Embarcação teria afundado ao voltar da Índia carregada com mercadorias como especiarias e porcelanas.
Restos da embarcação e objetos localizados nas proximidades, segundo
especialistas, estavam muito bem preservados — Foto: Reuters/Prefeitura
de Cascais
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Uma embarcação naufragada há 400 anos encontrada na costa de Portugal
vem sendo considerada a "descoberta da década" para a arqueologia
subaquática do país.
Especiarias como pimenta, cerâmicas e canhões com o brasão de armas
português gravado foram localizados perto dos destroços, nas
proximidades de Cascais, cidade a 31 km da capital, Lisboa.
A equipe de arqueólogos acredita que o navio estava voltando da Índia quando afundou, entre 1575 e 1625.
Essa época foi o auge do comércio de especiarias de Portugal com a Ásia.
'Valor patrimonial'
A descoberta foi feita como parte de um projeto arqueológico de 10 anos
apoiado pela cidade de Cascais, pelo governo e pela marinha portuguesa,
bem como pela Universidade Nova em Lisboa.
Em entrevista ao jornal britânico The Guardian, à CNN e à agência de notícias Reuters, o diretor do projeto, Jorge Freire, observou que ela é importante porque "diz muito", por exemplo, "sobre a história e identidade marítima de Cascais".
O especialista afirmou que o naufrágio - achado 12 metros abaixo da superfície - estava muito bem preservado e que os objetos encontrados e o próprio navio são de grande valor patrimonial.
"Do ponto de vista do patrimônio histórico, é a descoberta da década", disse Freire, para quem o achado "é o mais importante de todos os tempos" para Portugal.
"O reconhecimento da comunidade científica de que é a descoberta da década, do século, em termos de arqueologia marinha, é para nós uma grande satisfação", reforçou o prefeito de Cascais, Carlos Carreiras, em entrevista à CNN.
Ao jornal britânico The Guardian, ele descreveu a descoberta como um dos achados arqueológicos mais significativos da última década e analisou que, embora o cargueiro ainda não tenha sido identificado, pode ser significativo para a cidade.
"É uma descoberta extraordinária, que nos permite conhecer mais sobre
nossa história, reforçando nossa identidade coletiva e valores
compartilhados", declarou Carreiras. "Isso, por sua vez, certamente nos
tornará mais atraentes e competitivos".
Fragmentos de porcelana chinesa do final do século 16 e início do
século 17 também estavam entre os destroços, assim como pedaços de
artilharia de bronze e conchas usadas como moeda no tráfico de escravos.
Navio foi encontrado em setembro. — Foto: Reuters
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A Câmara Municipal de Cascais disse que o navio foi encontrado no
início de setembro, durante um serviço de dragagem na região da foz do
rio Tejo, que desemboca em Lisboa. A embarcação tem cerca de 100 metros
de comprimento e 50 metros de largura.
O ministro da Cultura, Luis Mendes, disse que a foz do Tejo era
considerada um ponto crítico para as embarcações que se aproximavam da
costa portuguesa.
E que "esta descoberta veio para provar isso".
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