Da série
Heróis e Heroínas do Rio
01 Março 2016
Quem vê o mar tranquilo da entrada da Baía de
Guanabara hoje em dia, nem imagina que naquele espaço aconteceram
batalhas sangrentas. A região foi disputada, durante anos, pelos
governos da França e de Portugal, devido à posição estratégica que a
área tinha – era possível posicionar navios e avistar a chegada dos
inimigos.
A calmaria só iria se estabelecer ali dois anos depois que o
militar Estácio de Sá fundasse a cidade de São Sebastião do Rio de
Janeiro, em 1°de março de 1565, entre os morros Cara de Cão e Pão de
Açúcar.
Família ilustre
De acordo com os poucos registros que se tem, os historiadores
acreditam que Estácio de Sá nasceu em Coimbra, em 1520. Pertencente a
uma família nobre de Portugal, era filho do fidalgo Diogo de Sá, primo
de segundo grau de Mem de Sá, governador-geral do Brasil.
Devido a esse
parentesco, Estácio era considerado por muitos como “sobrinho” de Mem de
Sá. É difícil encontrar anotações dos primeiros anos de vida de
Estácio. Seu período mais glorioso foi na fase adulta, quando ajudou a
corte portuguesa a conquistar territórios inexplorados.
Protagonismo de Estácio
Os primeiros confrontos na Baía de Guanabara surgiram depois que os
franceses se fixaram ali, em 1555. Eles se instalaram nas ilhas de
Serigipe (hoje Villegagnon), Paranapuã (atual Ilha do Governador), Laje
(onde fica hoje o Forte Tamandaré da Laje, ocupado pelo Exército) e em
Uruçumirim (Praia do Flamengo). Toda essa região invadida ficou
conhecida como França Antártica.
Para reafirmar seu poder sobre o território brasileiro, Portugal
mandou que Mem de Sá viajasse ao Brasil, com o intuito de impedir o
avanço da França sobre as terras ainda não colonizadas pela coroa
portuguesa. Em 1557, Estácio desembarcou pela primeira vez no país, para
ajudar seu “tio” na missão. A tentativa inicial de dominar a baía não
deu certo. Apesar de conquistar o Forte Coligny, na Ilha de Serigipe,
com o apoio de colonos e jesuítas da Vila de São Vicente, em 1560,
Estácio e Mem de Sá enfrentaram dificuldades para permanecer na região
por causa de problemas nas embarcações.
Com o recuo obrigatório, os franceses ocuparam novamente o forte com o
apoio dos índios tamoios que ali viviam. Estrategicamente, após a
derrota, Estácio voltou à sua terra natal na tentativa de conseguir mais
ajuda para a batalha.
Em 1563, D. Catarina, regente do trono português, ordenou que Estácio
de Sá voltasse ao Brasil como chefe da esquadra destinada a dominar a
região. O militar chegou à baía em fevereiro de 1564 e, percebendo que
os índios estavam mais fortes, devido à aliança com os franceses, partiu
para São Vicente em busca de reforço. Lá, recebeu apoio dos padres
jesuítas Manuel de Nóbrega e José de Anchieta, que recrutaram habitantes
locais, inclusive índios, para se juntar a Estácio de Sá. No dia 20 de
janeiro de 1565, todos partiram para a baía e receberam auxílio de
indígenas vindos do Espírito Santo. Após algumas semanas de batalha, os
franceses foram expulsos da antiga França Antártica.
Fundação e a vida na cidade
Após anos de guerras, Estácio fundou a cidade de São Sebastião do Rio
de Janeiro, em 1° de março de 1565, aos pés do morro do Pão de Açúcar. O
nome original da cidade era uma homenagem ao jovem rei de Portugal, D.
Sebastião.
Entre março de 1565 e janeiro de 1567, Estácio participou ativamente
da vida na cidade. Nesse primeiro momento de colonização, era o
capitão-mor, responsável por nomear juízes, prefeitos e conceder
sesmarias - distribuição de terras destinadas à produção agrícola para
povoar o local.
Segundo relatos, ele lutou bravamente para reafirmar o poder lusitano
no Rio de Janeiro, resistindo a diversas investidas de franceses e
indígenas, ao longo do tempo em que esteve no comando. Nos registros
históricos, não se fala sobre a vida particular do militar português, se
teve filhos ou família.
Contra-ataque
Pintura feita por Antônio Parreira retrata a morte de Estácio de Sá (Crédito: commons.wikimedia.org) |
Apesar de expulsos da cidade, os franceses não desistiram de
conquistar o local onde foi fundado o Rio. Os dois anos seguintes à
conquista dos lusitanos foram de intensas investidas por parte dos
inimigos. Para ajudar o capitão-mor a manter o poder sobre a região da
antiga França Antártica, em 20 de janeiro de 1567 chegou ao Rio uma
esquadra vinda do Nordeste, comandada por Cristóvão de Barros. O reforço
foi fundamental para a vitória nas batalhas do Uruçumirim e da Ilha
Paranapuã, que estavam acontecendo naquele período.
No mesmo dia da chegada de Cristóvão, Estácio foi atingido, no rosto,
por uma flecha envenenada, na batalha de Uruçumirim, vindo a falecer em
20 de fevereiro, um mês depois, devido às complicações do ferimento.
Seus restos mortais estão hoje em um túmulo, na Igreja dos Capuchinhos,
na Tijuca.
Reconhecimento
|
Quando o Rio de Janeiro completou 400 anos de fundação, em 1965, não
havia nenhuma estátua que homenageasse o fundador da cidade. Mas esse
cenário mudou quando os compositores Raul Mascarenhas e Haroldo Barbosa
fizeram um samba provocativo sobre o assunto.
“Procurei em toda a cidade/ por seu fundador/ onde estará?/ Cadê a estátua de Estácio de Sá? Cadê a estátua de Estácio de Sá?”
O samba, que ficou conhecido na voz do cantor Miltinho, inspirou a
construção de um monumento para homenagear Estácio. Por serem raras as
imagens que o retratassem, o arquiteto Lúcio Costa projetou no Aterro do
Flamengo, em 1973, uma pirâmide em forma de triângulo, que exibe um
obelisco de 17 metros de altura. Um dos vértices da pirâmide aponta para
o local da fundação da cidade. Ao todo, o espaço tem 450m² e, em 2010,
foi aberto um centro de visitação no subsolo, onde se encontram uma
réplica da lápide de Estácio e um mapa do Rio, datado de 1574.
Na cidade que ajudou a construir, o militar português também recebeu
outros reconhecimentos. Criado em 1865, o bairro do Estácio, na Zona
Central, é um deles. Conhecido por, no passado, ser um lugar de moradia
das classes média e média baixa, tem hoje uma rua, um largo e uma
tradicional escola de samba com o nome do fundador do Rio. Na Urca, o
corajoso português é homenageado dando seu nome à tradicional E.M.
Estácio de Sá.
Fontes: Dicionário do Brasil Colonial, de Ronaldo Vainfas. Sites: Oi Educa, E-Biografias, Veja Rio, Parque do Flamengo, UOL Educação e Jornal da PUC.
* Beatriz Calado, estagiária, com supervisão de Regina Protásio.
Devido às dificuldades do início da colonização, somente em 1565, com reforços obtidos na então Capitania de São Vicente(São Paulo) e com o auxílio dos jesuítas, conseguiu reunir uma força de ataque para cumprir a sua missão.
Deixando o Espírito Santo em 20 de janeiro de 1565, em 1 de março fundou a cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, em terreno plano entre o morro Cara de Cão e o morro do Pão de Açúcar, sua base de operações.
Combateu os franceses e seus aliados indígenas por mais dois anos.
Em 20 de janeiro de 1567, com a chegada da esquadra comandada por Cristóvão de Barros com reforços comandados pessoalmente por seu tio Mem de Sá (indígenas mobilizados pelos padres jesuítas José de Anchieta e Manuel da Nóbrega), lançou-se ao ataque, travando os combates de Uruçu-mirim (atual praia do Flamengo) e Paranapuã (atual Ilha do Governador).
Gravemente ferido por uma flecha envenenada indígena que lhe vazou um olho durante a Batalha de Uruçu-mirim (20 de janeiro), veio a falecer um mês mais tarde (20 de fevereiro), provavelmente por septicemia decorrente do ferimento.
Existe uma capela na Igreja de São Sebastião dos Frades Capuchinhos, na cidade do Rio de Janeiro, com a sua campa tumular onde encontra-se a seguinte inscrição:
"Aqui jaz Estácio de Saa, 1o Capitam e Conquistador desta
terra cidade, e a campa mandou fazer Salvador Correa de Saa, seu primo,
2o Capitam e Governador, com suas armas e essa Capela acabou o ano de
1583."
Isto foi em 1567 no começo da segunda metade do século XVI, primeiro século de um Brasil bem português. Mas ainda na segunda metade deste século, 1580, mesmo sob domínio de Castela, Portugal conseguiu completar a "Unidade Nacional" lutando contra holandeses, piratas ingleses e contra estes mesmos franceses que voltariam na região maranhense entre os anos de 1612 a 1615.
Em 1578, começou a decadência do império lusitano com a aventura de D.Sebastião em Alcácer Quibir, pois dois anos após, 1580, Portugal passaria para o domínio de Espanha, país amigo que nunca interferiu na cultura lusófila. E nesta lusofilia e hispanicidade assumida, portugueses e espanhóis sob a orientação de uma Economia Regulamentada foram mantendo o Rio de Janeiro e o Brasil em mãos dos cristãos velhos. Agora passados mais de quatro séculos de submissão liberal de domínio anglo, esta lusofilia e hispanicidade foram extintas e o Rio de Janeiro está morrendo!!!!
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