Duas bombásticas revelações do serviço de Inteligência russa sobre a desestabilização da América Latina


Após alguns meses reunindo informações sobre o subcontinente, os agentes russos entregaram um relatório cujo conteúdo foi revelado nesta quinta-feira (25/4), em entrevista coletiva do chefe-adjunto do Departamento Central de Inteligência (GRU, por sua sigla em russo) Igor Kortiukov. 

''Os resultados dessas atividades desestabilizadoras (dos Estados Unidos na América Latina) já são visíveis em países como Afeganistão, Iraque, Síria e Líbia'', afirmou o chefe-adjunto do Departamento Central de Inteligência russo.

A primeira delas tem a ver com os planos dos Estados Unidos para fortalecer sua presença militar na América Latina, com o objetivo principal de viabilizar um ataque contra a Venezuela

Segundo Kortiukov, os Estados Unidos têm a intenção de promover uma “transição forçada (na Venezuela), utilizando os esforços da Colômbia”.

O funcionário russo revelou que as informações recebidas por seus informantes “demonstram que as atividades subversivas dos Estados Unidos contra a República Bolivariana se incrementaram, e visam criar as condições para um ataque ao país, especialmente com as ações para gerar um sentimento de inconformidade na população, e sua posterior transformação em uma explosão social, até a implementação de cenários de força contra Caracas”. As declarações aconteceram durante sua intervenção na VIII Conferência sobre Segurança Internacional, em Moscou.

“Washington quer organizar uma invasão do território venezuelano, através dos seus aliados, principalmente a Colômbia”, acrescentou.

As informações da GRU também relatam a conformação de grupos armados ilegais integrados por desertores venezuelanos, membros de organizações criminosas de países centro-americanos e de grupos rebeldes colombianos, que já estão operando em sabotagens contra as infraestruturas da nação bolivariana.

Não obstante, a Kostiukov também afirmou que os Estados Unidos “não se importam com o fato de que a população civil é a primeira vítima a sofrer as consequências de suas ações”.

Anteriormente, o presidente estadunidense, Donald Trump indicou a intervenção militar na Venezuela é “uma das opções” sobre a mesa para resolver a situação que enfrentada pela nação sul-americana.

Kostiukov também indicou que o país norte-americano gasta anualmente 1,5 milhões de dólares na “intensificação de sua influência” na América Latina, e denunciou que “a política exterior de Washington no hemisfério ocidental é a “principal ameaça para a segurança na região latino-americana”.

“Washington está praticamente pronto para declarar o governo venezuelano como `patrocinador do terrorismo internacional´, e usar este pretexto para justificar o uso da força e mais sanções contra Caracas Os resultados dessas atividades desestabilizadoras já são visíveis em países como Afeganistão, Iraque, Síria e Líbia”, completou o funcionário.

Por outro lado, o chefe-adjunto do GRU advertiu que a “revolução colorida” que os Estados Unidos tentam introduzir na Venezuela poderia ser aplicada, futuramente, em países próximos como Nicarágua e Cuba.

Por sua parte, a porta-voz do Ministério de Assuntos Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, declarou nesta mesma quinta-feira que os Estados Unidos continua trabalhando para aumentar a probabilidade do uso da força na Venezuela, apesar de que a “a grande maioria dos países se opõem claramente” a uma intervenção armada neste país latino-americano.

Presença de Al-Qaeda e Estado Islâmico

A segunda revelação feita pelo chefe-adjunto do Departamento Central de Inteligência russo, (GRU, por sua sigla em russo), o vice-almirante Igor Kostiukov, diz respeito ao surgimento na América Latina de campos de treinamento jihadista, e que extremistas islâmicos vinculados ao Estado Islâmico (EI) e à rede Al-Qaeda estão operando na região.

“Entre os novos fatores de risco existentes no subcontinente, é possível destacar a aparição de campos de treinamento e refúgios jihadistas”, assegura Kostiukov.

Segundo o funcionário russo, os extremistas vinculados às organizações terroristas atuam “recrutando combatentes para engrossar suas filas no Oriente Médio e no norte da África, arrecadando fundos financeiros necessários e promovendo a ideologia extremista” na América Latina.

Anteriormente, o Ministério de Assuntos Exteriores da Rússia havia advertido que o Estado Islâmico estava intensificando seus esforços para criar “posições” em diferentes regiões do mundo, o que inclui a América Latina. O vice-diretor do Departamento de Novos Desafios e Ameaças (ligado ao mesmo Ministério), Dmitri Feoktistov, expressou sua preocupação pela “intensificação das atividades de recrutamento dos extremistas”, especialmente em países do Caribe, “onde há uma alta proporção de cidadãos que professam o islã”.

Ademais, Feoktistov indica que os países latino-americanos “poderiam ser utilizados como uma zona de trânsito para os complexos esquemas de rotas de contrabando” do EI. O funcionário declarou que os jihadistas pretendem utilizar seus próprios canais para movimentar os ativos na região, e recordou que Moscou trabalha para prestar mais atenção a qualquer tentativa dos terroristas de obter acesso aos sistemas financeiros e a outras infraestruturas desses países.

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