China se junta a EUA e UE em grupo que busca definir regras globais para e-commerce

PEQUIM E GENEBRA - A China vai se juntar a um grupo — onde já estão Estados Unidos e União Europeia — que pretende definir novas regras para o mercado de e-commerce global, que vale US$ 25 trilhões, em média. 

A UE e os 47 membros da Organização Mundial do Comércio (OMC) iniciaram as discussões sobre o tema, segundo um comunicado emitido nesta sexta-feira. Se vingar, o acordo sobre o comércio digital pode estabelecer um novo regime internacional para o setor, com menos barreiras fronteiriças à prática. 

A China, que há anos vem restringindo fortemente o uso da Internet dentro de suas fronteiras, resistiu a participar das negociações até quinta-feira, expressando preocupação quanto à linguagem na declaração, que defendia um "resultado de alto padrão", segundo quatro pessoas familiarizadas com as negociações.
Em comunicado enviado à Bloomberg, o embaixador da China na OMC, Zhang Xiangchen, disse que a China decidiu se juntar às negociações devido a uma crise mais ampla em torno da entidade, que vem sendo atacada pela administração do presidente americano Donald Trump.
"O sistema comercial multilateral está em uma crise profunda", disse Zhang na nota. “Neste contexto, o lançamento da negociação sobre o comércio eletrônico ajudará, de maneira significativa, a revigorar a função negociadora da OMC e reforçará a confiança no sistema multilateral de comércio e na globalização econômica.”

'Força poderosa', diz Lighthizer

Robert Lighthizer, representante de Comércio dos EUA, disse em comunicado nesta sexta-feira que os EUA estão buscando um "acordo ambicioso e de alto padrão, que tenha as mesmas obrigações para todos os participantes". Ele chamou a economia digital de "força poderosa para o crescimento econômico global".
A inclusão da China nas negociações foi importante devido à sua escala e papel na economia mundial, afirmou Cecilia Malmstrom, principal negociadora comercial da UE. Com o país asiático a bordo, as negociações incluirão membros da OMC que representam mais de 90% do comércio no planeta. 


As novas regras procurarão reduzir as barreiras que impedem as vendas transnacionais, banir taxas sobre transmissões eletrônicas, garantir a validade de contratos e assinaturas digitais e examinar as exigências envolvendo a delimitação forçada de dados, de acordo com o comunicado da UE.

Primeira reunião em março

Simon Birmingham, o ministro australiano do Comércio, disse esperar algum progresso tangível nas negociações antes da cúpula do Grupo dos 20 no Japão, em junho.
— Esta é uma iniciativa que começou tarde, pois o e-commerce já está aqui, e é muito grande. Mas é inevitável que a maneira como se faz comércio no mundo todo vai ser influenciada mais e mais pela economia digital — comentou.
O grupo deve realizar sua primeira sessão formal de negociação em março. A gigante da internet
Amazon, uma das principais empresas de e-commerce do mundo, saudou a iniciativa, que considera positiva para sua operação e pode eliminar "barreiras ao comércio on-line".

Maior mercado

A China, que deve superar os EUA neste ano como o maior mercado varejista do mundo, acrescenta mais peso a um possível acordo. A China deverá registrar US $ 5,5 trilhões em vendas on-line este ano devido à disseminação de suas poderosas empresas on-line, como o Alibaba Group e o Baidu.

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