espaço de mil passos pouco mais, ou menos, estrada que foy de muita concorrência para a Cidade do Porto, Villa de Guimarãens, e Província de Traz os Montes; porém haverá trinta e seis annos se cortou esta estrada por detrás da dita rua, para a parte do Occidente, por ser mais breve, e limpa, e os moradores do lugar de Vallongo, distante desta freguesia huma légua, ainda fazem pela dita rua passagem pública. Esta Rua conserva ainda o antigo nome de Alfena, e tem no meyo seu Pelourinho, que por descuido dos officiaes públicos da Justiça se vai cada vez arruinando mais, e mostra pela sua factura ser obra antiga. (…) Sòmente no que respeita às sizas reconhece sogeição esta Freguesia ao Ouvidor do concelho da Maya, por ser este Juíz das Sizas. No mais tem ela seu Ouvidor particular, que conhece de coimas, e acções de pouca quantia: tem seu procurador da Ouvidoria, Meirinho, que também serve de Porteiro, dous Quadrilheiros e quatro Jurados, tudo por eleição do povo , e confirmação do Senado do Porto: tem almotacé, que serve dous mezes, e desta sorte se vai seguindo por todo o ano, que conhece da almotaçaria, feito, e confirmado da mesma forma. He esta freguesia cercada de largos montes e muy altos, principalmente para o Nascente, e Norte, com alguns vestígios de fortificações, e grandes fossos, que mostrão ser em algum tempo minas donde se tirarão metaes. Ficalhe no meyo a serra de Santa Margarida(…) »
Como bem refere o Pe. Domingos A. Moreira, na sua obra «Alfena, a terra e o seu povo», Alfena seria «uma vila filial e sufragânea da da Maia». Em alguns assuntos, Alfena dispunha de juiz próprio e respondia directamente ao Senado do Porto. Alfena era, também, sede de uma Companhia de Ordenanças.
Com o Liberalismo, em 1836, é criado o concelho de Valongo, no qual Alfena é integrada, tendo acolhido a sede do concelho, na Primavera de 1838, na sequência de tumultos ocorridos em Valongo após o lançamento de novos impostos sobre a carne, vinho e azeite, e por ser de Alfena o então Administrador do Concelho (representante do Governo), Manuel da Silva Marques, sendo por essa altura novamente designada de vila.
Em Dezembro de 1867, o Governo de Joaquim Augusto de Aguiar decreta uma nova Reforma Administrativa e Alfena é integrada num novo Concelho de Rio Tinto. Esta medida foi, entretanto, revogada no mês seguinte pelo novo Governo presídido pelo Duque de Ávila, voltando Alfena a integrar o Concelho de Valongo até aos dias de hoje.
Em em 30 de Junho de 1989, Alfena foi (novamente) elevada a vila por deliberação do plenário da Assembleia da República. No dia 6 de Abril de 2011, por deliberação do plenário da Assembleia da República, Alfena é elevada, finalmente e por unanimidade, à categoria de cidade.
Do Pelourinho, símbolo da «antiga villa», que em 1747 já apresentava sinais de degradação, hoje nada resta, mas pelas descrições que chegaram até nós, ele ficaria situado no cento do actual lugar da Rua, na confluência das estradas reais Porto-Guimarães e Alfena-Valongo (hoje, Rua de São Lázaro e Travessa do Moinho).
Quinta D. Helena - Antigos Paços do Concelho em Alfena (Primavera de 1838). Edifício de R/C com Portal (hoje desaparecido), ao lado do «casarão» do início do séc. XX onde hoje funciona um restaurante. |
Nome
Na Idade Média, a freguesia era conhecida por S. Vicente de Queimadela, enquanto Alfena era um mero lugar daquela freguesia (o actual lugar da Rua, tomando esse nome por ser atravessado pela estrada real Porto-Guimarães). Alfena é nome único na toponímica de Portugal.No século XVIII, os Pe. Carvalho da Costa e Luís Cardoso avançam com a teoria que teria havido uma batalha contra os mouros, onde teriam entrado sete condes, baseando-se na hipótese do vocábulo Alfena provir do árabe «Al-hella» que significa acampamento ou arraial.
Pinho Leal avança, no entanto, outra teoria, de que a origem do topónimo residiria num arbusto comum na região mediterrânica, o alfeneiro ou ligustro, utilizado para tingir ou embelezar. Alfena provem então da palavra árabe que designa essa planta «Al-Henna». O Pe. Domingos A. Moreira, estudioso que se debruçou sobre a onomástica das paróquias da Diocese do Porto e que levou a cabo a primeira monografia de Alfena, partilha também desta última hipótese.
Esta ligação da Cidade ao arbusto é hoje uma realidade, quer pela sua inclusão no brasão autárquico escolhido em 1990, quer pela colocação do arbusto em vários locais públicos.
Situação
Igreja Matriz de Alfena, |
A cidade corresponde à freguesia mais setentrional do concelho, confrontando-se com os vizinhos municípios de Santo Tirso (freguesia de Água Longa), a nordeste, e Maia (freguesias de Folgosa e São Pedro Fins), a noroeste. O seu território ocupa uma área de aproximadamente 15,7 km², envolto das congéneres Ermesinde (a sudoeste), Valongo (a sudeste) e Sobrado (a este), todas do concelho de Valongo.
Pelo extenso e alongado vale de Alfena, corre o Rio Leça, no seu curso natural, acompanhado por uma planície a perder de vista, pontuada aqui e além por pequenos planaltos. Alfena é emoldurada por vários Montes:
- Monte Pedroso e Saínhas;
- Monte da Gandra;
- Monte de São Miguel-o-Anjo (que divide com Folgosa e São Pedro Fins);
- Alto Catorze ou Penas d'Abelhas (à cota baixa, o cimo do monte é já Água Longa);
- Serra do Sobreiro Ventoso ou de Vale de Porcos (na divisória com Água Longa e Sobrado);
- Montenegro e Fojo;
- Serra de Asas do Fojo (na divisória com Valongo);
- Alto de Santa Margarida (junto ao centro da Cidade);
- Monte Redondo e Monte do Preto (o último na divisória com Valongo);
- Alto da Bela ou da Vela (na divisória com Valongo);
- Serra do Cardoso;
- Alto do Reguengo e Mirante de Sonhos (na divisória com Ermesinde);
- Serra de Vilar.
O Leça e a sua bacia hidrográfica sempre tiveram importância na actividade humana do território alfenense, salientando-se os seguintes afluentes (e sub-afluentes):
Na margem direita
- Ribeiro de Covas;
- Ribeiro de Junqueira e seu afluente de Saínhas;
- Ribeiro de Baguim;
- Ribeiro de Tabãos e seus afluentes da Junceda e de Chãos;
- Ribeiro de Vale Godinho;
- Ribeiro de Azevido;
- Ribeira de Cabeda.
Os limites do território de Alfena
Embora uns mapas atribuam a Alfena uma área de 11,1 km² e outros lhe atribuam uma área de 12,8 km², em qualquer dos casos os limites estão errados. Os limites corretos e oficiais da cidade de Alfena, são os constantes do Tombo de 1689, que atribuem à freguesia uma área próxima dos 16 km². Os atuais mapas do concelho de Valongo retiram a Alfena cerca de 1/3 do seu território histórico, eliminando a fronteira (que é natural) entre a cidade alfenense e a Vila de Sobrado, ao mesmo tempo que estica para norte as fronteiras da freguesia de Valongo.Em Alfena há já grupos de trabalho que se dedicam à defesa do Património da cidade, sendo um dos pontos a resolver, este estranho desaparecimento de cerca de 1/3 das Terras de São Vicente de Alfena.
Vias de comunicação
Actualmente as principais vias de comunicação da cidade de Alfena são, N 105, de Porto a Guimarães, a nacional nº105-1 de Ermesinde a Alfena, onde ambas cruzam o centro urbano da cidade.Alfena encontra-se num local privilegiado, a nível de rede rodoviária, através da A 41 (antiga IC24) os habitantes de Alfena conseguem em poucos minutos chegar a capital nortenha a cidade do Porto. Alfena é também servida por outras vias importantes como a A 3 que liga Braga ao Porto, a A 28 que liga Viana do Castelo a Matosinhos, a Via Norte, e a A 42 que liga Alfena às cidades de Paços de Ferreira, Felgueiras, Chaves e Vila Real.
De grande utilidade, mas de nível um pouco secundário, temos a estrada Valongo – Cabeda (M607) e a estrada que liga Alfena a São Romão (N 318), permitindo alcançar outras direcções.
É ainda servida pela Linha do Douro, que tem no sul de Alfena, na povoação de Cabeda, um apeadeiro.
Alfena é servida, por várias empresas de transporte colectivo:
*Sociedade de Transportes Colectivos do Porto
- 64 Valongo «» Ribeiro (Alfena)
- 701 Bolhão «» Codiceira (Alfena)
- 704 Boavista «» Codiceira (Alfena)
*Autoviação Mondinense
*Landinense
*Maia Transportes
- 25 Maia «» Alfena (Liceu)
- 35 Quinta da Lousa «» Codiceira (Alfena) (Via Sobrado)
Principais actividades económicas
As principais actividades económicas praticadas em Alfena são a indústria, o comércio, agricultura, pecuária e avicultura. As que ocupam a maior parte das actividades são o comércio e a indústria, embora, a agricultura também denote alguma importância, uma vez que é um sector que nos dias de hoje se torna rentável a par das industrias pecuária e avicultura.Indústrias
A cidade tem evoluído de uma forma bastante acelerada.Na zona Sul da Cidade existe a Zona Industrial de Alfena I, com 4 Sectores industriais.
Na zona Norte da cidade, prevê-se (está em fase de estudo) a criação da Zona Industrial de Alfena II, abrangendo as freguesias de Água Longa e Sobrado.
Isto é devido ao facto de Alfena estar a apenas 12 quilómetros do Porto, sendo uma grande valia para situar empresas dentro dos seu limites, criando novos postos de trabalho. A indústria situada é diversa e são numerosos os armazéns nas zonas industriais.
Alfena é hoje um pólo económico e industrial de importante relevância, quer no concelho de Valongo, quer no Norte de Portugal.
Infraestruturas da Cidade
A Creche e o Jardim de Infância do Centro Social e Paroquial de Alfena situam-se na Rua do Centro Social, em Alfena. |
- 5 pré-escolas
- 5 escolas do 1º ciclo
- 1 escola Preparatória
- 2 escolas do 3.º ciclo
- 1 escola secundária
- Escola Sénior
- Centro Social Paroquial de Alfena (CSPA)
- Infantários
- Ginásios e Academias
- Centro Social (CSPA)
- Centros de 3ª Idade (CSPA)
- Complexo Social Deficientes (CSPA)
- Centro de Saúde
- Museu Etnográfico das Terras de São Vicente de Alfena(CSPA)
- Policlínicas
- Centro de Enfermagem
- Farmácias
- Hospital Privado de Alfena
- Motoclube de Alfena
- Tropas Tuning de Alfena
- Escola de Música
- Escola de Dança
- Gabinete de Inserção Profissional (Centro de Emprego, IEFP)
- Rancho Folclórico Alfena
- Grupo de Jovens "Nova Paz" - Jobifran
- Escuteiros (C.N.E. - Agrupamento 0479 de Alfena)
- Casa da Juventude Alfena
- Banda de Música de Alfena (sob direcção do Centro Social e Paroquial de Alfena)
- Grupo Columbófilo
- Piscinas Municipais de Alfena
- Centro Cultural de Alfena
- Bibliotecas
- Guarda Nacional Republicana de Alfena
- Espaço Social
- Bancos
- Casa do Futebol Club do Porto
- Comércio
- Serviços
- Restaurantes
- Bares e Cafés
- Estação dos Correios
- Pavilhão Gimnodesportivo do ACA
- Academia de Futebol do Sporting Club de Portugal
Parque de S. Lázaro |
Entidades desportivas
- Atlético Clube Alfenense que tem como principais modalidades desportivas o futebol, atletismo, ténis, basquetebol, futebol de salão entre outras.
- CSPA centrando-se no hóquei em patins, patinagem artística e karaté.
Património
- Ponte de São Lázaro
- Ponte dos Sete Arcos
- Portal do Ribeiro
- Portal das Telheiras
- Capela de S. Lázaro datada de 1623
- Parque de S. Lázaro
- Igreja e Capela da Senhora do Amparo
- Igreja da Senhora da Paz Datada de 1 de Maio de 1993
- Igreja Matriz Benzida sob a protecção do Mártir S.Vicente, padroeiro de Alfena, no dia 23 de Agosto de 1964 - chamada de Igreja Nova, uma vez que a primitiva Igreja de São Vicente de Alfena foi demolida em 1964.
- Capela de S. Roque (ligada ao Caminho de Santiago)
- Capela da Nossa Senhora da Conceição
- Capela da Nossa Senhora da Piedade (Quinta das Telheiras)
- Museu Etnográfico de Alfena (situado no Polo II do C.S.P.A.)
- Centro Cultural de Alfena (antiga escola primária n.º 1)
Rua 1º de Maio - Alfena - Valongo
Festas e romarias
- São Vicente (22 de Janeiro ou transitando para o Domingo seguinte)
- São Lázaro (Domingo que precede o Domingo de Ramos) -
- Senhora do Amparo (último domingo de Julho) - esta romaria é famosa pelos seus belos tapetes ao longo de todo o percurso da procissão (Igreja de S. Vicente [Matriz] à Igreja da Nossa Senhora do Amparo), feitos à base de flores, serrim pintado, sal, entre outros materiais, a N. Sra do Amparo é também a padroeira dos estudantes universitários de Alfena.
A
cidade de Alfena celebrou uma vez mais as Festas em Honra de Nossa
Senhora do Amparo, nos dias 30 e 31 de julho, cumprindo uma tradição
litúrgica com fortes raízes locais. Dias antes do início das festas,
decorre uma procissão da capela para a Igreja Matriz.
Na procissão da festa, o universitários da Cidade prestam-lhe homenagem, acompanhando a procissão trajados.
Quando a procissão chega à Igreja da Sra. do Amparo, os estudantes estendem as capas para que o andor da Nossa Senhora passe por cima.
As festas e romarias em honra de S. Vicente e Senhora do Amparo são sempre abrilhantadas com a presença das colectividades da cidade, tais como: A Banda de Música de Alfena; Rancho Folclórico de Alfena e Agrupamento de Escuteiros de Alfena
- O Carnaval de Alfena que se realiza todos os anos na terça-feira de Entrudo, com foliões, carro alegóricos dos diferentes lugares de Alfena, que percorrem as principais ruas da cidade.
- Concentração Motard de Alfena
Um dos momentos altos é o famoso passeio das tochas, realizado na noite do segundo dia da concentração, pois os motards desfilam pelas ruas da cidade de Alfena, empunhando uma tocha acesa.
Gastronomia tradicional
Alfena é a terra do famoso Arroz de Cabidela, conhecida por Pica no Chão.De destaque, a famosa Regueifinha de Cornos, tradicional da Cidade de Alfena, era o presente dos moços da terra às suas noivas, no Domingo de São Lázaro.
Obs. A próxima postagem será Alfenas de Minas Gerais - Brasil
Matéria em construção...
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