1578: Batalha de Alcácer-Quibir ou a Batalha dos três Reis (II)
1578: Batalha de Alcácer-Quibir ou a Batalha dos três Reis (II)
1578: Batalha de Alcácer-Quibir ou a Batalha dos três Reis
Por
mares nunca dantes navegados, há 600 anos atrás os portugueses seguiram
ao encontro de outras terras e novos povos. O esforço para conquistar
locais longínquos e cheios de perigo era o preço a pagar pela abertura
de novas rotas do comércio.
D. Sebastião, décimo sexto Rei
de Portugal, conhecido como “o Desejado”, filho do príncipe D. João e
neto do Rei D. João III, nasceu em 1554 e morreu ainda muito novo, em
1578, em Alcácer-Quibir, Marrocos.
Foi o último rei da dinastia de
Avis. Herdeiro da coroa com apenas três anos de idade, só em 1568 é que
D. Sebastião é aclamado Rei de Portugal ao atingir a maioridade.
O povo português esperava com grande angústia o
nascimento do herdeiro, pois a sucessão do trono podia estar em causa
devido ao casamento da infanta D. Maria de Portugal com o príncipe D.
Filipe de Castela.
O monarca era bastante inteligente e dividia o seu
tempo entre a caça, os exercícios religiosos e a leitura. O seu inverno
era passado em Sintra, enquanto o seu verão era passado em Salvaterra e
Almeirim.
Depois de assumir o trono, D. Sebastião rodeou-se de aristocratas e começou a demonstrar interesse em conquistar Marrocos.
Para
poder realizar esse sonho, o monarca teve de aumentar os impostos,
socorrer-se dos fundos da Igreja e recorrer a empréstimos de banqueiros
estrangeiros.
Ainda durante a gerência do Cardeal D. Henrique em
1568, foi criado no Porto um efetivo de 300 homens, que estavam ligados
às companhias de ordenanças.
Em 1562, já no reinado de D. Sebastião,
mas enquanto este era menor de idade e a regência do país entregue ao
Cardeal D. Henrique, ocorreu o cerco à praça de Mazagão, e em 1571
realizou-se a Batalha de Lepanto.
D. Sebastião demonstrou um grande
interesse em combater os mouros, porém só em 1573 é que o Monarca
iniciou a jornada ao Alentejo e ao Algarve.
Em 1574, o Rei partiu em
direção ao Norte de África e fez-se acompanhar pelos nobres mais
importantes da Corte, na sua primeira jornada de reconhecimento à
região. Nesse ano, usou como desculpa uma viagem ao Algarve e partiu em
segredo para Marrocos, deixando o país sem monarca. Mulei Mahamet,
Xerife de Marrocos, teria vindo a Lisboa pedir ajuda a D. Sebastião para
lutar contra Mulei Moluco, seu tio, pois este tinha-lhe tirado o seu
poder.
Com Marrocos sob o domínio Otomano, Portugal corria o risco
de ter problemas com o comércio português em África, Índia e no Brasil.
No entanto, a falta de recursos e de condições em geral fez com que o
rei tivesse de regressar a Portugal.
Deste modo, o monarca começou a
preparar uma expedição militar, enviando o seu melhor homem, Pedro de
Alcáçova Carneiro, para negociar com Filipe II um tratado de união
contra Marrocos.
Porém, em 1576, o monarca português visita seu tio,
o monarca espanhol, que tenta convencê-lo a não avançar com a expedição
a Marrocos. No entanto, nada resultou.
Exército de mercenários
O
regresso a Portugal não fez com que D. Sebastião recuasse na sua ideia
de conquistar o Norte de África. Ainda em 1576, o Monarca teve o motivo
que esperava para voltar a Marrocos: Muley Mahamet foi deposto do trono
de Marrocos pelo seu tio Muley Moluco e recorreu a D. Sebastião e a D. Filipe II pedindo-lhes ajuda.
O Monarca português queria afirmar-se e
“aproveitou” o pedido de ajuda de Muley Mahamet e assim em 1576 D.
Sebastião encontrou-se com D. Filipe II em Guadalupe para combinarem os
preparativos da próxima jornada ao Norte de África e pedir ajuda
militar.
Para convencer o Monarca castelhano, o Monarca português
falou-lhe dos ataques de pirataria moura que cresciam no Mediterrâneo e
no Atlântico.
Em 1578, com a morte da rainha D. Catarina e da
Infanta D. Maria e com a controvérsia que girava em volta da governação
durante o tempo em que o Rei esteve na primeira jornada em África, fez
com que os preparativos se atrasassem e só nos finais de Junho deste
mesmo ano o Monarca partisse para o Norte de África, como refere a
‘Crónica do Xarife Mulei Mahamet e d’El-Rei D. Sebastião(1573-1578).
O
recrutamento do exército para esta expedição ficou num custo muito
elevado, pois ninguém queria ir para África. Assim, este exército foi
composto por mercenários irlandeses, alemães, italianos e espanhóis.
D.
Sebastião manda abrir o túmulo de D. Afonso Henriques, pois pretendi-a
levar a sua espada para a batalha…
Pensa-se que D. Sebastião terá
partido de Lisboa para o norte e África com uma armada com cerca de 800
navios e com cerca de 20000 homens. Divididos por 5000 estrangeiros, 12
000 homens treinados, quatro terços portugueses, cada terço possuía 12
companhias, cada companhia cerca de 250 homens, 1400 esquadrões de
aventureiros e 500 homens do esquadrão castelhano.
No verão de 1578,
D. Sebastião estava pronto a partir. Em 1578, no dia 4 de Agosto, em
Alcácer-Quibir, realizou-se a Batalha de Alcácer-Quibir ou a Batalhas
dos Três Reis como também é conhecida, tendo sido este nome atribuído
devido à morte de três soberanos.
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