No longínquo 28 de outubro de 1637, um fato estava fadado a marcar definitivamente a história do Brasil em seu longo e seguro processo de ocupação do que é hoje a Amazônia. O sertanista Pedro Teixeira, com uma expedição integrada por mil e duzentos índios de remo e peleja, 70 soldados portugueses, 47 canoas mais algumas mulheres e curumins, totalizando mais de duas mil pessoas, partiu de Cametá, no Pará, com dois objetivos bem claros: chegar a Quito, no então Vice-Reino do Peru e, na viagem, fazer um reconhecimento mais pormenorizado do Rio Amazonas.
Segundo relata Nelson Figueiredo Ribeiro, no livro A Questão Geopolítica da Amazônia - da Soberania Difusa à Soberania Restrita, Edições do Senado Federal, o governador do Grão-Pará, Jácome Raimundo Noronha, ao ordenar a viagem de Teixeira, tinha um objetivo oculto: ocupar a vasta área da Amazônia para a Coroa portuguesa.
Dois anos antes da partida de Teixeira do leste para o oeste, chegaram à Foz do Amazonas, mortos de fome e esfarrapados, dois freis, alguns soldados espanhóis e índios com uma história fantástica. Tinham partido de Quito rio abaixo, mas foram massacrados por índios conhecidos como Cabeludos, na Amazônia equatoriana.
Essa informação foi fundamental para que o governador Noronha se apressasse para não perder a posse de uma região que já levantara muitas expectativas em torno do mundo por ocasião da viagem, um século antes, de Francisco Orellana, que fizera o percurso de oeste para o leste.
A viagem foi um sucesso. Recebido com festas na capital equatoriana, na volta Teixeira resolveu parar por alguns meses na confluência dos rios Aguarico e Napo, para reabastecer a sua frota e descansar.
A história estava recebendo uma página estratégica: ali fundou uma povoação sob o nome Franciscana, em homenagem aos freis espanhóis que escaparam anos antes do massacre indígena. Chegou ao requinte de jogar simbolicamente um punhado de terra para o ar e mandou lavrar uma ata do evento político e administrativo. Transcorria o dia de 16 de agosto de 1639.
A iniciativa de Noronha e Teixeira rompeu o Tratado de Tordesilhas na prática e terras então espanholas passaram a ser controladas por portugueses. A pendência geopolítica, que se agudizou quando os reinos Portugal e Espanha voltaram a se separar, só foi resolvida pelo Tratado de Madri, em 1750.
Considerado o conquistador da Amazônia, Teixeira tem seu nome relembrado nas letras de hinos militares, cantados em coro por soldados em solenidades de formatura.
Fonte: Agência Senado
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