A China fez, depois dos violentos protestos desta segunda-feira, a advertência mais dura dos últimos dois meses aos manifestantes de Hong Kong. O Governo chinês avisou ainda que os responsáveis "serão punidos" e que ninguém deveria subestimar o "imenso poder do Governo Central".


Hong Kong. China alertou manifestantes para não “brincarem com o fogo”



Manifestantes queimam lixo como forma de protesto, em Hong Kong, na China
| Reuters - Tyrone Siu



"Deve ficar muito claro para o pequeno grupo de criminosos violentos e sem escrúpulos e para as forças sujas por detrás deles: aqueles que brincam com fogo morrerão pelo fogo", afirmou o porta-voz do Gabinete de Assuntos de Hong Kong e Macau do Conselho de Estado chinês, Yang Guang.

"No final, eles serão punidos, (...) é uma questão de tempo" e vão ter "de enfrentar a justiça", acrescentou.

O alerta surgiu durante uma conferência de imprensa na sequência das recentes manifestações marcadas por mais confrontos com a polícia local.

Apesar de já serem mais de nove fins de semana consecutivos em constante protesto contra o Governo, desta vez as manifestações superaram as anteriores tanto em escala como em intensidade.

Houve estações de metro invadidas, centenas de voos cancelados num dos locais mais movimentados do mundo, o aeroporto internacional de Hong Kong. Os protestos desta segunda-feira também provocaram o engarrafamento de algumas vias públicas durante várias horas.

Ainda durante a noite, a polícia chegou a disparar bombas de gás lacrimogéneo contra os milhares de manifestantes que cercaram as esquadras de polícia e pegaram fogo a objetos inflamáveis espalhados pelas ruas da cidade.

De acordo com as autoridades locais, desde o início dos protestos, cerca de 900 pessoas ficaram feridas, das quais 130 eram polícias. Ao longo destas semanas, foram também disparadas balas de borracha, lançadas bombas de gás lacrimogéneo e detidas cerca de 420 pessoas.

Com capacidade para reprimir as manifestações e para restaurar a ordem pública, o exército chinês garantiu que vai continuar a "defender todas as partes do seu território".

Nunca subestimem a forte determinação e o imenso poder do Governo central", ressalvou Yang Guang.

"Não confundam contenção com fraqueza", acrescentou.

No entanto, a chefe do Governo da região administrativa especial chinesa, Carrie Lam, salientou que estes protestos podem estar a colocar a cidade "à beira de uma situação muito perigosa".

“As ações ilegais dos manifestantes desafiam a soberania do nosso país, põem em risco a fórmula ‘um país, dois sistemas’, e vão destruir a paz e estabilidade de Hong Kong”, assegurou.
O palco dos protestos
Hong Kong está a atravessar a crise política mais grave das duas últimas décadas devido à apresentação de uma proposta de alteração à lei da extradição.

Este projeto iria permitir ao Governo e aos tribunais da região administrativa especial extraditar os suspeitos de crimes para jurisdições sem acordos prévios, à semelhança do que acontece na China continental.

A líder do Governo, Carrie Lam, concedeu que a proposta não fosse debatida na câmara legislativa, mas ainda assim os manifestantes mantiveram-se nas ruas a exigir a revogação da proposta invés da suspensão da mesma.

Este clima de contestações dura há mais de dois meses e "tem tido um grande impacto na prosperidade" da antiga colónia britânica.

"É tempo de as pessoas de Hong Kong se erguerem e protegerem o seu território", de se "acabar com a violência e restaurar a ordem", revelou Yang Guang.

Atualmente, estes confrontos estão a ter repercussões negativas bastante visíveis, principalmente a nível económico. Segundo as estatísticas relativas aos primeiros seis meses, a ocupação nos hotéis diminuiu consideravelmente e o nível de investimento já teve melhores dias.

No entanto, a Presidente da Câmara dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, admitiu que os protestos deveriam continuar e apelou ao Governo chinês para ir ao encontro das aspirações democráticas legítimas para esta sociedade.

O povo de Hong Kong está a enviar uma mensagem para o mundo: os sonhos de liberdade, justiça e democracia nunca podem ser extintos através de injustiça e intimidação”, assegurou numa declaração de apoio.

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