"Operação Negro Primeiro" da Força Armada Nacional Bolivariana conseguiu impedir uma invasão paramilitar a 50 km de Caracas. - Reprodução |
Com essa frase Robert Colina, conhecido como Pantera, ex-capitão da Força Armada Nacional Bolivariana (Fanb) declarou o inicio da Operação Gedeón, nova tentativa de golpe de Estado na Venezuela.
Na madrugada do dia 3 de maio, uma lancha com uma dezena de homens
armados com dez fuzis, duas metralhadores e uma pistola tentou aportar
na praia Macuto, costa do estado La Guaira, cerca de 50 km da capital
Caracas. Segundo o GPS da própria embarcação, a viagem começou na
Colômbia.
Enquanto esse grupo atacaria pelo mar, outros contingentes estavam
preparados para atacar por terra. No entanto, operação foi frustrada
pela Fanb, que ainda confiscou outras seis camionetes adaptadas como
"tanques de guerra", uniformes militares, telefones de frequência
satelital, vários documentos de identificação e ofícios com detalhes
sobre o plano.
Outros oito homens foram presos na tarde desta segunda-feira (4), depois de denúncia dos moradores da região de Chuao, estado Aragua. Um deles é Jorsnars Adolfo Baduel, conhecido como Simon, filho de Raúl Isaías Baduel, ex-Ministro de Defesa venezuelano, durante a presidência de Hugo Chávez, atualmente detido por participar de outros planos desestabilizadores nos últimos anos.
No mesmo grupo também foram presos dois ex-militares
estadunidenses, Airan Seth Berry e Luke Alexander Denmam, ambos
residentes do estado Texas e contratados pela empresa Silverscorp.
Em um vídeo,
depois de capturado, Baduel filho assume que os dois estadunidenses são
agentes da guarda presidencial de Donald Trump. A Casa Branca ainda não
se manifestou sobre o caso.
Robert Colina Ibarra, que no vídeo convoca outros militares venezuelanos a se "alçarem junto ao movimento pela liberdade", foi um dos nove criminosos mortos em combate.
Robert Colina Ibarra, que no vídeo convoca outros militares venezuelanos a se "alçarem junto ao movimento pela liberdade", foi um dos nove criminosos mortos em combate.
Colina Ibarra, conhecido como Pantera, já havia sido identificado
como um dos coordenadores de acampamentos de treinamento paramilitar em
território colombiano, como parte do plano golpista denunciado pelo
ex-militar Cliver Alcalá Cordones, em março desse ano.
::As relações entre a oposição venezuelana e paramilitares colombianos::
Além disso, as armas confiscadas são parte do arsenal, que havia sido
roubado do Palácio Federal Legislativo, na tentativa de tomada da base
aérea militar Generalíssimo Francisco de Miranda, na região de La
Carlota, leste da Grande Caracas, há um ano.
Mais uma vez, as pessoas diretamente envolvidas com o plano golpista
são venezuelanas e colombianas. Um dos capturados pelas forças de
segurança do Estado venezuelano afirma ser agente do Departamento
Antidrogas dos Estados Unidos (DEA).
::Quem é a oposição ao governo de Nicolás Maduro na Venezuela?::
Sócios antigos
Essa não é a primeira vez que a oposição venezuelana se alia a
personagens colombianos e estadunidenses para colocar em prática um
plano de desestabilização.
No plano revelado por Alcalá Cordones em março, o deputado opositor
Juan Guaidó havia assinado um contrato junto a Juan José Rendón,
empresário venezuelano radicado nos Estados Unidos, e outros assessores
estadunidenses para liderar a operação de invasão do território
venezuelano pela fronteira terrestre com a Colômbia, assassinando o
presidente Nicolás Maduro e implementando um novo governo.
Depois de revelar o plano, Cliver Alcalá Cordones, que viva há dois
anos em Barranquilla, entregou-se ao Departamento Antidrogas dos Estados
Unidos (DEA) e atualmente está sob responsabilidade das autoridades
estadunidenses. O Estado venezuelano pediu a extradição formal do
ex-militar, mas não recebeu resposta.
O contrato assinado por Guaidó foi divulgado, assim como gravações de ligações telefônicas entre os envolvidos no plano que seria executado originalmente em março desse ano.
O documento prevê o pagamento de US$ 212 bilhões à empresa
Silvercorp, de propriedade de Jordan Goudreau, ex-militar estadunidense,
contratado pela Casa Branca durante a guerra contra o Iraque.
O contrato teria validade de, pelo menos, 495 dias e seria pago com
barris de petróleo venezuelano. O contratante ainda assegura qualquer
tipo de empréstimo por um ano.
:: Linha do tempo de tentativas de golpe de Estado na Venezuela ::
Mesmo com o primeiro grupo capturado ainda na madrugada do domingo
(3), na tarde do mesmo dia, em outro vídeo, Javier Nieto Quintero,
ex-capitão da Guarda Nacional Bolivariana (GNB) e o ex-militar
estadunidense, Jordan Goudreau, asseguram que os levantamentos militares
vão acontecer nas regiões sul, leste e oeste venezuelanas, como parte
de uma "operação anfíbia" (mar e terra).
"Não temos outra alternativa, é a força armada que tem nas suas mãos a
responsabilidade de dar início a esse momento de transição à
democracia", afirma Quintero. Esse grupo coordenado por Quintero e Goudreau seria composto por 300 ex-militares venezuelanos e tentaria tomar Caracas em 96 horas.
Difunden video de Javier Nieto Quintero, excapitán de la Guardia Nacional Bolivariana, radicado en los EEUU. Confirma que la Operación Gedeón fue real y llama a militares venezolanos a alzarse contra gobierno de #Venezuela. Lo acompaña el mercenario estadounidense Jordan Goudreau pic.twitter.com/pZ8SWtiTow— Érika Ortega Sanoja (@ErikaOSanoja) May 3, 2020
Quem é Jordan Goudreau?
Aos 43 anos, Goudreau se aposentou da vida militar e abriu uma
empresa de segurança militar privada, Silvercorp. Ex-boina verde, ganhou
três vezes a Estrela de Bronze do exército dos Estados Unidos, como
recompensa por sua valentia na guerra do Iraque (2002) e do Afeganistão
(2001).
No entanto, em 2013 foi investigado depois de uma denúncia de roubo
de US$ 62 mil do exército, como auxílio moradia. Em 2017, foi contratado
para atender as vítimas do furacão Maria, em Porto Rico.
Jordan Goudreau (centro) foi condecorado por seu desempenho nas guerras
do Iraque e Afeganistão, agora coopera nos planos golpistas da oposição
venezuelana. / Reprodução
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Segundo o site da empresa, a Silvercorp atua
em 50 países, com entes privados e governos, oferecendo soluções em
"gestão de risco". Entre os clientes, destacam grupos militares
franceses, israelenses, alemães e britânicos (Delta Force, Duvdevan
israelense, KSK alemã, Grom, Col Moskin italiano, SAS britânico e GIGN
francês).
A Sivercorp afirma dispor de uma equipe formada por ex-diplomatas,
chefes de segurança de corporações internacionais e ex-militares. Em
2019, a empresa foi contratada para fazer a segurança do Venezuela Live
Aid, show organizado na cidade de Cúcuta, nos mesmos dias em que a
oposição venezuelana, com apoio do governo colombiano, tentou forçar a
entrada de caminhões com suposta ajuda humanitária.
Investigação
O Ministério Público da Venezuela abriu uma investigação contra os
envolvidos na nova tentativa de golpe. Ao todo, 23 pessoas estão detidas
por participar de planos golpistas e tentativas de assassinato contra o
presidente Maduro. O procurador geral Tarek William Saab afirmou que existem provas contundentes de que o deputado Juan Guaidó foi o mentor do novo plano golpista.
O ministro de Defesa Gral. Vladimir Padrino López informou sobre a operação e reafirmou a lealdade das forças armadas à união cívico-militar venezuelana. / Fanb |
A Força Armada Nacional Bolivariana realiza patrulhas na zona costeira
do estado La Guaira, além de incursões submarinas para buscar armas ou
outras provas que possam fazer parte do plano. Em comunicado oficial, a Fanb condenou ação e reafirmou lealdade à Constituição e ao presidente Nicolás Maduro.
O Ministério de Relações Exteriores alertou a Organização das Nações
Unidas sobre a violação de resoluções comuns por parte dos governos
estadunidense e colombiano. "Responsabilizamos os governos de Donald
Trump e Iván Duque pelas imprevisíveis e perigosas consequências desta
onda de provocações e agressões mercenárias contra o povo venezuelano e
ratifica sua decisão de defender o território, a soberania, a democracia
e a paz do povo venezuelano", assegura o comunicado.
#COMUNICADO | Venezuela denuncia que, desatendiendo el llamado al cese de la hostilidades en el mundo hecho por la ONU, desde EEUU y Colombia se organizó una nueva agresión armada contra Venezuela, al tratar de realizar ayer una incursión mercenaria en nuestro territorio. pic.twitter.com/yvUcPTRMPG— Jorge Arreaza M (@jaarreaza) May 4, 2020
Edição: Rodrigo Chagas
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