Foto : Marcelo Camargo/Agência Brasil
Análise
20;20
Algo
está podre no reino, enquanto o presidente e seu vice tramam uma
batalha nas sombras por mais influência na crise da Venezuela, por questões de
conjuntura, se transformou num ponto cardinal para determinar os rumos
do Poder Executivo na gestão de Jair Bolsonaro.
Nesta segunda-feira, Jair Bolsonaro (PSL) teceu comentários sobre a atual crise na Venezuela. O presidente afirmou que, no caso de uma invasão militar contra Caracas, iria consultar o Congresso. A decisão final, no entanto, segundo o político, seria estritamente pessoal.
Sputnik / Renan Lúcio
A Invasão na Venezuela poderia levar à crise política no Brasil, avisa analista
Sputnik
Brasil conversou sobre o tema com Paulo Velasco, cientista político e
diretor do Curso de Relações Internacionais da UERJ e pesquisador do
Cebri (Centro Brasileiro de Relações Internacionais). O especialista
demonstrou preocupação com as declarações do presidente.
"Não deixa de ser uma declaração de força", no entanto, afirmou o interlocutor da Sputnik Brasil.
O pesquisador da Cebri destacou que a atual postura do Brasil vem contra todo o trabalho político internacional exercido nas últimas décadas, em que Brasília se apresentou como fiadora da estabilidade no Cone Sul e como intermediador de conflitos entre os países da região.
No entanto, apesar da fervorosidade presidencial, nem tudo anda bem nos gabinetes do Palácio do Planalto. Os militares na Casa Civil, bem como o vice-presidente Hamilton Mourão, nem sempre compartilham da visão estratégica do atual Chefe de Estado.
"É uma declaração forte, contundente".
No entanto, segundo o acadêmico, Bolsonaro possui todas
as atribuições, no âmbito da Constituição, para declarar guerra. O
presidente do Brasil, na função de Comandante-em-Chefe, é quem decide,
de fato, se o país deve realizar uma intervenção militar, com chancela
do Congresso."Não deixa de ser uma declaração de força", no entanto, afirmou o interlocutor da Sputnik Brasil.
O pesquisador da Cebri destacou que a atual postura do Brasil vem contra todo o trabalho político internacional exercido nas últimas décadas, em que Brasília se apresentou como fiadora da estabilidade no Cone Sul e como intermediador de conflitos entre os países da região.
No entanto, apesar da fervorosidade presidencial, nem tudo anda bem nos gabinetes do Palácio do Planalto. Os militares na Casa Civil, bem como o vice-presidente Hamilton Mourão, nem sempre compartilham da visão estratégica do atual Chefe de Estado.
Foto: Alan Santos/PR
A decisão vai ser minha', diz Bolsonaro sobre participação em invasão militar na Venezuela
O
general Mourão, em sua recente visita aos Estados Unidos, fez
declarações que, no mínimo, não dialogam com as bravatas proferidas pelo
"Capitão". O vice, depois de lamentar as dificuldades do cargo
exercido, defendeu uma solução pacífica para a crise venezuelana e,
inclusive, advogou por garantias e proteção ao presidente bolivariano,
Nicolás Maduro, em caso de uma transição de poder.
Para o estudioso, Bolsonaro, cuja legitimidade se apoia muito em suas origens militares, provavelmente evitará um confronto político com as Forças Armadas. Ou seja, uma declaração de guerra contra Venezuela seria muito pouco provável, mesmo com a "ala ideológica" de sua administração defender a intervenção.
"Apesar da contundência de sua fala, se trata muito mais de um jogo de cena, da necessidade de demonstração de força, do que propriamente de uma intenção de fazer, entrando em choque com o vice-presidente e com toda a categoria das Forças Armadas, que já declarou, através de vários representantes, que não têm interesse nenhum em uma ação desse tipo", concluiu o diretor do curso de Relações Internacionais.
"O Mourão quando fala, ele fala em nome de uma
classe militar. Os militares não querem uma aventura militar na
Venezuela. Eles não têm nada a ganhar com isso. Além do risco de perdas
concretas, materiais, em termos de vidas humanas, não há quaisquer
dividendos que os militares ganhariam com uma ação na Venezuela",
afirmou Paulo Velasco.
Para o estudioso, Bolsonaro, cuja legitimidade se apoia muito em suas origens militares, provavelmente evitará um confronto político com as Forças Armadas. Ou seja, uma declaração de guerra contra Venezuela seria muito pouco provável, mesmo com a "ala ideológica" de sua administração defender a intervenção.
"Apesar da contundência de sua fala, se trata muito mais de um jogo de cena, da necessidade de demonstração de força, do que propriamente de uma intenção de fazer, entrando em choque com o vice-presidente e com toda a categoria das Forças Armadas, que já declarou, através de vários representantes, que não têm interesse nenhum em uma ação desse tipo", concluiu o diretor do curso de Relações Internacionais.
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