AS COMEMORAÇÕES DOS 500 ANOS DO BRASIL

As comemorações dos 500 anos do descobrimento do Brasil, no dia 22 de abril de 2000 em Porto Seguro, fizeram parte de um projeto mais amplo do governo português no sentido de mostrar aos povos de língua portuguesa, o grande desenvolvimento do mundo, durante e após as grandes navegações. Além dos países lusófonos, participaram dessas comemorações, China e Japão, onde as caravelas portuguesas um dia também chegaram.
Em Angola, Moçambique e demais países luso-africanos, as comemorações, atingiram raro esplendor.
No Japão, no porto de Namasacka, fundado pelos portugueses em 1543, as crianças japonesas receberam as caravelas vindas de Portugal ao som de canções típicas dos dois países, enquanto a China aproveitou o evento para agradecer aos portugueses, a contribuição destes, durante as guerras contra a pirataria em suas costas.
Em Portugal, como seria de se esperar, também houve significativas manifestações de apoio aos festejos.
Infelizmente, só no Brasil não foi assim, apesar do esforço isolado de um ou outro setor da sociedade. Na histórica Porto Seguro, naquele 22 de abril de 2000, uma minoria ligada ao "Conselho Indigenista Missionário da Igreja Católica" "CIMI", resolveu acabar com a festa. Sem muita intimidade com o idioma potuguês ou mesmo com o dialeto patachó e usando a mesma estratégia calvinista dos séculos XVI e XVII, essa minoria, conseguiu insuflar em nossos irmãos indígenas, um exacerbado ódio nativista, que só não teve consequências mais graves, porque, do outro lado encontraram uma maioria insuflada pelo espírito universalista, integracionista e humanística de nossa cultura comum.
Foi tal a violência, que as caravelas que já se aproximavam do cais, repleto de pessoas, vindas dos mais longínquos rincões do Brasil e do mundo, tiveram que retornar às pressas para alto-mar, a todos frustando.
Esse discurso nativista, também muito repetido em nossas escolas, ongs, sindicatos, ordens e principalmente em "nossa" mídia, teria mais ressonância em países onde os índios foram realmente massacrados e nunca no Brasil, onde desde o começo houve um indissolúvel casamento entre estes e os descobridores. Um casamento que transformou as terríveis guerras tribais na pacífica e progressista família luso brasileira e as disputas fronteiriças numa paz permanente com todos os nossos vizinhos. Os 1000 dialetos tribais então existentes num único idioma, hoje falado por mais de 200 milhões de almas em todos os continentes. Enfim, um casamento que gerou muitos filhos heróis, entre eles, Araribóia, que numa noite de 20 de janeiro de 1567, atravessando a nado a baía de Guanabara, fez explodir os navios calvinistas fundeados em Niterói, dando início à expulsão definitiva destes de terras brasileiras. Como Felipe Camarão, que preferiu continuar a lutar pelo seu Pernambuco luso-católico, a render-se às corruptíveis promessas holandesas. Como o cacique Tibiriça, que facilitou o acesso dos portugueses ao planalto de Piratininga para que fosse fundada a cidade de São Paulo. Como os 1200 índios remadores e de peleja, que, em 1630, ajudaram Pedro Teixeira a expulsar da Amazônia, exércitos bem mais poderosos que o seu. Ou ainda como os 3000 índios, que, junto com 900 portugueses, sob comando de Raposo Tavares, travaram a última e vitoriosa batalha de Guairá das Missões, pondo fim ao escandaloso tráfico de gado bovino para a Europa.
Num país, onde um dia todos vieram de fora, uns da Ásia, através do Estreito de Bering, outros da Europa por mares nunca dantes navegados, outros da África em frágeis e desumanas caravelas e outros mais recentemente de outras partes em modernos e seguros meios de transportes, esse tipo de manifestação só serve mesmo é para enfraquecer ainda mais a luta pela causa indígena e de outras minorias, que infelizmente ainda permanecem excluidas dos benefícios desta sociedade consumista. Mas, não são estes senhores semeadores de ódio, que vão resolver os seus problemas ! Porque, senão estariam aí gritando nas ruas pelas injustiças sociais a que está submetido este nosso povo e não somente por nossos irmãos indígenas, mas, por toda a sociedade brasileira. Uma sociedade, que carrega em suas veias tanto sangue indígena, negro e de outras etnias, que fazem deste país a pátria das pátrias, a pátria do amor.
Portanto, agradecemos as suas preocupações com o problema destes nossos irmãos, realmente tão sofridos e abandonados por nossa sociedade, mas, ainda achamos que soluções vindas de fora, não são solução para o problema. Quem tem que resolver esse problema somos nós, os brasileiros de todas as matizes e mais ainda os luso brasileiros !
Portanto, antes que seja tarde demais e que o separatismo transforme este país num desses infernos, que é mundo de hoje, convoco a todos vocês para que neste 22 de abril possamos comemorar juntos pela primeira vez esta data tão sublime de nossa história-comum e que até hoje nos foi negada por este separatismo perverso !!!

Jorge Pedroso de Lima

Diretor do 1º Centro Cultural Luso Brasileiro do Brasil

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