China reúne 40 chefes de Estado em fórum sobre Nova Rota da Seda
Um discurso do presidente Xi Jinping abriu em Pequim, nesta sexta-feira (26/04) um fórum sobre a chamada Nova Rota da Seda, que pretende conectar a China com partes da Europa, da África e da Ásia, por meio de estradas e portos.
O presidente chinês buscou aliviar os temores sobre o ônus econômico e o crescente poder de Pequim e afirmou que o programa “não é um clube exclusivo” e promove “prosperidade comum no desenvolvimento”.
Afirmou ainda que a concepção da Nova Rota da Seda deve ser “aberta,
verde e limpa” e que terá “tolerância zero com a corrupção”, além de
fornecer crescimento econômico a todos os países envolvidos.
O governo chinês quer dissipar os temores de críticos de que os
projetos de infraestrutura alimentem a corrupção local e deixem países
com dívidas e danos ambientais.
O fórum de três dias reúne representantes de mais de cem países,
incluindo 40 chefes de Estado e de governo que buscam participar e se
beneficiar dos projetos chineses, além do secretário-geral da ONU,
o português António Guterres, e da diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional
(FMI), Christine Lagarde.
A expectativa é que os líderes de países asiáticos e africanos peçam
ao governo chinês que reduza os custos de financiamento para os projetos
da iniciativa, que é uma prioridade do governo chinês.
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, e o primeiro-ministro da
Itália, Giuseppe Conte, estão entre os principais convidados. Alemanha e
França enviaram ministros, e os Estados Unidos despacharam apenas uma
delegação de baixo escalão.
No fórum, Putin disse que a concepção de uma chamada Nova Rota da
Seda se encaixa perfeitamente nos objetivos da União Econômica
Euroasiática (UEE), liderada por Moscou. A organização agrupa a Rússia
num mercado comum com Armênia, Belarus, Cazaquistão e Quirguistão.
Segundo Putin, os cinco países apoiaram unanimemente a ideia de
vincular a Comunidade Econômica Euroasiática à iniciativa chinesa.
O fórum é “uma boa oportunidade para conhecer as políticas que a
China visa adotar e a maneira como se deseja relacionar com os outros
países”, acrescentou Putin. “Consideramos que a iniciativa tem o
objetivo de unir diferentes partes da Eurásia, o que está de acordo com a
nossa política de conectividade.”
“Na Eurásia, todos queremos um desenvolvimento pacífico e mais
comércio, e a Rússia está pronta para trabalhar com outros parceiros da
nossa região para criar uma comunidade econômica, com um mercado único e
livre circulação de capitais e pessoas”, acrescentou.
Putin considerou ainda que o projeto internacional de infraestruturas
lançado pela China permite “abordar de forma comum desafios” como
“baixo nível de desenvolvimento e falta de acesso a tecnologia”, que,
segundo ele, impulsionam a “imigração, escalada de conflitos regionais e
guerras comerciais”.
A ascensão ao poder de Donald Trump nos EUA deu início a uma guerra
comercial entre Washington e Pequim – os dois países impuseram elevadas
taxas alfandegárias a produtos do outro.
Além de exigir uma balança comercial mais equilibrada, Trump quer que
a China ponha fim a subsídios estatais para certas indústrias
estratégicas – Pequim busca transformar as empresas do país em
importantes atores em atividades de alto valor agregado, como
inteligência artificial ou robótica, ameaçando o domínio americano
nessas áreas.
A chamada Nova Rota da Seda é um projeto prioritário da política
externa do presidente chinês. Trata-se de uma estratégia que envolve
desenvolvimento de infraestrutura e investimento em 152 países. O
objetivo é restabelecer conexões tradicionais por terra da China com
outras partes da Ásia, da Europa e além.
A China também busca construir fortes conexões marítimas –
denominadas de Rota da Seda Marítima do Século 21 – no Mar da China
Meridional, no Pacífico Sul e no Oceano Índico. Também está previsto uma
nórdica Rota da Seda do Gelo.
Desde que a iniciativa foi lançada, em 2013, a China investiu cerca
de 90 bilhões de dólares em projetos – bancos forneceram entre 200
bilhões e 300 bilhões de dólares.
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