A salicórnia, planta halófita comestível que cresce espontaneamente em zonas de sapal, como a Ria Formosa, no Algarve, é cada vez mais usada como uma alternativa ao sal e não só exclusivamente pelos 'chefs' da alta cozinha.
Se antes era
preciso ir a um restaurante 'gourmet' para saborear a planta, usada em
saladas, mas também em pratos de peixe, marisco ou carne, desde o ano
passado que já é possível encontrar salicórnia nas prateleiras de alguns
supermercados do país.
Mais recentemente,
desde o início deste ano, existem também saladas prontas a consumir já
com salicórnia, dispensando a adição de sal, através de uma parceria
entre um grupo dedicado aos produtos de quarta gama e uma empresa que
produz aquela e outras plantas da Ria Formosa em estufas, junto a Faro.
“Na
nossa salicórnia, por cada 100 gramas, existem dois gramas de sal,
portanto, apenas 2%, e o nível de sódio é de 0,75 gramas”, explicou à
Lusa Miguel Salazar, gerente da Ria Fresh e que começou a desenvolver
projetos com plantas halófitas no Algarve em 2011.
Segundo
o engenheiro agrónomo, os benefícios da salicórnia relativamente ao sal
não se esgotam na capacidade de salgar os alimentos com menos sódio já
que a planta “não é unicamente sal”, tendo outros minerais benéficos
para a saúde como o cálcio, o potássio e o magnésio.
“Existem
uma série de estudos que indicam que a salicórnia e outras plantas dos
sapais têm também compostos com propriedades antioxidantes,
anti-inflamatórias e até antidiabéticas”, indicou.
Nascido
em Espanha, mas a viver em Portugal há 17 anos, o engenheiro agrónomo
sublinha que a composição da salicórnia proporciona não só um sabor
salgado, como realça o sabor dos alimentos, fazendo com que perdure mais
no palato.
Segundo Miguel Salazar,
trata-se do sabor “umami”, palavra de origem japonesa, que em português
significa delicioso ou saboroso, e que dá nome ao quinto sabor, para
além do doce, amargo, ácido e salgado.
Para
ser usada na confeção de pratos quentes e por se tratar de um vegetal
muito hidratado, o ideal é adicionar a salicórnia à preparação já na
parte final da cozedura, embora a planta não oxide, explicou.
Pedro
Girão, diretor comercial da empresa, estima que, no total das nove
plantas produzidas e comercializadas pela Ria Fresh, a produção deste
ano se situe entre as 15 e as 17 toneladas.
No
próximo ano esperam alcançar as 25 toneladas, estando já em curso a
exportação para Espanha e Bélgica, com possibilidade de a operação vir a
estender-se também à Inglaterra e Alemanha.
A
salicórnia da Ria Fresh está atualmente à venda em superfícies
comerciais do Porto, Coimbra, Lisboa e Algarve, onde, por enquanto,
existe apenas um ponto de venda.
A empresa
também já comercializa sal vegetal, que consiste em salicórnia
desidratada, embora o produto ainda esteja em desenvolvimento, concluiu.
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