Antes
de morrer em decorrência da leucemia, a pequena Júlia, de 8 anos,
deixou uma carta para a voluntária Gabriella Pereira, que costumava
visitá-la quatro vezes por semana em um abrigo para crianças em
Carapicuíba, na Região Metropolitana de São Paulo. Nas páginas de uma
agenda de princesa, a menina esbanja amor e gratidão diante de todo o
carinho que recebeu da jovem. O conteúdo da mensagem foi divulgado em
uma rede social na última quinta-feira, um dia após a morte da menina, e
vem emocionando internautas. O post angariou cerca de 33 mil curtidas e
18 mil compartilhamentos.
A bacharel em Direito contou que
costuma realizar trabalhos sociais há seis anos e, em uma das ações, há
cerca de dois anos, conheceu Júlia, a espera de uma família para
adotá-la.
"Desde
então, não era mais um trabalho, era amor. Dia das crianças,
aniversário, Natal, entre outras datas, sempre tive comigo que precisava
dar uma passadinha pra ver a magrelinha, porque as outras crianças
tinham alguém que visitava e ela tinha apenas eu. Sua irmã foi adotada
quando tinha meses, mas a Júlia estava com 8 (anos) e tinha leucemia e
lutava pela cura todos os dias", afirmou a voluntária no post.
Em
entrevista ao EXTRA nesta terça-feira, Gabriella explicou que todo
domingo ocorre recreação no abrigo, contando com a presença das mães,
porque nem todas as crianças moram no local. Segundo a jovem, que também
visitava Júlia às segundas, quartas e sextas-feiras, há famílias que
não têm condições ou que são usuários de drogas.
— Quando melhoram, costumam ver os filhos e buscá-los, mas a Júlia realmente foi abandonada. Ela estava para adoção — disse.
A
voluntária afirmou que, em seu caso, seria difícil um juiz aceitar o
pedido de adoção, mas mesmo assim não desistiu e seguiu com um processo
com o apoio de sua família.
— Entrei com a documentação pra fazer a adoção, estava com um pedido em andamento, mas não deu tempo.
Gabriella, de 23 anos, ressaltou, porém, ter feito tudo ao seu alcance para atender as vontades da menina.
— O primeiro pedido dela foi que queria ter cabelo, então cortei o meu e doei pra ela — afirmou.
E esse amor entre as duas ficou bastante claro na carta escrita pela criança.
"Quero
pedir obrigado por me conhecer por vim (sic) me ver e por me dar o
video game que te pedi, eu sabia que era muito caro e pra comprar o
video game precisa vender uma casa, mesmo assim você me deu, obrigada
pela sandália de salto que me deu, e por trazer aquele lanche que eu
sempre vi na TV, obrigada por vim (sic) me ver no meu aniversário e
trazer o sorvete de morango", disse Júlia.
Ainda que emocionada
por ter tido a oportunidade de conhecer a menina no abrigo, Gabriella
destacou a importância de crianças terem uma família estruturada e com
amor.
"Só faço aqui um pedido às mães que colocam crianças no
mundo e abandonam, vocês não fazem ideia do que é uma criança crescer
sem ter um apoio fixo. É um funcionário do orfanato que dá um pouco de
atenção, depois um enfermeiro que pega amor, ou a mãe de um coleguinha
que leva um presente no Natal, ou às vezes, a mãe do coleguinha está em
uma viagem, o enfermeiro trocou de plantão e o funcionário trocou de
emprego, nessas horas ela está sozinha novamente. Não tem quem ensinar a
escrever, não tem quem ensinar a segurar o garfo nas refeições, não tem
quem fazer um penteado no cabelo, e nem passar o batom que ela tanto
gostava", afirmou. "Mas enfim, tudo isso acabou, agora a Júlia é uma
estrela e uma das mais lindas e guerreiras que podem existir, foi com o
Papai do Céu que ela tanto queria".
"Tia
Gabriela eu estou com muita dor e já quero ir morar com o papai do céu,
por isso pedi para a tia Marta escrever essa carta na agenda da Branca
de Neve que você me deu.
Pedi pra tia te ligar porque
estou com saudades, mais não conseguimos falar com você, ligamos no
Banco que você trabalha mais existe muitos e não sei o número do seu
trabalho, não sei se agente te esperar na visita do Domingo. Quero pedir
obrigado por me conhecer por vim me ver e por me dar o video game que
te pedi, eu sabia que era muito caro e pra comprar o video game precisa
vender uma casa, mesmo assim você me deu, obrigada pela sandália de
salto que me deu, e por trazer aquele lanche que eu sempre vi na TV,
obrigada por vim me ver no meu aniversário e trazer o sorvete de
morango.
Você é a minha melhor amiga e eu queria que você
fosse a minha mãe, pedi para o papai do céu me fazer sarar, porque ai
você ia arrumar os documentos e me adotar, você disse que ia ser difícil
mais eu ia pedir para o juiz deixar você ser a minha mãe, e ele ia
deixar, porque você já é grande e até dirige um carro.
Quando
eu crescer quero ser bonita igual você! Também quero dizer na sua carta
que eu amei que colocou bexigas no meu aniversario e levou até
brigadeiro.
Tia Gabi eu te amo e estou pintando as
bolinhas do calendario igual você disse e só falta duas fileiras para o
dia do seu aniversário, mais estou muito doente e com dor, por isso se
eu for morar com o papai do céu, não fica triste, porque eu te amo e só
você é a minha melhor amiga.
Jullia"
Esta carta desta menina realmente emociona os corações humanos, mas ao mesmo tempo nos desperta para a realidade da sociedade em que estamos inseridos. sociedade egoísta e consumista que gera todo este desamor, onde o "ter" é seu maior paradigma. São milhões de Júlias espalhadas por esse Brasil afora vítimas do abandono dos pais, que por sua vez também já foram vítimas do abandono de seus pais.
A esta esta nossa Júlia, inocente criança, agora no reino de Deus, deixo o meu pedido! Interceda junto a "Ele" pela paz no mundo, pelas crianças abandonadas, pelas crianças nos leitos dos hospitais, pelas crianças órfãs, pelas crianças vítimas da fome, da violência separatista dos casais imaturos e despreparados para uma vida a dois! Enfim, por todas as crianças do mundo!!
Que bom se o exemplo Rafaela servisse para humanizar os políticos do Brasil e do mundo!!!
JPL
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