São Paulo, 20 ago 2019 (Lusa) - O secretário-geral da
Organização das Nações Unidas (ONU), o português Antonio Guterres, abordou hoje a
possibilidade de organizar uma reunião à margem da Assembleia Geral que
ocorrerá em setembro para tratar dos incêndios e da degradação da
Amazónia.
"A situação na Amazónia é, claramente, muito séria",
disse Guterres em entrevista coletiva à margem de uma conferência sobre
desenvolvimento africano realizada em Yokohama, no Japão.
Na
terça-feira, 1044 novos incêndios foram registados em todo o Brasil pelo
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). No total, mais de 80
mil incêndios florestais foram registrados no país desde o início do ano
- o mais alto índice desde 2013 - mais da metade dos quais está na
Amazónia.
"Apelamos energicamente à mobilização de recursos e
entramos em contato com os países para ver se poderia haver uma reunião
dedicada à mobilização de apoio à Amazônia durante a Assembleia Geral
[da ONU], programada para 20 de 23 de setembro em Nova York", afirmou
Guterres.
O Brasil passou a demonstrar abertura para receber ajuda
financeira estrangeira para combater incêndios na Amazónia, desde que o
Governo tenha o controlo dos fundos, embora tenda rejeitado uma oferta
do G7.
O Presidente brasileiro Jair Bolsonaro assinou um decreto
na quarta-feira que proíbe queimadas agrícolas em todo o Brasil por 60
dias, na tentativa de conter a propagação dos incêndios diante da
crescente pressão internacional.
"Penso que a comunidade internacional deve mobilizar-se fortemente
para apoiar os países da Amazónia a fim de acabar com os incêndios o
mais rápido possível por todos os meios possíveis e, em seguida, levar a
cabo uma política abrangente de reflorestamento. Não fizemos o
suficiente até agora", avaliou Guterres.
O Peru e a Colômbia
propuseram aos países da região amazónica uma reunião de emergência em 6
de setembro para coordenar medidas para proteger a maior floresta
tropical do mundo.
A floresta amazónica desempenha um papel vital
na regulação dos climas regionais e globais, e sua destruição, mesmo
parcial, não aconteceria sem consequências sobre as temperaturas e a
biodiversidade.
O número de incêndios no Brasil aumentou 83% este
ano, em comparação com o período homólogo de 2018, com 72.953 focos
registados até 19 de agosto, sendo a Amazónia a região mais afetada.
A Amazónia é a maior floresta tropical do mundo e possui a maior biodiversidade registada numa área do planeta.
Tem
cerca de 5,5 milhões de quilómetros quadrados e inclui territórios do
Brasil, Peru, Colômbia, Venezuela, Equador, Bolívia, Guiana, Suriname e
Guiana Francesa (pertencente à França).
O Instituto Nacional de
Pesquisas Espaciais (INPE) brasileiro anunciou que a desflorestação da
Amazónia aumentou 278% em julho, em relação ao mesmo mês de 2018.
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