A vigília à porta do Estabelecimento Prisional anexo à Polícia Judiciária
(PJ), em Lisboa, foi promovida pelo Movimento Mais Cidadania e juntou
cerca de duas dezenas de pessoas, que empunhavam fotografias de Rui
Pinto e acenderam velas, encontrando-se entre elas a dar apoio à causa a
psicóloga e comentadora Joana Amaral Dias.
HOJE 29/01/20 APOIO A RUI PINTO
HOJE 29/01/20 APOIO A RUI PINTO
A antiga política disse que a concentração destina-se a exigir ao
Estado português que aplique a 4.ª diretiva que diz respeito ao
branqueamento de capitais e que determina que todos os Estados-membros
da União Europeia
(UE) protejam todas as pessoas que fazem denúncias desse tipo de
crimes, "coisa que efetivamente Rui Pinto fez e não está a ser
protegido, porque está detido [preventivamente] ao contrário de estar a
ser defendido".
"Temos os ladrões à solta e aqueles que são os denunciantes estão
presos. Isto existe porque a justiça não fez o seu papel, a justiça não
fez o seu caminho. Esta situação do saque, do esbulho ao povo angolano é
conhecida há muito tempo, foi denunciada por muitas pessoas, desde o
Rafael Marques, a muitas outras, e a justiça fez alguma coisa? Se era
assim tão falado porque é que não avançou, quando o próprio Rui Pinto
terá feito denúncias ao Ministério Público (MP) sobre esta matéria que
não foram ouvidas nem atendidas?", questionou, em declarações à agência
Lusa.
Joana Amaral Dias considerou que, "entre o vazio legal que não
protege o denunciante e uma justiça completamente castrada e refém de
outros interesses, não havia qualquer outra possibilidade que restasse
ao Rui Pinto senão cometer este ato de cidadania".
"Rui Pinto não devia estar preso, devia estar a ser chamado a
colaborar com a justiça portuguesa, como tem sido na justiça belga,
alemã, angolana e francesa, que já deu consequências quando foi o caso
do "Football Leaks".
Entende que o estatuto de denunciante, que ministra da Justiça disse
que será transposto para a lei portuguesa no prazo de um ano, "não se
aplica a Rui Pinto, o que num caso lato seria o ideal, mas no concreto é
restrito e tem uma aplicação muito limitada, por isso bastaria, se o
Estado português quisesse aplicar a 4.ª diretiva".
"É inaceitável o que está a acontecer em Portugal atualmente, porque
temos efetivamente alguém que está a contribuir para a resolução de
crimes que está preso, enquanto todas as outras, desde Ricardo Salgado, a
Oliveira e Costa, a Isabel dos Santos estão soltas, perante os crimes
de milhões e milhões", vincou.
Joana Amaral Dias acrescentou que Rui Pinto "terá cometido os seus
erros, mas deu um contributo muito importante, muito valioso para a
sociedade portuguesa e ainda pode contribuir mais e por isso é que tem
de ser solto".
Da mesma opinião é Carlos Magalhães, do Movimento Mais Cidadania, que
entende, "sem querer meter a foice em seara alheia porque este é um
problema da justiça", que na situação do Rui Pinto pode-se falar num
pequeno crime porque tentou extorquir, um crime de pirataria, mas o que
ele sabe poderia ser aproveitado pelas autoridades policiais e
judiciárias para chegar à grande criminalidade, como é o crime de
corrupção".
Também acha que devia ser libertado para colaborar com a justiça,
independentemente de ser julgado e condenado 'a posteriori', nesta fase
devia colaborar com as autoridades, não faz sentido estar em prisão
preventiva.
"Era mais positivo do ponto de vista da cidadania e do erário público
saber estas questões do submundo e dessas vigarices todas ao nível da
corrupção seria mais importante libertá-lo e a polícia aproveitá-lo, de
forma controlada, e depois sim, se houve crime de extorsão tem de pagar
por isso", declarou à Lusa.
Apoiante, mas não favorável à libertação do 'hacker' por motivos de
segurança, Hernâni Pinho compareceu na vigília, como cidadão
interessado, "por uma questão de cidadania", por considerar "uma
injustiça e um passo atrás, em termos civilizacionais até" que não se
use a colaboração de Rui Pinto, detido preventivamente desde de 22 de
março de 2019, para combater crimes de corrupção.
"Não sei se libertar, por uma razão simples, não é que ele não tenha
que pagar pelo ilícito, mas já houve um que se enforcou, não sei se ele
não estará mais seguro lá dentro. Agora lá dentro, mas a colaborar com a
Polícia Judiciária", concluiu.
Rui Pinto, que se encontra preso preventivamente por suspeita de
crime informático e tentativa de extorsão, já assumiu, segundo os seus
advogados, a responsabilidade de ter entregue, no final de 2018, à
Plataforma de Proteção de Denunciantes na África (PPLAAF), um disco
rígido contendo todos os dados relacionados com as recentes revelações
sobre a fortuna de Isabel dos Santos, sua família e todas as pessoas que
podem estar envolvidos nas operações fraudulentas cometidas à custa do
Estado angolano e, eventualmente, de outros países estrangeiros.
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